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e de Saneamento
Módulo 1
Planejamento
Aula 1
Planejamento e Recursos
Orçamentários
© Copyright 2017, Tribunal de Contas de União
<www.tcu.gov.br>
Permite-se a reprodução desta publicação, em parte ou no todo, semalteração do conteúdo, desde que citada
a fonte e sem fins comerciais.
CONTEUDISTA
Bruno Martinello Lima
Gustavo Ferreira Olkowski
Marcelo Almeida de Carvalho
Rafael Carneiro Di Bello
Victor Hugo Moreira Ribeiro
Rommel Dias Marques Ribas Brandao
REVISORES TÉCNICOS
Jose Ulisses Rodrigues Vasconcelos
Eduardo Nery Machado Filho
TRATAMENTO PEDAGÓGICO
Flávio Sposto Pompêo
Este material tem função didática. A última atualização ocorreu em agosto de 2017.
Todo o material foi desenvolvido por servidores do Tribunal de Contas da União (TCU) com
o objetivo de capacitar servidores e gestores da Administração Pública de municípios com até
50 mil habitantes, que trabalham diretamente com a missão de construir obras públicas para
benefício da população.
Isso não impede que servidores públicos de outros entes da Federação ou ainda de mu-
nicípios de maior população, que lidem com grandes obras, possam realizar o curso e utilizar
este material. Nesse caso, no entanto, os alunos devem ficar atentos, pois obras maiores e mais
complexas podem necessitar de estudos e projetos mais rigorosos e detalhados.
Neste módulo básico composto por quatro aulas, faremos uma abordagem geral por
todas as principais etapas relacionadas à execução de uma obra pública: desde a assinatura de
um convênio, passando pela fase de estudos preliminares, projetos e licitação.
Ao final do curso, espera-se que o participante seja capaz de aplicar os principais conceitos
sobre o tema estudado, em conformidade com a legislação federal e com as principais decisões
do TCU, estando apto a utilizar adequadamente recursos do Orçamento Geral da União na me-
lhoria da infraestrutura dos municípios.
Nesta primeira aula, iniciaremos nosso estudo com os principais meios para transferência
de recursos federais para os municípios. Além disso, começaremos a etapa de planejamento das
obras, com as fases de: programa de necessidade e estudos de viabilidade técnica, econômica e
ambiental.
Módulo 1 - Planejamento..................................................................................................................... 3
1.3.3 Execução............................................................................................................................. 14
2. Programa de Necessidades.......................................................................................................... 21
Síntese......................................................................................................................................................... 41
Bibliografia.............................................................................................................................................. 42
Glossário.................................................................................................................................................... 44
Ao final da aula, espera-se que o participante seja capaz de, no exercício de suas responsa-
bilidades como gestor de obras públicas municipais de edificações e saneamento:
Iniciaremos nosso curso falando sobre convênios e contratos de repasse. Esses instrumen-
tos são muito importantes, pois podem ser a solução para os municípios que não possuem
recursos financeiros suficientes para construir as obras de que necessitam. Vamos entender, ini-
cialmente, o seu funcionamento.
Apesar disso, o Brasil concentra a maior parte da arrecadação de tributos (impostos, taxas
e outros) na União, de forma a ser necessário repassar verbas aos estados e municípios para a
realização de suas políticas públicas.
O repasse de recursos federais da União para os municípios pode ser feito de duas formas:
transferências obrigatórias ou voluntárias.
Considerando que as receitas geradas pelos impostos arrecadados nos próprios municípios
muitas vezes não são suficientes para execução de seus projetos, as transferências de verbas
federais podem ser a solução para a falta de recursos financeiros.
Nesse sentido, os gestores municipais devem buscar conhecer e se enquadrar nas exigên-
cias feitas pela legislação, uma vez que a iniciativa para recebimento desses recursos deve ser do
próprio município.
Os convênios e contratos de repasse podem ser uma das soluções para a falta de
recursos financeiros nos municípios, pois possibilitam o recebimento de verbas
da União.
Termo de compromisso
O instrumento pelo qual é firmado esse ajuste para transferência de recursos é o Termo de
Compromisso. De acordo com o art. 3º da citada lei, os estados e municípios a serem beneficiá-
rios deverão comprovar os seguintes requisitos, que devem constar desse termo de compromisso:
V. cronograma de desembolso;
VI. previsão de início e fim da execução do objeto, bem como da conclusão das etapas ou
fases programadas; e
Observa-se, então, que, enquanto as transferências realizadas por convênios são do tipo
voluntárias, aquelas firmadas por termos de compromisso do PAC são do tipo obrigatórias, con-
dicionadas apenas à aprovação prévia do termo por parte da União.
Além disso, em convênios, as ações são definidas pelo próprio ente estadual ou municipal
em seu plano de trabalho, enquanto que, nos termos de compromisso, a União é quem define
as ações que deverão ser executadas pelos entes, por meio do Comitê Gestor do Programa de
Aceleração do Crescimento - CGPAC.
Fundo a Fundo
O Governo Federal, por meio do Fundo Nacional de Saúde (FNS), transfere anualmente
a estados, municípios e Distrito Federal, recursos da ordem de 30 bilhões de reais para custear
ações e serviços de saúde. A forma ou modalidade pela qual se dá essa transferência é denomi-
nada “repasse fundo a fundo”, na qual os recursos do Fundo Nacional de Saúde são alocados, de
forma regular e automática, para os fundos de saúde estaduais, municipais e do Distrito Federal.
Embora possam se caracterizar como transferências obrigatórias, por força legal, os repas-
ses fundo a fundo são provenientes do orçamento da União, razão pela qual não se constituem
como receitas próprias dos Estados, ou seja, constituem recursos federais e, dessa forma, estão
sujeitos à fiscalização por parte do Tribunal de Contas da União.
EXEMPLO
Em um convênio assinado entre o Ministério das Cidades e a Prefeitura Municipal de Goiânia/GO, para o repasse de
recurso para o município, o Ministério é o Concedente e a Prefeitura é o Proponente e o Convenente.
Veja que a Prefeitura exerce a função de Proponente quando está propondo o convênio,
na fase de negociação. Após assinado o contrato, a Prefeitura passa então a ser denominada
de Convenente. A mudança de nomenclatura se refere somente ao momento da negociação.
EXEMPLO
Suponhamos agora um contrato de repasse assinado entre o Ministério das Cidades, com o intermédio da Caixa
Econômica Federal, e a Prefeitura Municipal de Goiânia/GO. Nesse caso, o Ministério será Contratante, a Caixa a
Mandatária e a Prefeitura o Contratado.
Contrapartida: é a verba disponibilizada pelo convenente que, somada aos recursos fe-
derais, comporá o valor total do acordo para a execução completa do objeto. Em um
convênio de R$ 1,0 milhão, por exemplo, no qual o governo Federal repasse ao município
R$ 900 mil, a contrapartida será de R$ 100 mil. O valor percentual da contrapartida não
é fixo, varia em função do órgão federal e do programa de governo, sendo, usualmente,
entre 5% a 15% do total do convênio.
• Cadastramento e Proposição;
• Celebração e Formalização;
• Execução; e
• Prestação de Contas.
Para ter maiores informações sobre todos os programas, de todos os órgãos federais que
disponibilizam recursos para convênios e contratos de repasse, os municípios podem consultar o
Portal de Convênios (www.convenios.gov.br), bem como os endereços na internet dos diversos
ministérios, onde são estabelecidas as regras, critérios, objetos e demais requisitos para obtenção
dos recursos.
Caso a proposta seja aceita pelo Concedente, o Proponente deverá apresentar em seguida
o Plano de Trabalho, que deve ser bem elaborado e detalhado, pois irá orientar toda a execu-
ção do contrato.
A formalização dos convênios e dos contratos de repasse tem início com o cadastramento
e credenciamento do órgão municipal ou estadual no Sistema de Gestão de Convênio (Siconv),
via internet.
No caso de obra, uma atenção especial deve ser dada ao projeto. Como regra, o projeto
básico deverá ser apresentado antes da assinatura do instrumento de repasse. Por outro
lado, é permitido que o órgão concedente o exija somente depois dessa assinatura, mas sempre
antes da liberação da primeira parcela dos recursos2. Em função disso, o gestor deve ficar sempre
atento às exigências de cada órgão concedente.
É importante saber que esse projeto deve conter todos os elementos necessários e sufi-
cientes para caracterizar a obra, bem como demonstrar sua viabilidade, conveniência e custo. Na
próxima aula estudaremos mais sobre o que é o projeto básico.
Uma das principais causas para a não aprovação das propostas de trabalho em convê-
nios e contratos de repasse é a falta de detalhamento do plano de trabalho, especialmente em
virtude de projeto básico deficiente, razão pela qual deve ser dada a devida importância a esse
documento.
As principais decisões do TCU sobre esse tema3 indicam que o projeto básico deve ser
aprovado pelo órgão competente do Governo Federal antes da licitação da obra. Só há uma
exceção para essa regra: caso o município queira aproveitar uma licitação já realizada. Nesse
caso, deve-se garantir que o projeto básico utilizado na licitação atenda as exigências da Lei
8.666/1993 e da Lei de Diretrizes Orçamentárias federal.
1.3.3 Execução
Pagamentos/
Liberação dos Execução do
Fiscalização e
recursos objeto
Acompanhamento
3 - Acórdão 2.099/2011-TCU-Plenário.
4 - Art. 22 da Portaria Interministerial 424/2016
II. liberação das demais parcelas, quando da conclusão de no mínimo 70% das parcelas
liberadas anteriormente.
Obs: com exceção dos casos em que a parcela é única, o valor da primeira parcela não
poderá ser superior à 20% do valor total do instrumento..
As verbas federais recebidas por meio de convênios ou contratos de repasse, bem como a
contrapartida do município, devem ser movimentadas apenas em conta específica, aberta exclu-
sivamente com esse fim. Essa conta nunca será a do tesouro da União ou do Município, uma vez
que os recursos não devem se confundir5.
Os rendimentos das aplicações financeiras não podem ser considerados como contraparti-
da do município e devem ser aplicados obrigatoriamente no objeto do convênio ou do contrato
de repasse ou devolvidos ao Governo Federal na prestação de contas final7.
No entanto, vale registrar que é vedada a repactuação de metas e etapas quando se tratar
do Regime Simplificado9.
Qualquer alteração realizada sem prévia autorização e sem termo aditivo ao convênio pode
ser considerada como desvio de finalidade e levar à rescisão do convênio e inscrição do conve-
nente em inadimplência.
Ainda que haja uma situação emergencial no município ou se perceba que o objeto não
é mais prioritário, é vedada a utilização dos recursos em despesas não previstas no plano de
trabalho. Esse fato é considerado uma irregularidade grave pelo TCU e pode levar a instauração
de Tomada de Contas Especial (TCE), para apuração de eventuais danos e ressarcimento aos
cofres públicos10. Nesses casos, os gestores públicos serão notificados para reembolsarem esses
valores.
As licitações e contratações de empresas devem seguir o rito comum das demais compras
e obras da administração pública. O aprofundamento desse conteúdo será feito ao longo
do presente curso, especialmente na Aula 5.
Pagamentos
Para garantir a correta aplicação dos recursos recebidos pelo município na execução da
obra ou do projeto, é fundamental que os débitos da conta específica do convênio sejam acom-
panhados de cada documento comprovante da despesa (empenhos, medições, notas fiscais,
faturas e recibos), que devem ser emitidos em nome do convenente e conter expressamente o
número do convênio a que se refere11.
Isso significa que cada pagamento só poderá ser realizado diretamente à empresa contra-
tada, após a inclusão de todos os documentos necessários no Siconv, os quais devem comprovar
a efetiva execução das metas, etapas ou fases do plano de trabalho.
Esses cuidados devem ser tomados para assegurar a correspondência entre os recursos
aplicados e o objeto, havendo um nexo de causalidade entre o pagamento e o serviço. Em
outras palavras, o objetivo é garantir que os valores sejam corretamente utilizados na obra.
Além disso, como regra, os pagamentos devem ser realizados por meio de crédito em
conta bancária das empresas contratadas para execução do objeto12.
Fiscalização e acompanhamento
Sem prejuízo da fiscalização acima, o órgão concedente também deve realizar o acompa-
nhamento e comprovação da boa e regular aplicação dos recursos públicos; da compatibilidade
da execução do objeto com o Plano de Trabalho; e da regularidade das informações registradas
no Siconv.
O órgão que recebe recursos por meio de convênio/contrato de repasse está obrigado a
apresentar a prestação de contas nos prazos previstos. Os prazos para a apresentação das pres-
tações de contas parciais e final são estabelecidos no próprio termo do convênio/contrato de
repasse. Geralmente, o prazo para prestação de contas final é de 60 dias após o fim da vigência
do convênio/contrato de repasse ou da conclusão do objeto.
Importante notar que é competência do prefeito sucessor (nos convênios firmados com
municípios) prestar contas dos recursos provenientes de convênios/contratos de repasse firmados
por seus antecessores e, somente na impossibilidade de fazê-lo, deve apresentar justificativas
que demonstrem seu impedimento e as medidas adotadas para resguardar o erário.
Caso sobre saldo financeiro na conta do convênio ao final da obra, ele deve ser devolvido
ao órgão concedente, com reajuste monetário, no prazo estabelecido para a apresentação da
prestação de contas.
A análise da prestação de contas deve ser realizada pelo concedente no prazo de 1 ano.
Havendo aprovação, será dada declaração expressa de que os recursos foram regularmente apli-
cados. Não sendo aprovada, serão adotadas as devidas providências para a regularização das
pendências. Na hipótese de permanecer qualquer pendência, a autoridade competente registrará
o fato no Siconv e adotará as medidas cabíveis para instauração da Tomada de Contas Especial.
Nessa situação, se o município for inscrito como inadimplente (ou seja, não tenha cumpri-
do adequadamente a prestação de contas), não poderá receber novas transferências de recursos
por meio de convênios/contratos de repasse até que regularize suas contas.
Até 30/5/2008, a Instrução Normativa STN 1/1997 era o principal normativo aplicável
sobre o tema. A partir dessa data, entrou em vigor o Decreto 6.170/2007, regulamentado
Cabe registrar que alguns órgãos editam seus próprios atos normativos internos para dis-
ciplinar pontos específicos da celebração, acompanhamento, fiscalização e prestação de contas
de convênios e contratos de repasse. O Ministério da Justiça, por exemplo, possui a Portaria
458/2011. O município ou estado convenente deve verificar essas normas.
• Utilizar licitação pretérita sem que esta tenha observado os dispositivos da Lei
8.666/1993, da respectiva Lei de Diretrizes Orçamentárias e dos demais dispositivos
que regem a aplicação de recursos públicos federais.
2. Programa de Necessidades
Tribunal de Contas da União
2.1 Definição
É comum imaginar que o planejamento da obra se inicia com o projeto básico. No entanto,
esse não é o pensamento adequado. De acordo com a Lei de Licitações, o projeto básico deve
ser elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares15. Dessa forma, esses
estudos preliminares é que compõem a primeira etapa do planejamento da obra.
A Lei não apresenta detalhes de como eles devem ser elaborados, no entanto podemos ob-
ter essas informações em normas técnicas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas16.
Com base nisso, dividiremos os estudos preliminares em três grandes fases: a) o programa de
necessidades; b) os estudos de viabilidade; e c) o anteprojeto (este último será visto na próxima
aula).
Com a figura a seguir, ilustramos as principais etapas a serem percorridas para se realizar
uma obra pública. Todas elas serão estudadas nesta e nas próximas aulas deste curso.
Programa de Necessidades
Escolha do Terreno
Estudo de Viabilidade
Projeto Básico
Projeto Executivo
Licitação
Contrato
Fiscalização da Obra
15 - Lei 8.666/1993, art. 6º, inciso IX.
16 - ABNT NBR 13531/1995 – Elaboração
de Projetos de Edificações – Atividades Técnicas.
Recebimentoda Obra
Imagine, por exemplo, que o município possua recursos para construir somente uma esco-
la e um hospital, ao passo que a demanda da população seja por três escolas e dois hospitais. A
escolha dos locais em que as unidades serão implantadas e a definição de suas principais carac-
terísticas, com base na melhor relação entre custos e benefícios, poderão ser determinadas com
o programa de necessidades.
Para isso, é recomendável que o gestor tenha em mãos o conjunto de obras que necessita
construir, acompanhado da estimativa do custo e do benefício esperado de cada uma. Com essas
informações, será definida a ordem de prioridades para construção, levando em consideração as
maiores demandas e os maiores benefícios. O resultado será uma lista como a exemplificada na
tabela a seguir:
Dessa lista, serão eleitas as obras efetivamente necessárias para atender ao interesse da
população. Com a escolha do empreendimento que se deseja construir, deverá ser elaborado o
programa de necessidades específico da obra.
Essa será a etapa destinada a determinar o local de sua construção, as exigências, neces-
sidades e expectativas dos futuros usuários do empreendimento, assim como as características
básicas necessárias para a construção.
• estimativa da área total de construção (por exemplo: quantos metros quadrados terá o
edifício ou quantos quilômetros terá a rede de esgoto);
Na aula 3, veremos com mais detalhes como elaborar o orçamento da obra. Nesta
fase de definição do Programa de Necessidades, no entanto, para estimar de maneira simplifica-
da os custos do empreendimento, o gestor pode utilizar valores de custo do m2 de construção
como o Custo Unitário Básico (CUB), disponibilizado nos sites na internet dos sindicatos da cons-
trução civil dos estados (Sinduscon), ou ainda o Índice Nacional da Construção Civil do Sinapi
(encontrado no site: http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/programa_des_urbano/
SINAPI/index.asp).
Aqui cabe um alerta. Esses índices de custos não consideram várias despesas envolvidas em
uma construção, tais como fundações, equipamentos ou instalações especiais. Por isso, uma dica
prática para estimar de maneira simplificada e expedita o custo da obra nesta etapa: o gestor
pode somar 30% ao custo do m2 apresentado pelo CUB ou pelo índice do Sinapi. Repare que
isso é apenas uma estimativa, fundamentada em dados ainda pouco detalhados sobre as ca-
racterísticas da obra. Na fase de projeto básico, deverá ser elaborado um orçamento detalhado.
A B = (A x 0,3) C = (A + B) D E = (C x D)
Área de
Custos extras Custo total Custo total
Custo do m2 Construção
(30%) do m2 estimado
(m2)
CUB 1.137,23 341,169 1.478,40 1.000,00 1.478.399,00
Índice Sinapi 905,29 271,587 1.176,88 1.000,00 1.176.877,00
Assim, segundo os cálculos, os custos para construção da sede dessa prefeitura seriam
estimados entre R$ 1,2 milhão e R$ 1,5 milhão.
Por fim, além dos custos, é desejável verificar desde logo as eventuais restrições legais
quanto ao terreno, quanto aos órgãos ambientais e quanto ao Código de Obras Municipal.
Cabe ainda avaliar a possibilidade de a localidade (bairro, região) ser atendida por serviços como
água, luz, esgoto, coleta de lixo e telefonia.
Suponha que o município necessite construir uma escola com 12 salas de aula, porém só
tenha recursos para construir uma com 6 salas. Em outra situação, imagine que, atualmente, a
escola necessária para o município seja uma com 6 salas, no entanto os estudos mostram que
em 5 anos serão necessárias 12 salas.
Uma possível solução para esses problemas é projetar a obra para que seja construída em
diferentes etapas ou ainda em módulos separados.
Na construção em etapas, a escola do exemplo pode ser dividida em dois blocos. Cada
bloco poderia conter 6 salas de aula. Assim, o município poderia construir em uma primeira eta-
pa somente um bloco, e o restante em momento posterior, de acordo com a disponibilidade de
recursos e com a sua necessidade.
salas-de-aula-modularis.asp produtos/modulos-pre-fabricados/
(EVTEA)
No tópico anterior estudamos os requisitos desejáveis para o Programa de Necessidades.
Vimos que esse programa contempla a definição de prioridades pelos gestores. Superada a defi-
nição sobre em qual obra investir, é hora de escolher a melhor alternativa para a sua construção,
dessa vez sob os aspectos técnico, econômico e socioambiental.
Avançar para as demais fases da obra sem a sinalização positiva da sua viabilidade pode
trazer riscos e complicações para sua execução e conclusão.
Ao avaliar se uma obra é viável, o gestor público age de acordo com a técnica de engenha-
ria e cumpre a exigência legal quanto aos estudos preliminares. Tais exigências são previstas tanto
na Lei Geral de Licitações quanto no Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC)17.
É importante registrar que o município poderá contratar uma empresa projetista para re-
alizar esses estudos, caso não possua pessoal suficiente e qualificado para fazer essa tarefa. Os
detalhes sobre como realizar essa contratação serão estudados na Aula 2.
Primeiramente, o gestor deve saber qual é o conteúdo mínimo dos trabalhos de EVTEA.
Sob o aspecto técnico, é desejável que se avaliem as alternativas possíveis para a cons-
trução da obra, selecionando a mais viável. Já a avaliação ambiental dessas alternativas envol-
verá o exame preliminar dos impactos do empreendimento sobre o meio ambiente em que se
encontra.
A análise econômica, por sua vez, inclui o exame das melhorias que a construção da obra
trará para a região, confrontando-as com os gastos necessários para sua realização. O resultado
será uma análise de custo/benefício para cada uma das alternativas identificadas.
Essa avaliação de custo/benefício não se limita a calcular números, mas também deve levar
em conta questões como aquelas ligadas à qualidade de vida da população, à saúde, à educação
e a outros aspectos relevantes. Por isso, a experiência e a formação da equipe técnica que elabo-
ra o EVTEA e os demais estudos de projeto são de grande importância.
Antes mesmo de iniciar qualquer outra atividade do EVTEA, é necessário selecionar o ter-
reno para a construção. Aqui podemos separar nossa explicação em dois tipos de obras distintas:
as de edificações e as de saneamento.
As alternativas de terrenos disponíveis devem ser comparadas, por meio de uma tabela
simples, que indique as vantagens e desvantagens de cada um. Nessa comparação, os estudos
devem levar em conta a população e a região a serem beneficiadas. Do mesmo modo, precisam
ser observadas quaisquer restrições relacionadas com o empreendimento, isto é, deve ser consul-
tado o Código de Obras Municipal e outras normas que possam interferir no projeto a ser desen-
volvido posteriormente. Ou seja, a busca pela melhor localização do terreno passa pela avaliação
do problema a ser resolvido em um determinado local/bairro/região do município.
É importante que o gestor busque ajuda da assessoria jurídica do órgão para verificar toda
a documentação do terreno.
Deve ser verificado se o terreno é de propriedade do ente responsável pela obra (estado ou
município). Não sendo, deve ser regularizada tal situação ou estudada a possibilidade de realizar
o empreendimento em outro local. É importante o gestor verificar todas as possibilidades, pois a
compra de um terreno pode envolver elevados custos.
Tratemos agora das obras de saneamento. Ao contrário das edificações, que se concen-
tram em terrenos de áreas delimitadas, murados e isolados de outras edificações, as obras de
saneamento costumam ser executadas de forma dispersa, espalhadas por grandes áreas. É o
caso dos sistemas de distribuição de água tratada e dos sistemas de coleta de esgotos sanitários,
que entram em várias ruas de um bairro, ou vários bairros de uma cidade.
Além disso, é importante que o EVTEA analise, além do já mencionado Código de Obras
Municipal, se está sendo cumprido o Plano Diretor e o Código de Posturas Municipal. Por
exemplo, não é recomendado instalar uma estação de tratamento de esgoto (ETE) bem ao lado
de uma escola. Alguns estados possuem um Conselho de Desenvolvimento Regional, que deve
ser consultado, particularmente no caso de obras de redes de saneamento.
Plano Diretor
É instrumento de planejamento para implantação da política de desenvolvimento
e de ordenamento da expansão urbana do município, orientando a prioridade de
investimentos, conforme Lei Federal 10.257/2001 – Estatuto das Cidades.
Escolhido o terreno, é hora de conhecê-lo melhor. Uma obra pode ser entendida como
uma intervenção humana sobre a natureza, por isso é necessário conhecimento sobre o
ambiente no qual ela se insere.
Por exemplo, para a construção de uma creche utilizando recursos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), é necessário que o município tenha disponibilidade de
terreno em localização, condições de acesso e características geotécnicas e topográficas adequa-
das para a implantação das unidades19. Mas o que significa isso?
Vejamos agora essas definições e o que esperar dos principais tipos de levantamentos ne-
cessários para a realização de uma obra pública.
Fonte: http://noticias.r7.com/
blogs/nicolau-marmo/2012/08/14/
o-nivelamento-do-ensino/curvas-
de-nivel/
19 - Fonte: http://www.fnde.gov.br/programas/proinfancia/proinfancia-perguntas-frequentes
20 - As normas da ABNT sobre o levantamento topográfico são: NBR 12.722/1992 - Discriminação de serviços para
construção de edifícios; e NBR 13.133/1994 - Execução de levantamento topográfico.
Na construção de uma creche para 120 crianças do Programa Proinfância do FNDE, por
exemplo, é necessário que o terreno para a obra tenha no mínimo as dimensões de 45 metros
por 35 metros, e inclinação máxima de 3% (nesse caso, considerando a maior dimensão, de 45
metros, a diferença de nível entre os extremos do terreno deverá ser no máximo 1,35 metro)21.
Esses levantamentos têm como objetivo verificar se a construção no terreno não será muita
cara, com gastos excessivos em terraplenagem, remanejamento ou ampliação da rede de ener-
gia, telefone, água e esgoto. Assim, pode se verificar se a construção no local é viável.
Para avaliar a viabilidade de uma obra é importante ter um conhecimento inicial sobre as
condições do solo do local – as chamadas condições geológico-geotécnicas.
Uma técnica para avaliações rápidas é a exploração do solo por meio de poços. São esca-
vações manuais, com diâmetro em torno de 60 cm, que avançam até que se encontre o nível de
água ou um solo muito rígido (impenetrável). Esses poços permitem o exame do tipo de material
nas paredes e no fundo da escavação (se argila, silte, areia etc.).
Outra técnica simplificada seria o uso de trados, que são instrumentos manuais, em for-
mato de cavadeira, que agem como uma espécie de “saca-rolhas”, retirando amostras do solo.
Assim como os poços, são limitados pelo nível d’água ou por solo impenetrável.
21 - [Fonte: http://www.fnde.gov.br/programas/proinfancia/proinfancia-perguntas-frequentes]
GaleriaFotosSaltfens3.aspx servicos/sondagem
Para o caso de obras de edificações maiores, as quais podem exigir estudos de viabilidade
mais acurados para a escolha do tipo de fundação, podem ser realizadas sondagens de simples
reconhecimento, conforme recomendação das Normas da ABNT22. Essas sondagens consistem
na exploração do solo com o uso de aparelhos denominados de sondas. As mais comuns são as
sondagens à percussão (por pancadas para cravar a sonda no solo), capazes de ultrapassar o nível
d’água e atravessar solos mais duros.
As sondagens que forem realizadas na fase de EVTEA são consideradas uma investigação
preliminar. Uma investigação complementar deve ser solicitada na etapa de Projeto Básico.
As normas da ABNT definem a quantidade de furos necessária, bem como seu espaça-
mento de acordo com a área de projeção em planta do edifício23. Por exemplo, o engenheiro
responsável pode seguir a norma, que recomenda a quantidade de dois furos para áreas de até
200 m2. Para edificações maiores, a indicação é acrescentar um furo a cada 200 m2 de área de
projeção em planta.
a. em uma escola de ensino fundamental de uma sala de aula, o FNDE informa que a área
de projeção em planta é de 111,03 m². Nesse caso, optando o engenheiro por seguir a
NBR 8.036/1995 já na etapa de EVTEA, deverão ser realizados ao menos dois furos de
sondagem.
b. em uma creche do Tipo “C” do Programa Proinfância, o FNDE informa que a área
construída será de 781,26 m². De acordo com a NBR 8036/1983 é indicado realizar
três furos de sondagem (um para cada 200 m²). Caso a área fosse de 800 m2, seriam
necessário quatros furos.
• relatório de apresentação e descrição dos serviços com: perfil geotécnico do solo, tipos
de solos e resistências encontradas; e
No caso das obras de saneamento, por serem muito espalhadas, seria difícil e oneroso
realizar sondagens em toda a região por onde passará a obra já na fase de EVTEA. Assim, é inte-
ressante que o gestor faça uma pesquisa nos arquivos dos órgãos locais para ver se há resultados
de sondagens de outras obras recentes nas proximidades do terreno. Essa informação pode aju-
dar a ter um bom conhecimento do solo local.
Esses levantamentos levam em consideração a influência das águas no terreno. Essas águas
podem ser tanto das chuvas quanto de rios e córregos próximos. Assim, é importante avaliar: se
o terreno pode sofrer alguma inundação ou alagamento, ou se há algum córrego ou nascente
que poderá ser afetada pela construção. Nesses casos é recomendável que esse lote não seja
utilizado.
Outros pontos a serem lembrados são a temperatura e a umidade no local da obra, para
que o projeto básico apresente soluções adequadas de ventilação, proporcionando conforto aos
usuários do edifício.
Dessa forma, o conteúdo desses levantamentos vai depender das exigências desses órgãos.
Para se aprofundar mais sobre esse tema, o gestor pode consultar o portal na internet do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), além de verificar as Resoluções 1/86 e 237/97
desse órgão. Na Aula 2, esse tema será tratado com mais detalhes.
Vimos que o EVTEA tem por objetivo avaliar e selecionar alternativas para a construção de
uma obra. Para isso, é desejável que a análise técnica desses estudos apresente:
Todos esses estudos servirão para auxiliar a contratação e a execução do Projeto Básico.
Nessa fase, deverão ser elencadas as alternativas técnicas possíveis para execução da obra,
dentre elas as soluções de estruturas e de materiais de construção. Ao final dos estudos, deverá
ser escolhida a proposta mais promissora, que será explorada em maior detalhe no anteprojeto
e no projeto básico.
O processo das análises técnicas do EVTEA pode ser resumido nos passos:
• analisar as soluções possíveis: nessa etapa, a equipe pode elaborar cálculos simples para
caracterizar cada alternativa;
• indicar a solução que se mostra mais viável, para ser estudada e detalhada nas fase de
anteprojeto e projeto básico;
A solução escolhida deve observar sempre a realidade local, identificando o padrão cons-
trutivo da vizinhança e a situação socioeconômica da localidade. A análise também deve avaliar
a possibilidade de utilização de novas tecnologias, os espaços destinados ao canteiro de obras e
a disponibilidade local de materiais e da mão de obra necessários à construção.
Não menos importante, deve ser levado em consideração na tomada de decisão as condi-
ções climáticas da região, a fim de propiciar soluções técnicas adequadas, as quais poderão ser
melhor detalhadas na fase de anteprojeto e projeto básico.
Na sequência, apresentamos alguns exemplos de decisões técnicas que podem ser toma-
das na fase de EVTEA.
Nas análises técnicas, boa parte do trabalho de estudo das alternativas pode ser economi-
zado se considerarmos que algumas obras podem ser padronizadas.
É uma das formas de estrutura mais conhecida e mais fácil de executar. Em relação ao aço
é mais barata. É resistente ao choque mecânico e sua resistência aumenta com o passar do tem-
po. É também muito segura contra incêndio e altas temperaturas.
O concreto armado, quando executado de forma correta, exige pouco cuidado após con-
cluída a execução, isto é, a manutenção das peças é pequena e seu custo é baixo.
Estrutura de Aço
As estruturas de aço são montadas rapidamente, podendo ser indicadas para obras com
prazo de construção curto.
São mais leves que as estruturas de concreto, as peças são mais finas, possibilitando eco-
nomia de espaço no prédio. Podem ser padronizadas e, assim, fabricadas em outro local e trans-
portadas para o canteiro da obra. São mais fáceis de modificar, consertar ou reforçar, e podem
ser desmontadas e reutilizadas.
Como principais desvantagens, destaca-se que elas são mais frágeis à ação do tempo e do
fogo, além de exigirem pessoal especializado para montagem.
Estrutura de Madeira
São as mais fáceis de montar. Assim como as estruturas de aço, as de madeira não exigem
tempo de endurecimento (que é o caso das de concreto armado). Podem ser desmontadas com
o reaproveitamento de material.
Como principais desvantagens, registra-se que são combustíveis e, portanto, muito sujei-
tas a incêndio; exigem manutenção maior que as de aço e de concreto; e podem sofrer ataques
de fungos e insetos, caso não sejam adequadamente tratadas.
• moldadas no local da obra: método tradicional em que são construídas fôrmas na obra
e o concreto é lançado já no local em que ficará; ou
A análise econômica é muito importante dentro do EVTEA. É nela que são estimados os
custos de cada possível alternativa, para escolha da mais vantajosa. Nesta etapa, a estimativa de
custos ainda é uma avaliação simplificada. Pode ser realizada nos mesmos moldes daquela ela-
borada na fase do programa de necessidades, ou ainda com comparações entre outras obras. O
objetivo é ter uma noção da ordem de grandeza do custo do empreendimento.
Na análise dos custos do empreendimento, deve ser levada em conta, para fins de escolha
da alternativa, a durabilidade e os custos de manutenção da respectiva solução.
No caso de obras de saneamento, o Ministério das Cidades possui a Nota Técnica SNSA
492/2010, que contém indicadores de custos globais para obras de abastecimento de água e de
esgotamento sanitário.
Por exemplo, imaginemos uma escola em uma localidade muito quente, o que exige a ins-
talação de um ar condicionado ao menos em uma das salas. As estimativas na etapa de EVTEA
podem partir da área a ser refrigerada (ex: 50 m²), a qual irá indicar o aparelho adequado (ca-
pacidade de refrigeração de 30.000 BTUs, conforme tabelas estimativas) e o custo adicional que
essa refrigeração custará (ex: R$ 4.000, sendo R$ 3.800 de aquisição e R$ 200 de instalação,
conforme pesquisa em lojas online, na internet).
Lembramos que a avaliação econômica não deve se restringir aos custos. Cabe considerar
também questões como a melhoria na qualidade de vida da população, a melhoria nos indica-
dores de saúde, de educação, a preservação do meio ambiente, além da valorização cultural e
turística da localidade.
Devemos refletir: qual é o valor de uma vida saudável proporcionada pela implantação de
uma rede de esgoto sanitário, que substitui uma vala a céu aberto? Qual é o valor da educação
na vida de uma pessoa?
Alertamos que apenas ter o EVTEA não é suficiente para licitar a obra. Ele apenas fun-
damentará a concepção do empreendimento e estabelecerá as diretrizes a serem seguidas no
anteprojeto e no projeto básico.
Apesar disso, a documentação gerada nesta etapa deve fazer parte do processo licitatório
da obra, para proporcionar o melhor conhecimento possível do empreendimento.
A execução dos estudos de viabilidade técnica econômica e ambiental pode ser contratada
com uma empresa privada, por meio de uma licitação própria. Isso deve ocorrer principalmen-
te quando o município não possuir equipe técnica suficiente para realizar diretamente esses
estudos.
Quanto ao EVTEA, observamos que ele é a etapa de estudo da melhor alternativa para o
projeto, na qual serão realizadas as definições iniciais relacionadas às características do terreno,
do solo e das estruturas. Além disso, deverá ser estimado o custo de construção.
Artigo “Estrutura pronta reduz impactos”, publicado na edição de set/2011 da Revista “Valor
Setorial – Construção Civil”, publicação setorial da revista “Valor Econômico”.
BAETA, André Pachioni, Auditoria de obras públicas / Tribunal de Contas da União; Brasília :
TCU, Instituto Serzedello Corrêa, 2011. Módulo 1: Orçamento de obras; e Módulo 2: Auditoria
do Orçamento de obras.
Orçamento e Controle de Preços de Obras Públicas – André Pachioni Baeta (Editora Pini,
junho/2012).
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – NBR 12721 (critérios para avaliação de custos
de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios –
procedimento); NBR 12.722/1992 (discriminação de serviços para construção de edifícios – pro-
cedimento); NBR 8.036/1983 (programação de sondagens de simples reconhecimento do solo
para fundações de edifícios – procedimento); NBR 8.044/1983 (projeto geotécnico – procedi-
mento); NBR 13133 (execução de levantamento topográfico); e NBR 13.531/1995 (elaboração
de projetos de edificações – atividades técnicas).
Ministério das Cidades, SNSA (2011) Elaboração de Projetos de Engenharia, Estudos e Planos de
Saneamento Básico. Em: www.cidades.gov.br/
Convênios e outros repasses, 4ª edição, Tribunal de Contas da União. Brasília: Secretaria geral de
controle externo, 2013.
Favero, Eduardo. Análise dos controles dos repasses fundo a fundo na saúde Monografia
do Curso de Especialização em Auditoria Interna e controle Governamental, 2009.
Gestão de recursos federais - Manual para os agentes municipais, Controladoria Geral da União.
Secretaria de Controle Interno. Brasília-DF. 2005
Área de projeção em planta: representa a área do terreno que será ocupada pela edificação.
Assim, o desenho que indica essa área, chamado de planta-baixa, apresenta uma vista de cima
para baixo (projeção horizontal) desse edifício, como um corte realizado a 1,5 metros do piso.
Argila: tipo de solo constituído por grãos do menor diâmetro possível, abaixo de 0,005mm.
Popularmente conhecida como “barro”. Pode ser amassada com água e modelada, sendo usada
por escultores e ceramistas. Um solo argiloso é aquele cuja maior proporção é composto por
argila.
A classificação dos solos é feita de acordo com o diâmetro máximo dos “grãos”. Como se pode
deduzir da tabela abaixo, uma argila é formada por grãos extremamente pequenos, invisíveis a
olho nu. As areias, por sua vez, têm grãos facilmente visíveis, separáveis e individualizáveis, o
mesmo acontecendo com o pedregulho.
Como consequência do tamanho dos grãos, as argilas têm dificuldade de desagregação (formam
barro plástico e viscoso quando úmido) e, por isso, permitem taludes (planos inclinados) com
ângulos praticamente na vertical.
Os solos argilosos distinguem-se pela alta impermeabilidade, por isso são o material preferido
para a construção de barragens de terra, devidamente compactadas.
O reconhecimento do tipo de solo pode ser complicado. Em geral, os solos estão misturados,
sendo difícil achar um solo que seja 100% argila ou 100% areia. Por isso, há denominações
como “argila silto-arenosa”, “silte argiloso”, “areia argilosa” e similares. A argila pode ser mis-
turada a materiais orgânicos, prejudicando sua resistência.
Bombeamento de esgoto: nas redes de coleta de esgoto, muitas vezes a rede fica profunda
demais por conta da declividade para escoamento do esgoto (por gravidade), de forma que é ne-
cessário levar os dejetos para um local mais alto em relação ao que ele é recolhido. Nesses caso,
o esgoto não pode ser transportado somente pela ação da gravidade, devendo ser bombeado de
um ponto mais baixo para um ponto mais alto. As estações de bombeamento são estrategica-
mente posicionadas, de acordo com as particularidades do local, objetivando reduzir ao máximo
o consumo de energia elétrica para a operação das bombas.
BTU (unidade inglesa de temperatura): é a sigla para “British Thermal Unit”, expressão em
inglês que significa Unidade Térmica Britânica. É uma unidade que serve para determinar a po-
tência de refrigeração de vários aparelhos, como o ar-condicionado. BTU é uma unidade que não
tem medida, porém equivale a outras unidades, como 1BTU = 252,2 calorias. Para refrigerar, 1
BTU é a quantidade de frio necessária para reduzir a temperatura de meio litro de água em 0,56
ºC. Para calcular o BTU de um aparelho, é necessário saber o número de pessoas que ficarão no
ambiente, a área em m², outros aparelhos que possam irradiar calor, como computador, refrige-
rador, as paredes e vidros, para então saber qual deve ser a potência, em BTU do aparelho. A es-
colha correta da capacidade do condicionador de ar garante diminuição no consumo de energia
e diminui a vida útil do compressor. Como referência, para um cômodo de 9m², recebendo sol o
dia inteiro, é indicado um ar condicionado de 9.000 BTUs. Já se o cômodo for de 50m², indica-se
um aparelho de 30.000 BTUs.
Contratante: Em um contrato, é a parte que contrata outra com o objetivo de receber um servi-
ço. Em um contrato de repasse, é o órgão público federal que fornecerá os recursos financeiros.
Convenente: é o órgão público estadual ou municipal que recebe os recursos federais para a
execução do projeto previsto no convênio.
Entes da federação: o Estado brasileiro adota como forma a Federação, que é compostas por
entes autônomos. Esses entres são a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Erário: é um termo que indica genericamente as finanças do Estado. Os recursos que constituem
o erário são provenientes em sua maioria dos impostos recolhidos da população. É toda e qual-
quer contribuição do cidadão para o Estado e, portanto, dinheiro arrecadado pela União.
Fatura: é um documento comercial que representa uma venda. Pode representar ainda um do-
cumento fiscal. Em geral, a fatura só é emitida para pagamentos ainda não efetuados. Nela são
discriminados todos os itens comprados na operação, e por isso, a fatura também é usada como
controle.
Layout: é uma palavra inglesa, muitas vezes usada na forma portuguesa “leiaute”, que significa
plano, arranjo, esquema, design, projeto. No âmbito da engenharia, o layout pode ser sinônimo
de “arranjo físico”, ou seja, o modo como estão organizados os equipamentos, os cômodos e os
demais elementos de uma obra.
Medição: ato de medir. É a atividade de comparar uma quantidade com um padrão pré-defini-
do. Em uma obra, representa a atividade de determinar as quantidades dos serviços realizados
para o seu posterior pagamento.
Nexo de causalidade: é a relação existente entre uma ação e sua consequência. É a ligação
entre a causa e o efeito. É a maneira pela qual os eventos se relacionam e surgem. É o vínculo
existente entre a conduta e o resultado por ela produzido. Examinar o nexo de causalidade é
descobrir quais condutas deram causa ao resultado.
Nomenclatura: indica um vocabulário próprio de uma determinada área de saber. Pode indicar
a lista dos nomes dos verbetes de uma enciclopédia, glossário, dicionário ou outro material de
consulta semelhante.
Política pública: é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de
delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos. É o que o governo escolhe fazer ou não fazer.
É o conjunto de sucessivas iniciativas, decisões e ações do regime político frente a situações so-
cialmente problemáticas e que buscam sua resolução.
Silte: tipo de solo formado por partículas com diâmetro entre 0,005mm e 0,05mm, conforme
tabela abaixo. O Silte está entre a areia e a argila: é um pó como a argila, mas não tem coesão
apreciável. Também não tem plasticidade digna de nota quando molhado. É também denomi-
nado de “poeira da pedra”. O silte pode ocorrer como um depósito ou como o material trans-
portado por um córrego ou por uma corrente de oceano. O silte é facilmente transportado pela
água e pode ser carregado a longas distâncias pelo ar como poeira.
Caminhos de terra com solo siltoso formam barro na época de chuva e muito pó quando na seca.
Cortes feitos em terreno siltoso não têm estabilidade prolongada, sendo vítima fácil da erosão e
da desagregação natural, precisando de mais manutenção para não desmoronar.
Terraplenagem: é uma técnica construtiva que visa não apenas aplainar (por isso alguns deno-
minam “terraplanagem”, de “tornar plano”), mas também preencher um terreno, por meio de
cortes e aterros, para que suporte as construções, deixando todos os espaços “plenos” (inteira-
mente ocupados) de terra, daí o nome. Geralmente esta movimentação de solo tem o objetivo
de atender a um projeto topográfico, como barragens, edifícios, aeroportos, açudes, entre ou-
tros projetos.
Tomada de Contas Especial (TCE): processo devidamente formalizado, com rito próprio, para
apurar responsabilidade por ocorrência de dano à administração pública federal e obtenção do
respectivo ressarcimento. (fonte: Glossário de Termos do Controle Externo – Segecex/Adsup/
Adplan - TCU, setembro/2012)
Tributos: é toda prestação compulsória, em moeda, que não constitua sanção de ato ilícito, ins-
tituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa. É a obrigação imposta as pessoas físi-
cas e jurídicas de recolher valores ao Estado, ou entidades equivalentes. É comumente chamado
por imposto, embora tecnicamente este seja somente uma das espécies dentre as modalidades
de tributos. As outras espécies de tributos são as taxas, as contribuições de melhoria, as contri-
buições especiais e os empréstimos compulsórios.
MÓDULO 1
Outros acórdãos: 3.764/2011-1ªCâmara, 5.289/2010-1ªCâmara, 3.039/2007-1ªCâmara,
2.659/2007-1ªCâmara.