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BM

[15] Juramento na juventude

Capítulo 1: Trechos do Gosho

Budismo do Sol — Iluminando o Mundo - Terceira Civilização, ed. 618, fev. 2020, p. 50-65 -
Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

[23] Seigan — o mundo anseia por jovens de convicção e de integridade

A religião da revolução humana — Parte 3 [de 12]

Explanação

Dezesseis de março, Dia do Kosen-rufu, logo chegará novamente. Nessa data, em 1958, na grandiosa e
histórica cerimônia em prol do kosen-rufu, meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda,
declarou: “A Soka Gakkai é a monarca do mundo religioso!”.

Esse rugido do leão imbuído do poderoso juramento seigan é o ímpeto subjacente ao desenvolvimento
notável que a Soka Gakkai alcançou hoje.

O propósito do kosen-rufunão é expandir a esfera de influência de determinada escola budista. Nosso


movimento é uma iniciativa popular alicerçada na filosofia do Sutra do Lótus da dignidade da vida e do
respeito às pessoas que busca consolidar a paz mundial e a felicidade da humanidade. É uma batalha
espiritual fundamentada no diálogo para unir a todos, construir redes da esperança e do bem entre
cidadãos do mundo e concretizar assim o ideal de uma família humana global pacífica.

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Jovens são a esperança do mundo 2

Os jovens são protagonistas desse empenho [do nosso movimento]. Quando os jovens com grande
desejo pela realização do kosen-rufu se tornam uma força unificadora pela transformação, a época segue
o caminho da mudança positiva sem falta. Em qualquer grupo ou movimento, os jovens são primordiais.

Hoje, jovens praticantes da filosofia da revolução humana em 192 países e territórios estão construindo
uma rede mundial de cidadãos para ensejar uma nova era. Imensa deve ser a alegria do presidente Josei
Toda ao observar os esforços deles!

No dia 16 de março de 1958, Toda senseitransferiu o bastão do kosen-rufu a mim e aos demais
integrantes da Divisão dos Jovens (DJ).

Os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda sempre amaram e estimularam o desenvolvimento


dos jovens. Profundamente convicto de que eles são a luz e a esperança do mundo, eu também venho
continuamente incentivando-os.

Atualmente, levantando-se com o mesmo espírito dos três primeiros presidentes [Tsunesaburo Makiguchi,
Josei Toda e Daisaku Ikeda], nossos componentes da Divisão Sênior (DS) e da Divisão Feminina (DF) do
mundo inteiro estão assumindo a liderança no desenvolvimento dos jovens. Um vibrante espírito juvenil
pulsa na vida daqueles que são amigos e aliados dos jovens, e os apoiam de forma irrestrita avançando
ao lado deles. O modo como essa maravilhosa rede dedicada ao desenvolvimento dos jovens se
espalhou pelo mundo pode ser descrito efetivamente como um milagre da época atual.

O nobre e supremo caminho de mestre e discípulo

Eu fui um dos jovens treinados pelo presidente Josei Toda. Ao conhecê-lo e decidir me devotar ao kosen-
rufu aos 19 anos, minha vida mudou drasticamente. Graças ao meu mestre, a quem devo profunda
gratidão, dediquei-me ao sublime objetivo chamado kosen-rufu, desafiei a conquista da minha revolução
humana e trilhei o nobre e supremo caminho de mestre e discípulo.

Por essa experiência própria, posso atestar que selar um grandioso juramento seigan durante a juventude
se transforma num tesouro para a vida inteira. O desafio para cumprir esse juramento produz um valor
incalculável. Quero compartilhar essa alegria com o máximo de jovens possível.

Com esse desejo, nesta ocasião, gostaria de examinar a importância do juramento seigan pelo kosen-
rufu.

Trecho do escrito 1

Abertura dos Olhos

Eu serei o pilar do Japão. Eu serei os olhos do Japão. Eu serei a grande nau do Japão. Este é o
meu juramento, e jamais renunciarei a ele! (CEND, v. I, 293)

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O juramento seigan de Nichiren Daishonin de conduzir todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei à 3
iluminação

Essa é uma conhecida passagem de Abertura dos Olhos,1na qual Nichiren Daishonin declara seu grande
juramento seigan. As palavras “pilar”, “olhos” e “grande nau” são expressões profundas que emanam da
sua grande compaixão de habilitar todas as pessoas a atingir a iluminação. Considero especialmente
comovente ele ter emitido essa declaração resoluta durante o exílio na Ilha de Sado.

Nenhuma das ferozes investidas dos obstáculos que assolaram Daishonin desde que ele anunciou seu
ensinamento pela primeira vez (em 1253) poderia extinguir a chama do juramento seigan que ardia em
seu coração. Na realidade, como mostra essa emocionante declaração, quanto maiores as dificuldades
enfrentadas por ele, mais ardente era sua paixão de fazer tudo o que estivesse ao alcance para libertar as
pessoas do sofrimento.

Embora nessa passagem Nichiren Daishonin mencione especificamente o Japão, seu juramento não se
limita apenas a uma única nação. Ele buscou abrir o caminho do kosen-rufu de todo o Jambudvipa (o
mundo inteiro), salvando primeiro o país no qual a vida das pessoas estava mais envolta pela calúnia
contra a Lei e onde a escuridão dos Últimos Dias da Lei era mais profunda. A afirmação de que jamais
renunciaria ao seu juramento também constitui uma retumbante declaração de que vencera as funções da
maldade em meio às perseguições que puseram sua vida em risco.

A expressão “pilar do Japão” pode, portanto, ser interpretada como “pilar da iluminação para todos nos
Últimos Dias da Lei”. Ela transborda do intenso juramento e do compromisso de sustentar firmemente o
ensinamento do budismo como o pilar da comunidade e da sociedade, o pilar do mundo e da humanidade
e também como o pilar do povo e dos bodisatvas da terra.

Cada um deve se tornar o pilar, os olhos e a grande nau

Na época atual, os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda gravaram no coração esse
juramento de Nichiren Daishonin e se levantaram por iniciativa própria para realizar o kosen-rufu nos
Últimos Dias da Lei. Desde a sua fundação, a Soka Gakkai constitui-se numa organização alicerçada
nesse juramento seigan e diretamente ligada a Daishonin.

Em seus primórdios, a organização era depreciada pela sociedade japonesa como um “bando de pobres
e doentes”. Sem se deixarem deter, nossos membros se esforçaram com todo o coração para
compartilhar o Budismo Nichiren com as pessoas [shakubuku]. Eles sentiam imenso orgulho de dedicar a
vida à nobre missão de concretizar o kosen-rufu e ao ideal de Daishonin da pacificação da terra
estabelecendo o ensinamento (rissho ankoku).

Obviamente, nem todas as pessoas tinham a consciência de sua missão ou compreendiam o


ensinamento de Nichiren Daishonin desde o início. Elas se lançavam à prática budista desesperadas para
transformar o destino individual de pobreza, doença, desarmonia familiar ou outros problemas. Com o
tempo, também passavam a orar pela felicidade das outras pessoas e a agir em benefício delas e da

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sociedade. Enquanto compartilhavam alegrias e tristezas com os companheiros da organização, pouco a 4
pouco foram despertando para a sua missão como bodisatvas da terra dedicados ao kosen-rufu. Elas
desenvolviam a consciência de que eram membros da Soka Gakkai, uma organização que atua como o
pilar do país, os olhos do mundo e a grande nau da humanidade.

Nosso orgulho como membros da Soka Gakkai é o fato de cada um de nós assumir a missão de atuar
como um pilar central.

O Budismo Nichiren é um ensinamento que empodera as pessoas a mudar da postura de “ser salvas”
para a de “salvar as outras”, oferecer apoio e incentivo às demais, transformando-as em pilares, olhos e
grandes naus do mundo. A Soka Gakkai cultiva no mundo inteiro “valores humanos” que atuam como
pilares do povo, olhos da felicidade e grandes naus da esperança.

Essa é a maior prova de que o Budismo Nichiren é a religião da revolução humana, o exemplo genuíno de
uma religião que existe para a felicidade dos seres humanos, tão necessária no século 21.

No Budismo Nichiren, cada indivíduo se torna protagonista da transformação dos seres humanos. Quando
cada um se tornar o pilar, os olhos e a grande nau da construção da paz e da felicidade, suscitará uma
magnífica civilização global notabilizada pelo radiante florescer da filosofia do respeito ao próximo.

A Soka Gakkai reside dentro de nós

Membros que despertaram para a missão têm a consciência de que não são simplesmente parte da Soka
Gakkai, mas que a Soka Gakkai é parte integral da sua vida e reside dentro deles. Eles se orgulham de
ser protagonistas do kosen-rufu em sua comunidade.

Na época em que auxiliava Toda sensei nos desafios envolvendo as empresas dele, eu também
desempenhava a função de líder de bloco da Divisão Masculina de Jovens (DMJ). Encarava todos os
aspectos da Soka Gakkai como minha missão. Eu me afligia, ponderava e orava para encontrar a melhor
forma de promover o avanço do kosen-rufu e, então, entrava em ação com todas as forças do meu ser.

Como discípulo unido em espírito com Toda sensei, um líder do kosen-rufu inigualável, lidei com todos os
tipos de desafios possíveis no curso de nossas atividades nos bairros de Ota, Bunkyo, Katsushika e
Arakawa, em Tóquio, bem como nas províncias de Osaka e de Yamaguchi e em outros lugares, sempre
me perguntando o que meu mestre faria nessa situação.

Posteriormente, ao viajar para o exterior, estabeleci um diálogo franco e aberto com as pessoas com o
sentimento de representar plenamente a Soka Gakkai, de que “Eu sou a Soka Gakkai”. Hoje, à medida
que avançamos a passos largos na nova era do kosen-rufu mundial, membros da Divisão dos Jovens (DJ)
de cada país e região estão empreendendo ações com esse mesmo espírito. Os jovens Soka são com
certeza os pilares do futuro do mundo.

Trecho do escrito 2

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O Portal do Dragão 5

Meu desejo é que todos os meus discípulos façam um grande juramento. Somos muito
afortunados por estarmos vivos depois das epidemias que assolaram o país no ano passado e
também no ano retrasado. Mas agora que a invasão mongol parece iminente, talvez sejam poucos
os que conseguirão sobreviver. Definitivamente, ninguém pode escapar da morte. Quando esse
momento chegar, o sofrimento será exatamente igual ao que experimentamos agora. Já que de
uma forma ou de outra a morte sobrevirá, o senhor deveria estar disposto a oferecer a vida ao
Sutra do Lótus. Pense nesse oferecimento como uma gota de orvalho que se reintegra ao oceano,
ou como uma partícula de pó que retorna à terra. Uma passagem do [capítulo 7, “Parábola da
Cidade Imaginária”, do] terceiro volume do Sutra do Lótus afirma: “Imploramos que o mérito
obtido por meio desses oferecimentos se estenda amplamente a todas as pessoas, para que nós e
os demais seres vivos alcancemos o caminho do buda” [LSOC, cap. 7, p. 168]. (CEND, v. II, p. 269)

Mensagem a um jovem discípulo em meio a grandes perseguições

Nessa passagem, Nichiren Daishonin ensina a um jovem discípulo, de um modo fácil de compreender,
como é nobre o ato de firmar um grande juramento e dedicar a vida para cumpri-lo.

Essa parte consta da carta intitulada O Portal do Dragão,2endereçada a Nanjo Tokimitsu, que estava
dando continuidade aos passos do pai, também praticante dos ensinamentos de Nichiren Daishonin. O
jovem Tokimitsu respeitava Daishonin como seu mestre e se empenhava fervorosamente na prática
budista, recebendo constantes incentivos de Nikko Shonin [discípulo direto de Daishonin e, mais tarde,
seu sucessor designado].3

Tokimitsu tinha 20 anos quando recebeu essa carta. O adolescente que Daishonin incentivara
pessoalmente alguns anos antes havia crescido e se tornado um rapaz excelente.

Na época em que a carta foi escrita, a província de Suruga (atual região central da província de
Shizuoka), onde Tokimitsu e sua família viviam, abrigava extensas propriedades de integrantes do clã
governante Hojo [que eram adeptos ferrenhos dos ensinamentos da Terra Pura (Nembutsu) e hostis a
Daishonin e a seus seguidores]. Era uma área sob forte influência de uma mulher, mãe de Hojo
Tokimune,4 o regente da época, e filha do falecido Hojo Shigetoki,5 cossignatário do regente e um dos
principais perseguidores de Daishonin.

Em 1279, vinte seguidores de Nichiren Daishonin, camponeses da Vila de Atsuhara, foram presos sob
falsas acusações, e no fim três deles6 deram a vida por suas crenças, sendo executados por ordem de
Hei no Saemon-no-jo.

Ao longo de todo o período da Perseguição de Atsuhara,7Tokimitsu se empenhou ao máximo para


auxiliar e proteger os outros companheiros de prática da região que se encontravam em condições
extremamente adversas. Daishonin queria instilar uma convicção absoluta no coração de seu discípulo; e
ele o fez por meio das palavras “Meu desejo é que todos os meus discípulos façam um grande juramento”

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(CEND, v. II, p. 269). 6

“Façam um grande juramento”

Consideremos profundamente o significado das palavras “Meu desejo é”, que expressa sua ardente
esperança [de Daishonin], bem como o fato de ele direcionar seu chamado a todos os discípulos.

O “grande juramento” é o imenso desejo do Buda de habilitar todas as pessoas a atingir a iluminação, e o
grande anseio pelo kosen-rufu. O Buda deseja libertar as pessoas do sofrimento.

No capítulo 2, “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus, o juramento fundamental de Shakyamuni é


expresso pelas palavras “Na esperança de tornar todas as pessoas iguais a mim, sem nenhuma distinção
entre nós” (LSOC, cap. 2, p. 70).

Os discípulos contemporâneos de Shakyamuni, percebendo que sempre haviam se empenhado juntos


com ele nas existências passadas, despertaram para sua grandiosa missão.

Além disso, os discípulos originais de Shakyamuni, os bodisatvas da terra, compartilhavam do juramento


de Shakyamuni pelo kosen-rufu — a ampla propagação da Lei — desde o remoto passado.

Levantar-se com o mesmo juramento do mestre e se dedicar a propagar a Lei e a incentivar outros a fim
de consolidar a própria felicidade e também a felicidade das demais pessoas são a essência do “grande
desejo” (juramento). Esse grande desejo, que compõe o âmago da compaixão budista, não é algo
sustentado apenas por um grupo seleto de pessoas. Todos os discípulos, na verdade, todas as pessoas,
acalentam inerentemente no fundo do seu ser esse desejo ou juramento.

O chamado para que “façam um grande juramento” também consiste num chamado para que cada um de
nós desperte para o juramento ou desejo fundamental que existe nas profundezas da nossa vida.

Tornar-se “excelente mortal comum”

Como Nichiren Daishonin indica ao escrever “Definitivamente, ninguém pode escapar da morte” (CEND,
v. II, p. 269), todos no Japão naquela época se viam diante da possibilidade de morte iminente, pois
epidemias devastavam o país, e a ameaça de outro ataque das tropas mongóis assomava no horizonte.

Em vista dessa situação, Daishonin afirma que, como a vida é limitada, “O senhor deveria estar disposto a
oferecer a vida ao Sutra do Lótus” (Ibidem). Claro que ele não está encorajando as pessoas a dar pouco
valor à vida ou a se sacrificar.

Quando sabemos com clareza como vivemos e o propósito ao qual consagramos nossa vida,
conseguimos demonstrar nosso verdadeiro valor como seres humanos. Não há modo de vida mais
gratificante que o dedicado ao objetivo supremo de trabalhar em prol da felicidade da humanidade.

Em comparação com a vasta imensidão do universo, nossa vida pode parecer pequena e insignificante —
nada além de uma gota de orvalho sobre uma folha ou partículas de poeira. Mas, assim como gotas de

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orvalho se juntam para formar o oceano, ao devotarmos nossa vida ao grande juramento pelo kosen-rufu, 7
nós nos tornamos unos com a Lei Mística, a lei fundamental intrínseca a todas as existências. Desse
modo, cada vida, que talvez aparente não ser nada além de uma gota de orvalho ou uma partícula de
poeira, passa a emitir um brilho eterno. Toda sensei dizia com frequência que nos tornamos “Excelentes
mortais comuns iluminados desde o tempo sem início”. Desenvolver uma condição de vida tão vasta e
ilimitada quanto o universo é a essência do Budismo Nichiren.

“Todos juntos” — o espírito dos bodisatvas Mahayana

Nessa passagem de O Portal do Dragão, Nichiren Daishonin também cita trechos do capítulo 7, “Parábola
da Cidade Imaginária”, do Sutra do Lótus,8para salientar que o grande benefício que obtemos ao
dedicarmos a vida à Lei Mística se estende ampla e vastamente a todos, possibilitando que não apenas
nós, mas os outros seres vivos igualmente atinjam o estado de buda (cf. LSOC, cap. 7, p. 168).

O trecho do sutra afirma especificamente: “Para que nós e os outros seres vivos possamos, todos juntos,
alcançar o caminho do buda” (LSOC, cap. 7, p. 168).

“Todos juntos” referem-se ao espírito dos bodisatvas Mahayana, que praticam em prol da própria
felicidade e da felicidade dos outros, movidos pelo desejo de ajudar as pessoas a atingir a iluminação.

Toda sensei afirmou: “Qual o fator mais necessário na vida e na fé? Convicção. Devemos prezar e
valorizar, acima de tudo, a convicção absoluta de Daishonin”.

Avancemos com a firme convicção de que nos dedicar ao kosen-rufu representa o modo de vida mais
nobre, inigualável e valoroso de todos.

A convicção absoluta de Daishonin em nosso coração

Toda sensei também declarou: “Os membros da Soka Gakkai são emissários do Buda. Nós [como
membros da organização] fomos enviados pelo próprio Buda. Somos representantes de Daishonin.
Embora aparentemos ser mortais comuns, na verdade, somos supremamente nobres e dignos do mais
elevado respeito”.9

A Soka Gakkai tornou possível incontáveis preciosas histórias de revitalização humana. Nossa
organização poderia ser descrita como um reino nunca antes visto de educação humanística — que nutre
o crescimento e o desenvolvimento humano. Isso porque cada um de nós se empenha para concretizar o
nobre ideal do kosen-rufu.

Ao devotarmos a vida ao grande juramento (desejo) pelo kosen-rufu, conseguimos realizar a grandiosa
revolução humana. Quando nos alicerçamos na Lei Mística e lutamos juntos na Soka Gakkai ao lado dos
companheiros, modificamos positivamente todos os sofrimentos e adversidades — transformando veneno
em remédio — e consolidamos sem falta vitórias radiantes.

Trecho do escrito 3

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As Ações do Devoto do Sutra do Lótus 8

Agora, no início dos Últimos Dias da Lei, eu, Nichiren, sou o primeiro a realizar, em todo o
Jambudvipa [o mundo inteiro], a propagação dos cinco ideogramas do Myoho-renge-kyo, que são
o coração do Sutra do Lótus e o olho de todos os budas. (...) Meus discípulos, formem suas fileiras
e me sigam, e superem até a [discípulos do Buda tão notáveis como] Mahakashyapa ou a Ananda,
[e a mestres budistas tão esplêndidos] como a Tiantai e a Dengyo! (CEND, v. II, p. 23)

“Formem suas fileiras e me sigam”

A última passagem que estudaremos foi extraída do escrito As Ações do Devoto do Sutra do Lótus.10
Nesse trecho, Nichiren Daishonin conclama com veemência a seus discípulos, seus sucessores, que se
juntem corajosamente à grande luta para promover o kosen-rufuno mundo todo nos Últimos Dias da Lei.

O kosen-rufu mundial é o desejo de Nichiren Daishonin, o Buda dos Últimos Dias da Lei. Ele confiou essa
nobre missão aos discípulos que seguiriam seus passos.

O kosen-rufu compõe um empreendimento que se estenderá pelos mais de dez mil anos dos Últimos Dias
da Lei com o propósito de habilitar pessoas do mundo inteiro a atingir o estado de buda. Para que isso
aconteça, deve haver um fluxo constante e ininterrupto de discípulos que deem continuidade ao espírito e
aos esforços de Daishonin. É desejo do Buda que o fluxo do kosen-rufu, da ampla propagação da Lei
Mística, jamais cesse.

Nessa parte, Nichiren Daishonin expressa: “Meus discípulos, formem suas fileiras e me sigam” (CEND, v.
II, p. 23). Além disso, ele incita seus discípulos a superar discípulos renomados do buda Shakyamuni
como Mahakashyapa e Ananda,11e mestres budistas de épocas posteriores célebres como Tiantai, da
China, e Dengyo, do Japão.

Em outro escrito [O Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos], Daishonin declara: “Nichiren foi o único
que tomou a iniciativa de conduzir a tarefa confiada aos bodisatvas da terra” (CEND, v. I, p. 404). A
coragem de “tomar a iniciativa” é a essência do Budismo Nichiren. Precisamos estar dispostos a nos
levantar primeiro se quisermos de fato nos tornar sucessores de Nichiren Daishonin.

Por essa razão, devemos nos levantar com firme decisão e tomar a iniciativa de empreender ações
resolutas. Pioneiros enfrentam muitos obstáculos, mas tais adversidades proporcionam ainda mais
oportunidades para vivenciar uma grandiosa revolução humana. Quando um único e dedicado praticante
do Sutra do Lótus passa a agir em prol do kosen-rufu, desperta quem está à sua volta, inspirando duas,
três, dez pessoas a seguir seu exemplo. Os esforços sinceros de uma única pessoa infalivelmente criarão
uma nova página na história.

A tradição dos jovens como protagonistas

Estive na Argentina pela primeira vez em 1993. Nesse período de mais de duas décadas, a partir de
então, a SGI-Argentina construiu uma tradição maravilhosa em que os jovens sempre são os

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protagonistas. Nos dias de hoje, os integrantes da Divisão dos Jovens estão ampliando extensamente os 9
laços de confiança e de amizade no seio da sociedade.

O argentino recebedor do Prêmio Nobel da Paz e ativista dos direitos humanos Adolfo Pérez Esquivel
expressou várias vezes sua satisfação ao observar as atividades dos jovens da SGI-Argentina,
enaltecendo seus esforços incansáveis com a vibrante energia e o desenvolvimento contínuo deles.

Os jovens da SGI-Argentina também vêm se empenhando ativamente em promover o diálogo inter-


religioso e em estreitar sólidos laços de confiança com líderes de outros grupos e organizações religiosas
do país. Em setembro de 2016, houve um evento dessa natureza no Centro Cultural da SGI-Argentina em
parceria com a Secretaria Nacional de Cultos e com a participação de representantes de várias
comunidades religiosas.

A paixão dos jovens está disseminando e propiciando uma compreensão mais profunda do Budismo
Nichiren na sociedade. É um caso em que eles estão dando uma grande guinada no desenvolvimento do
nosso movimento.

Uma religião que promove a motivação interna

Numa palestra intitulada “O Budismo Mahayana e a Civilização do Século 21” que proferi na Universidade
Harvard em setembro de 1993, propus as seguintes diretrizes como parâmetros para a religião
humanística que nossa época busca.

O falecido professor de filosofia da Universidade de Delaware, David Norton (1930–1995), também


elogiou imensamente os membros da nossa Divisão dos Jovens. Salientando o fato de que o propósito
básico da religião e da educação consiste em cultivar a motivação interna da pessoa, ele disse que
constatou a prova disso no brilho dos olhos dos jovens da SGI, os quais descreve como apaixonados e
cheios de esperança pelo futuro.12

Muitos pensadores e líderes perspicazes de todas as partes depositam imensa confiança nos jovens
Soka, que se devotam aos seus ideais e agem com sinceridade e integridade.

Em Preceito aos Jovens, o presidente Josei Toda confiou à Divisão do Jovens a missão de edificar uma
nova era:

Na luta pela propagação do budismo na era corrupta dos Últimos Dias da Lei, vocês devem buscar
merecer o elogio de Daishonin como jovens guerreiros. Para o sábio, ser elogiado por tolos é vergonhoso,
ao passo que ser louvado por Daishonin constitui a maior honra na vida.13

Gostaria de transmitir essas palavras do meu mestre a todos os meus amados jovens do mundo inteiro.

Potencial ilimitado é encontrado na força e paixão dos jovens

Hoje, nossos intrépidos rapazes e moças da juventude Kayo estão empreendendo grandes esforços pelo

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kosen-rufuno mundo como “bravos jovens campeões” que inspiram confiança e convicção e demonstram10
dinamismo em suas ações.

Vocês, jovens, são os protagonistas deste Ano da Expansão dos Jovens na Nova Era do Kosen-rufu
Mundial (2017).

Os jovens possuem ilimitado potencial, coragem para vencer qualquer dificuldade ou desafio e
transbordante força e paixão para ampliar a rede de pessoas que compartilham do grande juramento
seigan de consolidar a paz e da felicidade da humanidade.

Vocês, membros da Divisão dos Jovens, são os protagonistas da era do respeito à dignidade da vida.

Diretamente ligados a Nichiren Daishonin, “formem suas fileiras” indo ao encontro de outras pessoas para
dialogar com elas e propagar nossa grande filosofia de paz e humanismo, pela qual as pessoas tanto
anseiam.

(Daibyakurenge, edição de março de 2017)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI

Capítulo 2: Trechos da Nova Revolução Humana

NRH, cap. “Alto-Mar”, v. 22, p. 212-213

O budismo ensina a postura correta de se viver — o verdadeiro caminho da vida humana.

Em seguida, Shin’ichi frisou:

— O Budismo Nichiren nos habilita a transformar nosso carma, realizar a revolução humana e contribuir
para a construção de uma sociedade melhor. A única forma de estabelecer um estado de felicidade
indestrutível para si e para os outros e concretizar a paz duradoura para todos consiste em promover o
kosen-rufu, compartilhando este budismo com as outras pessoas. O kosen-rufu é o juramento de Nichiren
Daishonin e o juramento seigan da Soka Gakkai, que avança em perfeita consonância com o espírito de
Nichiren Daishonin.

No escrito Abertura dos Olhos, Daishonin expressa sua resoluta determinação de cumprir esse
compromisso por meio das palavras: “Declaro aqui. Não importa que os deuses me abandonem. Não
importa que eu tenha de enfrentar todas as perseguições. Ainda assim, darei minha vida em prol da Lei”
(CEND, v. I, p. 293).

Shin’ichi gravou esse trecho no fundo do coração quando assumiu a liderança do movimento pelo kosen-
rufuem sua posse como terceiro presidente da Soka Gakkai, no dia 3 de maio de 1960. Essa passagem
ressoa como o rugido de um leão, transmitindo as profundas convicções de Daishonin.

Para manifestar o estado de buda nesta existência — em outras palavras, estabelecer uma condição de

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vida de felicidade indestrutível e abrir o caminho para a paz e felicidade de todos — é essencial viver11
mantendo-se fiel ao compromisso de realizar o kosen-rufu. Contudo, grandes perseguições e obstáculos
encontram-se no caminho daqueles que buscam cumprir esse juramento. Portanto, é imprescindível o
espírito de jamais abandonar a fé.

NRH, cap. “Espírito de Procura”, v. 27, p. 338-340

Ao pensar que 6 mil bravos sucessores estavam reunidos ali, em Atsuta, terra natal de seu mestre,
Shin’ichi ficou profundamente comovido e emocionado. E relembrando com saudades da primeira vez que
se encontrou com o presidente Josei Toda há cerca de trinta anos, ele começou a falar:

— Desde que eu me encontrei com meu venerado mestre, Josei Toda, aos 19 anos, já se passaram mais
de trinta anos. Nesse período, fazendo do treinamento que recebi dele o meu mais supremo orgulho,
concretizei cada uma das promessas que fiz a ele.

Apenas jurar concretizar os ideais do mestre não basta para ser um discípulo.

É cumprindo o juramento que se prova ser um verdadeiro discípulo.

Shin’ichi Yamamoto, de fato, havia tornado realidade cada um dos ideais confiados a ele por Josei Toda.

Ele concretizou as 3 milhões de famílias afiliadas, estabeleceu o castelo da educação Soka, instituindo
desde a educação infantil até a universidade e a pós-graduação, e construiu a base do kosen-rufu
mundial.

Shin’ichi relatou seu real sentimento de orgulho:

— Por ter um mestre da vida, um jovem anônimo, sem posição social, honra ou fortuna conseguiu trilhar
uma existência de plena satisfação, sem nenhum arrependimento. Essa é a verdade incontestável da
minha vida. E consegui chegar até aqui graças ao inestimável apoio dos companheiros de todo o Japão.
Quero aproveitar esta oportunidade para expressar meus mais sinceros agradecimentos a todos.

E imbuindo ainda mais força em sua voz, declarou:

— Agora é a vez de vocês! Visando daqui a trinta anos, gostaria que cada um vivesse para concretizar
seu juramento pelo kosen-rufu!

Fazer do ideal indicado pelo mestre seu próprio juramento e missão, e lutar para torná-los realidade —
esse é o caminho do discípulo.

É por meio da transmissão desse legado que se abre o caminho para realizar o “Grande Desejo pela
Concretização do Kosen-Rufu, a Propagação Benevolente da Grande Lei”. Ou seja, o kosen-rufu não
existe sem a eterna batalha da unicidade de mestre e discípulo.

Shin’ichi enfatizou sobre os pontos importantes para esse modo de viver:

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— É uma prática constante e diligente. Um modo de vida imediatista que busca fama ou fortuna12
instantânea não traz vitória na vida nem proporciona um verdadeiro avanço do kosen-rufu. O importante é
se fortalecer e lapidar a si mesmo e estender profundamente as raízes da confiança na sociedade. Sem
um alicerce firme e sólido, tudo se desmorona diante das transformações da época. Tanto a vida como o
kosen-rufusão batalhas eternas. Por essa razão, aqueles que dedicarem contínuos esforços e manterem
uma fé constante tal como a água corrente serão os que vencerão no final. O acúmulo de contínuas
batalhas é que descortinará a nova era do kosen-rufu. Gostaria que gravassem no coração que a época
da juventude é a única para se edificar a base da fé e da filosofia de vida e conquistar a vitória na vida.
Espero que vivam até o fim pelo grande desejo do kosen-rufu.

Atsuta — terra do juramento seigan de mestre e discípulo — foi onde Shin’ichi Yamamoto, na época da
juventude, em um diálogo com seu mestre, Josei Toda, decidiu em seu coração lançar-se ao kosen-rufu
mundial. E agora, na mesma Atsuta, os jovens guerreiros ali reunidos iniciam uma nova jornada visando
os próximos trinta anos.

NRH, cap. “Hino da Ampla Propagação”, v. 28, p. 99-101

A famosa obra de Osamu Dazai, Corra, Melos!, veio à mente de Shin’ichi.

Furioso com o rei atroz, o jovem Melos invade o palácio real e acaba sendo capturado. O coração do rei
estava tomado pela desconfiança em relação às pessoas. O rei condena Melos à crucificação. Melos
implora ao rei que lhe dê alguns dias para ir ao casamento de sua irmã mais nova, única familiar que
possui. Ele promete voltar até o final do terceiro dia e deixa seu fiel amigo Serinuntius como garantia. Se
não retornasse, seu melhor amigo seria sacrificado. Contudo, ele ficaria livre da pena.

Na mesma noite, Melos correu sem parar até o vilarejo de sua distante terra natal onde a irmã morava. A
cerimônia de casamento foi realizada às pressas e Melos começou a correr em direção ao castelo real.
Ele atravessou o rio turbulento cheio de lama e se desvencilhou dos bandidos da montanha que tentaram
atacá-lo, mas caiu tomado pela exaustão. Ele começa a sentir que é tolice correr para provar a justiça, a
lealdade e o amor fraterno, sabendo que o que lhe aguarda é a morte.

A estrada da justiça é uma jornada de batalhas dentro do próprio coração.

Melos não se deixou ser derrotado. Assim que se recuperou um pouco do extremo cansaço, seu espírito
de corresponder sem falta à confiança do amigo reavivou. Ele corre pelo amigo, pela lealdade e pelo
amor. Mesmo cuspindo sangue, prossegue correndo.

No momento em que o último clarão do dia se extinguiu e o amigo Serinuntius seria sacrificado, Melos
entra correndo no local da execução. Ele brada a seu amigo, já livre das amarras:

— Bata-me! — e confessa-lhe que em certo momento passou em sua mente a ideia de deixar de lado seu
compromisso.

Ao agredir Melos com toda a força, Serinuntius diz a ele:

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— Melos, agora bata-me! — revelando que uma única vez ele se deixou ser tomado pela dúvida. 13

Melos o golpeia também com força e ambos se abraçam fortemente. O rei, que observava tudo, diz:

— Vocês venceram meu coração. A lealdade não é uma ilusão vazia. Vocês me permitiriam fazer parte
disso também?

A sinceridade havia vencido a desconfiança.

No outono de 1971, Shin’ichi Yamamoto escreveu o poema A verdade de Melos com base na obra Corra,
Melos!.

Nele, Shin’ichi elucida onde se encontra a grande verdade de Melos, que conseguiu transformar um
ambiente de pessoas imersas na falsidade e na ilusão numa realidade de suprema nobreza, beleza e
honestidade extremamente rara.

A conclusão a que chegou foi que: “A vitória sobre si próprio está dentro do seu coração”.

Ele afirma sobre os que se deixam vencer: “No momento em que recua um passo, surge toda aquela
argumentação de autojustificativa, que faz a si próprio recuar ainda mais”.

E registra também: “A frieza de ter abandonado o amigo certamente será sempre acompanhada da
angustiante dor do remorso”.

No final, ele diz: “Quero sempre me lembrar que somente uma grandiosa e corajosa ‘corrida completa’ é o
que acaba com a obsessão da inveja e da astúcia e sem falta faz desabrochar a genuína essência do ser
humano”.

NRH, cap. “Grande Caminho”, v. 28, p. 172-173

Quem são esses “valores humanos”?

Ter uma boa posição social, títulos, habilidades especiais, poder financeiro etc. não significa que seja um
“valor humano”.

Por mais elevada que possa ser a sua posição social ou por mais extraordinárias que sejam sua
capacidade ou habilidade, se servirem somente para torná-lo arrogante ou para satisfazer desejos
egoístas, isso tudo não se converterá em força para dedicar em prol da felicidade das pessoas.

“Valores humanos” são pessoas de fé que se dedicam incansavelmente pelo juramento seigando kosen-
rufu. Viver pelo kosen-rufu significa viver pela felicidade tanto de si como dos outros e pela paz e
prosperidade da sociedade.

Quando se estabelece esse objetivo fundamental na vida, tanto a inteligência como a capacidade
ganharão valor e se expandirão amplamente.

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A chave para evidenciar toda a força e todo o potencial de um ser humano está simplesmente na fé. A14
palavra “fé” abarca tudo. Por isso, se definíssemos qual a condição mais importante para um “valor
humano” em poucas palavras, a resposta seria “alguém que se levanta com uma resoluta e inabalável fé”.

Capítulo 3: Trechos do Diálogo sobre Religião


Humanística

DRH, cap. “Nichiren Daishonin: Uma Vida Inteira Dedicada a Cumprir um Juramento”, v. 1, p. 30-32

Saito: Falamos de forma geral sobre o “grande desejo da ampla propagação” que constitui a essência
dos escritos de Nichiren Daishonin. Gostaria agora de me aprofundar na vida de Nichiren Daishonin, mais
especificamente em seu juramento de concretizar o kosen-rufu.

Pres. Ikeda: É na vida dos seres humanos que encontramos a verdadeira religião. O Budismo de Nichiren
Daishonin é um budismo para o povo. O real propósito do budismo é levar a paz e a felicidade às
pessoas.

O Gosho revela pelo menos dois grandes juramentos feitos por Daishonin no curso de sua vida. O
primeiro foi quando, aos 12 anos, ele jurou tornar-se a pessoa mais sábia de todo o Japão. E o segundo
foi quando ele estava com 32 anos, pouco antes de declarar o estabelecimento de seu ensinamento.
Daishonin descreve este último juramento em Abertura dos Olhos, quando expressa sua decisão de
refutar a calúnia ao Sutra do Lótus, independentemente da intensidade das perseguições que
enfrentasse, e de propagar o ensinamento correto pela felicidade de todas as pessoas (Cf. CEND, v. I, p.
249-250). Daishonin dedicou a vida inteira ao cumprimento de seu juramento.

Saito: O primeiro juramento que Daishonin fez aos 12 anos poderia ser considerado como o ponto de
partida de sua busca. O segundo foi feito quando ele se levantou como o devoto do Sutra do Lótus, e se
expressa em sua altaneira declaração sobre ser o “pilar do Japão” (Ibidem, p. 293) e assim por diante, e
que foi o tema central de nosso diálogo da última vez.

Pres. Ikeda: Daishonin fez o primeiro juramento ao entrar para o templo Seicho-ji, na província de Awa
(atual prefeitura de Chiba). Ele estava com 12 anos, idade equivalente à de um estudante da sexta série
nos dias de hoje. É provável que a razão pela qual ele tenha entrado para o Seicho-ji numa idade tão
tenra não se devia tanto ao início do treinamento para tornar-se sacerdote, mas sim para receber
educação básica na escrita e na leitura.

Saito: Naquela época, os templos budistas de todo o Japão funcionavam como instituições educacionais.
Daishonin foi ordenado no sacerdócio quatro anos depois, quando estava com 16 anos.

Pres. Ikeda: Apesar de ele ter sido ordenado formalmente apenas aos 16 anos de idade, já aos 12 anos
ansiava ardentemente aprender os ensinamentos do budismo, o espírito essencial de alguém que deseja
renunciar ao mundo secular e iniciar uma vida sacerdotal. Acredita-se que a busca ativa da verdade que

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Daishonin empreendeu começou desde que ele era bem jovem. 15

Saito: O próprio Daishonin diz que ele estava com “doze ou dezesseis anos” (WND, v. II, p. 767) quando
entrou para o sacerdócio.

Pres. Ikeda: Isso nos mostra quão profundo e significativo era seu juramento de se tornar a “pessoa mais
sábia de todo o Japão”.

Saito: A respeito desse juramento, Daishonin declara: “Há várias razões para as orações que ofereci,
mas não posso descrevê-las em detalhes aqui” (Ibidem, p. 1050). Isso indica que ele tinha muito mais a
dizer sobre essa questão.

Pres. Ikeda: E ele o faz em várias outras partes do Gosho. Uma delas fala de seu juramento de abrir o
caminho para a iluminação de todas as pessoas, começando com seus pais. Ele escreveu: “Porque um
homem, ao deixar o lar e se distanciar dos pais para se tornar monge, sempre deve ter como objetivo
salvar seu pai e sua mãe” (CEND, v. I, p. 238). Esta frase soa como uma declaração geral, mas refere-se
também a si próprio.

Em outro trecho, Daishonin, relembrando seu ingresso no sacerdócio, observou:

Então, o que podemos dizer das pessoas que estão se devotando ao budismo? Com certeza, elas não
devem se esquecer das dívidas de gratidão que têm para com seus pais, seus mestres e sua nação. No
entanto, se uma pessoa tem a intenção de saldar essas grandes dívidas de gratidão, ela somente
conseguirá fazer isso se compreender profundamente o budismo e, assim, tornar-se uma pessoa de
sabedoria. (CEND, v. I, p. 722)

Observamos nessa frase que o juramento de Daishonin de se tornar a pessoa mais sábia de todo o Japão
vem de seu desejo de saldar a dívida de gratidão aos seus pais, entre outros, e de conduzir todas as
pessoas à iluminação.

Saito: Ele fala de seus pais como representantes de todas as pessoas, certo?

Pres. Ikeda: Correto, e isso é um ponto importante. Em seus escritos, Daishonin indica que nasceu como
uma pessoa comum em uma humilde família de pescadores.

Quando criança, Daishonin costumava observar os pais reunindo suas energias e trabalhando com outras
pessoas da comunidade com toda a seriedade. Presume-se também que seus pais tenham desfrutado de
relações amigáveis com o governante do feudo e, portanto, é provável que tenham servido em algum tipo
de posição de liderança, talvez como mediadores entre o povo e as autoridades. De qualquer forma, é
fato que Daishonin tenha crescido entre pessoas comuns.

Por compreender que a sabedoria era crucial se ele quisesse saldar sua dívida de gratidão e conduzir as
pessoas à felicidade, Daishonin fez o grande juramento de “tornar-se a pessoa mais sábia de todo o
Japão”.

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Saito: Em outras palavras, sua declaração não queria dizer em absoluto que ele aspirava a tornar-se16
parte de uma elite que estivesse acima das pessoas.

Pres. Ikeda: O Budismo de Nichiren Daishonin é um ensinamento do povo e para o povo — um


ensinamento em que as pessoas são as protagonistas. Devemos compreender que o juramento do jovem
Daishonin determinou firmemente a direção que seu ensinamento tomaria tornando-se o budismo do
povo.

Saito: Por que é necessário tornar-se uma pessoa sábia para saldar a dívida de gratidão aos pais e aos
outros?

Pres. Ikeda: Isso fica claro nos escritos de Daishonin. Para possibilitarmos aos nossos pais atingirem a
verdadeira felicidade, devemos libertá-los do sofrimento da vida e da morte. A sabedoria do budismo é o
único meio para isso por transcender a vida e a morte.

Daishonin declara ter começado a estudar o budismo na infância com o pensamento de que deveria
“aprender primeiro sobre a morte para então aprender sobre outras questões” (WND, v. II, p. 759). Em
outro escrito, ele também afirmou: “Desde criança, eu, Nichiren, jamais orei por questões seculares, mas
com o único pensamento de me tornar um buda (CEND, v. II, p. 99). Tornar-se buda significa acima de
tudo vencer os sofrimentos da vida e da morte. Essas declarações revelam que a questão da vida e da
morte era sem dúvida o fator principal por trás do juramento de Daishonin.

O profundo desejo de Daishonin era conduzir os pais, que haviam lutado para criá-lo, e os amigos que
trabalharam tanto junto com eles, ao grandioso caminho da verdadeira felicidade. O profundo sentimento
de gratidão de Daishonin levou-o a fazer o juramento de dominar a essência do budismo e assim
compreender a verdade fundamental da vida e da morte.

Notas:

1. Abertura dos Olhos: Carta concluída em Tsukahara, Ilha de Sado, no segundo mês de 1272, e
endereçada a todos os discípulos de Nichiren Daishonin. Revela que Daishonin possui as três virtudes de
soberano, mestre e pais nos Últimos Dias da Lei.

2. Redigido no sexto dia do décimo primeiro mês de 1279, o escrito O Portal do Dragão enaltece a fé de
Nanjo Tokimitsu, que ofereceu inestimável apoio aos seus companheiros de prática durante a
Perseguição de Atsuhara. Por meio da parábola chinesa das carpas que se transformam em dragões ao
subirem a cachoeira chamada Portal do Dragão, ele ensina a Tokimitsu como é difícil aperfeiçoar a prática
budista e o incentiva a perseverar em seus esforços.

3. Nikko Shonin (1246–1333): Discípulo direto e sucessor de Nichiren Daishonin. O único dentre os seis
sacerdotes seniores a permanecer fiel ao verdadeiro espírito de Daishonin. Ele se tornou discípulo de
Daishonin ainda muito jovem e o serviu devotadamente, acompanhando-o até no exílio na Ilha de Sado.
Quando Daishonin se mudou para o Monte Minobu, Nikko canalizou suas energias nas atividades de
propagação na província de Suruga (atual região central da província de Shizuoka) e nas áreas

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circunvizinhas, como a província de Kai (atual província de Yamanashi). Depois da morte de Nichiren17
Daishonin, os outros cinco sacerdotes seniores pouco a pouco começaram a se distanciar dos
ensinamentos do seu mestre. Consequentemente, Nikko decidiu se separar deles. Ele se estabeleceu no
distrito Fuji, em Suruga, onde dedicou o restante de sua vida à proteção e à propagação dos
ensinamentos de Nichiren Daishonin e à criação de discípulos.

4. Hojo Tokimune (1251–1284): Oitavo regente do governo militar de Kamakura. Durante o período em
que ele exerceu o cargo, o Japão foi assolado por muitos desastres naturais e repetidos episódios de
contendas entre membros do clã Hojo, além da invasão das tropas mongóis.

5. Hojo Shigetoki (1198–1261): Segundo regente do governo militar de Kamakura. Servindo ao quinto
regente, ele atuou como consignatário, a segunda posição mais poderosa na hierarquia do regime.
Ardoroso seguidor do Nembutsu, perseguiu Nichiren Daishonin, que acusara esse ensinamento de
conduzir as pessoas ao inferno de incessantes sofrimentos.

6. Três Mártires de Atsuhara: Três irmãos — Jinshiro, Yagoro e Yarokuro —, que foram presos e
decapitados durante a Perseguição de Atsuhara.

7. Perseguição de Atsuhara: Série de ameaças e atos de violência contra seguidores de Nichiren


Daishonin no vilarejo de Atsuhara, distrito Fuji, província de Suruga, que começaram por volta de 1275 e
prosseguiram até aproximadamente 1283. Em 1279, vinte discípulos camponeses foram presos sob
falsas acusações. Foram interrogados por Hei no Saemon-no-jo, subchefe do Posto de Comando Militar
(o chefe era o próprio regente), que exigiu que renunciassem à fé. Contudo, nenhum deles cedeu. Hei no
Saemon-no-jo então mandou executá-los.

8. Nesse capítulo, reis Brahma dão seus palácios como oferecimentos ao Buda, expressando o desejo de
que o benefício obtido por meio de tais doações seja compartilhado com todos os seres vivos e os habilite
a atingir o estado de buda (cf. LSOC, cap. 7, p. 168).

9. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. Tóquio:
Seikyo Shimbunsha, v. 1, p. 304, 1981.

10. Essa carta foi escrita em 1276 e descreve os acontecimentos dos nove anos anteriores, a partir de
1268, na vida de Nichiren Daishonin.

11. Mahakashyapa e Ananda figuravam entre os dez principais discípulos de Shakyamuni. Mahakashyapa
era conhecido como o mais notável em práticas ascéticas, denominadas dhuta, e Ananda, como o mais
notável em ouvir os ensinamentos do Buda. Tiantai (também conhecido como Zhiyi [538–597]), sacerdote
budista chinês das dinastias Chen e Sui. Suas preleções foram registradas como Grande Concentração e
Discernimento, e ele desenvolveu a meditação sobre os “três mil mundos num único momento da vida”.
Dengyo (também conhecido como Saicho [767–822]), fundador da escola japonesa Tendai (Tiantai) no
período Heian. Entre seus escritos estão Os Princípios Extraordinários do Sutra do Lótus e
Esclarecimento dos Preceitos.

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12. Extraído de um artigo da edição do Seikyo Shimbun de 3 de maio de 1994. 18

13. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. Tóquio:
Seikyo Shimbunsha, v. 1, p. 61, 1981.

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