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Coragem — a determinação de vencer neste momento pode mudar tudo | Estudo • TC •

Ed. 629 • 12/01/2021 • ()

TC

ESTUDO

Coragem — a determinação de vencer


neste momento pode mudar tudo
[33] Dedico aos meus amados jovens Parte 1 [de 5]

Explanação

“Empenhar-se com coragem e vigor” (yumyo shojin, em jap.) [cf.


LSOC, cap. 2, p. 56] — essas palavras do Sutra do Lótus foram
tema do editorial que meu mestre, segundo presidente da Soka
Gakkai, Josei Toda, redigiu para a edição da revista mensal de
estudos da Soka Gakkai, Daibyakurenge, de janeiro de 1958, há
sessenta anos [explanação de Ikeda sensei originalmente
publicada em 2018].

A monumental luta pelo kosen-rufu, empreendida por Toda sensei


com a energia de um grande rei leão, transmitia uma poderosa
coragem a seus discípulos. Isso porque seu juramento de
concretizar 750 mil famílias praticantes do budismo, declarado
por ocasião de sua posse como presidente (em maio de 1951),
fora cumprido no fim do ano anterior (dezembro de 1957).

No poema celebrando o Ano-Novo de 1958, Toda sensei escreveu:

Emitindo o rugido do leão1

para salvar

as pessoas necessitadas —

os sete anos de minha vida

são coroados de júbilo.


Durante sete anos, ele havia se dedicado abnegadamente a ir ao
encontro das pessoas e a trabalhar em prol da felicidade delas,
empenhando-se mais arduamente a cada ano, galgando
vitoriosamente a íngreme escalada para o pico da montanha do
kosen-rufu.

Continuar lutando mais e mais!

Em vez de repousar à sombra dos louros conquistados, porém, o


presidente Josei Toda estava profundamente decidido a se
esforçar com coragem e vigor ainda maiores.

Em dezembro de 1957, depois do anúncio da concretização das


750 mil famílias, Toda sensei disse-me: “Daisaku, quero devotar
os próximos sete anos à conquista do objetivo de 2 milhões de
famílias”. Apenas dois meses mais tarde, contudo, ele aumentou
ainda mais o grau de dificuldade, fixando em 3 milhões a nova
meta a ser alcançada. Após superar o pico de uma imponente
montanha, estava determinado a batalhar mais! Continuar
lutando mais e mais!

Quando eu, discípulo devotado ao compromisso de se empenhar


ao lado do mestre, testemunhava a inesgotável disposição de
lutar demonstrada por Toda sensei, sentia-me inspirado e me
esforçava firmemente com coragem cem vezes maior.

O grandioso rugido do leão para “empenhar-se com coragem e


vigor”

No editorial que redigiu em janeiro de 1958, Josei Toda predisse


que grandes obstáculos incidiriam sobre a Soka Gakkai.
Conclamando seus preciosos companheiros que se levantassem
com fé corajosa, ele escreveu: “Por mais fortes que sejam os
inimigos, não se deve temer e nem ceder a eles. (...) Oro
sinceramente para que se empenhem com coragem e vigor na
grandiosa estrada do kosen-rufu”.2 Encerrando, salientou:

Repitam para si mesmos, dia e noite,


as palavras de Nichiren Daishonin,
“Não passem a vida em vão para
depois se arrependerem durante os
próximos dez mil anos” (CEND, v. I, p.
650), e se empenhem com uma fé que
se fortaleça amanhã, mais do que
hoje, o próximo mês, mais do que
esse, e o ano que vem, mais do que
neste. Esse deve ser o espírito
essencial de todos os seus esforços
para o plano deste ano e de toda a
vida. Comecem firmando uma sólida
decisão! Então, avancem com
coragem!3
Vamos agora corresponder ao grandioso rugido do leão de Toda
sensei e façamos a grandiosa energia vital que emana do
empenho corajoso e vigoroso despontar dentro de nós com a
radiância do sol da manhã!

Aos jovens que darão continuidade à missão pelo kosen-rufu


mundial

Gostaria de dedicar os próximos segmentos desta série, a partir


deste mês (janeiro de 2018), aos membros da nossa Divisão dos
Jovens (DJ), a quem confio plenamente o nosso movimento em
prol do kosen-rufu mundial. O que desejo com isso é compartilhar
ensinamentos sobre liderança humanística e sobre juventude
vitoriosa registrados nos escritos de Nichiren Daishonin.

O assunto desta primeira parte é coragem, cuja essência reside


no ensinamento budista de sempre “empenhar-se com coragem e
vigor”.

Vamos iniciar com uma passagem de Registro dos Ensinamentos


Transmitidos Oralmente (OTT).4

Trecho do escrito 1

Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente


Se num único momento da vida esgotarmos as dores e aflições
de milhões de kalpa,5 então, instante após instante surgirão em
nós os três corpos do buda6 com os quais somos eternamente
dotados. Nam-myoho-renge-kyo é exatamente essa prática
diligente. (OTT, p. 214)

Emergindo a livre condição do estado de buda em nosso íntimo

No capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, consta a


frase: “Para que possam buscar o caminho do buda com
constância e dedicação, dia e noite” (LSOC, cap. 15, p. 260).
Nesse trecho, o buda Shakyamuni, o mestre, louva os devotados
esforços dos incontáveis bodisatvas da terra,7 que são seus
discípulos, citando a razão de eles surgirem bailando da terra.

A passagem de Registro dos Ensinamentos Transmitidos


Oralmente que estamos estudando é uma interpretação de
Nichiren Daishonin sobre essas palavras do Sutra do Lótus.

Não obstante as tempestades de adversidades que possamos


enfrentar, devemos perseverar em nossa fé na Lei Mística,
dedicar-nos de corpo e alma à luta pelo kosen-rufu e continuar
trilhando o caminho supremo para uma vida de inigualável valor.
Nessa passagem, Daishonin nos assegura que, se fizermos isso,
ativaremos a condição de vida vasta e ilimitada do estado de
buda dentro de nós.

Uma passagem que deve ser lida pelos jovens Soka

Logo depois que ingressei na Soka Gakkai, Toda sensei me disse


rigorosamente ao se referir à passagem que estamos estudando:
“Grave essas palavras de Daishonin em sua vida. Os heróis da
Soka Gakkai nunca devem se esquecer delas”. É uma passagem
difícil de entender, mas como meu mestre me instruiu a gravá-la
em minha vida, eu estava profundamente determinado a
compreender totalmente seu significado.
Continuei lendo e refletindo sobre ela. Fiz isso durante o
implacável inverno de adversidades, inclusive quando os
negócios do presidente Josei Toda entraram em falência na
recessão do período pós-guerra, e trabalhei me empenhando ao
máximo para apoiar meu mestre e dar uma virada na situação. E
também no decorrer da Campanha de Osaka, de 1956,8 que
pavimentou o caminho para tornar possível o impossível. Orei e
me esforcei intensamente para romper as barreiras que se
erguiam diante de nós e vencer a cada momento.

Por meio desses esforços, reuni a “sabedoria da verdade que atua


de acordo com as circunstâncias mutáveis” (OTT, p. 10), rompi
todas as nuvens escuras que pairavam sobre nós e solenemente
hasteei alto a bandeira da vitória Soka.

Agora, gostaria de apresentar essa mesma passagem a vocês,


meus amados jovens de todo o mundo. Espero que gravem a
essência dessa frase em sua vida, que é una à minha, e deem
continuidade ao espírito invencível dos heróis Soka.

Este momento determina o futuro eterno

A frase “As dores e aflições de milhões de kalpa” (OTT, p. 214)


refere-se a árduos e dolorosos esforços por um tempo
inimaginavelmente longo. Podemos interpretar isso como
esforços sem fim. Entretanto, numa drástica ruptura com essa
visão, Nichiren Daishonin ensina que, quando recitamos Nam-
myoho-renge-kyo e propagamos a Lei Mística, com essas ações
“esgotamos as dores e aflições de milhões de kalpa” em cada
momento da vida; ou seja, concentramos o equivalente a milhões
de árduos esforços em cada momento da vida. O que isso nos
ensina, em última análise, é que se vencermos resolutamente
agora, neste exato momento, não há como não extinguirmos “as
dores e aflições de milhões de kalpa”.

Daishonin escreve: “O rei leão (...) sempre emprega força máxima


no ataque, independentemente da força de seu oponente” (CEND,
v. II, p. 307). Ele jamais refreia sua força desdenhando seu
oponente.
É fundamental, portanto, darmos tudo de nós, aproveitando cada
momento, recitando daimoku e continuando a agir com esforços
sinceros. Essa prática diligente corresponde a “empenhar-se com
coragem e vigor”, que é a própria essência da coragem.

“Empenhando-nos com coragem e vigor”, ativamos os “três


corpos do buda” de que somos eternamente dotados (OTT, p.
214) — ou seja, ativamos o manancial da compaixão e da
sabedoria do buda, a verdadeira força inata dentro da nossa vida.

A vibrante vida do “princípio místico da verdadeira causa”

Com relação à frase “Para que possam buscar o caminho do


buda com constância e dedicação, dia e noite” (LSOC, cap. 15, p.
260), no capítulo 15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus,
Nichiren Daishonin apresenta uma interpretação mais profunda.
Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, ele sugere
uma leitura alternativa: “O modo de buscar o caminho do buda
sempre foi com constância e dedicação, dia e noite” (OTT, p. 214).

Em outras palavras, por nos empenharmos diligentemente na


prática budista dia e noite, estamos cumprindo nosso juramento
do remoto passado. Prática diligente é o elemento-chave. Aqueles
que realizam a prática da fé desse modo, devotando-se ao kosen-
rufu, manifestam, instante a instante, os três corpos do buda com
os quais são eternamente dotados (cf. OTT, p. 214).

A decisão crucial de a própria pessoa continuar a recitar Nam-


myoho-renge-kyo e, ao mesmo tempo, ensinar os outros a fazer o
mesmo, independentemente do que aconteça, fundamenta-se
nesse espírito de “constância e dedicação”. Contanto que jamais
nos esqueçamos de recitar daimoku no decurso das
circunstâncias em constante mutação que compõem nossa vida,
a chama do espírito de buscar o caminho do buda se manterá
forte e continuará ardendo intensamente. Esse é o significado de
“este sempre foi o modo de buscar o caminho do buda” (Ibidem).
É a dinâmica condição de vida suscitada pelo espírito budista da
“verdadeira causa”9 — de sempre avançar a partir deste momento
— uma condição de vida sempre renovada, forte e dedicada. É o
que Daishonin quer dizer ao afirmar “Nam-myoho-renge-kyo é
exatamente essa prática diligente” (Ibidem).
Por que sempre pulsa na Soka Gakkai esse vibrante e abundante
ímpeto para o crescimento e o desenvolvimento? Porque os
membros da organização — homens, mulheres, jovens e idosos —
incorporam esse espírito de procura inabalável, e a coragem de
desafiar a própria revolução humana e de trabalhar pelo kosen-
rufu.

Heróis do povo que se desafiam vitoriosamente com coragem

Coragem não consiste apenas em agir com valentia. A coragem


budista agrega a sabedoria para “perceber o verdadeiro aspecto
da realidade”10 e triunfar sobre as adversidades.

Na vida, às vezes, nós nos deparamos com uma gama infinita de


desafios inesperados e adversidades assustadoras, que podem
assumir diversas formas como dificuldades financeiras,
problemas envolvendo relacionamento humano, doenças,
acidentes e até mesmo a maldade da morte. Há ocasiões em que
somos assolados pelas tempestades do carma que nos fazem
mergulhar nas profundezas do desespero. Mas, ao abrirmos os
olhos com a prática da fé e “percebermos o verdadeiro aspecto
da realidade”, vemos que todos possuem inerentemente uma
condição de vida indestrutível do estado de buda e que, ao
recitarmos Nam-myoho-renge-kyo, manifestamos a energia vital
do buda para superar os desafios e alcançar um estado de
genuína felicidade e realização.

Essa é a razão pela qual, na Soka Gakkai, vemos tantas histórias


de revolução humana se desenrolando a partir da postura dos
membros de encarar de cabeça erguida as diversas situações
que fazem parte da dura e amarga realidade de cada um.

Nossa organização irradia o brilho de incontáveis seres humanos


comuns, heróis do povo, que assumem desafios e vencem os
obstáculos da vida com bravura, sem autopiedade, medo ou
apreensão, recitando daimoku e lutando com afinco para alcançar
a vitória. No mundo inteiro, esses corajosos campeões da
transformação do destino e as rainhas da boa sorte e benefícios
de acordo com o princípio budista de “cerejeira, pessegueiro,
ameixeira e damasqueiro” (cf. OTT, p. 200) trabalham ativamente
em prol do kosen-rufu.
Cada um, sem exceção, é um bravo e nobre bodisatva da terra e
um devotado guerreiro na luta conjunta de mestre e discípulo.

Trecho do escrito 2

A Supremacia da Lei

O grande mestre Miaole11 afirmou: “Quanto mais forte a fé,


maior a proteção dos deuses”.12 Enquanto a pessoa mantiver
uma forte fé, certamente receberá grande proteção dos deuses.
Digo isso para o seu próprio bem. Sei que sua fé sempre foi
admirável, mas, agora, deve fortalecê-la mais do que nunca.
Somente assim, as dez filhas demônios [divindades protetoras
do budismo]13 a protegerão ainda mais. Não há necessidade de
ir longe para buscar um exemplo. Todos no Japão, do soberano
às pessoas comuns, já tentaram me prejudicar, porém, tenho
sobrevivido até hoje. Gostaria que compreendesse que, embora

eu esteja sozinho, isso se deve à minha forte fé.14 (CEND, v. I, p.


642)

Espírito de procura e perseverança no caminho de mestre e


discípulo

A seguir, examinemos a carta A Supremacia da Lei, que Daishonin


endereçou a Nichimyo, também citada em seus escritos como a
“mãe de Oto”.

Munida de profundo espírito de procura em relação aos


ensinamentos de Nichiren Daishonin, Nichimyo viajou da distante
Kamakura transpondo montanhas e mares para visitá-lo em seu
local de exílio na Ilha de Sado. Num período em que muitos
seguidores de Daishonin haviam abandonado a fé ante a
oposição e perseguição, essa mulher corajosa permaneceu fiel ao
caminho de mestre e discípulo. Em tributo à sua firme fé,
Daishonin concedeu-lhe o nome budista de venerável Nichimyo
(sol maravilhoso).15
Durante a existência de Daishonin, e hoje também, mulheres
corajosas de forte fé como Nichimyo vêm abrindo novos
caminhos para o kosen-rufu onde antes não havia nenhum. Os
esforços intrépidos de homens e mulheres comuns, que se
levantaram com o mesmo espírito do mestre de transmitir o
legado de fé às gerações futuras, transcenderam as fronteiras de
tempo e espaço e atualmente se estenderam aos amigos por
todo o mundo. É dessa forma que a propagação mundial da Lei
Mística vem ocorrendo.

Nichimyo se empenhava na prática budista com máxima


dedicação, e Daishonin estava plenamente ciente disso. Ela
continuava se esforçando em meio às adversidades carregando
sua pequena filha, Oto, e por essa razão ele a encoraja, dizendo:
“Sei que sua fé sempre foi admirável, mas, agora, deve fortalecê-
la mais do que nunca” (CEND, v. I, p. 642). Aquele era o momento
para Nichimyo despertar uma coragem ainda maior, mais
profunda e mais sólida, salienta Daishonin, assegurando que ela
superaria infalivelmente os problemas que estava enfrentando.

Aqueles que herdarão e darão continuidade a esse espírito


corajoso de “fortalecer a fé mais do que nunca” não são ninguém
senão os membros da Divisão dos Jovens, que incorporam o
princípio “do índigo, um azul ainda mais intenso” (cf. CEND, v. I, p.
478).

Heróis de forte fé que se levantam sós

Em A Supremacia da Lei, Nichiren Daishonin incentiva Nichimyo a


“fortalecer sua convicção mais do que nunca” (cf. CEND, v. I, p.
643). Dizendo-lhe que “Não há necessidade de ir longe para
buscar um exemplo” (CEND, v. I, p. 642), ele relata como suportou
e superou todos os tipos de perseguições e adversidades,
obtendo uma vitória triunfal. E afirma que, embora estivesse
completamente só, foi capaz de vencer todas as circunstâncias
porque possuía uma forte fé (cf. CEND, v. I, p. 642).
O oposto de uma fé forte ou corajosa é a covardia. Em outra parte
dessa carta, Daishonin escreve: “Nas batalhas, os soldados
consideram o general como a alma deles. Se o general perder a fé
em si mesmo, seus soldados se acovardarão” (CEND, v. I, p. 642).
O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi,
sublinhou com força essa passagem em seu exemplar dos
escritos de Nichiren Daishonin. Os líderes da Soka Gakkai
precisam ter coragem resoluta. Como diz um ditado japonês:
“Sob o comando de um bravo general, não há soldados covardes”.

Daishonin salienta reiteradamente a importância da coragem,


apontando: “Os discípulos de Nichiren nada poderão realizar se
forem covardes” (Ibidem, p. 503), e “Tenha uma profunda fé. Um
covarde não obtém resposta a nenhuma de suas orações” (CEND,
v. II, p. 267).

Coragem significa dominar o medo e a covardia e ter como base


uma fé profunda e resoluta. Esse é o caminho de um grande herói
na vida. Em outro escrito [As Perseguições ao Venerável],
Daishonin afirma:

Cada um dos senhores deve reunir a


coragem do rei leão e jamais sucumbir
às ameaças de ninguém. O rei leão
não teme outros animais, e da mesma
forma agem seus filhotes. Os
caluniadores são como raposas que
uivam, mas os seguidores de Nichiren
são como leões que rugem. (...)
Fortaleçam sua fé dia após dia e mês
após mês. Se enfraquecerem em sua
determinação, por pouco que seja, os
demônios se aproveitarão. (CEND, v. II,
p. 263)
Ele instiga seus discípulos a “jamais sucumbir às ameaças de
ninguém” (CEND, v. II, p. 263) — ou seja, a não temer ou não se
deixar intimidar por nada. O Sutra do Lótus descreve os
bodisatvas da terra da seguinte forma: “Sua mente desconhece o
medo” (LSOC, cap. 15, p. 263).

A pergunta que devemos nos fazer é: “Neste momento, temos


coragem no coração?”. Coragem é o requisito principal para uma
vida vitoriosa; é o âmago da liderança para vencermos a luta pelo
kosen-rufu.

Vencer a fraqueza interior com o rugido do leão do Nam-myoho-


renge-kyo

Coragem não é algo isolado de nosso cotidiano ou que está além


do nosso alcance. Ela reside dentro da nossa vida que expressa o
princípio da “possessão mútua dos dez mundos”.16 Qualquer um,
a despeito de idade ou gênero, pode evidenciar coragem.
Podemos vencer nossa fraqueza interior com o rugido do leão do
Nam-myoho-renge-kyo e tomar atitudes para superar as
limitações que impusemos a nós mesmos e que nos fazem
desistir ou nos contentar com menos do que poderíamos
conquistar. Além disso, quando nos empenhamos em dialogar,
movidos pelo desejo de concretizar nossa própria felicidade, bem
como a dos outros, estamos exercitando a compaixão.

Toda sensei dizia:

Como mortais comuns, é


normalmente difícil manifestarmos
compaixão, mas podemos substituir
compaixão por coragem. A coragem
de falar a verdade equivale à
compaixão. São dois lados da mesma
moeda, e o lado ‘cara’ da moeda é a
coragem.
A fé corajosa reflete a condição de vida do estado de buda. Os
mestres e discípulos Soka continuarão empreendendo
eternamente ações para vencer com a força da coragem.

Trilhar a estrada da convicção com base no espírito de mestre e


discípulo

Gostaria de compartilhar com vocês algumas palavras de


Mahatma Gandhi (1869–1948):

Se me dissessem que meu sonho


nunca se concretizaria, eu responderia
“talvez”, e seguiria meu caminho. Sou
um experiente soldado da não
violência, e tenho comprovações
suficientes para sustentar minha fé.
Portanto, tendo um amigo ou mais, ou
nenhum, devo prosseguir em meu
caminho.17
Essa mensagem profunda nos ensina que não existe um modo de
vida mais corajoso do que nos mantermos fiéis às nossas
convicções. Nós, da Soka Gakkai, estamos trilhando a grandiosa
estrada da convicção — com a certeza inabalável de que o nobre
ideal do kosen-rufu ocasionará a realização do sonho da paz
perene da humanidade e da verdadeira felicidade de todas as
pessoas.

A Soka Gakkai nasceu da relação de mestre e discípulo de duas


pessoas, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. O presidente
Makiguchi morreu na prisão em defesa de suas crenças, sob o
opressivo governo militarista do período da guerra. Toda sensei,
que também foi preso e, posteriormente, libertado, levantou-se só
em meio à devastação do Japão pós-guerra e declarou que o
tempo do kosen-rufu havia chegado.
Eu estava com 19 anos quando me tornei discípulo de Josei
Toda. E o apoiei com sinceridade e herdei integralmente seu
legado. Ao lado dos membros da organização, assumi o
juramento seigan de mestre e discípulo de fazer do kosen-rufu
mundial uma realidade.

A relação de mestre e discípulo entre os três primeiros


presidentes da Soka Gakkai sobrepujou tempestades de ódio e de
inveja mais intensas que as que ocorreram durante a existência
do Buda.18 Sem contar com poder, riqueza ou status, erguemos
alto a tocha da coragem e construímos uma grande rede
composta por pessoas comuns — seres humanos que
despertaram para sua missão como bodisatvas da terra — cujo
brilho resplandece magnificamente nos anais do budismo.

Mestre e discípulos Soka trilham o caminho da coragem


inigualável, que compõe a essência da fé para se atingir o estado
de buda nesta existência. É o caminho da coragem imortal
consagrado à concretização do kosen-rufu e do rissho ankoku.

Hoje, jovens emergidos da terra do mundo todo continuam a


edificar laços sólidos, avançando intrepidamente pela grande
estrada da coragem. Com certeza, os presidentes Tsunesaburo
Makiguchi e Josei Toda ficariam muito felizes de testemunhar
esse fato!

Construindo corajosamente a era dourada do kosen-rufu mundial

Ingressamos na extraordinária era dourada do kosen-rufu mundial,


na qual os membros da organização se empenham
dinamicamente em 192 países e territórios. Os mestres e
discípulos Soka conquistaram uma vitória incontestável.

Prossigamos avançando com incansável coragem! A coragem


suscita a decisão, a ação e a alegria; é a fonte da esperança. A
coragem rompe barreiras, abre novos caminhos e assegura a
vitória. E a coragem se alastra sempre produzindo mais coragem.

Meus queridos jovens amigos do mundo inteiro, manifestem


coragem a todo momento! Tenham uma coragem resoluta e
absoluta!
Agora é hora dos nossos membros emergidos da terra, que
incorporam o espírito jovem, se empenharem com coragem e
vigor! Com vibrante coragem, façamos reverberar o brado da
vitória de gloriosas conquistas em toda parte!

(Daibyakurenge, edição de janeiro de 2018)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do


Budismo (DEB) da BSGI

Notas:
1. Rugido do leão (simhanada, em sânscrito): Também descrito como o rugido de
um leão. A voz ou pregação de um buda. A voz ou pregação de um buda é
comparada ao rugido de um leão, porque prega a Lei sem medo, refuta doutrinas
errôneas e enche de admiração as pessoas que sustentavam tais doutrinas. A
palavra sânscrita simhanada é formada por simha (“leão”) e nada (“rugido”).
2. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei
Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. I, p. 282, 1981.
3. Ibidem.
4. Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente (OTT): Ensinamentos orais de
Nichiren Daishonin sobre o Sutra do Lótus, registrados e compilados por seu
discípulo e sucessor Nikko Shonin.
5. Kalpa: Período extremamente longo.
6. Os “três corpos do buda” indicam o corpo do Darma, o corpo da recompensa e o
corpo manifesto. O corpo do Darma é a verdade fundamental, ou a Lei, para a qual o
Buda se iluminou. O corpo da recompensa é a sabedoria para perceber a Lei. E o
corpo manifesto são as ações benevolentes que o Buda realiza para conduzir as
pessoas à felicidade.
7. Bodisatvas da terra: Referência aos inumeráveis bodisatvas descritos no capítulo
15, “Emergindo da Terra”, do Sutra do Lótus, aos quais Shakyamuni confia a tarefa de
propagar a Lei após a morte dele. No capítulo 21, “Os Poderes Sobrenaturais”, do
Sutra do Lótus, sob a liderança do bodisatva Práticas Superiores, eles firmam o
juramento de propagar o ensinamento budista no mundo saha na era maléfica dos
Últimos Dias da Lei.
8. Campanha de Osaka: Em maio de 1956, os membros de Kansai, Japão, unidos em
torno do jovem Daisaku Ikeda, que havia sido enviado para lá pelo segundo
presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, concretizaram a conversão de 11.111
famílias ao Budismo de Nichiren Daishonin. Nas eleições realizadas dois meses
depois, o candidato apoiado pela Soka Gakkai em Kansai conquistou uma cadeira na
Câmara Alta, um feito considerado absolutamente impossível na época.
9. “Verdadeira causa”: Também descrita como o princípio místico da verdadeira
causa. O Budismo Nichiren expõe diretamente a verdadeira causa para a iluminação
como o Nam-myoho-renge-kyo, que é a Lei da vida e do universo. Ensina um
caminho de prática budista que consiste em seguir sempre em frente deste
momento em diante e ultrapassar todos os problemas e dificuldades com base
nessa Lei fundamental.
10. Perceber o verdadeiro aspecto da realidade: Significa ver todas as coisas como
elas realmente são. O Sutra do Lótus afirma: “Aquele que Assim Chega [o Buda]
percebe o verdadeiro aspecto do mundo tríplice exatamente como é” (LSOC, cap.
16, p. 267). Percebendo claramente a realidade do mundo em que vivemos e
compreendendo a verdadeira natureza de todos os fenômenos, o Buda transmite a
sabedoria de sua iluminação para libertar todas as pessoas do sofrimento.
11. Miaole (711–782): Patriarca da escola Tiantai, na China. Ele é considerado o
restaurador da escola. Seus comentários sobre as três principais obras de Tiantai
denominam-se Anotações sobre “Profundo Significado do Sutra do Lótus”,
Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus” e Anotações sobre “Grande
Concentração e Discernimento”.
12. Anotações sobre “Grande Concentração e Discernimento”.
13. Dez filhas demônios: Demônios femininos descritos no capítulo 26, “Dharani”, do
Sutra do Lótus como as “filhas dos demônios rakshasa” ou as “dez filhas rakshasa”.
Elas prometem ao Buda que guardarão e protegerão os praticantes do sutra.
14. Escrito no oitavo mês de 1275, enquanto Nichiren Daishonin residia em Monte
Minobu.
15. Em Carta para a venerável Nichimyo, Daishonin escreve: “A senhora é a mais
notável devota do Sutra do Lótus. Por essa razão, tomando como exemplo o
bodisatva Jamais Desprezar, concedo-lhe o nome budista ‘venerável Nichimyo’”
(CEND, v. I, p. 342).

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