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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

Curso de Engenharia Mecânica

Rodrigo de Moura Malheiros

DIMENSIONAMENTO DE UMA GALERIA METÁLICA TIPO


VIGA CAIXÃO

Panambi/RS
2015
Rodrigo de Moura Malheiros

DIMENSIONAMENTO DE UMA GALERIA METÁLICA TIPO


VIGA CAIXÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


em Engenharia Mecânica da
Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul –
UNIJUI, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Mecânica.

Orientador: Edomir Marciano Schmidt

Panambi/RS
2015

FOLHA DE APROVAÇÃO
Trabalho de conclusão de curso definido e aprovado em sua
forma final pelo professor orientador e pelos membros da
banca examinadora.

________________________________________
Prof. Edomir Marciano Schmidt, MSc. Eng – Orientador
UNIJUÍ/DCEEng

Banca Examinadora

______________________________________
Prof. Roger Schildt Hoffmann, MSc. Eng
UNIJUÍ/DCEEng
RESUMO

O foco principal deste trabalho é o dimensionamento estrutural de uma galeria metálica


tipo viga caixão, que possui como principal utilização o apoio de transportadores de correia.
Visando mostrar composições de cargas relevantes que atuam sobre a estrutura, avaliar os
resultados gerados em virtude destes carregamentos, e realizar a definição dimensional de seus
componentes metálicos. Este tipo de estrutura metálica está cada vez mais sendo utilizado
pelas indústrias fabricantes de transportadores de correia, pois se trata de uma estrutura de
apoio altamente robusta, resistente e de baixo custo em comparação com os demais tipos deste
modelo de estrutura.

Palavras chaves: Dimensionamento, transportadores e custo.


ABSTRACT

The main focus of this work is the structural design of a metallic gallery type box
beam , which has as main support use of belt conveyors . Aiming to show relevant charges
compositions that act on the structure, evaluate the results generated under these loads , and
perform dimensional definition of its metal components. This type of metallic structure are
increasingly being used by belt conveyors manufacturing industries , because it is a highly
robust support structure , sturdy and low cost compared to other types of the structure model .

Key words : Scaling , conveyors and cost.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Perfis de chapa dobrada conformados a frio...............................................................................................15


Figura 2: Perfil soldado com chapas........................................................................................................................................16
Figura 3: Perfis laminados nas indústrias siderúrgicas..............................................................................................16
Figura 4: Exemplos de tipo de solda........................................................................................................................................18
Figura 5: Conexão tipo atrito........................................................................................................................................................20
Figura 6: Conexão tipo contato...................................................................................................................................................21
Figura 7: Tipo de vínculos em ligações parafusadas...................................................................................................21
Figura 8: Tipos de furos e espaçamentos..............................................................................................................................22
Figura 9: Valor de X em função do índice de esbeltez λ0..........................................................................................30
Figura 10 – Viga caixão com dimensões....................................................................................40
Figura 11 – Descrições das partes da viga caixão.......................................................................41
Figura 12 – Viga caixão renderizada..........................................................................................41
Figura 13 – Viga caixão renderizada..........................................................................................42
Figura 14 – Exemplo de viga caixão..........................................................................................42
Figura 15 – Viga caixão com transportador de correia...............................................................43
Figura 16 – Isopletas da velocidade básica do vento..................................................................45
Figura 17 – Fator topográfico....................................................................................................46
Figura 18 – Viga caixão com dimensões....................................................................................50
Figura 19 – Viga caixão com dimensões....................................................................................51
Figura 20 – Carga do peso próprio.............................................................................................55
Figura 21 – Carga do transportador............................................................................................56
Figura 22 – Sobrecarga dos passadiços......................................................................................57
Figura 23 – Carga dos corrimãos e pisos dos passadiços............................................................58
Figura 24 – Cargas de vento.......................................................................................................59
Figura 25 – Viga caixão com deslocamento máximo.................................................................61
Figura 26 – Reações nos apoios.................................................................................................62
Figura 27 – Momento fletor – X2...............................................................................................63
Figura 28 – Momento fletor – X3...............................................................................................64
Figura 29 – Força cortante – X2.................................................................................................65
Figura 30 – Força cortante – X3.................................................................................................66
Figura 31 – Forças axiais...........................................................................................................67
Figura 32 – Seções selecionadas dos perfis................................................................................69
Figura 33 – Porcentagem de utilização da tensão resistente.......................................................69
Figura 34 – Viga caixão – Barra 213..........................................................................................71
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Tensões dos Aços.....................................................................................................14


Quadro 2: Dimensões máximas de furos para parafusos e barras redondas rosqueadas...........22
Quadro 3: Valores dos coeficientes de ponderação das ações γf = γf1 γf3..................................26
Quadro 4: Elementos de ligação ψ 0 e de redução ψ 1 e ψ 2 para as ações variáveis..................27
Quadro 5: Valor de X em função do índice de esbeltez λ0........................................................30
Quadro 6: Coeficiente de flambagem por flexão de elementos isolados...................................31
Quadro 7: Valores de (b/t)lim......................................................................................................34
Quadro 8 - Valores de VRk.........................................................................................................35
Quadro 9 - Valores de (Aw) e (kv)............................................................................................36
Quadro 10 – Fator rugosidade do terreno..................................................................................48
Quadro 11 – Viga caixão com dimensões.................................................................................48
Quadro 12 – Combinações das ações........................................................................................60
Quadro 13 – Resumo das seções e peso final............................................................................70
Quadro 14 – Resultados detalhados – Parte 01.........................................................................72
Quadro 15 – Resultados detalhados – Parte 02.........................................................................73
Quadro 16 – Resultados detalhados – Parte 03.........................................................................74
Quadro 17 – Resultados detalhados – Parte 04.........................................................................75
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11

1.1 TEMA DO TRABALHO ....................................................................................................... 11


1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA .................................................................................................. 11
1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 12
1.3.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 12
1.3.2 Objetivos específicos ............................................................................................... 12

2. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 13

2.1 HISTÓRICO DO AÇO ......................................................................................................... 13


2.2 VANTAGENS DAS ESTRUTURAS METÁLICAS .................................................................... 13
2.3 PROPRIEDADES DO AÇO E OS PRINCIPAIS PERFIS ............................................................... 14
2.4 LIGAÇÕES NAS ESTRUTURAS METÁLICAS ........................................................................ 16
2.4.1 Ligações Soldadas ................................................................................................ 17
2.4.1.1 Vantagens ......................................................................................................... 17
2.4.1.2 Desvantagens .................................................................................................... 18
2.4.1.3 Exemplos de Tipos de Solda ............................................................................ 18
2.4.2 Ligações Parafusadas ............................................................................................ 19
2.4.2.1 Vantagens ......................................................................................................... 19
2.4.2.2 Desvantagens .................................................................................................... 19
2.4.2.3 Tipos de Parafusos Principais Utilizados em Ligações .................................... 19
2.4.2.4 Tipos de Vínculos em Ligações Parafusadas ................................................... 21
2.4.2.5 Tipos de Furos e Espaçamentos........................................................................ 21
2.5 SEGURANÇA: MÉTODO DOS ESTADOS LIMITES ................................................................ 22
2.5.1 Combinações ........................................................................................................ 23
2.5.2 Coeficientes de ponderação das ações .................................................................. 26
2.5.3 Força de tração resistente de cálculo .................................................................... 27
2.5.4 Força de compressão resistente de cálculo ........................................................... 29
2.5.5 Limite do índice de esbeltez ................................................................................. 30
2.5.6 Flambagem local de barras axialmente comprimidas: ......................................... 31
2.5.7 Força cortante: ...................................................................................................... 35
2.5.8 Momento Fletor: ................................................................................................... 37
3. METODOLOGIA........................................................................................................... 39

3.1 CLASSIFICAÇÕES DO ESTUDO .......................................................................................... 39


3.2 PLANEJAMENTO DO ESTUDO ............................................................................................ 39
3.2.1 Definição do modelo e dimensões da viga caixão a ser analisada ....................... 39
3.2.2 Determinação das cargas (forças) que agem sobre a estrutura ............................. 43
3.2.2.1 Cargas permanentes .......................................................................................... 43
3.2.2.2 Cargas variáveis ................................................................................................ 44
3.3 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS .......................................................................................... 53

4. RESULTADOS ............................................................................................................... 54

4.1 MODELO ESTRUTURAL ..................................................................................................... 54


4.2 CARGAS .......................................................................................................................... .58
4.3 COMBINAÇÕES DAS AÇÕES (CARGAS) .............................................................................. 59
4.4 DESLOCAMENTO MÁXIMO................................................................................................ 60
4.5 REAÇÕES ......................................................................................................................... 61
4.6 SOLICITAÇÕES ................................................................................................................. 62
4.7 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA ................................................................................ 68
4.7.1 Dimensionamento detalhado da barra 213 ........................................................... 70

5 CONCLUSÕES............................................................................................................... 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................77

ANEXOS..................................................................................................................................78
11

1. INTRODUÇÃO

1.1 Tema do Trabalho

O tema deste trabalho é o dimensionamento de uma galeria metálica tipo viga caixão.

1.2 Delimitação do Tema

As estruturas metálicas vêm tomando cada vez mais espaço no mercado brasileiro, devido
sua rapidez de construção, variadas formas construtivas, e maior resistência, se comparada às
estruturas de madeira, cuja matéria-prima legalizada encontra-se cada vez mais escassa no
mercado, com isso elevando seu preço, e mais leves se comparadas às estruturas de concreto,
que também, em determinadas situações se tornam impossíveis ou muito difíceis de serem
empregadas.
Indicadores da utilização de estruturas metálicas começaram a ser observados a partir
do ano de 1750, sendo que no Brasil sua fabricação iniciou-se no ano de 1812, alavancando-se
pelo surgimento da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN em 1946.
Em meados dos anos 70, o mercado interno estava em retração e a alternativa era voltar-
se para o mercado externo, sendo assim, o Brasil passava de grande importador, para exportador
de aço. Mas a crise que atingia a siderurgia brasileira tinha amplitude mundial. Por toda parte,
os mercados se fechavam com medidas restringindo as importações. Após alguns anos, entre
1994 e 2011, as siderúrgicas investiram US$ 36,4 bilhões, priorizando a modernização e
atualização tecnológica das usinas. O Brasil tem hoje o maior parque industrial de aço da
América do Sul; é o maior produtor da América Latina e ocupa o quinto lugar como exportador
líquido de aço e nono como produtor de aço no mundo.
As galerias metálicas são estruturas utilizadas geralmente para apoiar e sustentar
transportadores de grãos ou qualquer outro granel sólido. Pois normalmente estes
transportadores não são autoportantes, e necessitam destas estruturas auxiliares para que
possam afetivamente funcionar. Podem ser encontradas vários tipos de galerias metálicas,
como: abertas, fechadas, falsas fechadas, dentre outras. Cada modelo atende a uma necessidade
em especifico, e geralmente é definida, escolhida, pelo cliente.
12

Visto como as estruturas metálicas possuem várias vantagens em comparação a outros


tipos de estruturas, as quais também estaremos destacando com maior precisão no decorrer
deste trabalho, o tema do mesmo é o estudo teórico sobre o dimensionamento de uma galeria
metálica tipo viga caixão, um modelo estrutural treliçado composto por banzos, montantes,
diagonais, contraventamentos e estrutura dos passadiços, que serão utilizadas para apoio e
sustentação de transportadores de correia. Este modelo estrutural também é antigo, porém mais
utilizado na indústria que trabalha com graneis sólidos, e nem tanto nas unidades de
recebimento e armazenagem de grãos. E para tal, iremos fazer a utilização de software de
análise e dimensionamento estrutural, bem como todas as teorias de cálculo segundo as normas
pertinentes.
Este tipo de estrutura treliçada para apoio e sustentação está sendo cada vez mais
utilizada pelas indústrias que fabricam transportadores de correia, pela sua elevada estabilidade
estrutural, e pelo fato de que sua forma construtiva possibilita com que todos os carregamentos
que estarão sendo aplicados sobre a mesma sejam absorvidos de melhor maneira pela estrutura,
gerando menos tensão e consequentemente podendo-se utilizar perfis menos robustos, deixando
desta forma a estrutura mais leve e barata, sem perder em resistência e como citado acima,
estabilidade.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é realizar o dimensionamento de uma galeria metálica


tipo viga caixão para apoio e sustentação de um transportador de correia.

1.3.2 Objetivos específicos

Definir por meio de cálculos (manuais e com a ajuda de software de cálculo) as tensões,
reações e deslocamentos gerados nos nós da estrutura, e consequentemente dimensionar
o melhor perfil metálico que atenda as solicitações de carregamento (cargas) que estarão
atuando sobre a estrutura;
Encontrar um peso final para a estrutura que atenda às necessidades de carregamento e
que seja o mais leve possível.
13

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Histórico do Aço

Evidências indicam que a primeira obtenção do ferro aconteceu aproximadamente 6 mil


anos a.C, em algumas civilizações como as do Egito, Babilônia e Índia. Devido a sua raridade,
o ferro era considerado um material nobre, tendo sua utilização limitada a fins militares e
adornos em construções.
Apenas em meados do século XIX a utilização do ferro passou a ser em escala industrial,
devido aos processos de industrialização nos países mais desenvolvidos pela revolução
industrial, como Inglaterra, França e Alemanha. Desenvolveram-se paralelamente progressos
na elaboração e conformação do metal onde em 1830 se laminavam pranchas de ferro na
Inglaterra, em 1984 trilhos para estradas de ferro primeiramente na França, os perfis de seção I
de ferro forjável, peça fundamental da construção em aço.
No Brasil, foi na década de 20 que o país começou realmente a desenvolver sua incipiente
indústria siderúrgica, com a criação da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, que somando-
se com a produção de outras pequenas fundições, a produção chegou a 35mil toneladas, e no
final do decênio 96 toneladas.

2.2 Vantagens das Estruturas Metálicas

1- Alta resistência do aço comparado com outros materiais.


2- O aço é um material homogêneo de produção controlada.
3- As estruturas são produzidas em fábricas por processos industrializados seriados,
cujo efeito de escala favorece a menores prazos e menores custos.
4- Os elementos das estruturas metálicas podem ser desmontados e substituídos com
facilidade e permitem também reforço quando necessário.
5- A possibilidade de reaproveitamento do material que não seja mais necessário à
construção.
6- Menor prazo de execução se comparado com outros materiais.
14

2.3 Propriedades do aço e os principais perfis

a) Elasticidade: propriedade do material a retornar à forma original, uma vez


removida a força externa atuante;
b) Plasticidade: propriedade inversa à da elasticidade, do material não voltar à sua
forma original;
c) Ductilidade: capacidade do material de deformar antes que ocorra a ruptura do
mesmo;
d) Fragilidade: oposto a ductilidade, característica do material de romper
bruscamente;
e) Resiliência: capacidade do material de absorver a energia mecânica em regime
elástico;
f) Tenacidade: é a energia total, plástica ou elástica, que o material pode absorver até
a ruptura;
g) Fluência: ajustes plásticos que podem ocorrer em pontos de tensão, ao longo dos
contornos dos grãos do material;
h) Fadiga: a ruptura do material sob esforços repetitivos ou cíclicos;
i) Dureza: resistência ao risco de abrasão.

Segue também, o Quadro 1, onde pode-se visualizar alguns tipos de aço e suas respectivas
tensões de escoamento e última.

Quadro 1: Tensões dos Aços

Fonte: Material Curso CBCA, Dimensionamento de Estruturas de Aço – Básico


15

Atualmente são vários os perfis disponíveis para o uso em estruturas metálicas, podendo
os mesmos ser laminados, ou seja, obtidos no mercado com formato específico como perfil U,
ou H, soldados, ou ainda de chapa dobrada, onde com chapa na espessura desejada, molda-se o
perfil através do processo de conformação a frio, por meio de maquinário específico. Abaixo
segue alguns perfis utilizados, demonstrados nas Figuras 1, 2 e 3.

-Perfis de Chapa Dobrada:


a) U Simples,
b) U Enrijecido
c) Z Simples
d) Z Enrijecido
e) Cartola

Figura 1: Perfis de chapa dobrada conformados a frio (a, b, c, d, e)

(a) (b) (c)

(d) (e)
Fonte: Trabalho TCC Cristiano Goecks

-Perfis Soldados:
a) I e H
16

Figura 2: Perfil soldado com chapas (a)

(a)
Fonte: Trabalho TCC Cristiano Goecks

-Perfis Laminados:
a) I e H
b) U, ou canal
c) Cantoneira L

Figura 3: Perfis laminados nas indústrias siderúrgicas (a, b, c)

(a) (b) (c)


Fonte: Trabalho TCC Cristiano Goecks

2.4 Ligações nas Estruturas Metálicas

Ligação é a união entre duas ou mais peças e é de fundamental importância por


representar a segurança na construção, e pode representar um custo elevado dependendo da sua
complexidade, uma ligação complexa pode custar mais de três vezes o custo de uma ligação
simples. O tipo de ligação dever ser elaborado levando em conta principalmente o tipo de
montagem que será realizado, pois a dificuldade de ajuste em obra pode gerar atrasos e provocar
acidentes durante o processo de união das partes.
17

Atualmente existem duas maneiras de se tornar as uniões seguras, por meio de solda e
pela união por parafusos, ou até mesmo as duas em conjunto.

2.4.1 Ligações Soldadas

A soldagem trata-se de uma técnica capaz de unir duas ou mais partes constitutivas de
uma estrutura, proporcionando entre elas a continuidade do material e consequentemente as
características mecânicas e químicas, de mesma forma os esforços os quais’ a ligação esta
sujeita.
Existem hoje vários processos de soldagem, os quais foram aprimorados e/ou
desenvolvidos, entre eles:
-Processo a arco submerso (SAW);
-Processo MIG, MAG, TIG ou soldagem em atmosfera gasosa (GMAW);
-Processo manual com eletrodo revestido (SMAW);
-Processo arame tubular (FCAW);
-Processo de soldagem eletro-escória.

As soldas classificam-se pela posição em:


-Planas, horizontais, verticais e sobre cabeça.

E classificam-se quanto ao tipo em:


-Filete, entalhe ou chanfro, ranhura e tampão.

2.4.1.1 Vantagens

Pode-se ver então, quais as vantagens de se utilizar ligações soldadas para a união de
peças metálicas, tais como:
a) Economia de material, em algumas estruturas é possível economizar de 15% ou mais
de peso do aço. (Fonte: BELLEI, Ildony H. Edifícios de múltiplos andares em aço. p.103)
b) Estruturas soldadas são mais rígidas, porque os membros estão geralmente soldados
diretamente um no outro, ao contrário das ligações parafusadas que são invariavelmente feitas
por chapas de ligação ou cantoneiras.
18

c) Facilidade de se realizar modificações nos desenhos das peças e de corrigir erros


durante a montagem.
d) Usa uma quantidade menor de peças, e com isso utilizando de menor tempo de
detalhe e fabricação.

2.4.1.2 Desvantagens

Como desvantagem deste tipo de união, pode-se citar:

a) Redução que a mesma sofre no comprimento devido aos efeitos cumulativos de


retração.
b) Insuficiência de energia elétrica no local da montagem para acionar máquinas de
solda.
c) Exigência de maior análise de fadiga do que as estruturas parafusadas, podendo
reduzir as tensões admissíveis a níveis muito baixos.
d) Tempo maior de montagem das peças em obra.

2.4.1.3 Exemplos de Tipos de Solda

Pode-se ver neste subitem então, quais os principais tipos de solda que pode-se ter,
como vê-se na Figura 4.

Figura 4: Exemplos de tipo de solda

a) Solda de entalhe ou chanfro b) Solda de filete

c) Solda de tampão em rasgo d) Solda de tampão em furo

Fonte: Trabalho TCC Cristiano Goecks


19

2.4.2 Ligações Parafusadas

As ligações parafusadas são empregadas em grande escala em uniões de partes de


estruturas, nas montagens finais de campo, os parafusos substituíram as ligações rebitadas que
foram usadas durante muito tempo, até 1969 no Brasil.

2.4.2.1 Vantagens

Pode-se citar como vantagem deste tipo de ligação metálica os seguintes itens:
a) Economia no consumo de energia, pois não há a necessidade de equipamentos
elétricos.

b) Rapidez na fabricação das peças.


c) Rapidez nas ligações no campo.
d) Necessidade de poucos montadores sem grandes qualificações.
e) Melhor resposta às tensões de fadiga.

2.4.2.2 Desvantagens

E como desvantagem, pode-se definir:


a) Necessidade de previsão de parafusos com quantidade correta.
b) Em alguns casos, necessidade de pré-montagens em fábrica.
c) Maior dificuldade de realizar ajustes e modificações em campo.
d) Necessidade de verificação de áreas líquidas e esmagamentos de peças.

2.4.2.3 Tipos de Parafusos Principais Utilizados em Ligações

Os parafusos utilizados para realizar as ligações parafusadas, são definidos dos seguintes
tipos:
a) Comuns tipo ASTM A307.
São os parafusos feitos de aço-carbono e de mais baixo custo, porém podem produzir
conexões não tão econômicas devido à baixa resistência. Utilizados em estruturas leves,
elementos secundários, passadiços e plataformas, terças, treliças pequenas, vigas de tapamento,
etc., onde as cargas aplicadas são baixas e de natureza estática.
20

b) De Alta Resistência Tipo Atrito (fricção) e Contato, ASTM A325 e A490.


Os parafusos de alta resistência são produzidos em aços tratados termicamente, sendo o
mais utilizado o ASTM A325, com aço carbono temperado. Substituíram os rebites, tendo uma
resistência superior aos mesmos, tanto a tração quanto a cisalhamento. São empregados quando
são grandes as cargas nas peças a ligar, e em ligações principais de estruturas sujeitas a cargas
dinâmicas.
Os parafusos de alta resistência são apertados de forma a gerar uma alta tensão de tração,
proporcionando uma força de atrito entre as peças na junta, onde o deslizamento da junta é
baseado na sua resistência última, ou como tipo contato, onde o corpo do parafuso poderá fazer
contato com a borda do furo, também baseado na resistência última. A diferença entre conexões
de atrito e tipo contato é o fator de segurança previsto para o deslizamento, devido à sobrecarga.
- Conexões tipo atrito (fricção): nas conexões tipo atrito o aperto da porca controlado
permite que se conheça o atrito presente na ligação, tornando possível que o mesmo seja
considerado no cálculo das superfícies metálicas em contato. Onde a carga que tende a cortar o
parafuso é sustentada pela fricção entre as superfícies em contato. Utiliza-se no objetivo de
impedir qualquer movimento entre as peças de ligação, conforme Figura 5.

Figura 5: Conexão tipo atrito

Fonte: Trabalho TCC Cristiano Goecks

- Conexões tipo contato (esmagamento): nas conexões tipo contato, a carga de


cisalhamento é sustentada pela haste do parafuso de alta resistência que se apóia nos lados dos
furos do material das conexões. O fator de segurança é baixo, e por isso esse tipo de ligação é
somente empregado nas ligações sujeitas às cargas estáticas e não reversíveis, a resistência final
da ligação depende da espessura dos materiais que compõem a ligação. Utiliza-se quando são
permitidos pequenos deslizamentos, de acordo com a Figura 6.
21

Figura 6: Conexão tipo contato

Fonte: Trabalho TCC Cristiano Goecks

2.4.2.4 Tipos de Vínculos em Ligações Parafusadas

As ligações parafusadas dividem-se entre os seguintes tipos de vínculos, Figura 7:

Figura 7: Tipo de vínculos em ligações parafusadas (a, b, c)

a) Vínculo Articula Móvel – Permite b) Vínculo Articulado Fixo – Permite


giro e deslocamento. apenas giro relativo.

c) Vínculo Engastado – Não permite


movimentação em qualquer direção.

Fonte: Trabalho TCC Cristiano Goecks

2.4.2.5 Tipos de Furos e Espaçamentos

Abaixo, na Figura 8, segue os tipos de furos e espaçamentos em relação ao diâmetro


nominal do parafuso.
22

Figura 8: Tipos de furos e espaçamentos (a, b, c, d)


a) Padrão b) Alargado c) Pouco alongado d) Muito alongado

Fonte: Trabalho TCC Cristiano Goecks

A seguir apresentamos o Quadro 2, com os diâmetros necessários de furos, de acordo


com o parafuso e o formato do furo.

Quadro 2: Dimensões máximas de furos para parafusos e barras redondas rosqueadas

Fonte: NBR 8800 (ABNT), 2008, p.83

2.5 Segurança: Método dos Estados Limites

Para dimensionamentos de estruturas metálicas utiliza-se o método dos estados limites, o


qual é adotado pela NBR 8800 (Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios), considerando:
Estados Limites Últimos (ELU): considera a resistência da estrutura levando em
consideração a ruína da mesma, fenômenos comportamentais como resistência dúctil, máxima
flambagem, fadiga, fratura, torção e deslizamento.
23

Estados Limites de Serviço (ELS): considera os fatores de utilização da estrutura, com a


ocorrência de deformações ou vibrações excessivas, provocando efeitos incompatíveis com as
condições de uso da estrutura.

Utiliza-se a seguinte expressão para verificação da segurança estrutural:

Rd ≥ Sd (1)

Onde:
Rd = Ru / γm
Rd é o valor de cálculo dos esforços resistentes
Ru é a resistência última dos esforços resistentes
γm é o coeficiente de ponderação que leva em conta as incertezas das resistências
Sd = γf . S
Sd é o valor de cálculo dos esforços atuantes
S é o esforço atuante, fator de carga
γf é o coeficiente de ponderação que leva em conta as incertezas das solicitações

2.5.1 Combinações

- As combinações últimas de ações devem determinar os efeitos mais desfavoráveis para


a estrutura e classificam-se em:

Combinações últimas normais: decorrem do uso previsto para a estrutura;

Sd = γ .F + γ .F + γ .ψ .
F (2)

Combinações últimas especiais: decorrem da atuação de ações variáveis de natureza ou


intensidade especial;

Sd = γ .F + γ .F + γ .ψ , .
F (3)
24

Combinações últimas de construção: decorrem de estados limites últimos já na fase da


construção;

Sd = γ .F + γ .F + γ .ψ , .
F (4)

Combinações últimas excepcionais: decorrem da atuação de ações excepcionais que


podem provocar efeitos catastróficos.

Sd = γ .F +F + γ .ψ , .
F (5)

Onde:
FGi são os valores característicos das ações permanentes.
FQ1 é o valor característico da ação variável considerada como principal para a
combinação, ação variável especial ou ação variável de construção
FQj são os valores característicos das ações variáveis das ações variáveis que podem atuar
junto com a ação variável principal.
FQexc é o valor da ação transitória excepcional.
ψ0, jef são iguais aos fatores ψ0j das combinações normais, salvo quando a ação variável
FQ1 tiver um tempo de atuação muito pequeno, caso em que ψ0, jef podem ser tomados com os
correspondentes ψ2j.

-As combinações de serviço classificam-se de acordo com a sua permanência na estrutura:

Combinações quase permanentes: são as que podem atuar durante grande parte da vida
da estrutura, aproximadamente a metade, e são utilizadas para a aparência da construção e
efeitos de longa duração.

Sser = F + ψ .F (6)
25

Combinações freqüentes: são aquelas que se repetem muitas vezes durante a vida da
estrutura, aproximadamente 5% e são utilizadas para os estados limites reversíveis ou que não
causem danos permanentes à estrutura ou outros componentes da construção, como conforto
dos usuários, tais como vibrações excessivas e abertura de fissuras.

Sser = F + ψ .F + ψ .
F (7)

Combinações raras: são aquelas que podem atuar no máximo em algumas horas durante
a vida da estrutura e são utilizadas para os estados limites irreversíveis ou que causam danos
permanentes à estrutura ou outros componentes da construção, como funcionamento adequado
da estrutura, formação de fissuras e danos aos fechamentos.

Sser = F +F + ψ .
F (8)

Ações permanentes diretas: Constituídas pelo peso próprio da estrutura e pesos próprios
dos elementos construtivos fixos das instalações permanentes.

- Pesos específicos dos materiais podem ser adotados os valores da ABNT. NBR 6120.
- Componentes industrializados, considera-se valores indicados pelos fornecedores.

Ações variáveis: As que ocorrem com valores que apresentam variações significativas
durante a vida útil da estrutura, como as cargas acidentais:

- Para cargas acidentais (CA) usa-se valores da ABNT,NBR 6120, valores do anexo B da
ABNT,NBR 8800.
- Para cargas em passarelas de pedestres usa-se a ABNT,NBR 7188.
- Para esforços causados pelo vento usa-se as cargas determinadas de acordo com a
ABNT, NBR 6123.

Os valores de cálculo das ações são obtidos a partir dos valores representativos, Fr, que
são multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação γf.
26

2.5.2 Coeficientes de ponderação das ações

Coeficientes de ponderação das ações no estado limite último (ELU)

Os valores-base para verificação dos estados limites últimos, γg ou γq encontram-se no


Quadro 3.

Quadro 3: Valores dos coeficientes de ponderação das ações γf = γf1 γf3

a Os valores entre parênteses correspondem aos coeficientes para as ações permanentes favoráveis à segurança; ações
variáveis e excepcionais favoráveis à segurança não devem ser incluídas nas combinações.
b O efeito de temperatura citado não inclui o gerado por equipamentos, o qual deve ser considerado ação decorrente do
uso e ocupação da edificação.
c Nas combinações normais, as ações permanentes diretas que não são favoráveis à segurança podem, opcionalmente,
ser consideradas todas agrupadas, com coeficiente de ponderação igual a 1,35 quando as ações variáveis decorrentes
do uso e ocupação forem superiores a 5 kN/m², ou 1,40 quando isso não ocorrer. Nas combinações especiais ou de
construção, os coeficientes de ponderação são respectivamente 1,25 e 1,30, e nas combinações excepcionais, 1,15 e
1,20.
d Nas combinações normais, se as ações permanentes diretas que não são favoráveis à segurança foram agrupadas, as
ações variáveis que não favoráveis à segurança podem, opcionalmente, ser consideradas também todas agrupadas,
com coeficiente de ponderação igual a 1,50 quando as ações variáveis decorrentes do uso e ocupação forem superiores
a 5 kN/m, ou 1,4 quando isso não ocorrer (mesmo nesse caso, o efeito da temperatura pode ser considerado
isoladamente, com o seu próprio coeficiente de ponderação). Nas combinações especiais ou de construção, os
coeficientes de ponderação são respectivamente 1,30 e 1,20 e nas combinações excepcionais, sempre 1,00.
e Ações truncadas são consideradas ações variáveis cuja distribuição de máximos é truncada por um dispositivo físico,
de modo que o valor dessa ação não possa superar o limite correspondente. O coeficiente de ponderação mostrado
nesta Tabela se aplica a este valor-limite.

Fonte: NBR 8800 (ABNT), 2008, p.18


27

Coeficientes de ponderação e fatores de redução das ações no estado limite de


serviço (ELS)

Em geral o coeficiente de ponderação das ações para os estados de limite de serviço, γf, é
igual a 1,0.
Nas combinações de serviço são utilizados fatores de redução ψ 1 e ψ 2, para obtenção dos
valores freqüentes e quase permanentes das ações variáveis, conforme Quadro 4 abaixo, onde
ψ 0 é fator de combinação.

Quadro 4: Elementos de ligação ψ 0 e de redução ψ 1 e ψ 2 para as ações variáveis

Fonte: NBR 8800 (ABNT), 2008, p.19

2.5.3 Força de tração resistente de cálculo

A força de tração resistente de cálculo de elementos de ligação tracionados deve ser o


menor valor obtido conforme segue:

a) Para estado-limite último de escoamento:


28

!"
, = (9)
#$%

b) Para o estado-limite último de ruptura:

& !'
, = (10)
#$(

Para chapas de emendas parafusadas utiliza-se:

Ae = An ≤ 0,85 Ag (11)

Onde:
Ag = Área bruta da seção transversal da barra
Ae = área líquida efetiva = Ae = Ct . Na
An = área líquida da barra
Ct = coeficiente de redução da área líquida
fy = resistência ao escoamento
fu = resistência à ruptura
γa1 = coeficiente de ponderação no escoamento
γa2 = coeficiente de ponderação na ruptura
, = força de tração resistente de cálculo

Quando a barra é isolada, Ct = 1,0. Nos demais casos consultar as páginas 39 e 40 da


Norma NBR 8800.
A força de tração resistente de cálculo (Nt,Rd ) deve ser, finalmente, comparada com a
força de tração solicitante de cálculo (Nt,Sd ).
Para a determinação da força solicitante de cálculo devem ser aplicados à força
característica (a que realmente atua na estrutura) os coeficientes de ampliação e redução,
conforme já abordados.
Se o valor resistente for igual ou superior ao valor solicitante, a seção adotada é adequada.
Caso contrário, deve-se adotar outra seção.
Mesmo para peças tracionadas deve-se verificar sua rigidez, para que ela possa ter um
mínimo de rigidez e possa transmitir adequadamente as forças de tração. Para isso, a Norma
recomenda que o índice de esbeltez ( ) da barra seja inferior a 300.
29

= l/r, onde l é o comprimento não travado da barra e r é o raio de giração mínimo.

2.5.4 Força de compressão resistente de cálculo

A força de compressão resistente de cálculo de elementos de ligação comprimidos deve


ser o menor valor obtido, conforme segue:

a) Para o estado-limite último de escoamento, aplicável quando KL/r ≤ 25

!"
), = (11)
#$%

Onde:
KL/r = limite do índice de esbeltez, conforme página 30.

b) Para o estado-limite último de flambagem, aplicável quando KL/r > 25 conforme:

!"
*, = #$%
(12)

Nc,Rd = força axial de compressão solicitante de cálculo;


X = fator de redução associado à resistência à compressão
Q = fator de redução associado à flambagem local
Ag = Área bruta da seção transversal da barra

Fator de redução X:
O fator de redução associado à resistência à compressão, X, é dado por:
(
-para λ ≤ 1,5: 0 = 0,65845

,788
-para λ > 1,5: 0 = 45 (

!"
λ =9 :'
(13)

Onde:
λ0 é o índice de esbeltez reduzido,
Ne é a força axial de flambagem elástica.
30

O valor de X pode ser também obtido da Figura 9 ou do Quadro 5 abaixo, para casos em
que λ0 não supere 3,0.

Figura 9: Valor de X em função do índice de esbeltez λ0

Fonte: NBR 8800 (ABNT), 2008, p.19

Quadro 5: Valor de X em função do índice de esbeltez λ0

Fonte: NBR 8800 (ABNT), 2008, p.45


2.5.5 Limite do índice de esbeltez
O índice de esbeltez das barras comprimidas é tomado como a maior relação entre KL/r,
ou seja:
31

λ = KL/r (14)

Onde:
r = raio de giração
L = comprimento destravado, não deve ser superior a 200.
K = coeficiente de flambagem, obtido no Quadro 6.

Quadro 6: Coeficiente de flambagem por flexão de elementos isolados

Fonte: NBR 8800 (ABNT), 2008, p.125

2.5.6 Flambagem local de barras axialmente comprimidas:

Os elementos que fazem parte das seções transversais usuais, exceto as seções tubulares
circulares, para efeito de flambagem local são classificados em AA (duas bordas longitudinais
vinculadas) e AL(apenas uma borda longitudinal vinculada).
As barras submetidas à força axial de compressão, nas quais todos os elementos
componente da seção transversal possuem relações entre largura e espessura (relações b/t) que
não superam os valores (b/t)lim, tem fator de redução total Q igual a 1.00
32

As barras submetidas à força axial de compressão, nas quais os elementos componente


da seção transversal possuem relações b/t maiores que os valores (b/t)lim (elementos esbeltos),
tem o fator de redução total Q dado por:

Q = Qs Qa (15)

Onde:
Qs e Qa são fatores de redução que levam em conta a flambagem local dos elementos AL
e AA, cujos valores devem ser determinados conforme abaixo. Deve considerar que:

a) Se a seção possuir apenas elementos AL:


Q = Qs

b) Se a seção possuir apenas elementos AA:


Q = Qa

Elementos comprimidos AL:

Os valores de Qs a serem usados para elementos comprimidos AL são os seguintes:

a) Elementos do grupo 3 do quadro 6:

A C A C
;< = 1,340 − 0,76 B 9 C , para 0,459 < ≤ 0,919 (16)
B

,FGC A C
;< = H (
, para > 0,919 (17)
B
I

b) Elementos do grupo 4 do quadro 6:

L
;J = 1,415 − 0,74 9 , para 0,569 <
K C A C
≤ 1,039
M
N B
(18)
33

0,69N K N
;J = K 2
, para > 1,039 (19)
LM LM

c) Elementos do grupo 5 do quadro 6:

A C A C
;< = 1,415 − 0,65 B 9P C , para 0,649( / PQ )
< B
≤ 1,179( / PQ)
(20)
Q

,U CPQ A C
;< = H (
, para B > 1,179( (21)
/ PQ)
I

Com o coeficiente Kc dado por

W
V = , sendo 0,35 ≤ V ≤ 0,76 (22)
XY/BZ

d) Elementos do grupo 6 do quadro 6:

A C A C
;< = 1,908 − 1,22 B 9 C , para 0,759 < ≤ 1,039 (23)
B

,[UC A C
;< = H (
, para B > 1,039 (24)
I

Onde:
h = altura da alma;
tw = espessura da alma;
b e t = largura e a espessura do elemento, respectivamente.

Existindo dois ou mais elementos AL com fatores de redução Qs diferentes, adota-se o


menor destes fatores.
34

Quadro 7: Valores de (b/t)lim

Fonte: NBR 8800 (ABNT), 2008, p.128

Elementos comprimidos AA:


O fator de redução Qa das seções transversais com elementos comprimidos AA, cuja
relação entre largura e espessura ultrapassa os valores indicados no quadro 6, é definido como:
!']
;\ = (25)
!"
35

Onde:
Ag = área bruta
Aef = área efetiva da seção transversal ^ =^ −∑ K−K

Largura efetiva dos elementos AA:

C C
K = 1,92 9 a1 − $
9 b≤K (26)
` A/B `

Onde ca é um coeficiente, igual a 0,38 para mesas ou almas de seções tubulares


retangulares e 0,34 para todos os outros elementos e é a tensão que pode atuar no elemento
analisado, tomada igual a:

c = 0Ld (27)

2.5.7 Força cortante:

A verificação da força cortante é feita de acordo com o item 5.4.3 da NBR 8800. Temos
que verificar se a força cortante solicitante de cálculo (VSd) é menor que a força cortante
resistente de cálculo (VRd):

VSd ≤ VRd = VRk / 1.10 (28)

VRk é calculada da seguinte forma, conforme a Quadro 8:

Quadro 8 - Valores de VRk

Fonte: Definições Sofware Strap Metal


36

Onde:

(29)
Para perfis I, H e U:

(30)

A área efetiva de cisalhamento (Aw) e o coeficiente de flambagem de alma (kv), são


determinados de acordo com o Quadro 9 a seguir:

Quadro 9 - Valores de (Aw) e (kv)


Tipo Eixos λ Aw kv

Maior h / tw d tw fórmula

I, H , [ Menor para I e H bf / (2 t f) 2 bf t f 1.2

Menor para [ bf / t f 2 bf t f 1.2

Maior d / tw d tw 1.2
T
Menor bf / (2 t f) bf tf 1.2

Maior h/t 2ht 5.0


RHS
Menor b/t 2bt 5.0

Cantoneira b/t dt 1.2

Dupla Major b/t 2bt 1.2


Cantoneira Menor b/t 2bt 1.2

Maior h / tw d tw 5.0
][
Menor b/t 2 bf t f 5.0

Maior igual a “I” 5.0


I+[
Menor igual a “[“ 5.0

Fonte: Definições Sofware Strap Metal


37

2.5.8 Momento Fletor:

No dimensionamento a flexão devem ser considerados os estados limites últimos de:

- Flambagem lateral com torção (FLT)


- Flambagem local da mesa comprimida (FLM)
- Flambagem local da alma (FLA)

O Momento fletor resistente de cálculo (MRd) não pode ser superior a 1,36 do momento
de escoamento da seção.
O Momento fletor resistente de cálculo (MRd) depende da viga ser de alma não esbelta
ou esbelta.
Vigas de alma não esbelta são aquelas em que a relação entre altura da alma e sua
espessura ( ) é menor que r = 5,7v (E/fy). Para isso, ver os estados FLT, FLM e FLA, na
terceira linha da coluna correspondente a p na tabela G1 do anexo G, à página 134 da norma
NBR 8800.
Quando ( ) for menor ou igual a ( p) a seção é também denominada de "seção compacta".
Em se tratando de viga de alma não esbelta, pode-se calcular o momento resistente de
cálculo usando o item G2 do Anexo G, à página 130 da Norma NBR 8800.
Caso se trate de viga de alma esbelta, usa-se o item H2 do Anexo H, à página 138 da
Norma NBR 8800.
É sugerido que para facilidade de cálculo use-se sempre seção de alma não esbelta e
compacta. Essa situação ocorre quando ( ) é menor ou igual a ( r) e ( p) (dados na tabela G1
da Norma NBR 8800). Neste caso, a expressão simplificada que define o momento fletor
resistente é:

(31)

Onde:

Z é o módulo de resistência plástico da seção.


ϒm = ϒa1 = 1,10 é o coeficiente de ponderação das resistências (Tab.3, pág.23 da Norma
NBR 8800: 2008).
38

Em todos os casos usa-se o menor valor do momento resistente para comparação com o
momento solicitante de cálculo.
Se valor resistente for igual ou superior ao valor solicitante, a seção adotada é adequada.
Caso contrário, deve-se adotar outra seção.
39

3. METODOLOGIA

3.1 Classificações do Estudo

Este estudo pode ser classificado como exploratório, pois trata de dimensionar uma
galeria metálica tipo viga caixão e verificar as ocorrências que incidem sobre a mesma em
função das solicitações.

3.2 Planejamento do Estudo

O estudo será desenvolvido da seguinte forma:


- Definir o modelo da viga caixão a ser dimensionada, bem como suas dimensões;
- Definir para este estudo as cargas (forças) que estarão atuando na estrutura;
- Determinar as tensões, reações e deformações que ocorrerão nos elementos da
estrutura;
- Determinar os perfis que serão utilizados nos banzos (superior e inferior), montantes,
diagonais, contraventamentos e na estrutura dos passadiços.
- Determinar o peso final da estrutura, tentando defini-lo o mais leve possível;
- Analisar os resultados obtidos.

3.2.1 Definição do modelo e dimensões da viga caixão a ser analisada

Com a escolha desta estrutura treliçada tipo viga caixão, definiu-se para a mesma algumas
premissas básicas para este dimensionamento, como segue nas definições abaixo:

- Dimensional:
Modelo do transportador: CT-42”;
Capacidade: 800 t/h (considerando Soja, peso específico de 0,75t/m³);
Largura da estrutura (região de fixação do transportador): 1,445m;
Comprimento da estrutura: 15,0m;
Altura da estrutura: 1,0m;
Altura da cobertura metálica do transportador: 0,86m;
40

Passadiços: 02 passadiços de 0,65m de largura; Conforme determina a NR12 (Item


12.73), a largura mínima dos passadiços deve ser 0,60m.
Abaixo segue algumas imagens (Figuras 10, 11, 12, 13, 14 e 15) da estrutura, com
dimensões e outras apenas para podermos compreender melhor como elas são.

Figura 10 – Viga caixão com dimensões

Fonte: Autor do trabalho, 2015


41

Figura 11 – Descrições das partes da viga caixão

Fonte: Autor do trabalho, 2015

Figura 12 – Viga caixão renderizada

Fonte: Autor do trabalho, 2015


42

Figura 13 – Viga caixão renderizada

Fonte: Autor do trabalho, 2015

Figura 14 – Exemplo de viga caixão

Fonte: Acervo Kepler Weber


43

Figura 15 – Viga caixão com transportador de correia

Fonte: Autor do trabalho, 2015

3.2.2 Determinação das cargas (forças) que agem sobre a estrutura

Para esta estrutura que estamos realizando o estudo de dimensionamento, podemos definir
que teremos dois tipos de carregamentos, que podemos chamar de cargas permanentes e cargas
variáveis; tais definições já vimos anteriormente, então vamos demonstrar abaixo os valores
que correspondem a cada um destes carregamentos.

3.2.2.1 Cargas permanentes

Segue abaixo a definição das cargas permanentes que podemos definir sem muitos
cálculos, visto que são consequência de outros equipamentos que agem sobre a estrutura. As
mesmas são:
44

- Peso do transportador carregado: 263,0 Kgf/m; (Dados conforme engenharia Kepler


Weber).
- Peso do piso dos passadiços: 25,0 Kgf/m²; (Dados conforme engenharia Kepler Weber).
- Peso do corrimão: 23,8 Kgf/m; (Dados conforme engenharia Kepler Weber).

3.2.2.2 Cargas variáveis

- Sobrecarga dos passadiços: 200,0 Kg/m². Valor de referência utilizado conforme


descrito na norma NBR 6120/1980, página 3, item 8 (corredores, sem acesso ao público).

- Pressão dinâmica e forças devido ao vento:

A pressão dinâmica sofrida pela estrutura devido ao vento, é determinada de acordo com
procedimentos determinados pela NBR 6123.
Para determinar a pressão gerada pelo vento sobre a estrutura, devemos determinar a
velocidade característica do vento para a situação em que esta estrutura ficará exposta ao vento,
assim temos que:

eP = e . f . f . fG (32)

Onde:

gh : Velocidade característica do Vento


gi : Velocidade Inicial do Vento
jk : Fator topográfico
jl : Fator de Rugosidade
jm : Fator Estatístico

A velocidade básica do vento e é a velocidade de uma rajada de 3 segundos de duração,


excedida em média uma vez em 50 anos, a 10 metros acima do terreno.
A velocidade básica do vento é determinada com a ajuda de um mapa do Brasil, que
contem Isopletas da velocidade básica do vento. Este valor, conforme pode-se ver na Figura 16,
é o ponto de partida para que se possa definir a pressão dinâmica do vento.
45

Figura 16 – Isopletas da velocidade básica do vento

Fonte: Norma NBR 6123, p.6


46

Como a estrutura será alocada na região de Panambi / RS, pode-se definir então que a
velocidade básica do vento (e ) será 45m/s.
O fator topográfico f considera os efeitos das variações do relevo do terreno onde a
edificação será construída, ou seja, leva em consideração o aumento ou diminuição da
velocidade do vento devido à topografia do terreno.
A estrutura apresentada localiza-se em terreno plano, considerando o fator S1=1,00,
conforme indicado na Figura 17.

Figura 17 – Fator topográfico

Fonte: Norma NBR 6123, p.5

O fator de rugosidade do terreno f , dimensões e altura sobre o terreno classifica a


estrutura em categorias e classes.
Após identificar a categoria e a classe do projeto, com auxilio de uma tabela se obtêm o
valor do fator f .

Categorias: classificação da rugosidade do terreno.

Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de extensão,


medidos na direção e sentido do vento incidente.
- Lagos e rios;
- Pântanos sem vegetação;

Categoria II: Terrenos abertos em nível, com poucos obstáculos isolados, tais como
árvores e edificações baixas, a cota média do topo dos obstáculos é de 1,00m.
- Zonas costeiras planas;
- Pântanos com vegetação rala;
- Campos de aviação;
- Pradarias e chamecas;
47

- Fazendas sem sebes ou muros;

Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos tais como sebes e muros,
poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas, a cota média do topo dos
obstáculos é de 3,00m.
- Granjas e casas de campo, com exceção das partes com matos;
- Fazendas com sebes e/ou muros;
- Subúrbios a considerável distância do centro, com casas baixas e esparsas;

Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona
florestal, industrial ou urbanizados, a cota média do topo dos obstáculos é de 10,00m.
- Zonas de parques e bosques com muitas árvores;
- Cidades pequenas e seus arredores;
- Subúrbios densamente construídos de grandes cidades;
- Áreas industriais plenas ou parcialmente desenvolvidas;

Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco


espaçados, a cota média do topo dos obstáculos é de 25,00m.
- Florestas com árvores altas de copas isoladas;
- Centro de grandes cidades;
- Complexos industriais bem desenvolvidos;

Classes: classificação das dimensões do edifício.

Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças individuais


de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical
não exceda 20m.
Classe B: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal
ou vertical da superfície frontal esteja entre 20m e 50m.
Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal
ou vertical da superfície frontal exceda 50m.

Assim, após classificarmos a estrutura em uma categoria e classe, retira-se o valor de f


no Quadro 12 a seguir:
48

Quadro 10 – Fator rugosidade do terreno

Fonte: Norma NBR 6123, p.10

Defin-se então que a categoria do terreno onde a estrutura será instalado é a Categoria
II. E a classe das dimensões da estrutura se enquadra na Classe A. Portanto, como a estrutura
em estudo tem sua maior dimensão medindo 15,0m, o Fator f será igual a 1,04, conforme
demonstrado acima no Quadro 12.
O fator estatístico fG divide as estruturas em cinco grupos, separados por características
como grau de segurança requerido e vida útil. Os cinco grupos são os do Quadro 13.

Quadro 11 – Viga caixão com dimensões

Fonte: Norma NBR 6123, p.10


49

Então, de acordo com as informações da estrutura, podemos definir que a mesma se


enquadra no grupo 3. Sendo assim, o Fator fG será 0,95.
Desta maneira, como já temos todos os valores para o cálculo da velocidade
característica (Vk), temos:

gh = gi . jk . jl . jm (m/s)
eP = 45 . 1 . 1,04 . 0,95
eP = 44,46 m/s

A pressão dinâmica do vento é determinada através da velocidade característica do


vento, transformada em pressão de obstrução, que exercerá força nos elementos da estrutura. A
pressão dinâmica do vento é obtida através da equação:

q = 0,613 . gh ² (Kgf/m²) (33)

Onde:
q: Pressão dinâmica do Vento
eP : Vento Característico

Resolvendo a equação anterior com os dados já obtidos, tem-se:


q = 0,613 x (44,46)²
q = 1211,712 N/m² = 121,17 Kgf/m²

- Cálculo das forças do vento

- Definição do Coeficiente de Arrasto para o 1º reticulado


Para isto temos que encontrar o valor do índice de área exposta (Ø), segundo a fórmula
abaixo:
op
Ø=
oq
(34)

Onde:
Ø = Índice de área exposta
^ = Área efetiva
^B = Área Total
50

Calculando, tem-se:

^ = 5,7409 m² (Valor encontrado somando-se todas as áreas dos perfis utilizados na


estrutura, e que tem incidência na obstrução do vento).

^B = c . h (35)

Onde:
c = Comprimento do viga caixão
h = Altura da viga caixão

^B = 15,0m . 1,0m
^B = 15,0m²

F,8W U
Ø=
F

Ø = 0,383

Com o valor de índice de área exposta encontrado acima, se pode definir o valor do
coeficiente de arrasto (Ca) utilizado para calcular a força de vento no primeiro reticulado. Então,
analisando a Figura 18, encontra-se um valor aproximado de 1,66 para o mesmo.

Figura 18 – Viga caixão com dimensões

Fonte: Norma NBR 6123, p.27


51

- Definição do Coeficiente de Arrasto para o 2º reticulado


Visto como este segundo reticulado está de certa forma protegido pelo primeiro, tem-se
então que se encontrar o chamado fator de proteção, ƞ, utilizando a seguinte fórmula:

p
r
(36)

Onde:
e = Distancia entre os reticulados
h = Altura do reticulado

Calculando, tem-se:

1,445
= 1,445
1

Com este valor encontrado, e com o valor do índice de área exposta que já temos,
analisamos a Figura 19 abaixo, e encontramos o fator de proteção ƞ, no valor aproximado
de 0,63.

Figura 19 – Viga caixão com dimensões

Fonte: Norma NBR 6123, p.29


52

Com este valor de fator de proteção encontrado, podemos aplicar a seguinte fórmula
para encontrarmos o coeficiente de arrasto do segundo reticulado:

s\ = s\ . ƞ
s\ = 1,66 . 0,63
s\ = 1,0458

- Forças de arrasto do vento no 1º e 2º reticulados


Tendo então encontrado os coeficientes de arrasto para ambos os reticulados da
estrutura, podemos então definir agora a força de arrasto gerada pelo vento em cada um deles.
E para tal, utilizaremos a fórmula á seguir:

tu = v . o . w x (37)

Onde:
Fv = Força do vento
q = Pressão dinâmica do vento
A = Área de incidência
s\ = Coeficiente de arrasto

Calculando, tem-se:

yz = 1211,71 . 1 . 1,66
yz = 2011,44 /{²
yz = 201,14 }~/{² (Para o 1º reticulado)

yz = 1211,71 . 1 . 1,0458
yz = 1267,20 /{²
yz = 126,72 }~/{² (Para o 2º reticulado)

- Força de arrasto do vento no transportador

Além de calcular as forças do vento que agem na estrutura reticulada da viga caixão,
tem que se considerar também a força do vento que age no transportador que será instalado
sobre a mesma. Para isto, considerar-se o transportador como um obstáculo totalmente fechado
lateralmente, visto que o mesmo possui fechamento em cobertura metálica. Em vista disso, se
pode utilizar o coeficiente de arrasto 2, pois a área do transportador a ser considerada é toda
53

impermeável, portanto este fator é o mais correto a ser aplicado, segundo a Figura 18 citada
acima. Visto que se calcularmos o índice de área exposta (Ø), dará zero.
Para definir-se então esta força do vento que incidirá na estrutura, utiliza-se a seguinte
fórmula:

tu = v . r . w x (38)

Onde:

Fv = Força do vento
q = Pressão dinâmica do vento
h = Altura do obstáculo
s\ = Coeficiente de arrasto

Calculando, tem-se:

yz = 1211,71 . 0,86 . 2
yz = 2084,14 /{
yz = 208,41 }~/{

3.3 Materiais e equipamentos

Durante a execução do estudo serão utilizados os seguintes programas, normas e


equipamentos:
- NBR 8800 (ABNT 2008) – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto de edifícios;
- NBR 6123 – Forças devidas ao vento em edificações;
- Software Auto Cad 2014;
- Software STRAP METAL 2013;
- Software Microsoft WORD 2010 e EXCELL 2010;
- Calculadora CASIO FX – 991 ES PLUS;
- Notebook HP – 6 Gb memória RAM.
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4. RESULTADOS

4.1 Modelo estrutural

O modelo estrutural desta galeria metálica tipo viga caixão nada mais é do que uma
estrutura treliçada com barras transversais para apoio dos passadiços, como já anteriormente
demonstramos com mais detalhes.
Os principais esforços que ocorrem nos perfis da estrutura, são tração, compressão e
momentos fletores, os quais na sequência poderemos ver com mais clareza.
As vinculações utilizadas foram definidas de modo que representassem da melhor
maneira possível a solução de ligações escolhida, ajuste necessário para o correto
funcionamento da estrutura.
Para este estudo de dimensionamento foram definidos que utilizaríamos perfis metálicos
que atendessem a norma NBR 8800/2008; portanto será considerado nos cálculos apenas a
utilização de cantoneiras laminadas e perfis W.
Definiu-se também, que o deslocamento máximo da estrutura, em função das cargas que
a mesma deverá suportar é de L/350, ou seja, seu comprimento dividido por 350. Pois este
deslocamento máximo é definido pela norma NRB 8800/2008, página 117, item vigas de piso.

4.2 Cargas

- Peso Próprio:

Como o próprio nome já diz, peso próprio é carga permanente e vertical em função do
peso dos componentes da estrutura. Os quais, sempre tendem a fazer com que a estrutura de
desloque para baixo. Segue a Figura 20 que demonstra esta carga.

- Carga do transportador:

Esta carga é em função do transportador que será apoiado sobre a estrutura viga caixão,
com todas as suas peças e já considerando também o peso do produto que será transportado
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pelo mesmo. A carga considerada foi de 263,0 Kgf/m, que será divida por dois, pois esta carga
se distribui a longo dos banzos superiores, como segue na Figura 21.

Figura 20 – Carga do peso próprio

Fonte: Autor do trabalho, 2015


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Figura 21 – Carga do transportador

Fonte: Autor do trabalho, 2015

- Sobrecarga dos passadiços:

A sobrecarga dos passadiços é determinada por norma, conforme já visto anteriormente,


e para este caso será utilizado o valor de 200 Kgf/m², como demonstrado na Figura 22 a seguir.
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Figura 22 – Sobrecarga dos passadiços

Fonte: Autor do trabalho, 2015

- Carga dos corrimãos e pisos dos passadiços:

Estas cargas são em função do peso próprio dos corrimãos e dos pisos dos passadiços
que serão instalados na estrutura. As quais estamos considerando 25,0 Kgf/m² para o piso dos
passadiços e 23,8 Kgf/m para cada corrimão. Demonstrado na Figura 23 a seguir.
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Figura 23 – Carga dos corrimãos e pisos dos passadiços

Fonte: Autor do trabalho, 2015

- Carga de vento:

A carga de vento é uma das principais cargas variáveis que deve ser considerada, em
virtude de poder alcançar altas forças horizontais que se não forem bem definidas na hora de
dimensionar a estrutura, poderá comprometer significativamente a segurança da mesma. Está
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se considerando, conforme calculados anteriormente, os seguintes valores: 201,0 Kgf/m² no


primeiro reticulado, 127,0 Kgf/m² para o segundo reticulado e 208,0 Kgf/m para a força de
vento que incide sobre o transportador e automaticamente transfere esta carga para a estrutura.
Conforme apresentado na Figura 24 a seguir.

Figura 24 – Cargas de vento

Fonte: Autor do trabalho, 2015

4.3 Combinações das ações (cargas)

As combinações das ações, nada mais é do que se combinar carregamentos que possam
ocorrer simultaneamente sobre a estrutura. E estas combinações seguem dois padrões, as
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combinações últimas e as combinações de serviço. Cada uma delas tem sua aplicação, pois para
determinarmos os deslocamentos e reações de apoio, utilizamos as combinações de serviço,
pois as mesmas não utilizam os coeficientes de ponderação, mas são apenas os valores reais das
cargas. Já para determinarmos o dimensionamento das barras da estrutura, ou seja, os esforços
que vão ocorrer sobre as mesmas, então utilizamos as combinações últimas, que consideram os
coeficientes de ponderação em sua aplicação, para que se fazem as devidas correções. E cada
tipo de carregamento possui seu coeficiente de ponderação pré-definido. Abaixo, no Quadro
15, podemos ver o conjunto destas combinações de ações.

Quadro 12 – Combinações das ações

Fonte: Autor do trabalho, 2015

4.4 Deslocamento máximo

Em função da aplicação das cargas, temos a ocorrência dos deslocamentos da estrutura,


ou seja, o quanto a mesma se desloca em seus eixos quando as cargas são aplicadas. Na Figura
25, pode-se visualizar o máximo deslocamento que houve na estrutura dimensionada. E pode-
se ver, que foi na combinação de carregamento número 4 onde tem-se o maior deslocamento
da estrutura.
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Figura 25 – Viga caixão com deslocamento máximo

Fonte: Autor do trabalho, 2015

Pode-se ver, que o deslocamento máximo foi de 23,3mm, no centro da estrutura,


obedecendo desta forma o que a norma diz, que o deslocamento máximo não pode ser maior
do que L/350; ou seja, se pegarmos o comprimento total (15.000mm) e dividindo por 350, tem-
se um deslocamento aceitável de 42,86mm. Então, desta maneira a estrutura está atendendo aos
requisitos da norma NBR 8800/2008, citados no item 4.1 deste trabalho.

4.5 Reações

As reações que ocorrem nos apoios, nada mais são, do que as forças que agem ao contrario
as forças geradas pelas cargas da estrutura e que atuam sobre a estrutura. Estas reações estão
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então, no apoios em que a estrutura está vinculada. E como pode-se ver na Figura 26 logo
abaixo, as maiores reações ocorreram quando a estrutura for solicitada pelos esforços da
combinação de carregamento número 4 também. As reações mais significativas são as verticais,
gerando uma força de reação de 3585Kg em cada apoio.

Figura 26 – Reações nos apoios

Fonte: Autor do trabalho, 2015

4.6 Solicitações

As solicitações são os esforços que estão atuando em cada barra da estrutura. Estes
esforços podem ser: tração e compressão (forças axiais), momentos fletores e forças cortantes.
Nas Figuras 27, 28, 29, 30, 31 e 32 a seguir, pode-se visualizar estes esforços agindo em cada
barra da estrutura. O software Strap Metal, contabiliza todas as cargas que estão agindo sobre
a estrutura, bem como suas direções, e realiza o cálculo dos esforços que estão ocorrendo em
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cada barra, definindo o tipo de esforço e sua magnitude. E com estes resultados podemos então
definir qual será o melhor perfil metálico que suportará este esforço.
Como já comentado, nas figuras abaixo vamos visualizar as direções e magnitudes destes
esforços. Assim sendo:

- Momento fletor em torno do eixo X2:

Figura 27 – Momento fletor – X2

Fonte: Autor do trabalho, 2015


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- Momento fletor em torno do eixo X3:

Figura 28 – Momento fletor – X3

Fonte: Autor do trabalho, 2015


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- Força cortante na direção do eixo X2:

Figura 29 – Força cortante – X2

Fonte: Autor do trabalho, 2015


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- Força cortante na direção do eixo X3:

Figura 30 – Força cortante – X3

Fonte: Autor do trabalho, 2015


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- Forças axiais:

Figura 31 – Forças axiais

Fonte: Autor do trabalho, 2015

Como pode-se ver, os maiores esforços que ocorrem nas barras da estrutura são os
esforços axiais de tração e compressão. E também, como vemos acima, o maior esforço tanto
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de compressão quanto de tração, estão localizados na região central da estrutura, em virtude de


ser a região mais afastada dos pontos de apoio, e consequentemente a região mais solicitada.

4.7 Dimensionamento da estrutura

Para a realização do dimensionamento, utilizou-se o auxílio do software Strap Metal,


visando encontrar o melhor perfil metálico para a estrutura, analisando a resistência dos mesmos
com relação aos esforços solicitados, levando em consideração para a análise o fator de ELU
(Estado Limite Último) e o aço ASTM A-36 com resistência de 250 Mpa. Obtiveram-se os
seguintes perfis:

- Banzo Superior: Perfil L3” x 1/2”, equivalente à L76,2mm x 12,7mm

- Banzo Inferior: Perfil L3" x 3/8", equivalente à L76,2mm x 9,53mm

- Diagonal Horizontal: Perfil L1,75" x 1/8", equivalente à L44,45mm x 3,17mm

- Diagonal Vertical: Perfil L3" x 1/4", equivalente à L76,2mm x 6,35mm

- Travessa: Perfil L2,5" x 3/16", equivalente à L63,5mm x 4,76mm

- Travessa inicial e final: Perfil W150 x 13

- Travessa Principal do Passadiço: Perfil L4" x 5/16", equivalente à L101,6mm x

7,94mm

- Travessa Secundária do Passadiço: Perfil L1,5" x 3/16", equivalente à L38,1mm x

4,76mm.

- Montantes: Perfil L3" x 3/16", equivalente à L76,2mm x 4,75mm

- Montante inicial e final: Perfil W150 x 13

Conforme pode-se verificar na Figura 32.


Outra maneira que tem-se também de analisar o perfil dimensionado para esta estrutura,
é verificando sua porcentagem de tensão resistente utilizada. Como pode-se ver na Figura 33,
os valores percentuais apresentados representam o quanto a resistência daquele perfil está sendo
realmente ocupada, ou seja, solicitada.
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Figura 32 – Seções selecionadas dos perfis

Fonte: Autor do trabalho, 2015

Figura 33 – Porcentagem de utilização da tensão resistente

Fonte: Autor do trabalho, 2015


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Em função então dos perfis definidos pelo cálculo, pode-se definir também o peso total
final da estrutura metálica tipo viga caixão. Para chegar-se a este valor, basta somarmos todas
as seções utilizadas com seus respectivos pesos. Como pode-se ver no Quadro 16.

Quadro 13 – Resumo das seções e peso final


Fonte: Autor do trabalho, 2015

Quadro de Seções

Comprimento
Seção Total Peso Sub-total
(metro) (Kg) (Kg)
W 150x13 9.78 127.4 127.4

L 1.5x3/16 60.00 160.2

L 1.75x1/8 105.44 225.6

L 2.5x3/16 40.46 184.2

L 3x3/16 28.00 159.8

L 3x1/4 42.43 309.4

L 3x3/8 30.00 320.5

L 3x1/2 30.00 417.8

L 4x5/16 49.52 602.7 2380.2

Peso total:
2507.6

4.7.1 Dimensionamento detalhado da barra 213

Afim de melhor entendermos o dimensionamento dos perfis utilizados nesta estrutura,


vamos realizar o detalhamento do cálculo da barra 213, conforme Figura 34, utilizando o auxílio
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do software Strap Metal. E como no dimensionamento de perfis utilizou-se apenas combinações


últimas e não as de serviço, então iremos fazer a verificação do perfil desta barra apenas nas
três primeiras combinações de ações.

Figura 34 – Viga caixão – Barra 213

Fonte: Autor do trabalho, 2015

A barra 213 em questão, é a destacada em amarelo, que é uma barra do banzo inferior
localizada bem no centro do vão da estrutura.
Nos quadros 14, 15, 16 e 17, segue o desenvolvimento dos diagramas dos esforços bem
como os cálculos realizados para que se encontrasse o valor de utilização da tensão em função
dos esforços para esta barra.
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Quadro 14 – Resultados detalhados – Parte 01

Fonte: Autor do trabalho, 2015


73

Quadro 15 – Resultados detalhados – Parte 02

Fonte: Autor do trabalho, 2015


74

Quadro 16 – Resultados detalhados – Parte 03

Fonte: Autor do trabalho, 2015


75

Quadro 17 – Resultados detalhados – Parte 04

Fonte: Autor do trabalho, 2015


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5 CONCLUSÕES

O estudo criou a oportunidade de uma análise mais apurada no que diz respeito a
dimensionamento de estruturas metálicas, principalmente quanto ao modelo de estrutura tipo
viga caixão, que é um modelo com grandes ganhos em relação aos tipos convencionais de
estruturas de alto porte para apoio de transportadores de correia.
Outro fator que é de grande ganho é o aprendizado em relação a todos os fatores que
influenciam em um cálculo estrutural, e todas as definições que são necessárias realizar para
que se possam ter os parâmetros necessários para um bom dimensionamento. Pois muitas vezes
pode-se achar que é simples realizar um cálculo de estrutura metálica, ainda mais quando se
tem o auxílio de um software, porém se não se definir com precisão, por exemplo, os
carregamentos que atuarão sobre a estrutura, o resultado final ficará totalmente comprometido
e muito possivelmente errado.
A realização de trabalhos de conclusão de curso nesta área de dimensionamento estrutural
é um verdadeiro desafio, em função do pouco conhecimento especifico desta área que se
adquire durante o decorrer do curso de graduação. Porém, é muito gratificante poder aprender
e ter um resultado positivo no fim do processo. Pois a realização deste tipo de trabalho
proporciona a oportunidade de agregar muito conhecimento técnico, como aprender a calcular
no Strap Metal, que é um dos melhores softwares de dimensionamento estrutural do mundo;
bem como abrir portas para se atuar no dimensionamento de estruturas metálicas dentro de
alguma empresa do ramo industrial.
Em vista disso, percebe-se que o estudo sobre dimensionamento de estruturas metálicas
é um aprendizado que se leva muitos anos para chegar ao nível de ser um bom calculista, em
função da grande complexidade que envolve todo este assunto. Porém, deve-se ter em conta,
que com empenho e dedicação se pode alcançar aquilo a que se propõe a aprender.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de estruturas


de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. - elaboração. Rio de Janeiro,
2008, 237 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para cálculo


de estruturas de edificações. - elaboração. Rio de Janeiro, 1980, 5 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123:


Cargas devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro, 2003.

CHAMBERLAIN PRAVIA, Zacarias M.; FICANHA, Ricardo; FABEANE, Ricardo. Projeto


e cálculo de estruturas de aço: Edifício industrial detalhado. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013, 237 p., 24 cm. ISBN 978-85-352-5600-0.

GOECKS, Cristiano. Análise de ligações parafusadas em estruturas metálicas. 2011. 50p.


Trabalho de conclusão de curso- graduação em engenharia civil, Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

STEYER, Christian Bartz. Dimensionamento de uma passarela metálica estaiada. 2007.


88p. Trabalho de conclusão de curso- graduação em engenharia civil, Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul.

SOUZA, Bruno Polizelli Pires de. Viabilidade econômica de alternativas para coberturas
metálicas. 2012. 28p. Trabalho de conclusão de curso- graduação em engenharia civil, Centro
Universitário da Fundação Educacional de Baretos.

CBCA, Centro Brasileiro da Construção em Aço. Dimensionamento de estruturas de aço -


básico. Curso de dimensionamento de estruturas de aço. São Paulo, 2015.
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ANEXOS
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Anexo “A”

Tabela de perfis catálogo Belgo.


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