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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

JEFFERSON VIEIRA BRITO DA HORA

MUDANÇAS NAS EXPORTAÇÕES DE PERNAMBUCO COM A


CHEGADA DA REFINARIA DA PETROBRAS E DA FÁBRICA JEEP

Recife
2021
JEFFERSON VIEIRA BRITO DA HORA

MUDANÇAS NAS EXPORTAÇÕES DE PERNAMBUCO COM A


CHEGADA DA REFINARIA DA PETROBRAS E DA FÁBRICA JEEP

Trabalho elaborado para o curso de Ciências


Econômicas da Universidade Federal de
Pernambuco, a ser utilizado como avaliação da
disciplina de Tópicos de Economia Internacional.

Recife
2021
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 5
4. METODOLOGIA E RESULTADOS .................................................................. 6
4.1. METODOLOGIA ................................................................................................ 6
4.2. PARTICIPAÇÃO DOS PRODUTOS NAS EXPORTAÇÕES ............................. 6
4.3. PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES .............................................. 8
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 11
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 12
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1. Introdução

O estado de Pernambuco, desde a época colonial, teve suas exportações


concentradas em produtos primários, além de ter mantido, mesmo após a abertura
comercial da década de 90, no início do século XXI, um relativo fechamento ao
comércio internacional (MACIEL, HIDALGO, 2012).

Ao longo de vários anos, as exportações de produtos do setor sucroalcooleiro,


principalmente de açúcar, e de vegetais e frutas dominaram a pauta do comércio
internacional, além disso, tinham como principal destino a União Europeia.

Após o estado passar por um expressivo ciclo de crescimento, entre 2004 e 2014, dois
investimentos massivos realizados no estado, a Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras
e a fábrica da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), cujo início das operações ocorreu
entre 2014 e 2015, mudaram de maneira significativa o perfil da indústria e
exportações pernambucanas.

Além desta introdução, no segundo capítulo são apresentados os objetivos do


trabalho. No terceiro capítulo é realizada uma revisão bibliográfica, já, no quarto
capítulo, é apresentada a metodologia, bem como os resultados obtidos. O quinto
capítulo traz as considerações finais e, logo após, são listadas as referências.
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2. Objetivos

O presente trabalho tem por objetivo avaliar as mudanças na estrutura das


exportações de Pernambuco, com a chegada da JEEP e da Refinaria da Petrobras,
dessa forma, se propõe aos seguintes objetivos específicos:

2.1. Verificar as mudanças nos tipos de produtos exportados e seu percentual, no


período de 2010 até 2020.
2.2. Verificar as mudanças nos principais destinos das exportações, no período de
2010 até 2020.
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3. Revisão Bibliográfica

Segundo Araújo e Santos (2019), o estado de Pernambuco passou por um período de


dificuldade de desenvolvimento econômico nos anos 80 e 90, contudo, entre 2004 e
2014, vivenciou um ciclo econômico positivo, impulsionado por uma elevada
quantidade de investimentos de indústrias de grande porte, inclusive com impacto de
mudar o perfil do comércio internacional do estado.

O Complexo Portuário de Suape foi o local no qual boa parte dos investimentos foram
realizados, tendo atraído a Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, os estaleiros
Atlântico Sul, PROMAR e CMO, além de indústrias de componentes de
aerogeradores. Contudo, o município de Goiana também recebeu a mais nova planta
da Fiat, tradicionalmente conhecida como a Fábrica da JEEP. Tais investimentos
foram essenciais para que o a participação do PIB de Pernambuco, em relação ao
Nordeste, aumentasse de 17,6%, em 2003, para 19,6, em 2012 (APEX, 2019).

Em relação às exportações, conforme Maciel e Hidalgo (2012, p.49) “o setor de


alimentos, fumo e bebidas é o mais importante na pauta de exportações do estado,
[...] representando em 2010 quase 61% das exportações de Pernambuco.” Além
disso, ainda conforme o estudo citado, entre 2003 e 2010 ocorreu uma mudança no
destino das exportações, que, inicialmente, tinha o bloco da Nafta como principal
destino, sendo alterado para a União Europeia.

De acordo com o estudo da APEX (2019), esse panorama foi alterado


significativamente ao longo da segunda década do século XXI, pois, em 2017, 66%
das exportações pernambucanas foram relativas a automóveis, camionetas e
utilitários e produtos derivados do petróleo, bem como, mais de 45% dos produtos
exportados tiveram como destino a américa do sul.
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4. Metodologia e Resultados

4.1. Metodologia

Foram coletados, através da plataforma Comex Stat, gerenciada pelo Ministério da


Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), os dados relativos às exportações
pernambucanas, no período de 2010 até 2020.

A partir da verificação dos dados, observando o início da operação das plantas da


Petrobras e JEEP, em 2014 e 2015, respectivamente, foram realizadas analises
acerca das mudanças na participação dos produtos nas exportações, bem como, nos
principais destino das mercadorias, de forma a avaliar se essas novas indústrias
causaram impacto no perfil das exportações pernambucanas.

4.2. Participação dos Produtos nas Exportações

Tabela 1 – Participação Percentual nas Exportações por Grupo de Produtos

Produto Exportado Participação Percentual (%)

2010 2014 2015 2016 2019 2020

Petróleo, produtos petrolíferos e


0,15 0,00 11,56 24,20 20,95 29,11
materiais relacionados

Veículos rodoviários (incluindo


0,00 0,04 0,68 21,49 24,33 15,68
veículos de almofada de ar)

Vegetais e frutas 14,12 13,82 13,19 9,81 12,86 13,25

Açúcares, preparações de açúcar e


44,95 21,39 17,05 9,38 6,12 10,01
mel

Plásticos em formas primárias 9,33 6,27 10,01 13,30 12,12 8,74

Produtos metálicos, n.e.p. 1,87 4,02 4,82 3,87 5,49 3,60

Ferro e aço 0,09 0,00 1,89 1,78 2,12 3,35

Máquinas e aparelhos elétricos,


3,93 5,08 4,38 3,50 2,51 2,98
diversos, suas partes e peças, n.e.p.

Produtos químicos orgânicos 0,25 13,86 4,70 0,46 0,81 2,66

Outros 25,31 35,52 31,72 12,21 12,67 10,62

100 100 100 100 100 100

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir dos dados do ComexStat/MDIC.


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Conforme tabela 1, é possível observar que, em 2010, as exportações de vegetais e


frutas, bem como, açúcares, preparações de açúcar e mel, correspondiam a 59,1%
dos produtos exportados por Pernambuco, sendo as exportações dos derivados da
cana de açúcar o setor de maior relevância.

Em 2015, com o início das exportações dos produtos da Refinaria Abreu e Lima, que
alcançou uma fatia de 11,56% no primeiro ano, além da operação integral da
Petroquímica Suape, a participação de vegetais e frutas e açúcares, preparações de
açúcar e mel diminui para 30,2%. Com o início das exportações da JEEP, em 2016,
cuja parcela exportada correspondeu a 21,49% nesse ano, somados aos 24,2% de
exportações da Refinaria Abreu e Lima, a nova indústria pernambucana saiu de 0%
para 45,7%, em um período de apenas dois anos. Enquanto isso, as exportações de
vegetais e frutas e açúcares, preparações de açúcar e mel corresponderam a 19,2%.

A Figura 1 ilustra a trajetória das exportações por grupo de produtos, no período de


2010 até 2020.

Figura 1 – Participação nas Exportações por Grupo de Produtos no período de 2010 até 2020

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir dos dados do ComexStat/MDIC.


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Conforme Figura 1, é possível observar que a participação de açúcares, preparações


de açúcar e mel, nas exportações, teve, majoritariamente, um perfil decrescente entre
2010 e 2018, iniciando uma retomada a partir de 2019.

Apesar de manter a participação relativamente estável, o setor de vegetais e frutas


aumentou de U$ 156,4 milhões para U$ 209,3 milhões seu volume de exportações. O
mesmo ocorreu com as exportações de plásticos em formas primárias, que
aumentaram de U$ 103,4 milhões para U$ 138 milhões.

Na Figura 1 também é possível observar rápida ascensão da participação de petróleo,


produtos petrolíferos e veículos rodoviários nas exportações do estado. Desde 2016
esses produtos alternam a primeira e segunda posição nas exportações. Nota-se que
o setor de veículos foi mais afetado pela pandemia da COVID-19, no ano de 2020. A
Tabela 1 mostra que, em um período de 5 anos, o valor exportado de petróleo,
produtos petrolíferos e veículos rodoviários passou de menos de U$ 500 mil para mais
de U$ 700 milhões.

Tabela 2 – Valor Exportado de Petróleo, Produtos Petrolíferos e Veículos Rodoviário

Produto Exportado Valor Exportado (U$)

2014 2015 2016 2019 2020

Petróleo, produtos petrolíferos e


702 121.006.541 342.940.336 307.217.196 459.567.870
materiais relacionados

Veículos rodoviários (incluindo


369.410 7.138.156 304.433.228 356.742.172 247.618.862
veículos de almofada de ar)

370.112 128.144.697 647.373.564 663.959.368 707.186.732

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir dos dados do ComexStat/MDIC.

4.3. Principais Destinos das Exportações

As Figura 2 e 3, mostram os principais destinos das exportações nos anos de 2010 e


2020.
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Figura 2 – Principais Destinos das Exportações em 2010 Figura 3 – Principais Destinos das Exportações em 2020

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir dos dados do ComexStat/MDIC. Fonte: Elaborado pelo autor, a partir dos dados do ComexStat/MDIC.

É possível observar que o destino das exportações era bastante heterogêneo em


2010, sendo a Argentina e os Estados Unidos, com cerca de 11% cada, os principais
destinos dos produtos pernambucanos, seguido pela Holanda, com cerca de 6,9%.
Em 2020 há uma mudança significativa nesse perfil, com Singapura recebendo
25,72% dos produtos exportados por Pernambuco, seguido da Argentina, que
aumentou consideravelmente sua participação, chegando a 20,97%, enquanto os
Estados Unidos manteve-se estável.

Figura 4 – Participação dos Principais Destinos das Exportações no Período de 2010 até 2021

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir dos dados do ComexStat/MDIC.

A trajetória da proporção das exportações para os principais destinos pode ser


observada na Figura 4. Não por acaso, a partir de 2016, com a operação plena da
fábrica da JEEP, ocorre um aumento expressivo das exportações para a Argentina.
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Em 2017, 76,7% das exportações pernambucanas de veículos rodoviários foram para


a Argentina, além disso, 77,8% das exportações para Argentina foram de veículos
rodoviários, chegando a um valor de U$ 565 milhões. Em 2020, apesar da diminuição
do valor exportado, 60,7% das exportações para Argentina ainda eram relativas a
esse grupo de produtos

Outro movimento interessante é o avanço das exportações para Singapura, iniciando


em 2016, contudo, crescendo exponencialmente entre 2018 e 2020, ano em que se
tornou o principal destino das exportações pernambucanas, com um volume de U$
406 milhões. Em 2016, 35% das exportações de petróleo e produtos petrolíferos
tiveram como destino Singapura, percentual esse que chegou a 88,4%, em 2020. E,
em relação aos produtos exportados para esse país, mais de 99% são relativos a
petróleo e produtos petrolíferos. Tais resultados são reflexo da busca de Singapura,
que também é um hub marítimo, por combustíveis com baixo teor de enxofre, carro
chefe da Refinaria Abreu e Lima.
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5. Considerações Finais

Este trabalho teve por objetivo avaliar as mudanças na estrutura das exportações de
Pernambuco, com a chegada da JEEP e da Refinaria da Petrobras, verificando o
comportamento da participação dos tipos de produtos exportados, bem como, os
principais destinos das exportações, no período de 2010 até 2020.

Os principais produtos exportados por Pernambuco, desde o início dos anos 2000, até
o momento antes do início de operação das plantas da FCA e Petrobras, entre 2014
e 2015, eram açúcares, preparações de açúcar e mel e vegetais e frutas, algo que, já
em 2015, ensaiava uma mudança, sendo concretizada no ano de 2016, em que a
maior parte das exportações do estado foram relativas a veículos e derivados do
petróleo.

Entre 2010 e 2020, não só os produtos exportados sofreram mudanças, mas também
os principais países destino, visto que, se em 2010 havia uma relativa
heterogeneidade, sendo Argentina e Estados Unidos os principais destinos, com cerca
de 11% cada, em 2020, a Argentina e Singapura foram responsáveis por receber mais
de 20%, cada um, das exportações pernambucanas, sendo isso consequência direta
da compra dos produtos produzidos pela Fiat e Petrobras.

Assim, conforme o exposto, fica claro que a chegada da Refinaria Abreu e Lima e da
Fábrica da JEEP foi responsável por mudanças significativas na estrutura de
exportações do estado de Pernambuco, fazendo com que um novo mercado de
comércio internacional surgisse no estado, e, inclusive, sendo esse mercado
protagonista das exportações do estado, além proporcionar oportunidades de
transações com novos países.
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Referências

APEX. Pernambuco: Perfil e Oportunidades de Exportações e Investimentos


2019. 2019. Disponível em
<http://www.apexbrasil.com.br/Content/imagens/a50b0a19-2e45-4f7d-83b5-
1edc814947a3.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2021.
ARAÚJO, Tania Bacelar de; SANTOS, Valdeci Monteiro dos. A Economia de
Pernambuco: Dinâmica Econômica, Mudanças Recentes e Perspectivas. BNB
Conjuntura Econômica - Edição Especial, Fortaleza, p. 335-344, 2019. Disponível
em:<https://www.bnb.gov.br/documents/80223/6034753/2019_CJES_21PE.pdf/ddac
2acb-fe1e-c74b-0cc4-e17a205f9b99>. Acesso em: 22 dez. 2021.
MACIEL, Tathyanna Figueiredo; HIDALGO, Álvaro Barrantes. Exportações do estado
de Pernambuco para o resto do mundo: evolução, caracterização e perspectivas.
Cadernos do desenvolvimento, Rio de Janeiro, v. 7, n. 11, p. 47-64, 2012.
MDIC. Comex Stat. Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio.
Disponível em <http://www.comexstat.mdic.gov.br>. Acesso em: 22 dez. 2021.

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