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FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO - FECAP

CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ANNA CAROLINA DO PRADO

LETÍCIA OLBI DE OLIVEIRA

EXPORTAÇÕES NO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA

São Paulo

2023
ANNA CAROLINA DO PRADO

LETÍCIA OLBI DE OLIVEIRA

EXPORTAÇÕES NO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


à Fundação Escola de Comércio Álvares
Penteado - FECAP, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Alexsandro Ordonez

São Paulo

2023

RESUMO
São Paulo, como um dos principais centros econômicos do Brasil, desempenha um papel crucial
nas transações comerciais internacionais. Para tanto, esse trabalho busca entender se existe uma
relação de longo prazo entre a exportações paulistas sobre o câmbio real e a atividade
econômica externa, dado a grande relevância das exportações do estado.
Este trabalho utilizou o modelo econométrico de séries temporais com base nos dados
disponibilizado pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior),
FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e BLS (Secretaria de Estatísticas
Trabalhistas dos Estados Unidos) e por meio do método de cointegração de Engle & Granger
espera-se encontrar uma relação de cointegração de longo prazo entre as variáveis, ou seja,
embora possam exibir movimentos individuais aleatórios no curto prazo, existe uma relação
linear estável de longo prazo entre elas.

Palavras-chave: Exportações. São Paulo. PIB. Câmbio real.


ABSTRACT

São Paulo, as one of the main economic centers of Brazil, plays a crucial role in international
trade transactions. Therefore, this study aims to understand whether there is a long-term
relationship between São Paulo's exports, the real exchange rate, and external economic
activity, given the significant relevance of the state's exports.
This research employed an econometric time series model based on data provided by MDIC
(Ministry of Development, Industry, and Foreign Trade), FIPE (Foundation Institute of
Economic Research), and BLS (Bureau of Labor Statistics of the United States). Through the
Engle & Granger cointegration method, it is expected to identify a long-term cointegration
relationship among the variables. In other words, even though they may exhibit individual
random movements in the short term, there is a stable linear long-term relationship between
them.

Keywords: Exports. São Paulo. GDP. Real exchange rate


SUMÁRIO

1 Introdução ................................................................................................................................ 4

2 Revisão da Literatura ............................................................................................................... 6

3 Metodologia ........................................................................................................................... 13

3.1 Modelo ................................................................................................................................ 13

3.2 Dados .................................................................................................................................. 13

3.3 Estratégia Empírica............................................................................................................. 14

3.4 Estatísticas Descritivas ....................................................................................................... 15

3.5 Variáveis Utilizadas ............................................................................................................ 15

4.0 Análise Empírica ................................................................................................................ 17

4.1 Teste de Raiz Unitária ........................................................................................................ 17

4.1.2 Teste de Cointegração de Engle & Granger .................................................................... 18

5.0 Considerações Finais .......................................................................................................... 19

6.0 Referências ......................................................................................................................... 21


4

1 Introdução
As exportações de São Paulo têm grande importância para a economia do país, visto que
o estado possui volume significativo de exportações, representando cerca de um quarto de todas
as exportações do país. O comércio internacional gera empregos e atrai investimentos para o
estado, o que pode estimular o crescimento econômico. Ademais, possuem grande relevância
no mercado mundial, uma vez que o estado é uma das maiores economias do Brasil e concentra
uma grande parte da produção industrial e agrícola do país.

A economia do Brasil depende fortemente da exportação, visto que, essa atividade


representa receita significativa para o país. Até a década de 60 a exportação brasileira era restrita
a produtos primários, mas a partir dos anos 90 houve um grande progresso na exportação de
produtos industrializados e processados. De acordo com a OMC, o Brasil está na 26º posição
no ranking das economias que mais exportam, assim, vários autores realizaram pesquisas para
explorar fatores ligados a demanda das exportações.

A questão fundamental é que a conciliação entre estabilidade econômica,


crescimento e equilíbrio das contas externas depende, ceteris paribus, das taxas de
crescimento das exportações. Uma trajetória sustentável para a relação entre o
passivo externo e o PIB reduz a vulnerabilidade da economia brasileira aos choques
externos. (Negri & Freitas, 2004).

A economia do estado de São Paulo, concentra mais da metade da produção das


instituições financeiras brasileiras, e é o maior produtor mundial de suco de laranja, açúcar e
etanol. Embora o estado não seja tão predominante em recursos naturais em relação aos
demais, possui fácil acesso a matérias primas localizadas em outras regiões do país, além
disso, conta com uma alta concentração de indústrias de diferentes setores que possuem uma
capacidade significativa na produção de bens manufaturados. O estado também possui uma
boa infraestrutura, com seu porto (Porto de Santos) e seu aeroporto (Aeroporto Internacional
de Guarulhos) que contribuem para uma porta de entrada importante para as exportações
brasileiras. Muito dos produtos exportados são altamente competitivos no mercado global, o
que atrai compradores em todo o mundo.
5

GRAFICO 1 - PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DOS PRINCIPAIS ESTADOS NAS


EXPORTAÇÕES TOTAIS

25,00%

20,00%

15,00%

10,00% 20,33%

12,58%
5,00% 10,82% 9,85%

0,00%
São Paulo Minas Gerais Rio de Janeiro Pará

Fonte: MDIC

No primeiro semestre de 2022, São Paulo registrou 19,8% do total nacional das
exportações e a participação paulista no total da balança comercial brasileira apresentou
aumento de 0,9 pontos percentuais nas exportações, demonstrando grande valor a economia
brasileira que é altamente dependente da exportação de matérias-primas e commodities. A
balança comercial influência positivamente na economia do país, podendo fortalecer a moeda
nacional, o que pode atrair investimentos estrangeiros

A balança comercial desempenha importante papel no processo de ajustamento das


contas externas da economia nacional. Justifica-se a realização de análises que
propiciem um maior conhecimento dos mecanismos responsáveis pela performance
do segmento exportador da economia nacional, entre os quais encontram-se os de
produtos agrícolas e agroindustriais. (Alves e Bachi, 2004)

Como a maior economia do mundo, os Estados Unidos representam uma grande parte
do destino das exportações no estado de São Paulo, sendo o principal parceiro comercial da
economia paulista. Devido a proximidade dos países, torna mais viável e eficiente a
exportação de produtos brasileiros para o país norte americano. Enquanto o Brasil é líder em
produzir produtos manufaturados, os Estados Unidos dominam os setores de tecnologia e
produtos de alto valor agregado, essa diferenciação de produtos torna benéfico a relação entre
os parceiros.

Se dois países concentram seus esforços na produção de bens para os quais possuem
uma vantagem comparativa, mesmo que um país seja absolutamente mais eficiente na
6

produção de todos os bens, ambos os países podem se beneficiar do comércio. A razão


para isso é que, ao se especializar na produção dos bens em que são relativos. (David.
Ricardo, 1817)

GRÁFICO 2 – PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES DO ESTADO DE SÃO


PAULO - VALOR FOB¹ (BILHÃO DE US$)

Fonte: MDIC

Diante da importância das exportações paulistas, o objetivo desse trabalho será realizar
uma análise quantitativa estimando os efeitos da atividade econômica externa e câmbio sobre
as exportações paulistas, com o intuito de verificar se os elementos observados causam
sensibilidade nas exportações.

Este trabalho foi dividido entre cinco seções, considerando está introdução, além
disso, tem-se a revisão literaria na segunda seção com os principais artigos das exportações
brasileiras; a terceira apresenta a metodologia usada, bem como a indicação dos dados e
modelo da equação a ser estimada; na quarta são relatados os resultados da estimação, e, por
fim as considerações finais.

2 Revisão da Literatura
Na literatura há vários artigos abordando sobre a relevância das exportações na
economia brasileira, e, serão listados na sequência.

No trabalho de Zini (1988), apresentam-se algumas estimativas para funções de


exportação e de importação no Brasil e tem como objetivo identificar e mensurar a
7

importância das principais variáveis que afetam esse comércio. Para realizar suas análises, o
autor se baseia em três hipóteses:

1. Produtos importados não são substitutos perfeitos para os bens domésticos;


2. Custos marginais constantes;
3. Substituição imperfeita de bens;
𝑃𝑋 𝑆
ln 𝑋 = 𝑏 + 𝑏 ln 𝑒 + 𝑏 ln 𝑌 𝑇 + 𝑏 ln 𝑈 𝑢
𝑃𝐷

Onde:

𝑋 = Quantidade demandada de exportação

𝑋 ∗ = Quantidade ofertada de exportação

𝑃𝑋 = Preço de exportação em dólares

𝑃𝐷 = Preço doméstico

𝑆 = Taxa média de subsídio

𝑌𝑇 = Capacidade produtiva doméstica

𝑈 = Ciclos domésticos

𝑒 = Taxa de câmbio nominal

𝑢 = São termos de distúrbios aleatórios com média zero, variância constante, independentes
das variáveis exógenas e 𝐶𝑜𝑣(𝑢 ) ≠ 0, geralmente, porque há simultaneidade no sistema.

Para realizar as estimações das elasticidades de exportação e importação para o Brasil,


o autor declara:

As exportações e as importações foram divididas por grupos de origem setorial e um


procedimento comum foi usado para todos os grupos de origem setorial e um
procedimento comum foi usado para todos os grupos. A maioria dos estudos prévios
das elasticidades do comércio brasileiro usou o método de Mínimo Quadrado
Ordinário Simples corrigido pela autocorrelação dos resíduos ou de Mínimo
Quadrado de Dois Estágios também corrigido pela presença de autocorrelação dos
resíduos. No entanto, a presença de autocorrelação nos resíduos pode ser um sinal de
má especificação do modelo, sendo, portanto, necessário testar esta especificação.
(ZINI, 1988:652).

O procedimento econométrico utilizado foi Mínimo Quadrado de dois estágios para todos
os modelos de exportação. Os resultados obtidos apontam que a oferta de exportação
8

aumenta quando a capacidade instalada se expande, e, sugere que os subsídios não são
eficazes para aumentar a oferta de exportação. O valor dos parâmetros de preço sugere que a
demanda por exportação de produtos industrializados brasileiros é inelástica com relação a
variações de preço.

Cavalcanti & Ribeiro (1998), analisaram a evolução das exportações brasileiras nos
períodos de 1977 a 1996, e estimaram equações de exportação para o período analisado a fim
de identificar os principais determinantes do desempenho exportador. Para realizar a análise,
os autores definiram que a especificação de um modelo de exportação pode seguir três
caminhos básicos, sendo eles:

1. Hipótese do país pequeno, na qual as exportações do país em análise constituem uma


parcela fração muito pequena do total do comércio mundial, sendo tal país incapaz de
influenciar o nível de preço internacional, ou seja, o país depende de uma função
externa por suas exportações infinitamente preço-elásticas;
2. Suposição de que há uma função de demanda de exportação com elasticidade-preço
finita, e uma função de oferta perfeitamente elástica;
3. Considerar um modelo onde preço e quantidade exportados são determinados
simultaneamente pela interação de funções de oferta e demanda com elasticidades-
preço finitas.
As possíveis variáveis condicionates da demanda de exportação trata-se de alguma
variável que retrate o nível de renda externa alocada ao consumo de tradables e variáveis de
preço relativo. Os autores afirmam que um índice apropriado de capacidade produtiva possa
ser capaz de explicar uma parcela significativa da evolução da oferta de exportações. São
incluidas nas especificações de funções de oferta de exportação variáveis associadas a
atividade interna e a capacidade de oferta do país.

Segundo essas premissas, os autores apontam as seguintes funções de oferta e demanda de


exportação:

𝑃𝑥
𝑋 = 𝑋
𝑃𝑤, 𝑌𝑤

𝑃𝑥 𝑆𝑥 𝐸
𝑋 = 𝑋
𝑃𝑑, 𝐷𝑐, 𝑈, 𝑌𝑝
9

Onde:

𝑋 = Quantidade ofertada de exportação;

𝑋 = Quantidade demandada de exportação;

𝑌𝑤 = Proxy para renda mundial;

𝑃𝑥 = Preço das exportações;

𝑃𝑤 = Preço dos bens concorrentes;

𝑆𝑥 = Índice de incentivos às exportações;

𝐸 = Taxa de câmbio nominal;

𝑃𝑑 = Índice de preços doméstico dos produtos exportados;

𝐶𝑑 = Índice de custo de insumos e/ou fatores de produção;

𝑈 = Taxa de utilização da capacidade produtiva;

𝑌𝑝 = Índice de produto potencial;

Os autores realizaram testes ADF (Dickey-Fuller Aumentado) incluindo no processo


autorregressivo de cada variável uma constante e uma tendência linear ou apenas a constante.
Para cada categoria de exportação, foi adotado os seguintes procedimentos: Especificar e
estimar um modelo autorregressivo vetorial (VAR), no qual a determinação da ordem de
defasagem das variáveis baseia-se nos critérios de informação de Schwarz e Hannan-Quinn e
em testes de autocorrelação dos resíduos. E em seguida, realizar a análise de co-integração,
através do método de máxima verossimilhança de Johansen (1988).

Os resultados obtidos pelos autores mostram que a trajetória das exportações de


produtos básicos depende essencialmente das condições de demanda no mercado
internacional, e as exportações de produtos industrializados respondem fortemente a fatores
de oferta.

O artigo escrito por Carvalho e Negri (2000) busca estimar equações trimestrais entre
1977 e 1998 de produtos agropecuários importados e exportados pelo Brasil. Inicialmente
realizaram testes de Dickey-Fuller Aumentado (ADF) para avaliar a ordem de integração das
variáveis envolvidas nas estimações. Para realizar a análise, os autores assumem um modelo
10

de substituição imperfeita em equações de comércio exterior e baseiam-se nas seguintes


características:

1. Leve diferenciação entre produtos domésticos e estrangeiros;


2. Preços também diferenciados; e
3. Equações fundamentais
Sendo as equações básicas:

𝑋𝑠 = 𝑓(𝐸. 𝑃𝑥, 𝑃𝑑, 𝑆, 𝑌𝑛)

𝑋𝑠 = 𝑋𝑑

Onde:

S = Subsídio à comercialização;

T = Tarifa de importação;

Yn = Produto nominal;

E = Taxa de câmbio;

Pd = Preço doméstico;

Px = Preço das exportações;

Para simplificar as equações, os autores consideram algumas hipóteses extras, como:


País pequeno; Ausência de ilusão monetária; Agrupamento de preços, tarifas e subsídios.

Para o caso das importações, foram assumidas a exogeneidade fraca das variáveis
explicativas na equação de demanda, e consequentemente, as estimações para a equação de
demanda por importação serão realizadas em ambiente uniequacional, e apenas a quantidade
importada é considerada como variável endógena. Para modificar o modelo, as variáveis
“Utilização da capacidade instalada” e “Produto potencial” podem ser incluídas.

De acordo com esses pressupostos, temos as seguintes equações para o modelo


estrutural da quantidade demandada:

. ( )
𝑀 = 𝑓 𝑌,
,
11

𝐸. 𝑃𝑚(1 + 𝑇)
𝑀 = 𝑓 𝑌,
𝑃𝑑, 𝑌

Para o caso das exportações, foi considerado um modelo reduzido que se pode
adicionar variáveis, como: “Produto potencial” e “Utilização da capacidade instalada”. Logo,
temos duas formas alternativas de equação:

𝐸. 𝑃𝑥(1 + 𝑆) 𝑌
𝑋=𝑓 , , 𝑌, 𝑌 ∗
𝑃𝑑 𝑌

𝐸. 𝑃𝑥(1 + 𝑆)
𝑋=𝑓 , 𝑌 , 𝑌, 𝑌 ∗
𝑃𝑑

De acordo com os autores, no que diz respeito aos produtos agrícolas e pecuários, foi
observado que as exportações são altamente sensíveis à atividade econômica global e menos
influenciadas pelas variações na taxa de câmbio. Esses resultados evidenciam que as
desvalorizações da moeda nacional têm um impacto limitado nesse setor, que é mais
fortemente afetado pela recessão da economia mundial.

Castro & Rossi (2000), estimaram equações para o valor exportado e o preço externo
das principais commodities brasileiras, o período de estudo para as exportações é composto
pelos anos de 1977 a 1998. Para as importações, o período considerado é iniciado em 1978.

A metodologia utilizada pelo autor é composta pelo teste de Dickey-Fuller Aumentado


(ADF) para testar a raiz unitária das séries utilizadas, e pela estimação de um modelo
autorregressivo vetorial (VAR). Foram definidas como variáveis endógenas, o valor
exportado e os preços internacionais da commodity. Um conjunto de variáveis composto pela
taxa de juros Libor, são consideradas exógenas.

Com os resultados encontrados, os autores chegaram as seguintes conclusões:


12

1. Apenas no caso do café e alumínio, as exportações brasileiras se mostraram


significativas na equação do preço internacional;
2. Houve problemas de diagnóstico nos modelos de preço internacional para
commodities cujos mercados mundiais estão ou estiveram sujeitos à intervenção
governamental ou privada por parte dos países produtores;
3. Todos os modelos restritos apresentaram resíduos auto correlacionados.

No trabalho de Castilho e Luporini (2009), as autoras possuem como objetivo apresentar


um estudo comparativo das elasticidades-renda das exportações setoriais brasileiras para seus
principais mercados de destino. O período de estudo é composto por dados trimestrais dos
anos de 1986 a 2007. As hipóteses assumidas para realizar o estudo são:

1. País Pequeno;
2. Bens substitutos imperfeitos.
Logo, o modelo de regressão a ser estimado é dado pela equação:

𝑃𝑥 𝑒𝑃𝑥𝑡
ln 𝑋 = 𝛽 + 𝛽 ln + 𝛽 ln(𝑌) + 𝛽 ln = 𝛽 ln(𝑈𝑐𝑝) + 𝜀
𝑃𝑤 𝑃𝑑

Onde:

𝑋 = quantidade exportada ou um índice de quantum exportado

𝑃 = índice de preço das exportações, em dólar

𝑃 = índice de preço das exportações mundiais, em dólar

Y = PIB do mercado de destino

= Medida da taxa de câmbio real ou efetiva

As autoras optaram por utilizar a metodologia de estimação uniequacional, para se


verificar a ordem de integração das variáveis foi utilizado os testes Dickey-Fuller Aumentado
(ADF) e o Dickey-Fuller Generalizado (DF-GLS).

Com o resultado obtido das estimações, as autoras chegaram à conclusão de que


produtos agrícolas e manufaturados apresentam uma maior elasticidade, o que favorece o
pressuposto de que as exportações brasileiras são sensíveis a demanda externa. Já no caso dos
produtos de origem mineral, foi observado uma sensibilidade menor a variações de rendas dos
parceiros comerciais do Brasil.
13

3 Metodologia

3.1 Modelo
Assim como as referências revisadas na seção anterior, as quais analisam fatores que
podem ter certo efeito sobre as exportações, propõe-se um modelo para analisar a
sensibilidade das exportações paulistas. Será estimado uma função com a exportação sendo a
variável dependente, analisando o câmbio real e atividade econômica mundial como variáveis
independentes, verificando a influência da atividade econômica mundial (usaremos uma
proxy) e da taxa de câmbio, sobre as exportações paulistas, pela equação:

𝑋 = 𝑋 (𝑒, 𝑌 ∗ )

Onde:

X = exportações

e = câmbio real

Y* = PIB do EUA como proxy da atividade econômica

Para as variáveis sinalizadas do modelo, espera-se uma relação positiva para ambas as
variáveis do modelo. Se tratando da relação entre as variáveis de exportações (X) e câmbio
real (e), esperamos uma relação, tudo mais constante, de desvalorizações das exportações,
uma vez que, há uma depreciação do câmbio real. É importante observar também que, dado
uma relevante elevação na atividade econômica dos EUA (proxy), esta pode vir a elevar a
quantidade demandada por produtos, proporcionando assim um aumento nas exportações
paulistas. A variável de câmbio real corresponde a câmbio nominal multiplicado pelo preço
estrangeiro (IPC – Estados Unidos) dividido pelo preço doméstico (IPCA – Estado de São
Paulo). Utilizaremos o PIB do EUA, por ser uma potência econômica, e por oscilar junto a
economia mundial, além disso, o país se manteve na posição de principal exportador de São
Paulo, conforme tabela 1.

3.2 Dados
Os dados das exportações de São Paulo sobre os anos 2000 a 2020 foram extraidas do
MDIC - Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior.

Para complementar os dados e realizar estimação da série de tempo, vamos utilizar a


taxa de câmbio real; Taxa de câmbio nominal, com índice de preço para a região de São Paulo
14

FIPE - Fundação Intitutos de Pesquisas Econômicas; E o índice preço externo dos EUA que
foram retirados do BLS - Secretaria de Estatísticas Trabalhistas d.os Estados Unidos
Utilizaremos também uma proxy relacionada a atividade econômica mundial (PIB dos
principais países que participam do comércio com São Paulo – IMF International Monetary
Fund).

3.3 Estratégia Empírica


Pretendemos estimar o modelo acima através do método de cointegração desenvolvido
por Engle e Granger, modelo estatístico utilizado na análise de séries temporais, para testar se
duas séries temporais estão relacionadas ao longo prazo.

Define-se cointegração como uma relação de longo prazo entre duas ou mais variáveis
que evoluem, mas ainda assim possuem alguma independência. Essa relação é importante
pois sugere que, mesmo que duas variáveis possam ser afetadas em curto prazo por choques
adversos, elas se ajustam a longo prazo para manter uma relação estável. Como dito por
Gujarati (2005):

Cointegração significa que, a despeito de serem individualmente não estacionárias,


uma combinação linear de duas ou mais séries temporais pode ser estacionária. Os
testes Engle-Granger e Engle-Granger aumentado podem ser utilizados para
descobrir se duas ou mais séries temporais são cointegradas
Assim, é necessário verificar se as series são estacionarias (pois a falta de
estacionaridade pode levar a um resultado inconsistente), uma série temporal é estacionária
quando suas estatísticas, tais como média, variância, e autocorrelação são invariantes ao longo
do tempo, logo, as séries se desenvolvem no tempo aleatoriamente ao redor de uma média
constante, e dado um choque tendem a retornar para sua média. O teste Dickey e Fuller,
verifica a estacionalidade das series, testando se a serie possui raiz unitária.

Para o modelo estima-se a hipótese nula H0:

H0 é não estacionário e possui raiz unitária

H1 é estacionário e não possui raiz unitária.

Desse modo, será utilizado o teste ADF para saber se as séries são co-integradas de
mesma ordem, identificando a estacionariedade da série, e na sequência o método de
cointegração de Engle-Granger, a fim de testar se as séries estão relacionadas ao longo prazo.
15

3.4 Estatísticas Descritivas


Para conduzir a análise de dados de forma eficaz, é fundamental examinar
minuciosamente as características de cada variável selecionada. Apresentamos na tabela 2 as
principais características dessas variáveis. São expostos: média, desvio padrão, mínimo,
máximo e intervalo interquartil.

TABELA 1 - Estatísticas Descritivas

Desvio Intervalo
Variáveis Média Mediana Mínimo Máximo
Padrão interquartil

Quantum 81,509 82,792 14,009 47,512 109,91 20,771

Cambio Real 23,498 13,08 76,716 -276,9 605,22 12,168

HP_Cambio 23,498 13,805 19,141 1,418 69,04 21,042

PIB EUA 15555 15061 3426,6 10002 21707 5519,7

HP_EUA 15555 15250 3408,1 9891,2 21728 5606,7

Fonte: Elaborada pelo autor.

Depois de examinar os dados, é possível identificar informações relevantes sobre as


principais variáveis empregadas neste estudo:

A média nos fornece a informação do valor central dos dados. Por exemplo, a média
das exportações de São Paulo foram de 81,50 índice calculado de Quantum. Para avaliar a
dispersão dos dados em relação à média, empregamos o desvio padrão. Quanto maior o
desvio padrão, mais acentuada será a variabilidade dos dados. Para identificar o valor mais
baixo e mais alto em cada variável, foi fundamental examinar o mínimo e o máximo. O valor
mínimo do PIB dos Estados Unidos foi de 10.002 bilhões trimestrais.

O intervalo interquartil se trata de uma medida de dispersão que considera os quartis.


Podemos utilizá-la para se observar a diferença entre o terceiro quartil (75%) e o primeiro
quartil (25%), com isso, identificamos que o intervalo interquartil do PIB EUA foi de 5606,7.

3.5 Variáveis Utilizadas


A Variável Quantum, demonstrada pelo gráfico 3, é utilizada, como a exportação do
estado de São Paulo. Essa variável demonstra as exportações em índice de quantum calculado
16

pela metodologia – IPQ-EI (Índice de Preços e Quantum das Exportações e Importações) no


período entre 2000 a 2020.

GRÁFICO 3 – Variável Quantum

110

100

90

80
Quantum

70

60

50

40
2000 2005 2010 2015 2020

Fonte: Elaborado pelo autor/MDIC

A variável câmbio real (HP_Cambio Real) demonstrada no gráfico 4, é utilizada com


o filtro de HP (Hodrick-Prescott) para identificar tendências de longo prazo, ele ajuda a isolar
as tendências subjacentes da série.

Gráfico 4 – HP_Cambio Real

70

60

50
HP_CambioReal

40

30

20

10

0
2000 2005 2010 2015 2020

Fonte: Elaborado pelo autor


17

A variável PIB EUA (HP_EUA) demonstrada no gráfico 5, representa o crescimento


gradual do PIB dos Estados Unidos, utilizamos o filtro de HP (Hodrick-Prescott) para analisar
tendências econômicas de longo prazo, separando a tendência de longo prazo da componente
cíclica de curto prazo.

Gráfico 5 – HP_EUA

Fonte: Elaborado pelo autor

4.0 Análise Empírica

4.1 Teste de Raiz Unitária


Para realizar o teste de cointegração de Engle & Granger, é necessário que todas as
variáveis sejam estacionárias. Para verificar a estacionaridade das séries, realizamos o teste de
raiz unitária de Dickey Fuller Aumentado (ADF). A aplicação do teste foi realizada com as
séries no nível para identificar quais séries não são estacionárias. Os resultados obtidos estão
na tabela a seguir:

TABELA 2– Resultados Testes ADF


C/ CTE C/ TEND
C/ CTE S/ TEND C/ CTE C/ TEND
Variáveis QUADR
t lags t lags t lags
Quantum 0,00681 0 0,02927 0 0,07541 0
Câmbio Real 0,000064 1 0,000293 1 0,001733 1
PIB EUA 0,963 3 0,06219 3 0,08726 3
Fonte: Elaborada pelo autor.
18

De acordo com as respostas apresentadas, apenas para a variável “Quantum” e


“Câmbio Real” rejeitamos a hipótese nula, ou seja, a série é estacionária e não possui raiz
unitária. Para estacionar as demais séries e isolar a tendência de longo prazo das flutuações de
curto prazo, aplicamos o filtro de Hodrick-Prescott nas variáveis de PIB e Câmbio Real, logo
em seguida realizamos novamente o teste de ADF nas séries que foram aplicadas o filtro. Os
resultados obtidos são apresentados na tabela a seguir:

TABELA 3 – Resultados Testes ADF


C/ CTE C/ TEND
C/ CTE S/ TEND C/ CTE C/ TEND
Variáveis QUADR
t lags t lags t lags
Quantum 0,00681 0 0,02927 0 0,07541 0
HP_Câmbio 8,19E-35 1 2,24E-42 1 0 1
HP_EUA 0,9896 3 0,09432 3 0,0001 3
Fonte: Elaborada pelo autor.

De acordo com os resultados obtidos, as séries de PIB dos Estados Unidos e Câmbio
Real estacionam com constante e tendência linear e quadrática após a utilização do filtro.
Optamos por utilizar o índice de Quantum no nível devido a estacionaridade da série.

4.1.2 Teste de Cointegração de Engle & Granger


Para analisar se as variáveis possuem um equilíbrio de longo prazo, iremos realizar o
teste de Engle & Granger. Este teste envolve a criação de um modelo de regressão entre as
séries temporais e a análise estatística dos resíduos desse modelo para determinar se eles são
estacionários, o que indicaria a presença de cointegração entre as séries. Os resultados obtidos
serão apresentados a seguir:

TABELA 4 – Resultados Teste de


Cointegração
C/ CTE C/ TEND
Variáveis QUADR
P-Valor lags
Quantum 0,7897 4
HP_Câmbio 0,7061 4
HP_EUA 0,395 4
Resíduos (uhat) 0,02755 4
Fonte: Elaborada pelo autor.

Conforme indicado pelos resultados do teste, A hipótese de raiz unitária não é rejeitada
para as variáveis individuais Quantum, PIB dos EUA e Câmbio Real pois apresentam valores
de P-Valor superior a 0,01. Ao passo que, a hipótese de raiz unitária é rejeitada para os resíduos
(uhat) da regressão de cointegração, o resíduo (termo de erro) exibe um P-Valor inferior a 0,01.
19

Isso evidencia a possibilidade de existência de uma relação de cointegração entre essas


variáveis, ainda que o resultado indique uma relação de longo prazo, está não implica
causalidade direta entre as variáveis. Portanto, rejeitamos a hipótese nula de não cointegração,
mostrando estatísticas de uma relação de longo prazo entre as variáveis. O coeficiente do termo
de erro na regressão de primeira diferença sugere ajuste negativo de [-0,069]. Isso implica que,
após um choque, as variáveis buscam restabelecer um equilíbrio de longo prazo, com um efeito
negativo observado na variável dependente.

TABELA 5 –Regressão Cointegração


erro razão-
Variáveis coeficiente p-valor
padrão t
Constante −420,830 44,86 −9,381 1,76e-014 ***
HP_Câmbio −0,114756 0,060367 −1,901 0,0610 *
HP_EUA 0,048365 0,004484 10,79 3,40e-017 ***
time −4,46084 0,533607 −8,360 1,73e-012 ***
timesq −0,0241047 0,002139 −11,27 4,14e-018 ***
Fonte: Elaborada pelo autor.

De acordo com a regressão apresentada, apenas a variável de câmbio real é


estatisticamente significante a 10%, todas as demais variáveis são significantes a 1%.
Diferentemente do que era esperado, a taxa de câmbio apresentou uma relação inversa com a
variável dependente, isso pode significar que o PIB é mais importante na relação de equilíbrio
de longo prazo frente ao câmbio real.

5.0 Considerações Finais


São Paulo é o principal estado exportador do Brasil, contribuindo significativamente
para o saldo positivo da balança comercial brasileira. As exportações paulistas abrangem uma
ampla gama de produtos, desde commodities agrícolas até bens manufaturados e serviços, o
que diversifica a pauta de exportação do Brasil e aumenta sua competitividade internacional.

O estudo realizado teve como objetivo conduzir uma análise quantitativa para estimar
os impactos da atividade econômica externa e do câmbio nas exportações de São Paulo, com
o intuito de investigar se esses elementos têm influência significativa sobre as exportações.

Como objetivo a ser atendido nesse trabalho, procurou-se verificar a existência de um


equilíbrio de longo prazo entre as exportações paulistas e a atividade externa por meio de
métodos econométricos de cointegração entre as variáveis. Como relatado na seção 4, o teste
de cointegração proposto por Engle e Granger (1987) determinou que, a 1% de significância,
se rejeita a hipótese nula de que os resíduos são não estacionários. Isso aponta que as
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variáveis são cointegradas, ou seja, elas mantêm uma relação no longo prazo. A cointegração
entre o câmbio, o PIB dos Estados Unidos e o Índice de Quantum da Exportação de São Paulo
sugere uma relação sustentável ao longo do tempo. Isso pode indicar a presença de fortes
laços econômicos e impactos significativos nas exportações paulistas, influenciadas tanto
pelas condições econômicas globais quanto pela dinâmica interna do país.

Assim, os resultados apresentados neste estudo destacaram a relação entre os


elementos analisados (Câmbio Real e PIB dos EUA) e sua influência nas exportações,
alinhados com o propósito de investigar essa interação. Para pesquisas futuras, o ideal seria
encontrar uma variável que melhor representassem a atividade econômica. Tendo em vista o
propósito do trabalho, cuja intenção, era demonstrar a sensibilidade das exportações,
considerando variáveis exógenas, acredita-se que os resultados apresentados contribuirão
positivamente para eventuais trabalhos futuros, fornecendo informações e dados pertinentes
que aprimorarão as análises.
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6.0 Referências
ANGELO, J. A.; GHOBRIL, C. N.; OLIVEIRA, M. D. M. Balança Comercial dos
Agronegócios Paulista e Brasileiro, Primeiro Semestre de 2022. Análises e Indicadores do
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< http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral/23506> Acesso em 15 junho 2023.

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estimation, and testing. Econométrica, 55(2), 251-276, 1987.

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