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Resenha Crítica " Adeus ao Trabalho"

Objetivo do livro é afirmar a centralidade do trabalho, enfatizar o papel central da classe


trabalhadora na transformação societal contemporânea.

Opositor as teses que indicam uma "crise da sociedade do trabalho", defende que a
sociedade do capital e sua lei de valor necessitam cada vez menos do trabalho estável e
cada vez mais das diversificadas formas de trabalho parcial ou part-time, terceirizados, que
são, em escala crescente, parte constitutiva do processo de produção capitalista.

O capital não pode eliminar o trabalho vivo do processo de criação de valores. Na atual fase
de acumulação flexível de capital, há uma acentuada transformação do trabalho vivo em
trabalho morto, dada a transferência de capacidade intelectual dentro de um processo de
objetivação das atividades cerebrais junto a maquinaria, transferência do saber cognitivo do
trabalhador para a maquina informatizada.

A partir da década de 1980 os países capitalistas avançados, sofreram um profunda


transformação no mundo do trabalho, mudanças na sua estrutura produtiva que afetaram
não apenas a materialidade da classe-que-vive-do-trabalho, mas sua subjetividade,
alterando sua forma de ser.

Ao longo do tempo os elementos básicos da produção fordista, eram dados pela produção
em massa de produtos homogêneos pelo controle de tempo e movimento pelo cronômetro
Taylorista, junto a produção em série fordista. característica de trabalho parcelado,
fragmentado em diferentes funções. Com a emergência de novos padrões de busca de
produtividade, por novas formas de adequação da produção á logica do mercado, vem
desenvolvendo sob a produção fordista a flexibilização na produção, pela "especialização
flexível".

Sabel e Piore um dos pioneirismo na apresentação da tese da "especialização flexível",


tendo especialmente na Terceira Itália a experiência mais concreta das novas formas
produtivas, articulando o desenvolvimento tecnológico e a desconcentração produtiva,
baseada nas pequenas e medias empresas.

A fragmentação do trabalho pode possibilitar ao capital tanto umas maior exploração, quanto
um maior controle da força de trabalho. Além do mais, podemos dizer que a acumulação
flexível não separa a classe operaria do setor de serviço. O que há é uma certa
"desindustrialização" causada pela transferência geográfica das fabricas, reverberando na
flexibilização do mercado de trabalho, redução do numero dos trabalhadores no setor fabril
e crescimento dos serviços via subcontratação, ocorrendo altos níveis de desemprego
estrutural e retrocesso na ação sindical.

Os desafios são muitos nessas novas formas de trabalho e emprego, o retrocesso na


atuação sindical, tendência a queda da taxa de sindicalização. Crise no movimento sindical
dada também pela dificuldade em aproximar os trabalhadores estáveis e os trabalhadores
terceirizados, subcontratados, temporários em um sindicalismo verticalizado característico
da produção fordista. Sindicatos com fortes tendências corporativista, procurando preservar
os interesses dos trabalhadores estáveis.

"A crise do movimento sindical se acentua com o desenvolvimento da individualização das


relações de trabalho; desregulamentação e flexibilização do mercado de trabalho; ação
ideológica e a capacidade de manipulação do capital. Os sindicatos além de fazerem frente
ao movimento do toyotismo necessitam abandonar a estrutura verticalizada pela
horizontalizada, avançar para além de uma ação defensiva e com isso auxiliar na busca de
um projeto que caminhe na direção da emancipação dos trabalhadores. Ricardo Antunes
coloca a possibilidade dos trabalhadores precários, parciais, temporários ou
subproletariados, virem a se constituir num sujeito social capaz de assumir ações mais
ousadas, buscando seu espaço, seus direitos e representações.
No quarto e último capítulo, o autor inicia explicitando que é absolutamente necessário
qualificar a dimensão quando se discute a questão da crise da sociedade de trabalho. Trata-
se do trabalho abstrato ou concreto? O primeiro sendo entendido como mais intelectualizado
o segundo com características artesanais. Se a crise é do trabalho abstrato, traduz a
redução do trabalho vivo e a ampliação do trabalho morto, indicado por Marx como tendência
do capitalismo. O trabalhador já não transforma objetos materiais diretamente, mas
supervisiona o processo produtivo em máquinas. Antunes faz questão de deixar claras
essas questões fundamentais, pois elas balizam as tarefas que devem ser realizadas pelos
trabalhadores na construção de seu futuro, para ele, a revolução de nossos dias é, desse
modo, uma revolução no e do trabalho. É uma revolução no trabalho na medida em que
deve necessariamente abolir o trabalho abstrato e instaurar uma sociedade fundada na auto-
atividade humana, no trabalho concreto que gera coisas socialmente úteis, no trabalho
social.
Porém, O autor pouco se refere aos impactos do capitalismo no segmento rural, ao papel
das instituições de ensino. Entre as diversas formas de desvalorização, o estágio
profissional não é mencionado. A prática de contratação de estágio é a mais nova
modalidade de precarização do trabalho, pois, contrata-se o estagiário como mão-de-obra
barata, deixando milhares de trabalhadores fora do mercado de trabalho. " ¹

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