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As cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai - “Prática da fé para conquistar a felicidade”— edificar

uma vida feliz para nós e para os outros | Encontro com o Mestre • BS • Ed. 2354 • 14/01/2017 • ()

BS

ENCONTRO COM O MESTRE

As cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai -


“Prática da fé para conquistar a felicidade”—
edificar uma vida feliz para nós e para os
outros
Qual o propósito do Budismo de Nichiren Daishonin? Nascemos neste
mundo para sermos felizes. Certamente ninguém deseja ser infeliz. Por isso,
desde a antiguidade a felicidade representa uma das questões centrais da
filosofia. A felicidade humana também é o desígnio original da religião.
Depois da Segunda Guerra Mundial, com o Japão devastado, meu mestre,
segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, levantou-se sozinho para
reconstruir a Soka Gakkai, que estava praticamente extinta em virtude da
perseguição do governo da época. Naqueles anos pós-guerra, tudo o que se
podia fazer era sobreviver dia após dia. As pessoas estavam em estado de
desolação espiritual, sem esperança ou sonhos em relação ao futuro. Viam-
se diante de provações como escassez de alimentos, dificuldades
financeiras, pobreza, doença, desconfiança e tumultos. As cicatrizes da
guerra eram profundas, e a geração mais jovem perdera totalmente a
esperança. Foi um período de grande sofrimento, miséria e infortúnio. A
atitude proativa de “conquistar a felicidade” Esses males ainda são questões
prementes da humanidade no século 21. Pobreza, epidemias e guerras
continuam a privar as pessoas de dignidade, orgulho, independência e
alegria de viver, atirando-as ao precipício do mais escuro desespero e
resignação. Como podemos encontrar sentido na vida ao presenciarmos
esse padrão recorrente no qual se rouba do indivíduo o próprio direito de
existir? Uma religião realmente viva, preocupada com o bem-estar de todos,
deve lidar de frente com essa questão. Em meio à confusão extrema que
imperava na época, o Sr. Toda se empenhou incansavelmente para transmitir
a filosofia da felicidade do Budismo Nichiren. Não importando as
profundezas do sofrimento e do desespero em que possamos estar
mergulhados neste exato momento, o poder da fé na Lei Mística nos permite
abrir o caminho para uma vida de felicidade genuína. Essa convicção
inabalável proporcionou imensa esperança aos membros da Soka Gakkai
em relação ao futuro, e foi o alicerce de sua determinação para suportar e
desafiar as adversidades da vida. Toda sensei salientou a “prática da fé para
conquistar a felicidade”. A escolha da palavra “conquistar” expressa uma
profunda filosofia de vida. Felicidade não é alguma coisa que os outros nos
dão nem algo que ficamos aguardando e que, de repente, surge em nossa
vida, independentemente de nossa vontade e esforço. Em última análise,
cada um precisa conquistar a felicidade por si mesmo. A fé no Budismo de
Nichiren Daishonin nos assegura que podemos fazer isso. O propósito da
nossa prática budista é edificar um estado de felicidade que perdure
eternamente em nossa própria vida, e ajudar os outros a fazer o mesmo.
Para tanto, estudaremos a segunda das cinco diretrizes eternas da Soka
Gakkai —“Prática da fé para conquistar a felicidade”.
A Felicidade neste Mundo

Não há felicidade maior do que manter a fé no Sutra do Lótus. Esse é o


significado de “paz e segurança na presente existência e boas
circunstâncias nas existências futuras” [LSOC, cap. 5,

p. 136]. Ainda que surjam problemas seculares, nunca permita que estes o
perturbem. Ninguém pode evitar problemas, nem mesmo veneráveis ou
reverenciáveis.

Beba saquê somente em casa com sua esposa e recite Nam-myoho-renge-


kyo. Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado.
Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e
continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que
aconteça. Que outro significado isso poderia ter senão a alegria ilimitada da
Lei? Fortaleça o poder de sua fé mais do que nunca. (CEND, v. I, p. 713)1

Edificar um estado de felicidade absoluta


Qual o tipo de felicidade que buscamos por meio da fé? O presidente Josei
Toda resumiu a visão budista de felicidade em dois pontos básicos.

Em primeiro lugar, existe diferença entre felicidade relativa e felicidade


absoluta. O Budismo de Nichiren Daishonin não rejeita a felicidade relativa
de uma vida confortável ou de possuir boa saúde. Ter bom emprego e
melhorar o padrão de vida são fatores importantes. Ao mesmo tempo em
que empreendemos esforços positivos para alcançá-los, salientou Toda
sensei, também devemos nos desafiar, por meio da prática budista, para
atingirmos um estado de felicidade absoluta que nada é capaz de destruir —
um estado em que viver seja em si uma alegria, e nossa vida, imbuída das
quatro virtudes — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.2

O segundo aspecto da visão budista de felicidade destacado pelo presidente


Josei Toda é que todos nós nascemos neste mundo para desfrutar a vida. O
Sutra do Lótus ensina que este mundo é um lugar “onde os seres vivos
vivem felizes e tranquilos” (LSOC, cap. 16, p. 272).3 Porém, não
conseguiremos apreciar a vida neste mundo saha,4 repleto de sofrimento, se
nossa energia vital for fraca. Por isso, precisamos nos empenhar na prática
budista para evidenciar nosso estado de buda interior e fortalecer nossa
energia vital. Assim, podemos subir a íngreme estrada da vida com
agradável tranquilidade e satisfação. As dificuldades e os desafios
incalculáveis que enfrentamos se transformarão em algo que agregue
alegria à nossa existência, como uma pitada de sal enriquece o sabor do
doce.

O desejo mais acalentado pelo presidente Josei Toda era que todos
descobrissem o supremo prazer de viver.

“Os seres vivos vivem felizes e tranquilos”

A Felicidade neste Mundo é uma carta de Nichiren Daishonin para Shijo


Kingo e sua esposa, Nichigen-nyo, endereçada quando o casal atravessava
grande adversidade.5 Nela ele ensina como atingir um estado de total
segurança e paz mental, e inicia com as palavras:
“Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-
myoho-renge-kyo” (CEND, v. I, p. 713).

Ele afirma que este é o caminho supremo de uma vida para que possamos
desfrutar livremente. Com base nisso, declara:

“Não há felicidade maior do que manter a fé no Sutra do Lótus [Nam-myoho-


renge-kyo]” (Ibidem).

Uma vida dedicada à fé na Lei Mística constitui, em si, a condição de estado


de buda, o que nos permite desfrutá-la com plena satisfação. Temos a
garantia de “paz e segurança na presente existência e boas circunstâncias
nas existências futuras” (cf. LSOC, cap. 5, p. 136).

Certamente, o mundo é um caos sem fim. Mesmo aqueles que mantêm uma
vida admirável não conseguem escapar de ataques e críticas. Entretanto,
sobre tais problemas, Daishonin diz: “Nunca permita que estes os
perturbem” (CEND, v. I, p. 713). Depois acrescenta: “Beba saquê somente em
casa com sua esposa” (Ibidem).

Shijo Kingo tinha sua esposa, Nichigen-nyo, em quem confiar; e nós, além da
família, também temos nossos amigos da organização, companheiros de fé,
para compartilharmos nossos problemas. Não há necessidade de tentar
suportá-los sozinhos e em silêncio. Além do mais, o Gohonzon está ciente
de tudo. Não importando o que o outro possa dizer, devemos simplesmente
viver com firmeza, da maneira que escolhemos. Com isso, Daishonin está
nos ensinando a importância de recitar Nam-myoho-renge-kyo e de nos
empenharmos juntos, com bons amigos ao nosso lado nos apoiando e nos
encorajando.

“Considere tanto o sofrimento quanto as alegrias como fatos da vida”

“Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado.
Considere tanto o sofrimento quanto as alegrias como fatos da vida e
continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que
aconteça” (CEND, v. I, p. 713), escreve Daishonin. Incontáveis membros da
SGI gravaram esta passagem no coração e recitaram Nam-myoho-re­nge-kyo
para ultrapassar seus problemas. Por mais dolorosa ou árdua que seja
nossa situação, se continuarmos recitando daimoku ao Gohonzon com uma
oração concentrada, nós infalivelmente a superaremos.

Uma oração assim lapida um caráter indômito, acende a chama da


esperança infinita, traz a paz espiritual absoluta e aciona o progresso
resoluto. É uma fonte de felicidade inigualável e um dos atos mais nobres
que podemos realizar como seres humanos.

Na sequência, Daishonin alude à “alegria ilimitada da Lei” (Ibidem).6 Ser


capaz de desfrutar livremente a “alegria ilimitada da Lei” é a condição de
vida do estado de buda. Podemos, definitivamente, viver feliz com base na
convicção inabalável na fé e de acordo com a lei suprema do universo.

Uma religião para transformar a vida

Em dezembro de 1955, a Sede Regional de Kansai, a primeira grande


instalação da Soka Gakkai em Osaka, foi fundada [num prédio que passara
por reforma recente]. Na reunião realizada para celebrar a ocasião, com um
sorriso caloroso, o presidente Josei Toda incentivou os membros a vencer
doenças e obter fortuna instigando-os a “perseverarem na fé e se tornarem
exemplos de felicidade”.7

E, em fevereiro do ano seguinte (1956), no Centro Cívico de Nakanoshima,


um lugar impregnado de lembranças, ele disse com uma pitada de humor:
“Nunca ouvi falar de buda pobre, nunca ouvi falar de buda com tuberculose,
nunca vi um buda ser caçado por cobradores de dívidas”.8 O propósito da
nossa prática budista é sermos felizes. Toda sensei explicou a
grandiosidade dos benefícios da Lei Mística afirmando que os benefícios
que ele havia conquistado por meio da fé no Gohonzon eram tão enormes
que não caberiam naquele centro cívico.9

Dois meses depois (em abril de 1956), durante uma atividade no estádio de
Osaka realizada sob chuva, declarou estar determinado a fazer o necessário
para garantir que não restasse uma única pessoa doente ou pobre em
Kansai.10 Ele canalizou todo o seu ser para encorajar aquelas pessoas
simples, que se empenhavam para fazer o dinheiro ser suficiente para cobrir
as despesas, decidido a ajudá-las a se libertarem das profundezas do
desespero e desalento.

“Praticando o Budismo de Nichiren Daishonin, infalivelmente obteremos


benefícios, demonstraremos provas reais do poder da fé e nos tornaremos
felizes!” — imbuí­dos desta convicção, prosseguimos compartilhando
ativamente os ensinamentos de Daishonin com os outros. Nisso, alguns
ridicularizavam a Soka Gakkai, apontando-a como um “bando de pobres e
doentes” e desdenhavam arrogantemente do nosso budismo, denominando-
o de religião que só se importa com benefícios mundanos.

“Por acaso não precisamos de benefícios neste mundo?”, retrucávamos


seguramente a essas alegações, afirmando que uma religião efetiva é
aquela que melhora a vida dos praticantes e opera transformações positivas
na forma como vivem.

Acima de tudo, nossos associados se mostravam entusiasmados com a


vida, com a alma revigorada, e sentiam a alegria de trilhar o caminho para
romper, de fato, os grilhões do destino. Os companheiros de Kansai, homens
e mulheres comuns que entravam em ação com toda a sua energia, sabiam
instintivamente que aqueles que os desprezavam eram indivíduos
arrogantes e equivocados, que desdenhavam os outros e desconheciam o
verdadeiro propósito da religião.

Nada fala mais alto que a transformação das nossas circunstâncias de vida.
Não há prova mais eloquente que a mudança do nosso destino.

Exatamente como observou nosso presidente e fundador, Tsunesaburo


Makiguchi, o budismo é um ensinamento para a vida. É a força que
precisamos para navegar por mares turbulentos, é o caminho que conduz à
felicidade suprema.

Toda sensei afirmou com um sorriso confiante: “O que há de errado em ser


um bando de pobres e doentes? Afinal, uma religião de verdade estende a
mão àqueles que mais estão sofrendo e os ajuda! A Soka Gakkai é a maior
aliada do povo”. Esse rugido de leão do meu mestre foi uma poderosa
declaração dos direitos humanos, um juramento de erradicar da vida das
pessoas a causa da miséria e de infortúnios como pobreza, doen­ça e
discórdias.

Vamos possibilitar que aqueles que mais sofreram desfrutem maior


felicidade que possa existir! Todos têm o direito de ser felizes. O Budismo de
Nichiren Daishonin é o maior aliado daqueles que vivenciam o sofrimento
mais profundo.

A Soka Gakkai está sempre ao lado do povo. Essa é a prova de seu


compromisso com a luta contínua para combater o mal fundamental que
reside na raiz de todo sofrimento e miséria humana — a tendência de
desrespeitar e desvalorizar a vida — e ajudar as pessoas a alcançar a
felicidade.

“A pessoa mais rica do mundo”

Estabelecer os Quatro Bodisatvas como Objeto de Devoção

De uma perspectiva mundana, eu [Nichiren] sou a pessoa mais pobre do


Japão, mas à luz do budismo, sou a pessoa mais rica de todo o Jambudvipa
[o mundo inteiro]. Ao ponderar que tudo isto se deve ao fato de a época ser
apropriada, sou tomado de imensa alegria e não consigo conter minhas
lágrimas. É impossível saldar minha dívida de gratidão para com o buda
Shakyamuni, o senhor dos ensinamentos. Talvez até mesmo as
recompensas dos vinte e quatro sucessores do Buda11 sejam inferiores às
minhas, e nem as de grandes mestres como Tiantai, Zhizhe e Dengyo12 se
comparam às minhas. (WND, v. I, p. 977)13

A vida de Nichiren Daishonin foi ameaçada em várias ocasiões. Ele foi


exilado duas vezes, denunciado e difamado por pessoas de todo o país. “De
uma perspectiva mundana”, em suas próprias palavras ele poderia ser “a
pessoa mais pobre do Japão” (WND, v. I, p. 977). Mas pela ótica do budismo,
era a “pessoa mais rica de todo o Jambudvipa” (Ibidem) — ou seja, a pessoa
mais rica do mundo.
“Sou tomado de imensa alegria e não consigo conter minhas lágrimas”
(Ibidem), prossegue, descrevendo a realidade de sua felicidade indestrutível,
imune às funções diabólicas das autoridades mais poderosas.14

Como associados da SGI devotados à concretização do kosen-rufu —


missão confiada a nós por Daishonin —, edificamos uma condição de
felicidade inabalável por meio de nossas atividades diárias. Em outras
palavras, acumulamos os tesouros mais valiosos: “os tesouros do coração”.

Daishonin expressa: “Mais valiosos que os tesouros num cofre são os


tesouros do corpo, e os tesouros do coração são os mais valiosos de todos”
(WND, v. I, p. 851). Aqueles que acumulam os “tesouros do coração” pela fé
dedicada ao kosen-rufu são realmente as pessoas mais ricas e felizes de
todas.

Toda sensei continuou vencedor em seu espírito, mesmo enquanto esteve


preso, em virtude de suas crenças durante a Segunda Guerra Mundial,
prosseguindo em sua luta implacável para defender o ensinamento correto
do budismo. Com base na profunda convicção de que era verdadeiramente
“rico”, assegurou aos seus familiares que eles estavam bem. Numa carta
que lhes enviou da prisão declarou: “Por mais difícil que seja a vida e por
mais pobres que vocês sejam, sempre tenham a certeza de que são
‘pessoas ricas’, pois eu também estou vivendo [com todas as minhas forças
aqui na prisão]”.

Como discípulo desse grande mestre, completamente unido a ele em


espírito, venho avançando diante de todas as tempestades de adversidades
em minha luta em prol do kosen-rufu. Venho dedicando minha vida à Lei
Mística, a meu mestre e aos nossos membros. Estou totalmente preparado
para enfrentar dificuldades colossais. Sobrepujando todos os obstáculos,
considerando cada provação uma honra, abri o caminho para o kosen-rufu
mundial junto com nossos nobres pioneiros.

Agora é hora de meus companheiros da Divisão Sênior (DS) e da Divisão


Feminina (DF) e meus sucessores da Divisão dos Jovens (DJ) avançarem
triunfantemente por essa estrada grandiosa e honrada, com a convicção de
que vocês são as pessoas mais felizes do mundo.
“Tanto a própria pessoa como as outras, juntas, experimentam alegria”

Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente

“Alegria” significa que tanto a própria pessoa como as outras, juntas,


experimentam alegria (...) Então, tanto a própria pessoa como as outras
sentirão alegria pela posse da sabedoria e compaixão. Quando Nichiren e
seus seguidores recitam Nam-myoho-renge-kyo, eles expressam alegria
pelo fato de que, de forma inevitável, se tornarão budas eternamente
dotados dos três corpos. (OTT, p. 146)

No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente [Ongi Kuden],


Nichiren Daishonin discute sobre a frase que consta no (18º) capítulo “Os
Benefícios por Responder com Alegria” do Sutra do Lótus, dizendo: “‘Alegria’
significa que tanto a própria pessoa como as outras, juntas, experimentam
alegria” (OTT, p. 146). Essa alegria compartilhada, vivenciada tanto pela
própria pessoa como pelos outros, assegura Daishonin, representa a
verdadeira alegria e felicidade.

Felicidade é algo que cada um de nós deve alcançar por si e experimentar na


própria vida. Porém, sua felicidade individual em detrimento da felicidade
das demais pessoas não consiste em felicidade genuína. Simplesmente se
satisfazer com o próprio bem-estar, sem a mínima preocupação com o
próximo, é egoísmo. Pela mesma razão, deixar de lado a própria felicidade e
se importar somente com a de outras pessoas também não basta. A
verdadeira felicidade é uma condição em que tanto nós como os outros
somos felizes.

O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712–1778) também


identificava a essência da felicidade como algo existente no espírito
expansivo da felicidade compartilhada. Ele escreveu: “Demova o
exclusivismo dos prazeres. Quanto mais os lega e divide com [as pessoas],
mais puro o seu sabor”.15 A felicidade só existe quando compartilhada.

Quando algo bom acontece, queremos compartilhar o fato com os outros —


com a família, os amigos, os membros, com nosso mestre. A felicidade se
expande e amplia dentro dessa rede de relacionamentos na qual dividimos
nossas alegrias e tristezas.

Desejar a felicidade para todos

Nichiren Daishonin declara: “Se o senhor se importa realmente com a


segurança pessoal, deve primeiro orar pela paz e segurança nos quatro
quadrantes da terra, não é verdade?” (CEND, v. I, p. 24). Essa famosa
afirmação expressa o espírito fundamental com que devemos orar para
concretizar uma sociedade realmente pacífica e próspera.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Makiguchi sensei rejeitou a noção de


autossacrifício em nome do país que as autoridades militaristas japonesas
da época estimulavam pela propaganda nacionalista: “Autonegação é uma
mentira. O correto é buscar felicidade tanto para si como para todos os
demais”.16

Toda sensei dizia: “Tornar-se feliz sozinho não é difícil, é relativamente


simples. Mas a essência do Budismo de Nichiren Daishonin se resume em
ajudar as outras pessoas­a se tornarem felizes também”.17

Não podemos tirar a felicidade de alguém ou obtê-la mediante o sacrifício


dos outros em nosso próprio benefício. É algo que deve ser compartilhado —
esse é o motivo que me leva a insistir sempre que nossa felicidade não deve
ser construída sobre o infortúnio de outrem.

Adiante, em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren


Daishonin aponta: “Então, tanto a própria pessoa como as outras sentirão
alegria pela posse da sabedoria e compaixão” (OTT, p. 146). “Sabedoria e
compaixão” indicam a própria condição de vida do estado de buda. Sejam
quais forem as dificuldades diante de nós, não nos deixamos vencer e a
sabedoria para ultrapassá-las brota de dentro de nós.

Daishonin prossegue: “Quando Nichiren e seus seguidores recitam Nam-


myoho-renge-kyo, eles expressam alegria pelo fato de que, de forma
inevitável, se tornarão budas eternamente dotados dos três corpos”
(Ibidem).
Os “três corpos” referem-se aos três corpos do Buda — o corpo do Darma, o
corpo da recompensa e o corpo manifesto. Tanto nós como os outros
somos originalmente budas dignos do mais alto respeito, personificação da
Lei Mística. Esse aspecto descreve o corpo do Darma; e a sabedoria para
produzir felicidade para nós mesmos e para os demais com base nessa
profunda consciência corresponde ao corpo da recompensa. E a ação
prática e compassiva em prol de nossa própria felicidade e pela felicidade de
outras pessoas diz respeito ao corpo manifesto. Essa passagem expõe que,
ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo, nós, seres comuns não iluminados,
exatamente como somos, nos tornamos budas possuidores desses
extraordinários corpos.

O contentamento de expandir a própria vida

Em outro trecho de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente,


Daishonin comenta: “No momento em que [a pessoa] descobre que
originalmente é um buda, imediatamente experimenta a grande alegria, e o
Nam-myoho-­renge-kyo é a grande alegria dentre todas as alegrias” (Ibidem,
p. 211-212).

Além disso, compreender que sua mente, sua vida, desde sempre é a de um
buda acarreta o reconhecimento de que isso não vale só para si, mas
também para os outros igualmente. Nós e os demais somos budas — uma
percepção que faz nascer em nós uma sensação de absoluta alegria.
Quando alcançamos a condição de vida de nos alegrar com o nosso bem-
estar e o das outras pessoas, uma felicidade incomparável que perdurará por
toda a eternidade começa a brilhar intensamente em nosso coração.

Não há alegria ou felicidade maior do que perceber que somos “budas


eternamente dotados dos três corpos” (OTT, p. 146), exatamente como
somos. Isso, em si, representa a condição de vida do estado de buda, na
qual sentimos a “ilimitada alegria da Lei”, que nos permite experimentar
plena e livremente os benefícios da Lei Mística, um estado de felicidade
absoluta.

Propagar ondas de felicidade pelo mundo


Que tipo de era deve ser o século 21? Respondendo a essa questão, o ilustre
economista John Kenneth Galbraith (1908–2006) afirmou, sem hesitar, que
precisamos convertê-la numa era na qual as pessoas possam desfrutar
genuinamente a vida neste mundo, confiantes de que poderão se aprimorar
e ter uma vida feliz e realizada; e uma era na qual colocaremos um ponto
final nas matanças. Tendo­ vivenciado a época turbulenta do século 20, ele
refletira longa e profundamente sobre o futuro da humanidade. Senti que a
visão dele reverberava o ardente desejo de Toda sensei de livrar o mundo de
toda miséria e sofrimento.

A Soka Gakkai é uma organização dedicada à “criação de valor”. A essência


da felicidade, tanto a nossa como a dos outros, reside na edificação dos
valores sintetizados pelo belo, benefício e bem.18 Como expressão do
nosso triunfo pessoal na fé, façamos desabrochar flores da felicidade com
toda a riqueza de variedades, e cultivemos um jardim cada vez mais amplo e
repleto de alegria, vitória e paz na comunidade, na sociedade e no mundo.

Nichiren Daishonin registrou também: “Alegrar-se em ouvir a voz de alguém


que se alegra” (CEND, v. I, p. 70). Estamos agora na nova era do kosen-rufu
mundial, na qual ondas de alegria emanadas da “prática da fé para
conquistar a felicidade” estão transcendendo fronteiras étnicas e barreiras
de idiomas e se propagam por todo o planeta. Estamos nos empenhando
para começar a era da vitória do povo na qual a humanidade como um todo
possa conquistar a felicidade.

Constrói-se a felicidade por meio de esforços firmes e constantes a cada


dia. E a base da nossa vida, que é voltada para a concretização da felicidade,
é nossa inigualável prática diária da recitação do Nam-myoho-renge-kyo.

Estou orando fervorosamente hoje, e continuarei orando — pela longevidade


e saúde de vocês; para que realizem todos os seus desejos e desfrutem paz
e segurança nesta existência; cumpram sua missão nesta vida e gozem de
boas circunstâncias nas existências futuras; para que sejam felizes, sem
exceção, e adornem a vida com vitórias esplêndidas.

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