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O PROTO-MARCOS

O Evangelho de Marcos

em sua primitiva versão narrativa segundo os textos grego e aramaico

NORMA TAVARES - PAULO DIAS

E
STA E’ UMA TRADUÇÃO EXPERIMENTAL DA PESHITA EM
aramaico ao português, comparativa com o texto grego de Aland. O sinal [ ] indica os
trechos da hagadah ou passo de literatura aramaica primitiva, base da redação original dos
evangelhos. O sinal { } indica inserções feitas para religar os passos da hagadah uns com
os outros. O sinal [[ ]] indica acréscimos antigos ao texto. Palavras oriundas da semítica trazem
asterisco * à direita e, do grego, asterisco à esquerda: Joannes*; *akrídas. Interrupções na
seqüência, em vermelho na numeração dos versículos. Na coluna à direita, apresentação do texto
aramaico; em grego na coluna maior. Em aramaico, o título da obra é “Compromisso: início do
evangelho de Jesus, de Marqos, evangelista”.
O COMPROMISSO

DE MARQOS

Capítulo 1

[1Princípio da Boa Nova a respeito de Jesus. Início do *evangelho de Yeshua,


4
Surgiu Joannes* purificando pelo Banho, no um messias [filho de Elaha]. E’
deserto e proclamando Banho de purificação, de Yochana no deserto, imerge e
transmutação mental, para a rejeição dos erros e proclama a imersão da justiça
transviamentos.a 5E saíam para ter com ele,
para o perdão das faltas. Toda
continuamente, toda a região da Judia* e os de
Hierosolima todos, e se deixavam mergulhar por região da Yehud sai para ele, e
ele no rio Jordanis* confessando, esconjurando todos os filhos de ‘Ursalim, e se
seus erros e transviamentos.]b deixam mergulhar por ele no rio
c
Jordan, gritam seus erros.

a
Em hebraico, Tevilah ha teshuvah. Retorno aos caminhos c
divinos. Peshitta:, a bondade (teba) e o perdão. O vers. 1 é de introdução e título. Os vv. 2 e 3 seriam
b
Em aramaico, Jesus (um) messias, um profeta inspirado de comentários do Evangelista, não transcritos aqui.
grande poder; Bareh delaha, acréscimo posterior, ''filho de Provavelmente haveria primeiro a caracterização e após
Deus'', simples evocação do papel paterno de Elaha, D-us, o movimento. A hagadah propriamente dita começa no
em face dos homens. Em grego huios theou, i.e., ''filho de vers. 4 e devia existir em forma independente. Em
(um) deus'', ou, um grande profeta inspirado por um bom e outra leitura, «Yochana prega o Conhecimento para a
poderoso espírito divino, ''anjo'' para os hebreus, ''deus'' para bondade e retorno»: em aramaico, cada termo pode
os gnósticos. No texto aramaico, ''evangelho'' (anúncio) fica expressar muitos conceitos.
no original grego, evaggelion, e surge mais vezes em Mc do
que em outro autor: sete vezes em Mc, quatro vezes em Mt.
[6E este Joannes* habitualmente se vestia Yochana veste-se de pelo de camelo, traz
numa lã-de-camelo, e um cinto de couro ao um cinto de couro pelas cintas, e come
redor da cintura, e comendo *akrídasa e mel qamtz’a e mel selvagem. Ele clama e diz,
do campo — tal comida e vestimenta eram “Vem o mais forte que eu, e eu não sou
seus hábitos. 7E pregava afirmando, "Está
digno de me abaixar e desamarrar suas
chegando o mais forte que eu, depois de mim,
a respeito de quem eu não sou digno o
sandálias. Eu vos imergi na água; ele vos
bastante para, em me curvando humilhado, imergirá no sopro de santidade”. E
desatar-lhe as correias das sandálias! 8Eu houve isto, Ieshua vem de Natzareth de
mesmo, o que fiz foi mergulhar-vos água, ele Galila, ele é imerso no Iordan por
porém vos purificará pelo mergulho em Iohana. Após Iohana ter sido entregue
espíritob santificado". 9E aconteceuc naqueles [preso], agora, vem Jesus para a Galila,
dias então veio Jesus* lá de Nadzarét* da ele proclama o Pacto do reino de Elaha,
Galilia* e foi mergulhado no Jordan* por ele diz, “cumpriu-se o tempo e veio o
Joannes*. {14Depois então do ser Joannes* reino de Elaha, sejamos bons e
entregue ao sacrifício, então veio Jesus para a fervorosos no compromisso”.
Galilia* proclamandod a boa nova sobre Deus
e afirmando que 15 "Já foi cumprido o tempo
oportuno, já aproximou-se o fundamento do
rei-no de Deus! Transformai a mente e
perseverai na Boa Nova".]e

a
Gafanhotos, i.e., talvez, raízes.
b
Ruach ha qodesh, o poder que emana de Elion e do
seu santuário.
c
A fórmula hebraica, Vaiehi, introduz narrativas de
relevo.
d
Vaiqra, clamar com força de autoridade.
e
A Peshitta aramaica, neste mesmo verso, introduz
também uma cesura, marcada com o subtítulo “No
sábado seguinte à Epifania, ao cair da tarde”. Ao
sintagma mínimo da crônica-núcleo sobre o Batista,
Mc aditou os vv. 2-3.6-8 (seus comentários), talvez, nos
Sermões, parte complementar do presente e hipotético
núcleo narrativo. O presente texto não inclui as curas do
cap. I.
[16E passeando à beira do mar da Galilia* viu Caminhando junto ao mar de Galil, ele
Símon* e André o irmão de *Símon, avista Simon e And[r]os, o irmão de
lançando tarrafas ao mar; pois que eram Simon. Jogam redes ao mar, claro, são
pescadores. 17E Jesus lhes disse, "Vinde após pescadores. E Ieshua diz-lhes, “vinde
mim, e eu vos farei tornarem-se pescadores
após mim, eu vos farei tornarem-se em
da Pessoa". 18E logo, deixando as redes o
acompanharam. 19E depois de avançar mais
pescadores de gente”. Logo deixam sua
um pouco viu Iácov* o de Zebedeu* e rede e o seguem. Anda pouco à frente e
Joannes* o irmão dele, e eles no barco vê Iaqov bar-hu Zabdi e seu irmão
endireitando as redes, e logo convocou-os. Iohana, eles no barco consertam as
20
Tendo largado Zebedeu*, o pai deles, na redes. E os convoca. E deixam sua rede
barca com os empregados, foram indo atrás com Zabdi, seu pai; e o seguem.
dele.]

[21E adentraram Cafarnaum*. E no sábat*


Chegam a Kefar Nahhum. Logo no Sabá
imediato, indo para a Congregação, começou
a ensinar. 28E saiu logo a sua fama por toda
vai à Kenusha e ali ensina.a Logo seu
parte em toda cercania da região da Galilia*, nome espalha-se por toda parte na região
34
então curou muitos dos que estão doentes de da Galila, agora, ele cura muitos, que
numerosas enfermidades, e expulsou muitos adoecem de diversas doenças, ele expulsa
espíritos menores perturbadores, impeliu; e muitos espíritos, b não os deixa falarem,
não permitia falassem os espíritos menores, sim, sabem quem ele é. Ele proclama,
porque eles é que o tinham reconhecido. 38E “vamos a outras cidades, lá também
Ele afirma, "Vamo-nos alhures, às cantarei, para isto vim”. Ele agora
cidadezinhas próximas, a fim de que também proclama por toda Galila, expulsa os
ali eu possa pregar, como desejo; pois, para espíritos. c
isto é que saí" 39E foi então, pregando nas
Reuniões deles por toda Galilia, e expulsando
os espíritos menores, impelindo.]

a
Segundo o passo anterior, que inicia no verso 14, cf.
acima, o chamamento dos alunos foi num sábado, ao
cair da tarde e, uma semana após, Jesus canta na si-
nagoga de Cafarnaum.
b
Divô, o mesmo que heb. Dibuk; espíritos de mortos,
em sofrimento ou atrasados; perturbadores.
c
Sere, espíritos atrasados, de outra categoria distinta cf.
acima.
{40Chega-se para perto dele um *leprôs (de Um eczematoso (sarnento) vem-lhe ao
joelhos)a suplicando-lhe consolo e afirmando- encontro, suplica-lhe caído de joelhos,
lhe que "Se for do teu desejo e vontade, tens diz, ‘se queres, cura-me!, tu podes!’. E
o poder de limpar-me".][41E (abalado) abalado pela compaixão estende-lhe a
compadecido, estendeu logo a mão e tocou-o,
mão e diz, ‘eu quero, torna-te puro!’ .
disse, "Quero, fica limpo!" 42e logo, foi-se
embora a *lépra dele, e ficou limpo. 43Adver-
Adverte-o com severidade, zangado logo
tindo-o severamente, zangado logo o o despede, ‘olhe que nada digas a
despediu, 44afirma-lhe, "Olha, não me venhas ninguém; vai-te aos ministros e oferece o
agora a dizer nada a ninguém, mas faze o prescrito em Moshe pela tua purificação’.
contrário, vai-te daqui tu mesmo te mostres Mas ele sai e começa de falar grandes
aos sacerdotes e oferece pela tua purificação coisas sobre a Palavra, tanto, que Yeshua
o que Moisés ordenou, como uma prova para já nem pode entrar nas cidades; fica de
eles." 45Entretanto ele, ao sair dali, começou a fora no ermo, e o povo lhe vem de toda
pregar muitas coisas então, e a espalhar parte.
falações sobre o ensino, de tal modo que
Jesus não podia aparecer publicamente en-
trando nas cidades, mas, ficava do lado de
fora nos lugares desertos; e de toda parte
continuavam a vir para junto dele.]

a
Portador de eczemas, micoses, sarna, dermatoses e
escamações. Doenças dermatológicas comuns no calor
da Palestina. Não confundir com hanseníase.
Capítulo2 Ele sai de novo à beira-mar, toda
multidão vem com ele, que ensina. E
passa, e vê Levi o filho do Hhalfai
Convocando Levi (Mt 9,9-13; Lc 5,17-26)
(chefe), trabalhando na coletoria, e diz-
lhe que o siga.d E este o segue. E quando
{13E saiu de novoa à beira mar; e toda a
multidão vinha ter com ele, e ensinava a se reclinam em casa para o jantar, muitos
diversos grupos. 14E quando ia passando viu publicanos o seguem, e heréticos; são
Levi o de Alfeub sentado na coletoria, e numerosos os seus seguidores. Os
afirma-lhe, "Acompanha-me". E levantou-se eruditos vendo isso exclama, “quê?! Ele
15
como renascido, acompanhou-o. E se reúne com publicanos e pecadores?”
aconteceu de estar reclinado à mesa em sua Jesus diz, “gente forte não precisa de
casa, e muitos publicanos e transviados pe- jesus;e doentes precisam. Vim para
cadores reclinavam com Jesus e seus alunos clamar aos pecadores, não aos
também; pois eram muitos e o seguiam. 16Os piedosos”.
eruditos vîram isso e disseram, “ele come
com publicanos e heréticos?” 17Jesus disse,
“Os fortes não precisam de médico; os
doentes, sim. Vim chamar os heréticos, não
os ortodoxos”.]c

a d
Iniciamos o capítulo direto no versículo 13. Muitos A coletoria aqui pode bem ser a tesouraria do Qorban
outros ensinos e as curas de modo geral não se acham do Templo de Jerusalém; para algumas facções judaicas
aqui, pois a prioridade é para os registros documentais mais nacionalistas, até colaborar com o Templo, com a
do Evangelista, (aquilo que ele apresentaria talvez ao aristocracia saducéia, que colaborava com os romanos,
público não iniciado: os fatos públicos, o ensino já era motivo da acusação de “publicano!”, um termo
massivo; ao menos era esta a norma editorial da época, pejorativo.
e
pois os rolos ganhavam grande extensão, assim as obras Médico.
se separavam). Neste fragmento, por exemplo, a
aproximação que foi feita entre versículos antes
afastados (Mc 1,43-2,14) enfatiza que o ensino
alcançava mesmo os pecadores: “e de toda parte
continuavam a vir para junto dele (...) muitos e o
seguiam”. Na época não havia divisão em capítulos
b
O mesmo que Cleófas. Irmão de José, o pai de Jesus.
c
Isto é, Jesus tinha muitos alunos que o seguiam. Há
um trocadilho, pois yesua em galilaico quer dizer
“médico”. Ortodoxos, i.e., os ‘justos’ ou judeus Tza-
diqim, os mais piedosos de todos os judeus.
O jejum Era Tempo de Jejum;c os alunos de
Iohanan e dos fariseus lhe dizem,
A Disputa sobre o Sábado (Mt 12,1-8; Lc 6,1-5) “porque os alunos de Iohanan e os
dos fariseus jejuam, e os teus
[18Era tempo de jejum; os alunos e Iohanan e dos alunos não? Jesus responde, “os
fariseus lhe disseram, “porque os alunos de Iohanan filhos das bodas podem jejuar
e os dos fariseus jejuam, e os teus alunos não? quando o noivo está com eles?
19
Jesus responde, “os filhos das bodas [amigos do
Quando o noivo está com eles não
noivo] podem jejuar quando o noivo está com eles?a
Quando o noivo está com eles não podem jejuar; 20
podem jejuar; jejuarão quando o
jejuarão quando o noivo lhes for tirado; 21 ninguém noivo lhes for tirado; ninguém
costura remendo novo sobre roupa velha, senão o costura remendo novo sobre roupa
rasgão aumenta; 22 ninguém despeja vinho novo em velha, senão o rasgão aumenta;
odre velho, ou o vinho racha o odre; mas, vinho ninguém despeja vinho novo em
novo para odre novo”.] odre velho, ou o vinho racha o
odre; mas, vinho novo para odre
novo”.

E houve isso, num sabá ele passa


[23E aconteceu de ele num dia de sábat* ir pelos campos de trigo; seus alunos,
atravessando pelas plantações, e os seus discípulos, saindo da estrada, começam a
arrepiando caminho, começaram a arrancar espigas debulhar espigas. Os fariseus
já maduras. 24E os fariseus começavam a dizer,
começam a dizer, “olha como
"Olha só como estão fazendo o que não pode no
sábat!" 25E diz-lhes a Palavra, "Nunca vos
fazem num sábado o ilícito!”. Mas
informastes do que fez o Bem Amado, quando diz-lhes, “nunca haveis lido o que
precisou e teve fome, ele e seus companheiros?] David fez? Precisava, tinha fome,
[26Como entrou em casa de Deus, no tempo do sumo entrou em casa de Elaha, [nos dias
sacerdote Aviatharb, e comeu dos pães da de Abiatar mestre-sacerdote] tomou
proposição, que só os sacerdotes podem, e ainda dos pães da mesa, comeu-os que
ofereceu aos seus companheiros?" 27E dizia, "O não era permitido comê-los, e deu
sábado nasceu por causa do homem, e não o homem aos companheiros seus”. E diz-
por causa do sábado. 28Deste modo, o *filho do lhes, “o sabá foi pactuado com o
homem também é senhor do sábado.”] filho do homem, e não o filho do
homem pactuado com o sabá [«o
Pacto foi de Deus com o homem, e
não entre Deus e o sábado»]. O
filho do homem é Adon [dono] do
sabá”.d

a c
Os homens que conduzem o baldaquino das núpcias no Os dez dias entre o Ano novo ((Rosh ha-
casamento judaico. shana) e o Dia de Perdoar (Yom Qipur). Em
b
Abiatar ainda não era sumo-sacerdote, por isso, o trecho setembro-outubro.
d
pode ser uma piedosa interpolação. Poderemos talvez A forma do texto aramaico é sempre Sabá,
encontrar o tempo do jejum mencionado; estaríamos aqui correlata de Shabat (hebraico). “Adon”, i.e., o
em maio de 29 d.C.? Podia ser o jejum Ta’anit que senhor, o dominador: “vós sois deuses”, diz a
antecedia a festa de Sukot em algumas comunidades. Escritura.
Capítulo 3 Volta à congregação. Lá está o homem
da mão seca. E o espreitam com astúcia,
[1E* entrou novamente na Reunião.a E estava cura ele no sabá? Então o acusariam.
ali um homem, cuja mão tinha sido atrofiada; Mas ele proclama ao homem da mão
2
e cuidadosa-mente o observavam, se no
seca, “acorda! Vem para o meio!” E diz-
sábat curaria, para saber se seria digno de
acusação qualificada. 3E afirma a Palavra ao lhes, “no sabá pode levar a alma para a
homem, o da mão mirrada, "Desperta! Ergue- vida ou para a morte? Olha em torno de
te! Para o meio!" 4E diz a eles a palavra, "No si indignado pela dureza dos corações e
sábat pode fazer o bem, ou o mal? Salvar a diz, “estende a tua mão”. E estende, e se
alma, ou matá-la?" Mas, eles calaram. 5E reconstitui como a outra.c
depois de olhar em redor de si com exaltado
desgosto, totalmente entristecido pelo
endurecimento injustificável do íntimo
coração deles afirma ao homem a Palavra,
"Estende a mão." E estendeu, e a mão foi
recons-tituída.] b

a c
Semitismo típico este “e” no início da frase; o “va” da Na verdade o passo faz parte da hagadá anterior,
poesia hebraica. Vaiehi: “e aconteceu”. a qual inclui entreveros de Jesus com legalistas.
b
E’ uma das poucas curas que se dispõe em grupos de No Evangelho dos ebionitas se diz que tal ho-
cinco vv. E esta é a razão de não termos incluído mem era pedreiro e suplicava a Jesus lhe resti-
nenhuma outra até aqui. Logo depois deste passo temos tuísse os meios de sustento.
o fragmento Mc 3,6-8. O passo é singular pois tanto faz
sentido uma hagadá começando em Mc 3,6 como em
Mc3,7, bem como existir outra incluindo de Mc 2,14
até 3,6. Vale relembrar, temos motivos para crer que as
narrativas marcanas originais se agrupava de cinco em
cinco dos modernos ’’versículos’’.
[{7E Jesus se retirou com seus discípulos para E Jesus se retira com seus alunos para o
o Mar, junto com uma numerosa multidão da Mar, e grande multidão da Galila e da
Galilia; e da Judia 8e de Hierosolima e da Iehud o segue; e de ‘Ursalim e de Edom e
Idumia* e além do Jordanis e ao redor de além do Jordan e ao redor de Tiro e
Tiro e Sídon, numerosa multidão, ouvindo
Sídon, grande multidão, ouve as coisas
quantas coisas ele fazia, fazia, fazia, veio para
junto dele. 9E disse aos seus discípulos que
que ele faz, vem para junto dele. E diz
tenham sempre um barquinho à sua aos seus alunos que tenham sempre um
disposição, por causa da multidão, para que barquinho perto, por causa da multidão,
não o aperte, 10porque curou a muitos, de para que não o aperte, porque curou a
modo a se jogarem sobre ele, para tocá-lo, muitos, de modo a se jogarem sobre ele,
todos que padeciam de alguma doença. {11E para tocá-lo, todos que padeciam de
os espíritos impuros, quando o viam, pros- alguma doença. E os espíritos impuros,a
travam-se diante dele e gritavam dizendo a quando o vêem, jogam-se diante dele e
Palavra, "Tu és mesmo uma divina gritam, dizem, "Tu és um filho de Elaha."
manifestação." 12E repetidas, muitas vezes os E muito forte os repreende, para que de
repre-endia, para que de modo nenhum não o
modo nenhum não o anunciem.
tornassem conhecido.]

a
Ruha tamé, espírito impuro capaz de influenciar
pessoas.
E sobe ao monte [no dia de Pentecostes] e
a convoca junto a si quem ele quer, e vão
A Escolha dos Discípulos
até ele.b E chama doze e os envia a
[{13E sobe ao monte e convoca junto a si clamar. E deu-lhes autoridade moral de
quem ele queria, e foram até ele. 14E curar doenças e expulsar espíritos
constituiu doze (os quais também chamados menores perturbadores. E chamou Simon
representantes) para que estivessem com ele e pelo nome de Cefas; e Iáqov o filho de
para que os enviasse como emissários a Zabdi e Johana o irmão de Iáqov, e
pregar 15e com autoridade moral de expulsar e colocou sobre eles um nome, o de Benei
impelir espíritos menores perturbadores.]
ragshi, que é Benei ra’uma: ‘filhos da
tempestade’; e Andros e Filipos e
[16 E constituiu os doze) E colocou um nome Bartolmai e Mati e Thomá e Iáqov, o
sobre Símon, o de Pedra; e Iácov o de
filho do Hhalfai; e Tadi e Símon o
Zebedeu e Joannis o irmão de Iácov, e
colocou sobre eles um nome, o de Boanirgês, Qanania, e Iúda Sikariôta, que o
que é 'Filhos do Trovão'*, tempes-tuosos; e entregou. E vai para casa; e ajuntam-se
André (eram estes André e Símon) e Fílipo e de novo, uma multidão de tal maneira
Bartholomeu (Iudas) e Matheus (Leví) (o que resulta nem poderem comer pão.
publicano) e Thomá e Iácov, o de Halfeu; e
Thadeu (Lebeu) e Símon o Kananeu, e Iúda
Iskariôtis, que o entregou (...).]{20 E vai para
casa; e ajuntam-se de novo, uma multidão de
tal maneira que resultava nem poderem
comer pão.]

a
Provável harmonização com Mateus. Talvez o b
andamento primitivo fosse vv. 6-8.14.20 ...numerosa Segundo a Peshita, era Pentecostes.
multidão veio para junto dele. Neste tempo, constituiu
os Doze. E foi para casa... O vers. 6 pode ser um
comentário introdutório a esta possível hagadá.
A Família do Senhor E os seus familiares, ouvindo isto saem
(Mt 12, 46-50; Lc 8, 19-21) para tomar conta dele, porque dizem,
"Está em êxtase". E vem chegando a mãe
[{21E os seus familiares, ouvindo isto saíram dele e os seus irmãos e, de fora o
para tomar conta dele, porque diziam, "Está mandam chamar. Ora, acomodava-se ao
em êxtase, ou louco, fora de si".[31E vêm seu redor a multidão, e dizem-lhe, "tua
chegando a mãe dele e os seus irmãos e, já mãe e os teus irmãos te procuram lá
permanecendo do lado de fora, já esperando
fora." Porém, disse-lhes, "Quem é minha
em pé, mandam-lhe alguém a chamá-lo para
conversar. 32Ora, acomodava-se ao Seu redor
mãe e meus irmãos?" Olhando à sua
a multidão, e dizem-lhe, "Vê! A tua mãe e os volta, afirma, "Vede! A minha mãe e os
teus irmãos (e as tuas irmãs) estão te meus irmãos. Sempre quem fizer a
procurando lá fora." 33 Porém, disse-lhes vontade de Elaha, este é meu irmão, e
como resposta a Palavra, "Quem é minha mãe irmã, e mãe."
e meus irmãos?"34Olhando à sua volta, o
círculo dos que permaneciam assentados em
volta dele, afirma a Palavra, "Vede! A minha
mãe e os meus irmãos." 35Sempre quem fizer
a vontade de Deus, este é meu irmão, e irmã,
e mãe."]a

a
Mas, provavelmente, o andamento é outro, vv. 7+20-
21+31-34 (e o passo dos fariseus seria glosa vv.8-19).
Capítulo 4 E de novo começa a instruir à beira-mar.
E se ajunta perto dele multidão nume-
[1E de novo começava a instruir à beira-mar. rosíssima, de modo que ele entra num
E se ajunta perto dele multidão barco no mar e senta-se; e toda multidão,
numerosíssima, de modo que ele entrou num
estavam na praia, em terra. E lhes
barco no mar e sentou-se; e toda multidão,
estavam na praia, em terra. 2 E lhes ensinava ensina coisas com muitas histórias, e
muitas coisas com historietas alegóricas, e afirma-lhes sua doutrina. E afirma, "Vede
afirmava-lhes o Verbo com sua doutrina.] {26 e escutai!, o reino de Elaha é assim como
E afirmava o Verbo, "O Reino de Deus é se um homem lança a semente sobre a
assim como se um homem lançasse a semente terra e dorme e levanta de noite e de dia
sobre a terra 27 e dormisse e levantasse de e a semente cresce e encomprida e ele
noite e de dia e a semente crescesse e não sabe como. Automaticamente, a terra
encompridasse e ele não visse como. 28Auto- frutifica, primeiro a erva broto
maticamente, a terra frutifica, primeiro a erva verdejante, depois a espiga madura,
broto verdejante, depois a espiga madura, depois o grão de trigo cheinho na espiga.
depois o grão de trigo cheinho na espiga.
29 Quando dá fruto, logo envia o ceifador,
Quando oferta o fruto, logo envia o
ceifador, porque é chegada a hora da ceifa.]".a porque é chegada a hora da ceifa."b

a b
Considerando que mais adiante, em Mc 6,7 se retoma Sem embargo dos excelentes ensinamentos de todo o
a narração da chamada dos apóstolos, todos estes passos cap. IV, selecionamos apenas este porque, sendo
dos caps. 4-5 vêm talvez de outra tradição narrativa, cf. exclusivo de Marcos, provavelmente é o que deve
página seguinte. O evangelho narrativo de Marcos refletir a hagadah original; pois, sabemos que os
reúne muitas tradições diferentes. O capítulo IV em si mestres antigos tinham duplo ensino, um, filosófico e
devia ser todo um livro, por ocupar talvez uns bons 2 m reservado e o outro, pedagógico e público.
em rolo, suficientes para edição em separado. Provavelmente circulavam dois Marcos, um de
“Sermões” e outro de “Atos”. Notando que esta é a
primeira ocasião que Marcos menciona um Ensino, mão
piedosa introduziu aqui o “Documento do Reino”
originalmente independente (Mc 4,3-34): Sub-hagadah
“Documento do Reino de Deus”.
Estrutura narrativa (provável hagadah original):a [4,1E de novo começava a instruir à
beira-mar. 2 E se ajunta perto dele multidão numerosíssima, de modo que ele entrou num
barco no mar e sentou-se; e toda multidão, estavam na praia, em terra. 3E lhes ensinava
muitas coisas com historietas alegóricas, e afirmava-lhes o Verbo com sua doutrina.
35
Também fica dizendo a eles naquele mesmo dia, quando veio a tardinha, "Vamos e
atravessemos para o outro lado." 36 E em largando a multidão, levaram-no como estava, no
barco; e havia outros barcos com o deles. 5,1 E chegaram ao outro lado do mar.]

[5 E chegaram ao outro lado do mar, e começou a anunciar na Decápolis] b [vv. 21: (veio
de novo para o outro lado), ajuntou-se a ele uma grande multidão; e ele estava junto do
mar.] c

[Mc 5,21:(veio de novo para o outro lado), ajuntou-se a ele uma grande multidão; e ele
d
estava junto do mar.]

a
Possivelmente, os hipotéticos livros marcanos dos Sermões e o dos Atos contavam a mesma passagem de forma
parecida, um, para introduzir a narrativa e o outro, para apresentar os ensinos; e os relatos foram harmonizados, quando se
colacionaram os dois textos, no séc. II. Após esta aproximação com Mc 5,1, percebemos que Jesus deve ter se dirigido à
Peréia e não, a Gadara. Mais adiante, o corpo do cap. V não devia fazer parte dos documentos, mas, das narrativas e
doutrinas; por isso, não se incluem aqui (Mc 5,22-45).
b
O trecho seguinte é confuso e cheio de interpolações. A hagadah original provavelmente se resumia a “Chegaram ao
outro lado e, anunciava também na Decápole” (Mc 5,1 e saltando para os vv. 20-21). Quer dizer, foram à Peréia e, dali, à
Decápolis. A Hagadah hoje inserida entre Mc 5,1-20 deve ter sido independente.
c
Outras possibilidades - Hagadah Mc 4,35-40. Outra, Hagadah narrativa em 4,1-2.35-37.5,1. Ainda outra, Hagadah 5,1-
20. Outra, Sub-hagadah “Documento do Reino de Deus”, Mc 4,3-34; paralelas, O Mistério do Reino de Deus (Mt 13,10-
23: Lc 8,9-15); Explicação da Parábola do Semeador(Mt 13,18-23: Lc 8,11-15); A Luz sobre o Candeeiro (Lc 8,16-18;
Mt 5:15); A Parábola do Grão de Trigo; O Grão de Mostarda (Mt 13,31-32; Lc 13,18-19).
d
O final do cap. V não se harmoniza com a estrutura narrativa de grupos de cinco vv; possivelmente, fazia parte somente
do livro de Sermões.
Capítulo 6 ...e afirma-lhes o Verbo com sua
doutrina. Também fica dizendo a eles
Jesus em Nazaré naquele mesmo dia, quando vem a
tardinha, "Vamos e atravessemos para o
[1E partindo dali, chegou à sua pátria, e os outro lado." E em largando a multidão,
seus discípulos o seguiram. 2E chegando o levaram-no como estava, no barco; e
sábat, começou a ensinar na sinagoga; e havia outros barcos com o deles.
muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo:
“De onde lhe vêm estas coisas? E que E chegam ao outro lado do mar, e
sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se começa a anunciar nas dez cidades,
fazem tais maravilhas por suas mãos? 3 Não é
ajunta-se a ele uma grande multidão; e
este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de
Iácov, e de José, e de Judas e de Símon? E
ele, junto do mar.
não estão aqui conosco suas irmãs?” E
escandalizavam-se nele, ofendidos que se E agora, vem à sua cidade natal, e os
sentiam. 4E Jesus lhes dizia a Palavra: “Não seus alunos o seguem. E chega o sabá,
há profeta sem honra senão na sua pátria, começa a ensinar na sinagoga; e muitos
entre os seus parentes, e na sua casa.” 5E não ouvem-no, se admiram, dizem: "De onde
conseguia exercer ali os poderes lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é
maravilhosos da alma; somente curou alguns esta que lhe foi dada? E como se fazem
poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. {6E tais maravilhas por suas mãos?
estava admirado da incredulidade deles. E
percorreu as aldeias vizinhas, ensinando.]
“Não é este o carpinteiro, filho da
Miriam, e irmão do Iáqov, e do Yosi, e do
Yehuda, e do Simon?a E não estão aqui
conosco suas irmãs?” E se sentem
ofendidos. E Jesus lhes diz a Palavra:
«profeta indigno, só na terra dele, na
casa dele e para os irmãos dele». E não
consegue ‘‘messianizar’’ ali o suficiente
para fazer nenhuma virtude; cura
somente alguns poucos enfermos,
impondo-lhes as mãos. E fica admirado
da incredulidade deles. E percorre as
aldeias vizinhas, ensina.

a
Bem especificado, “o Iaqov”, etc. cf. Mc 1,1,
“um messias”.
Jesus envia os discípulosa

[(Mc3,13: Neste tempo constituiu os Doze) 7Chamou a si os doze, e começou a enviá-los a


dois e dois, e deu-lhes poder sobre os espíritos impuros; 8E ordenou-lhes que nada tomassem para o
caminho, senão somente um bordão; nem alforje, nem pão, nem dinheiro no cinto, nem mesmo
centavos; 9Mas que calçassem sandálias, e que não vestissem duas túnicas, nem mesmo tivessem
mantos. 10 E dizia-lhes: Na casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali.] b

a
Talvez a escolha dos Doze deva se incluir aqui. Os caps. Mc 4-5 seriam talvez um livrinho solo.
b
O andamento narrativo original deve ser o seguinte: vv. 6-10 e 30-35, sendo o restante, piedosa reedição motivada pela
existência de tradições paralelas e pela necessidade de referências históricas. Sub-narrativa, Mc 6,12-15: são cinco versos
também, talvez retirados de possível crônica sobre João Batista, que há de ter existido. Em seguida, nos vv. 17-29, não
incluídos aqui, se conta a morte de João. Uma possível Crônica sobre João Batista Mc 1,2-7; 6,17-29;14-16 fazia talvez
obra independente. O texto aramaico continua nesse trecho e nos anteriores, normalmente; apenas deixamos de o incluir
por ora.
[30E os apóstolos reuniram-se a Jesus, e (Neste tempo chama os Doze) e começa a
contaram-lhe tudo, tanto o que tinham feito enviá-los a dois e dois, e dando-lhes
como o que tinham ensinado. 31 E ele disse- poder sobre os espíritos impuros; e
lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar ordena-lhes que nada tomem para o
deserto, e repousai um pouco. Porque havia
caminho, senão somente um bordão; nem
muitos que iam e vinham, e nem tinham
tempo para comer. 32 E retiraram-se a sós
alforje, nem pão, nem dinheiro no cinto,
num barco para um lugar deserto. 33E vendo- nem mesmo centavos. Mas que calcem
os partir, muitos o reconhe-ceram; e correram sandálias, e que não vistam duas túnicas,
para lá, a pé, de todas as cidades afluíram, (e nem mesmo tenham mantos. E diz-lhes:
ali chegaram primeiro do que eles), e Na casa em que entrardes, ficai nela até
aproximavam-se dele. 34 E Jesus, saindo, viu partirdes dali.
uma grande multidão, e teve compaixão por
causa deles, porque eram como ovelhas que E os credenciados reúnem-se a Jesus, e
não têm pastor; e começou a ensinar-lhes
contam-lhe tudo, tanto o que tinham feito
muitas coisas. 45 E logo obrigou os seus
discípulos a subir para o barco, e prosseguir
como o que tinham ensinado. E ele diz-
adiante, para o outro lado, a Bethsaidá, lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar
enquanto ele despede a multidão. {46 E, deserto, e repousai um pouco. Porque
tendo-os despedido, foi ao monte a orar.]a havia muitos que iam e vinham, e nem
tinham tempo para comer. E retiram-se a
sós num barco para um lugar deserto. E
vendo-os partir, muitos o reconhecem; e
correm para lá, a pé, de todas as cidades
afluem, (e ali chegam primeiro do que
eles), e aproximam-se dele. E Jesus,
saindo, vê a grande multidão, e tem
compaixão por causa deles, porque eram
como ovelhas que não têm pastor; e
começa a ensinar-lhes muito. E logo
obriga seus alunos a subir para o barco,
e seguir antes dele, passando a Beith
Said, enquanto ele despede a multidão. E
despede-se, vai ao monte orar.

a
A passagem a seguir não se harmoniza com grupos de cinco
versos. Possivelmente fazia parte só dos Sermões. A mais
evidente prova de que a nossa tese exposta é correta acha-se
neste trecho. Cortando aqui, o próximo trecho é Mc 6,53,
justamente o encontrado no fragmento de Cumram, no qual,
encontram-se 5 linhas de 20 a 23 letras. Se o trecho acima
contém um ensino e um ato, os dois textos possivelmente
existentes eram germanos, correlatos.
De volta a Genesaré E atravessam e já do outro lado vão à
terra de Genessaré. E eles ainda no
[53E, quando já estavam no outro lado, barco, já o reconhecem; e correm toda a
dirigiram-se à terra de Gennesarét, e ali terra em redor, começam a trazer em
atracaram.a 54 E, saindo eles do barco, logo o leitos, até onde sabem que ele está, os
reconheceram; 55 E, correndo toda a terra em que se acham enfermos. E, onde quer que
redor, começaram a trazer em leitos, aonde entra, ou em cidade, ou aldeias, ou no
quer que soubessem que ele estava, os que se campo, apresentam os enfermos nas
achavam enfermos. 56E, onde quer que
praças, e rogam-lhe que os deixe tocar ao
entrava, ou em cidade, ou aldeias, ou no
campo, apresentavam os enfermos nas praças,
menos nas Tzitzit [do seu manto de
e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao rabino]; e todos os que o tocam, saram.
menos na orla da sua roupa; e todos os que
lhe tocavam saravam.]

a
Foram angreados pela âncora (lit.)
Capítulo 7 Reúnem-se a ele escribas fariseus
provenientes de ‘Ursalim. E
[1Estão sendo reunidos ao redor dele os fariseus e observando que alguns dos seus
alguns dos doutores da Lei que vieram lá de Hiero- alunos comem pão mas não lavam as
solima. 2E observaram então que alguns dos seus mãos, questionam-no. Os fariseus da
alunos, “Comem com as mãos impuras”, isto é Yehud não comem sem lavar as mãos
não-lavadas --- ora, os Fariseus e todos os judeusa conforme a tradição dos antigos;d e
a não ser que *pigmí lavando as mãos não comem, lavam os pratos para comer, e muitas
atendo-se à tradição dos anciãos e, *ap’agorás a
outras coisas costumam observar, a
não ser que se banhem (completamente) 3 e muitas
outras coisas é um costume observarem, a lavagem
lavagem de copos, cântaros e jarros,
completa por imersão, dos copos e cântaros e utensílios de metal e leitos. E
jarros e utensílios de metal (e leitos) --- 4 e perguntam-lhe os escribas fariseus,
perguntam-lhe os Fariseus e os escribas doutores "Por que teus alunos não vivem
da lei, “Por causa de quê os teus alunos não segundo a tradição dos antigos, e
conduzem a vida segundo a tradição dos anciãos, e comem com as mãos impuras?" Ora,
comem com as mãos impuras?” 5 Ora, ele lhes ele lhes diz então, "Bem bonito é que
disse então, “Bem bonito é que Esaía prenunciou a Isaías profetizou a vosso respeito,
vosso respeito os mascarados, como está e como está escrito, "Este povo me ama
permanece escrito e autorizado,]b com os lábios, mas o seu coração está
6 longe de mim! Inutilmente me adoram,
[ “Este ajuntamento de povo me ama
ensinam doutrinas e mandamentos
com os lábios, me honra, mas o seu humanos".
íntimo coração permanece longe de
mim! Inutilmente me adoram,
ensinando doutrinas que são
c
mandamento de homens mortais”]

a
No original, Farisaioi (farisií ) e Ioudaioi (iudaí); Marcos não d
traduziu estes originais aramaicos. Isto é, lavavam as mãos segundo outros costumes,
b
O tom desta parte já é sensivelmente diferente; deve ser uma considerados abusivos pelos escribas originários da
parte dos possíveis “Sermões”; os ensinos sobre os fariseus Judéia.
devim estar reunidos aqui.
c
Sensivelmente, um comentário, como outras partes deste
passo.
[7Abandonando há tempos o Mandamento divino, Abandonais o Mandamento divino,
apegai-vos a tradições dos homens mortais”. vos apegais a costumes humanos,
8
Porque, deixando o mandamento de Deus, lavar jarros e copos; e fazeis muitas
retendes a tradição dos homens; como o lavar dos outras coisas semelhantes a estas. E
jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas
dizia-lhes: Bem bonito ver como
semelhantes a estas. 9E dizia-lhes: Bem
jeitosamente invalidais o mandamento de Deus
jeitosamente invalidais o mandamento
para guardardes a vossa tradição. 10Porque Moisés de Deus para guardardes a vossa
disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e quem tradição. Porque Moisés disse: Honra
maldisser, ou o pai ou a mãe, certamente morrerá. a teu pai e a tua mãe;a e quem
11
Vós, porém, dizeis: Se um homem disser ao pai maldisser, ou o pai ou a mãe,
ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é certamente morrerá. Vós, porém,
Qorban*, isto é, oferta ao Senhor; 12nada mais lhe dizeis: Se um homem disser ao pai ou
deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, 13 à mãe: Aquilo que poderias
invalidando assim a Palavra de Deus pela vossa aproveitar de mim é Qorban, [isto é,
tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis oferta ao Senhor], nada mais lhe
semelhantes a estas.]
deixais fazer por seu pai ou por sua
mãe, invalidais assim a Palavra de
Elaha pela vossa tradição, que vós
ordenastes. E muitas coisas fazeis
semelhantes a estas.

a
A Torah especifica ambos, o pai e a mãe.
[14 E, chamando outra vez a multidão, afirmou-lhes E, chama outra vez a multidão,
categorica-mente a Palavra: Ouvi-me vós, todos, e afirma-lhes categórico: “Ouvi-me vós,
compreendei. 15 Nada há, fora do homem, que, todos, e compreendei. Nada há, fora
entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem, que, entrando nele, o
dele isso é que contamina o homem. 16[Se alguém
possa contaminar; mas o que sai dele
tem ouvidos para ouvir, ouça.a] 17Depois, quando
deixou a multidão, e entrou em casa, os seus
isso é que contamina o homem.” [Se
discípulos o interrogavam acerca desta alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.]
comparação. 18E ele disse-lhes: Assim, também Depois, quando deixa a multidão, e
vós estais descompreendidos? Não compreen-deis entra em casa, os seus alunos o
que tudo o que de fora entra no homem não o pode interrogam acerca desta comparação.
contaminar, 19Porque não entra no seu coração, E ele diz-lhes: Assim, também vós
mas no ventre, e é lançado fora? {declarando estais descompreendidos? Não
puras todas as comidas.] b entendeis que tudo o que de fora entra
no homem não o pode contaminar,
porque não entra no seu coração, mas
no ventre, e é lançado fora?
[20Ora, sempre ele dizia: O que sai do homem isso Ora, ele diz: O que sai do homem, isso
contamina o homem. 21Porque do interior do
contamina o homem. Porque do
coração dos homens saem os maus pensamentos,
os adultérios, as prostituições, os homicídios, 22os
interior do coração dos homens saem
furtos, a avareza, as maldades, o engano, a os maus pensamentos, os adultérios,
dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a as prostituições, os homicídios, os
loucura. 23 Todos estes males procedem de dentro e furtos, a avareza, as maldades, o
contaminam o homem.] engano, a dissolução, a inveja, a
blasfêmia, a soberba, a loucura.
Todos estes males procedem de dentro
e contaminam o homem.

a Ausente nos testemunhos alexandrinos.


b
Comentário do Evangelista.
A mulher siro-fenícia E, levanta-se dali, vai à divisa entre Tiro
e Sidon. E, entra numa casa, não quer
[24E, levantando-se dali, foi para os termos de que ninguém saiba, mas não pode
Tiro e de Sidon. E, entrando numa casa, não esconder-se; pois uma mulher, cuja filha
queria que alguém o soubesse, mas não pôde tinha um espírito imundo, ouve falar dele,
esconder-se; 25 porque uma mulher, cuja filha vai e lança-se aos seus pés. E esta mulher
tinha um espírito imundo, ouvindo falar dele, é grega, fenícia da Síria, e roga-lhe que
foi e lançou-se aos seus pés. 26 E esta mulher expulse de sua filha o espírito menor
era grega, siro-fenícia de nação, e rogava-lhe
perturbador. Mas Jesus diz-lhe: Deixa
que expulsasse de sua filha o espírito menor
perturbador. 27 Mas Jesus disse-lhe: Deixa
primeiro saciar a criançada; porque não
primeiro saciar a criançada; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo
convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos aos cachorrinhos. A talzinha, porém,
cachorrinhos. 28 A tal, porém, respondeu, e responde, e diz-lhe: Sim, Senhor; mas
disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os também os cachorrinhos comem, debaixo
cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as da mesa, as migalhas dos filhos. Então
migalhas dos filhos. 29Então ele disse-lhe: Por ele diz-lhe: Por essa palavra, vai; o
essa palavra, vai; o espírito já saiu de tua espírito já saiu de tua filha. E, indo ela
filha.{30E, indo ela para sua casa, achou a para sua casa, achou a filha deitada
filha deitada sobre a cama, e que o espírito já sobre a cama, e que o espírito já tinha
tinha saído.] a
saído.

a
Grega: tabaréu, subdesenvolvida, estrangeira e
bárbara. Siro-fenícia: hereje, idólatra, feiticeira,
macumbeira. Gentia:obsedada! Marcos, judeu ortodoxo,
não se contém e lança uma série de impropérios
pesados (mas eu creio que foi para realçar
estilisticamente o epsódio). Os judeus se referiam aos
gentios como ‘Cães!’ virando o rosto e cuspindo; por
isso a expressão de Jesus, ‘cachorrinha’ -- doméstica,
lulu de madame tratada a pão-de-ló! Ad. Mc 8,11-21.
A cura do surdo mudo E ele torna a sair dos confins de Tiro e
Sidon, vem até ao mar da Galiléia, passa
[31 E ele, tornando a sair dos termos de Tiro e pela divisa de dez cidades. E trazem-lhe
de Sidon, foi até ao mar da Galilia, pelos um surdo e gago, e rogam-lhe que
confins de Decápolis. 32 E trouxeram-lhe um
imponha as mãos sobre ele. E, tira-o à
surdo e gago, que falava dificilmente; e
rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele. 33E,
parte, de entre a multidão, põe-lhe os
tirando-o à parte, de entre a multidão, pôs-lhe dedos nos ouvidos; e, cospe, toca-lhe a
os dedos nos ouvidos; e, cuspindo, tocou-lhe língua. E, levanta os olhos ao céu, sopra,
na língua. 34 E, levantando os olhos ao céu, e diz: Et patah; [isto é, Abre-te]. E logo
suspirou, e disse: Effathá*; isto é, Abre-te. 35 se abrem os seus ouvidos, e a prisão da
E logo se abriram os seus ouvidos, e a prisão língua se desfaz, e fala perfeito. E
da língua se desfez, e falava perfeitamente. 36 ordena-lhes que a ninguém o digam; mas,
E ordenou-lhes que a ninguém o dissessem; quanto mais lhos proíbe, tanto mais o
mas, quanto mais lhos proibia, tanto mais o divulgam. E, admiram-se muito, dizem:
divulgavam. 37E, admirando-se sobremaneira, Tudo faz bem; faz ouvir os surdos, falar
diziam: Tudo faz bem; faz ouvir os surdos e
os mudos.
falar os mudos.]

{8,10 E, entrando logo no barco, com os seus E, entra logo no barco, com os seus
discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta. alunos, vai para as regiões de
Dalmanuta.
O cego de Betsaida
E chega a Beith Said; e trazem-lhe um
{22E chegou a Bethsaidá; e trouxeram-lhe um
cego, e rogam-lhe que o toque. E toma o
cego, e rogaram-lhe que o tocasse. 23 E,
tomando o cego pela mão, levou-o para fora
cego pela mão, leva-o fora da aldeia; e,
da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, e cospe-lhe nos olhos, e impõe-lhe as mãos,
impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via pergunta-lhe se enxerga algo. E, levanta
alguma coisa. 24E, levantando ele os olhos, os olhos, diz: Vejo os homens; pois os
disse: Vejo os homens; pois os vejo como vejo como árvores que andam. Depois
árvores que andam. 25 Depois disto, tornou a disto, torna a pôr-lhe as mãos sobre os
pôr-lhe as mãos sobre os olhos, e fez olhar olhos, e o faz olhar acima: e ele fica
para cima: e ele ficou restaurado, e viu cada restaurado, e enxerga tudo claro.
homem claramente.]

Jesus prediz a sua morte


E sai Jesus, e os seus alunos, para as
[8,27 E saiu Jesus, e os seus discípulos, para
as aldeias de Cesaréia de Filipe; e no caminho
aldeias de Cesaréia de Filipe; e no
perguntou aos seus discípulos, dizendo: caminho pergunta aos seus alunos, diz:
Quem dizem os homens que eu sou? 28 E Que dizem os homens de mim? E eles
eles responderam: Joannes o Batista; e outros: responderam: João Batista, uns; e outros,
Elias; mas outros: Um dos profetas. 29 E ele Elias; mas outros: um dos profetas. E ele
lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu sou? lhes diz: Mas vós, quem dizeis que eu
E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o sou? E responde Cefas, lhe diz: Tu és um
Ungidoa. 30E admoestou-os, para que a messias filho de Elohim. E admoestou-
ninguém dissessem aquilo dele. 31 E começou os, para que a ninguém digam assim dele.
a ensinar-lhes que importava que o Filho do E começa a ensinar-lhes sobre o futuro,
homem padecesse muito, e que fosse
que importa que o filho do homem
rejeitado pelos anciãos e príncipes dos
sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse
padeça muito, e que seja rejeitado pelos
morto, mas que depois de três dias anciãos e príncipes do clero, e pelos
ressuscitaria.]b escribas, e que seja morto, mas que
depois de três dias ressuscita.*

a *Tradução resumida de Marcos segundo o texto


Os hebreus tinham veneração pela Palavra e
aramaico da Peshita. Selecionamos alguns trechos
abandonaram o uso ‘comum’ do hebraico, substituindo-
apenas.
o pelo aramaico, para não contaminar a Lei. Depois, até
do aramaico tinham respeito, e traduziram sua filosofia
para o grego, literalmente, conservando o sentido
original. Ungido é o Messias; o Cristo.
b
A partir daqui a linguagem grega de Marcos muda,
fazendo supor um ‘segundo volume’ dos seus Atos de
Jesus, a ser pesquisado em separata.

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