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Sumário Executivo de Medida Provisória

Medida Provisória nº 795, de 2017.


Publicação: DOU de 18 de agosto de 2017 (republicada em 21 de agosto
de 20171).
Ementa: Dispõe sobre o tratamento tributário das atividades de exploração
e de desenvolvimento de campo de petróleo ou de gás natural,
altera a Lei nº 9.481, de 13 de agosto de 1997, e a Lei nº 12.973,
de 13 de maio de 2014, e institui regime tributário especial para
as atividades de exploração, desenvolvimento e produção de
petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos.

Resumo das Disposições

A Medida Provisória (MPV) nº 795, de 17 de agosto de 2017, tem, segundo


a sua Exposição de Motivos (EM), o objetivo de “aprimorar a legislação tributária
aplicada às empresas do setor de petróleo estabelecendo regras claras de tributação,
dando segurança jurídica às empresas e à Administração Tributária e incentivando os
investimentos na indústria petrolífera no Brasil”. Para tanto, ela apresenta uma série
de medidas de ordem tributária.

Inicialmente, pelo art. 1º, na apuração do imposto sobre a renda (IRPJ) e da


Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das pessoas jurídicas que
exerçam as atividades de exploração e produção de jazidas de petróleo e de gás
natural, poderão ser integralmente deduzidas as importâncias aplicadas, em cada
período de apuração, nas atividades de exploração e produção de jazidas de petróleo e
de gás natural. Contudo, por seu § 1º, a MPV reitera o entendimento da Fazenda
Nacional segundo o qual os gastos aplicados nas atividades de desenvolvimento para

1
Para correção de erro material constante do inciso I do art. 10 (supressão da alínea “d”).
2

viabilizar a produção de campo de petróleo ou de gás natural são gastos pré-


operacionais, e como tal devem ser ativados, tornando-se despesas dedutíveis
somente após a aplicação de uma taxa de exaustão, que poderá ser acelerada até 31 de
dezembro de 2022 mediante a multiplicação pelo coeficiente 2,5. A exaustão
acelerada reduz o IRPJ e a CSLL devidos nos primeiros anos e posterga a tributação
para os anos seguintes, representando um alívio financeiro no período em que são
pagos os equipamentos ativados.

O art. 2º modifica os §§ 2º a 8º do art. 1º da Lei nº 9.481, de 13 de agosto


de 1997, para aperfeiçoar a sua redação e ampliar a definição de empresa vinculada a
pessoa jurídica prestadora do serviço.

Pelo novo § 9º do art. 1º da Lei nº 9.481, de 1997, a partir de 1º de janeiro


de 2018, a alíquota zero do imposto sobre a renda na fonte na hipótese dos
rendimentos auferidos no País, por residentes ou domiciliados no exterior, no caso de
receitas oriundas de execução simultânea de contrato de afretamento ou aluguel de
embarcações marítimas e de prestação de serviço, relacionados à exploração e
produção de petróleo ou gás natural, celebrados com pessoas jurídicas vinculadas
entre si, ficará limitada aos seguintes percentuais aplicados sobre o valor total dos
contratos, que corresponderiam ao valor do afretamento ou aluguel: (i) 70% quanto às
embarcações com sistemas flutuantes de produção ou armazenamento e descarga; (ii)
65% quanto às embarcações com sistema do tipo sonda para perfuração, completação
e manutenção de poços; e (iii) 50% quanto aos demais tipos de embarcações. A EM
assevera que a redução dos percentuais dispostos originalmente no § 2º busca
compatibilizá-los com aqueles adotados por outros países

Também são incluídos mais três parágrafos ao art. 1º da Lei nº 9.481, de 1997.
O § 10 excetua da redução prevista no § 9º as embarcações utilizadas na navegação de
3

apoio marítimo. O § 11 determina que no caso de execução simultânea de contratos de


afretamento ou aluguel de embarcações marítimas e de prestação de serviço relacionados
às atividades de transporte, movimentação, transferência, armazenamento e
regaseificação de gás natural liquefeito, celebrados entre pessoas jurídicas vinculadas
entre si, a redução a zero por cento da alíquota do imposto sobre a renda na fonte fica
limitada a 60% do valor total dos contratos. O § 12 prevê que a aplicação dos
percentuais estabelecidos nos § 2º e § 9º não acarreta a alteração da natureza e das
condições do contrato de afretamento ou aluguel para fins de incidência da CIDE-
Royalties2 e das Contribuições para o PIS/Pasep-Importação3 e da Cofins-Importação4.

O caput do art. 3º da MPV manda aplicar aos fatos geradores ocorridos até
31 de dezembro de 2014 o disposto nos §§ 2º e 12 do art. 1º da Lei nº 9.481, de 1997,
alterado e incluído, respectivamente, pela própria MPV, e possibilita ao contribuinte
interessado o pagamento, em janeiro de 2018, da diferença devida a título de imposto
sobre a renda na fonte, acrescida de juros de mora e com redução de 100% das multas
de mora e de ofício. Esse pagamento também pode ser realizado em até doze parcelas
mensais, iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira em 31 de janeiro de 2018 e as
demais, no último dia útil dos meses subsequentes. Assim, a MPV concede perdão
integral de acréscimos, exceto o encargo legal, à empresa que desistir das ações
administrativas e judiciais por ela intentadas e aceitar a aplicação a fatos geradores
anteriores à Lei nº 13.043, de 13 de novembro de 2014, dos percentuais de
segregação de contratos de afretamento e prestação de serviços (85%-15%, 80%-20%
e 65%-35%, respectivamente).

2
Lei nº 10.168, de 29 de dezembro de 2000.
3
Contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público incidente
na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços.
4
Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou
Serviços do Exterior.
4

A redação do § 3º do art. 77 da Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014, é


atualizada pelo art. 4º da MPV. Nesse sentido, a expressão “relacionados à prospecção
e exploração de petróleo e gás, em território brasileiro” existente na redação vigente é
substituída pela expressão “relacionados às fases de exploração e de produção de
petróleo e gás natural, no território brasileiro”. Também é fixada de forma expressa
(até 31 de dezembro de 2019) a data da vigência da sistemática que autoriza à pessoa
jurídica domiciliada no País, controladora ou coligada à outra domiciliada no exterior,
a não computar no lucro real e na base de cálculo da CSLL a parcela do lucro auferido
fora do País por sua controlada ou coligada correspondente às atividades de
afretamento por tempo ou casco nu, arrendamento mercantil operacional, aluguel,
empréstimo de bens ou prestação de serviços diretamente relacionados às fases de
exploração e de produção de petróleo e gás natural, no território brasileiro.

O art. 5º institui o regime especial de importação de bens cuja permanência


no País seja definitiva (em contraposição ao Repetro5, que é um regime de admissão
temporária) destinados às atividades de exploração, desenvolvimento e produção de
petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos para fatos geradores
ocorridos até 31 de julho de 2022. Fica suspensa a incidência do Imposto de
Importação (II), do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), da Contribuição
para o PIS/Pasep-Importação e da COFINS-Importação sobre bens constantes de
relação específica a ser elaborada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB),
que também deverá regulamentar o regime. Após o prazo de cinco anos contado do
registro da declaração de importação dos bens beneficiados, a suspensão será
convertida em isenção no caso do II e do IPI e em alíquota zero no caso da
Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da COFINS-Importação.
5
Regime Aduaneiro Especial de Exportação e de Importação de Bens Destinados às Atividades de Pesquisa e de
Lavra das Jazidas de Petróleo e de Gás Natural.
5

O art. 6º concede outro incentivo fiscal, também até 31 de julho de 2022,


consistente na suspensão do pagamento do II, do IPI, da Contribuição para o
PIS/Pasep e da COFINS incidentes na aquisição no mercado interno e na importação
de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem utilizados no
processo produtivo de produto final destinado à exploração, desenvolvimento e
produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos. Efetivada a
destinação do produto final, as suspensões se convertem em isenção (impostos) ou
alíquota zero (contribuições).

O art. 9º determina que o Poder Executivo, para atender a Lei de


Responsabilidade Fiscal6, deverá incluir o montante da renúncia fiscal decorrente da
MPV no demonstrativo que acompanhar o projeto de lei orçamentária anual, sob pena
de ineficácia dos incentivos ora sob comento.

Segundo o art. 10, a MPV tem vigência imediata, mas produzirá efeitos a
partir de 1º de janeiro de 2018 em relação aos arts. 1º, 2º, 5º (caput e § 1º a § 6º) e 6º
(caput e § 1º a § 9º). O art. 11 revoga o art. 12 do Decreto-Lei nº 62, de 21 de novembro
de 1966, que versa sobre a dedutibilidade, para efeito do lucro da Petrobras sujeito à
tributação, das importâncias aplicadas na prospecção e extração do petróleo cru.

Brasília, 21 de agosto de 2017.

Paulo Roberto Alonso Viegas Raphael Borges Leal de Souza


Consultor Legislativo Consultor Legislativo

6
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.

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