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4º COLÓQUIO IBERO-AMERICANO DA PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO

Desafios na gestão da paisagem cultural e os diversos interesses envolvidos, desde por


exemplo mineradoras no caso de Bento Rodrigues e mineradoras em expansão como no
Serro/MG.

CONFERÊNCIA 1: DESAFIOS DA PAISAGEM CULTURAL – JOAQUIN SABATÉ


(Universidad de Cataluña / Espanha)

Abordou critérios e métodos de intervenção nas paisagens culturais.

Definição de paisagem cultural feita por ele: é a marca do trabalho sobre o território. Um
memorial a um trabalho desconhecido.

Exemplo de Skansen, em Estocolmo – Legado e esforço de uma comunidade em manter um


lugar de memória. Com a crise industrial, novo uso a esse patrimônio, atraindo o turismo.
Livro: Parques Mineros, Ecomuseos y Geoparques: Estrategias de puesta en valor / Editorial
Stoq.

Apresentou o projeto nas colônias têxteis del Llobregat. Como dar novos usos adequados a
essas edificações industriais que não possuem mais atividade? Ponto importante é entender as
iniciativas locais, e coordená-las para preservá-las. As pessoas desejam manter sua memória e
identidade, mas também desejam uma condição de vida melhor. Traças assim planos
urbanísticos para recuperar essa qualidade de vida ao lugar. Ou seja, dar atividade ao local de
acordo com o contexto econômico local. Equilibrar a preservação com o desenvolvimento.
Questão do tombamento: como as pessoas vão manter edificações preservadas se não
possuem recursos suficientes? É necessário um projeto econômico para a área, novos usos e
apropriações.

Livro:

Elencou alguns critérios percebidos em todas as boas intervenções analisados por ele:
 Os residentes constituem o principal conhecimento e entusiasmo, são os principais defensores
e os que atualizam e mantem o bem no presente. Quando se dão conta disso se tornam
agentes sociais.
 As memórias são recursos culturais básicos. Quando desaparece, desaparece a cultura.
 A preservação surge da base: a comunidade diz o que desejam manter como referencia para si.
 É preciso identificar os marcos no território. (Referência Lynch, ler o livro com olhar para a
paisagem cultural).
 É preciso perceber a paisagem, vê-la na velocidade em que foi feita ou construída, não na
velocidade do mundo atual.
 Definir os objetivos: preservação / educação patrimonial / desenvolvimento econômico.

Memória Industrial: muitos não possuem boas lembranças da época em que trabalhavam nas
fabricas. Era algo duro, penoso na vida dessas pessoas. É preciso trabalhar com a comunidade
esse fator, pois para que eles preservem seus patrimônios será preciso autoestima,
identificação e motivação. Trabalhar de forma que não remetam ao passado duro, mas como
algo significativo da história delas e do lugar em que vivem.
‘Uma sociedade que não respeita seu território e as marcas do trabalho sobre ele, não respeita
a si mesma’. Saramago.

LEONARDO CASTRIOTA: Palestra mais conceitual. Falou a respeito (criticamente) do novo


conceito estabelecido pela Unesco de Paisagem Urbano Histórica x Paisagem Cultural.

O conceito de paisagem cultural: há duas vertentes – de que a paisagem é subjetiva (nós a


elegemos) ou que ela é objetiva, existe na natureza independente de nossa consciência.

CONFERÊNCIA 2: INSCRIÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL INDUSTRIAL DE FRAY BENTOS


NA UNESCO – WILLIAM REY ASHFIELD (Universidad de la República / Uruguai)

http://whc.unesco.org/en/list/1464 - inscrita em 2015.

Apenas o conceito de paisagem cultural abarcava a diversidade do conjunto. Valores


relevantes do conjunto: Universalidade, Excepcionalidade, Autenticidade e Integridade.

Fizeram o inventário urbano do povoado da vizinhança, de imóveis, mobiliário industrial, de


toda a área industrial e dos laboratórios.

Desafio para a gestão: como dar novos usos compatíveis para uma área tão grande que não
possui mais atividade?

Mostrou a definição da área de proteção e a área de amortecimento, que não prejudicasse o


entendimento da paisagem como um todo. Cada área tinha suas diretrizes, e foi dito pra
população tudo o que isso passaria a significar na vida delas.

Qual o impacto dessa candidatura para a região? Pressões imobiliárias, politicas, aumento do
turismo ...A paisagem cultural é dinâmica, deve ser gerida de forma que os novos projetos e
edificações acompanhem a cultura edificatória do lugar.

MESA REDONDA: CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM - MÔNICA MONGELLI (DEPAM /


IPHAN) E CLAUDIA LEAL(COPEDOC/IPHAN)

Mônica Mongelli: Rio São Francisco – 2008 / Construção de um dossiê para tentar a chancela
dessa paisagem.

Em 2008 o IPHAN inicia os debates sobre sua descentralização quanto as ações, onde tinha um
quadro de bens tombados concentrados no sudeste e pouco no restante do país. Que imagem
de identidade nacional o país estava construindo?

Assim ela mostrou todo o processo na construção de inventário dessa vasta região. Para isso
fizeram setorização do território de acordo com suas características, para fazer as fichas de
bens, tanto bens materiais como imateriais. Ponto interessante percebido nos levantamentos
é que cada um descreve a paisagem de acordo com sua percepção de vida que influencia na
narrativa do lugar.
O inventário somado ao “Roteiro para o Levantemento de Referências Culturais da Paisagem
Cultural da Foz do Rio São Francisco” contemplaram as seguintes atividade, organizadas em
etapas de entrega:
 Realização histórica, iconográfica, audiovisual e bibliográfica sobre a região do Baixo São
Francisco e sobre os três municípios selecionados: busca de informações sobre a porção
territorial da foz e as comunidades ribeirinhas a ela ligadas por relações de vida, trabalho,
memória e identidade cultural.
 Produção de mapas temáticos e cartografia interpretativa.
 Relatório sobre a legislação incidente no território.
 Relatório sobre a dimensão imaterial do patrimônio associado à paisagem cultural: aferir
relações de identidades culturais e a paisagem, as memorias individuais e coletivas, e identificar
os fatores de risco de perda do patrimônio, suas fragilidades e as ações possíveis para a
salvaguarda dos bens culturais.
 Delimitação de uma poligonal para reconhecimento da Paisagem Cultural e setorização das
diferentes áreas que compõem o sítio e sua ambiência.
 Recomendações para o Plano de Preservação da Paisagem Cultural.

Claudia Leal: “Ambientalização” do patrimônio: comunidades que vem perdendo seu


território, onde a cultura é um fator de riqueza e diversidade. Uma politica de preservação
sem uma politica ambiental não integra e mantem a cultura dessas comunidades, que tem
forte relação com a natureza do local. Livro: Olhar multidisciplinar sobre a efetividade da
proteção do patrimônio cultural – Ana Flávia Moreira Santos.

* CONFERÊNCIA 3: NA PERMANENTE CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM CULTURAL,


APRENDIZAGEM TRANS-ESCALARES: O DESENHO DO ESPAÇO PÚBLICO - MARIA
OLIVEIRA (Univ. do Minho / Portugal)

Acesso ao projeto: https://mdc.arq.br/2013/02/13/extramuros-de-guimaraes/

A população é totalmente envolvida com as questões da cidade, inclusive com os


vários projetos que a cidade vem passando desde que foi nomeada como Capital
Europeia da Cultura em 2012. Num projeto participativo é preciso discutir antes de
tudo questões ideológicas, pois são essas que guiam as decisões projetuais. Entender
que muitas propostas as pessoas não aceitam porque é questão de cultura do lugar.

“Pensar o futuro para projetar o presente”: pensar a cidade para as pessoas é crucial
desde o inicio a mobilidade. Formação histórica: entender como se desenvolveu a
malha urbana e como a rede rodoviária vem modificando o tecido urbano
historicamente, principalmente em cidades antigas como Guimaraes.
Projeto para algumas áreas no centro: A Rua, a Praça, o Bosque e o Terreiro. A
proposta evidenciou que é possível manter a pré-existência, melhorar a apropriação e
continuar com o desenvolvimento da cidade (projeto arquitetônico, simbólico e de
Uso). Nunca anular situações anteriores, e sim acrescentar. Esse pensamento irá incluir
a não expulsão (gentrificação) dos antigos apropriadores do lugar, ou destruir casas
antigas do entorno onde corre o risco de expulsar a população mais idosa.

Interessante: mostrou como é importante entender o passado para respeitar e manter


a integridade cultural do lugar, mas é preciso adaptar a realidade atual. Exemplo dado
um chafariz pré-existente recolocado na praça. O uso antigo para o chafariz era pros
animais ou pessoas tomarem água. Hoje o uso se modifica, como o projeto adaptou
para um uso e apropriação atual.
MESA REDONDA: OS DESAFIOS DA GESTÃO DA PAISAGEM

VANESSA BELLO (FAU PUCC): A PRESERVAÇÃO CULTURAL E INSTRUMENTOS URBANISTICOS –


REVISÃO DO PLANO DIRETOR E LUOS DE CAMPINAS.
O novo abordado por ela foi pensar o planejamento sobre a ótica cultural, a cultura
impressa no território foi a base para traçar o planejamento e a gestão dessa
paisagem. Ou seja, através de estudos históricos e de desenvolvimento da malha
urbana, pensou-se na setorização de campinas em 15 paisagens culturais distintas para
a preservação.
RAFAEL WINTER (UFRJ): CONSTRUÍNDO O DIREITO A PAISAGEM: GESTÃO E
PARTICIPAÇÃO EM ESPAÇOS POLÍTICOS.

Atualmente há um crescimento no conceito de paisagem como politica publica, palco


de conflito em diversos interesses.

Identificação da paisagem: a Unesco identifica que a paisagem existe lá independente,


e aí desenvolve instrumentos para geri-la. Outra visão que existe é que a paisagem
está na nossa mente, como a identificamos, aí a gestão são instrumentos sociais, como
as pessoas identificam.

Problema na gestão da paisagem: novos instrumentos (chancela) com velhos métodos


e estrutura de gestão. A ideia de paisagem cultural é muito maior que o IPHAN, é
preciso partilhar com outros órgãos para seu melhor gerenciamento.

Daniele Ferreira – FAU/UFJF

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