Influência da Expansão do Solo na Obtenção dos Parâmetros
Geotécnicos Obtidos com Ensaios de Laboratório
Karyn Ferreira Antunes Ribeiro Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Cuiabá, Brasil, karyn.ribeiro@cba.ifmt.edu.br
Ilço Ribeiro Júnior
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Cuiabá, Brasil, ilco.ribeiro@cba.ifmt.edu.br
RESUMO: Este trabalho tem o objetivo apresentar o comportamento de um solo expansivo da
Baixada Cuiabana quando compactados. Este estudo consiste em comparar os métodos de obtenção dos parâmetros nos ensaios de compactação, que será influenciado pela expansão do solo. As amostras foram analisadas com inserção da água de compactação no ato do ensaio com e sem reúso de amostra e inserção de água com 24 horas de antecedência à compactação do material também com e sem reúso de amostra. Outro método estudado foi o comportamento do material com e sem secagem prévia nos ensaios de Limites de Atterberg e Granulometria. De uma forma geral, o solo expansivo da Baixada Cuiabana se mostra sensível ao tempo que a água é inserida no processo de ensaio, na curva de compactação do solo. Conhecer as características peculiares do solo com que se trabalha, e aplicar simplesmente a metodologia dos ensaios propostos pelas Normas Brasileiras nos ensaios de caracterização e compactação podem levar a obtenção de dados que não refletem a realidade do material. Para uma boa obtenção de parâmetros, é sempre viável tentar reproduzir no laboratório as mesmas condicionantes encontradas no campo.
PALAVRAS-CHAVE: Solo Saprolítico, Expansão e Compactação.
1 INTRODUÇÃO construções, provocando trincas ou ruínas.
A presença de solo expansivo tem causado Na Baixada Cuiabana os problemas mais constante preocupação entre pesquisadores e comuns dos solos são de expansão. A expansão profissionais que trabalham com obras ocorre em todo os tipo de obra de pequeno geotécnicas, pois o uso indiscriminado deste porte. material pode gerar enormes prejuízos a tais Os danos provocados por solos expansivos obras. Deste fato, resulta o interesse e a estão posicionados em terceiro lugar dentre as importância dos constantes trabalhos seis catástrofes naturais mais perigosas do relacionados a este assunto. Estes materiais mundo, sendo elas: terremotos, podem gerar instabilidades em taludes, subleito escorregamentos, solos expansivos, ciclones, de pavimentação, fundações de grandes furacões e enchentes. No Brasil solos estruturas, desabamento de túneis, devido, expansivos podem ser encontrados em diversas principalmente, a sua propriedade de regiões (VARGAS, 1989). expansibilidade, (FRAZÃO E GOULART, Para Pinto (2006), quando pequenas 1976; PEREIRA 2004). construções são feitas em solos expansivos, o Existe também uma dificuldade na efeito da impermeabilização do terreno pela compactação dos solos residuais de filito. Nas própria construção pode provocar uma elevação obras de grande movimentação de terra como do teor de umidade, pois, antes da construção, em construções de barragens e rodovias, a ocorria evaporação da água que ascendia por disponibilidade e a localização dos solos capilaridade. E o aumento de umidade pode adequados aos padrões tecnológicos são provocar expansões, que danificam as fundamentais no custo do empreendimento. Entretanto, esses materiais nem sempre se soloexpansivo, onde alguns métodos dúvidas encontram à distância ou em quantidade por serem empíricos. Segundo eles, um método economicamente viáveis. Para não onerar custos eficaz de identificação são as análises com o transporte, às vezes se resolve compactar mineralógicas da matéria argilosa, onde permite solos residuais (GUIMARÃES et al., 2003 apud um conhecimento profundo sobre o fenômeno RIBEIRO JÚNIOR, 2006). da expansão e permite um raciocínio científico Segundo Santos et al. (2003), os solos sobre o tratamento para a expansão com saprolíticos da Baixada Cuiabana apresentam diversos materiais. Estes ensaios podem ser de uma instabilidade entre a massa específica difração de raios-X, análises calorimétricas, aparente seca e o teor de umidade durante o espectropia por raios infravermelhos ou processo de compactação. A curva de microscopia eletrônica de varredura, como compactação destes solos apresenta não um demonstrados nas Figuras 1 e 2. pico, mas uma banda de pontos de máximos. Sendo assim é quase impossível determinar a umidade ótima para a compactação destes solos em campo.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Características dos Solos Expansivos
A expansão de um solo é a variação de volume
resultante da mudança de umidade ou sucção. Figura 1. Ensaio de microscopia eletrônica do solo Ferreira (1994) apud Ribeiro Júnior (2006), saprolítico de filito seco: + 3000 X. (FUTAI, 1995). alerta que é difícil identificar um solo expansivo, pois a expansão não depende unicamente das propriedades intrínsecas do solo, mas também das condições em que se encontram (teor de umidade e sucção) e das que são impostas (carregamento). O fenômeno de expansão dos solos é muito complexo, envolvendo um conjunto de fatores que influenciam e interagem entre si, tais como a composição das argilas (argilomineral) e fatores ambientais(clima da região, natureza do Figura 2. Ensaio de microscopia eletrônica do solo saprolítico de filito inundado: + 3000 X. (FUTAI, 1995). fluido, grau de saturação do solo). Segundo Pinto (2002) apud Ribeiro Júnior 2.2 Característica do Solo da Baixada (2006), os limites de Atterberg indicam a Cuiabana influência dos finos argilosos no comportamento do solo, isto porque eles têm se O solo utilizado para o estudo é o saprolítico mostrados muito úteis para identificação e resultante do intemperismo das rochas de filito classificação dos solos. O potencial de expansão apresentando xistosidade e estratificação. geralmente aumenta com o limite de liquidez e As características dos solos saprolíticos estão o índice de plasticidade. Quando se quer ter diretamente relacionadas com a rocha matriz. uma idéia sobre a atividade da fração argila, os Desta forma, as camadas podem variar de índices de Atterberg devem ser comparados algumas a várias dezenas de metros e diferentes com a fração argila presente. comportamentos e cores. Eles são identificados Segundo López et al. (1999) apud Ribeiro macroscopicamente por apresentarem manchas, Júnior (2006), retrata que existem vários xistosidades, vazios e outras características métodos para identificação de um inerentes à rocha matriz. Sua composição mineralógica é muito variada, sendo resultante do intemperismo da rocha, depende, portanto, do grau de alteração e do tipo de rocha, (FUTAI, 1999). Futai et al. (1998) e Ribeiro Junior (2006), estudando os solos residuais de filito da Baixada Cuiabana concluíram, que este solo têm minerais do tipo 2:1, sendo predominante a montmorilonita e a ilita, que são expansivos. Ribeiro Junior, (2005) estudou o solo saprolítico da Baixada Cuiabana e observou cerca de 25% de expansão volumétrica para a Figura 3. Curva de compactação do solo saprolítico de situação livre (sem carregamento). filito da Baixada Cuiabana. (Ribeiro Júnior, 2005). Futai et al. (1998) apud Ribeiro Júnior (2006), estudando os solos residuais de filito da 3 3 MATERIAIS E MÉTODOS Baixada Cuiabana concluíram, que este solo têm minerais do tipo 2:1, sendo predominante a 3.1 Material montmorilonita e a ilita, que são expansivos. Quando o solo estiver próximo à rocha matriz, o 3.1.1 Solo da Baixada Cuiabana índice de alteração diminui e a expansão acompanha esta tendência, pois ainda não se O solo estudado é classificado como residual e formou material expansivo. saprolítico, pois é originado pela decomposição Ribeiro Júnior (2005) apresenta anomalias da rocha local de filito. O material coletado era nas curvas de compactação dos solos da de coloração amarelada e a profundidade de 0,5 Baixada Cuiabana, obtidas sem reúso de m a 1,0 m. amostras e utilizando energia normal. A Figura 3 mostra tal anomalia, onde não é possível determinar os valores de peso específico seco (γd) e a umidade ótima (ωot). Entre W2 e W3 ocorre uma região quase horizontal com dois picos mais acentuados e outros menores. Entre estes dois picos maiores ocorre uma variação de cerca de 5% na umidade ótima. Pode-se associar esta instabilidade da curva de compactação à presença de argilominerais expansivos, que ao adsorver a água de compactação em sua camada, entra em Figura 5. Local da coleta de amostra de solo, AV. Miguel desequilíbrio elétrico-químico. Tais Sutil, próximo à entrada do Centro de Eventos do características também foram anteriormente Pantanal - Obra Construtora GMS. encontradas por Santos (2003). 3.2 Métodos
3.2.1 Ensaio de Atterberg
O limite de liquidez é a quantidade de umidade
do solo no qual o solo muda do estado líquido para o estado plástico, ou seja, perde a sua capacidade de fluir. O ensaio foi realizado segundo a NBR 6459 (1984), Solos - Determinação do limite de liquidez. Realizando de duas formas: com e sem secagem prévia. 3.2.2.2 Ensaio com inserção de água com 24 O limite de plasticidade é o teor de umidade horas de antecedência em que o solo passa do estado plástico para o Este método foi utilizado para verificar a semi-sólido, onde perde a capacidade de ser diferença entre os resultados obtidos pelo moldado. O ensaio foi realizado segundo a NBR método recomendado pela ABNT NBR- 7182 - 7180 (1984), Solos - Determinação do limite de Ensaio de Compactação e método que foi Plasticidade. Também foi realizado de duas desenvolvido para solos expansivos, onde a formas: com e sem secagem prévia. amostra ficou armazenada em sacos plásticos lacrados por 24h, já com a umidade de 3.2.2 Ensaio de Compactação compactação de cada ponto da curva, como mostra a Figura 6. Este procedimento foi Santos (2003), afirma que a compactação adotado para o solo poder se expandir antes de consiste no processo mecânico que, através de se compactado. Pelo método referendado pela uma aplicação repetida e rápida de cargas ao NBR 7182 (Figura 7), o solo expande durante o solo, conduz a uma diminuição do seu volume, processo de compactação, levando a curva a e, portanto, a uma diminuição do índice de obter anomalias devido à expansão. vazios e a um aumento do peso específico seco. Esta redução de volume é resultado, sobretudo, da expulsão de ar dos vazios do solo, não ocorrendo significativa alteração do teor em água nem alteração do volume das partículas sólidas durante a compactação. O ensaio de compactação foi realizado de acordo com a ABNT/NBR 7182/86, seguindo algumas modificações estabelecidas para tal procedimento. O ensaio de compactação foi realizado com e sem reúso de amostra. E também com e sem secagem prévia. Nas energias normal, intermediária e modificada. Figura 6. Solos armazenados em sacos plásticos. 3.2.2.1 Ensaio sem reúso do material
Os ensaios de compactação sem reúso de
amostras apontam pela experiência observada na bibliografia, que para solos saprolíticos, os resultados obtidos são mais próximos da realidade, sendo assim mais confiáveis. Quando o material é formado de partículas muito quebradiças, este procedimento é necessário para não descaracterizar o resultado, (PINTO, 2000). A desvantagem é sem dúvida a maior quantidade de material utilizado. Souza (1980) recomenda que quando uma amostra sofre degradação ou há dificuldade em adsorver água, deve-se usar sempre uma amostra sem reúso para cada ponto da curva de compactação. Figura 7. Ensaio de compactação em andamento. A norma Brasileira de ensaio de compactação prevê alternativas de ensaio sem 3.2.2.3 Ensaio sem secagem prévia do solo reúso do material quando as partículas são facilmente quebradiças. De acordo com Pìnto (2006), a experiência mostra que a pré-secagem da amostra influi nas propriedades do solo, além de dificultar a 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES posterior homogeneização da umidade incorporada. A influência da pré-secagem, para 4.1 Limites de Atterberg alguns solos, é considerável. A pré-secagem provoca, por exemplo: em solos argilosos de É apresentado na Figura 8, o gráfico do limite composição de gnaisse, umidades ótimas de liquidez (WL) do solo com e sem secagem menores e densidade secas máxima maiores. Os prévia. Para a amostra com secagem prévia, ensaios realizados sem a secagem prévia, como recomenda a ABNT, o Limite de portanto, são mais representativos Liquidez (WL) é de 31,2%. Já o limite de principalmente aos solos tropicais, mas a prática liquidez obtido com a amostra na umidade de corrente é fazer a pré-secagem, provavelmente campo, ou seja, sem secagem prévia, é de pela facilidade de padronizar os procedimentos 30,1%. Observa-se também que o coeficiente nos laboratórios, diminuindo o grau de angular das duas linhas de tendência (com e supervisão. sem secagem prévia) têm praticamente o mesmo valor. Este desempenho da curva aponta 3.2.3 Ensaio de Análise Granulométrica para a idéia que este solo com característica expansiva solo não modifica sua estrutura O ensaio de análise granulométrica do solo foi intermolecular de capacidade de adsorver água, executado segundo ABNT/NBR 7181/82. O mantendo-se na mesma proporção. O comportamento granulométrico do solo foi deslocamento da curva sem secagem prévia observado de quatro maneiras: para baixo indica apenas uma mudança no I. Sem secagem prévia e sem o uso de potencial inicial de adsorver água, totalmente defloculante, entendível, pois quanto menor o teor de II. Sem secagem prévia e com o uso de umidade inicial, maior é o potencial inicial de defloculante, adsorção de água pelos argilo-minerais. III. Com secagem prévia e sem uso de defloculante, IV. Com secagem prévia e com uso de defloculante. Esta medida foi adotada para quantificar o poder desagregador do defloculante e observar o seu comportamento perante as amostras com e sem secagem prévia. Molinero et al. (2003), estudaram a influência do defloculante químico na análise granulométrica dos solos do Distrito Federal e concluíram que o defloculante é um agente significativo na classificação dos solos. Além destes ensaios mencionados acima, Figura 8. Limite de liquidez com e sem secagem prévia. foram realizados mais cinco ensaios de granulometria com uso de defloculante com Segundo a Carta de Plasticidade de materiais das amostras advindas dos 5 pontos Casagrande apresentado na Figura 9, este solo é do ensaio de compactação com reúso de classificado como CL - Argila de baixa amostras e deixadas expandir por 24h em sacos compressibilidade. plásticos fechados com a umidade de compactação de cada ponto, com objetivo de verificar a modificação granulométrica significativa de cada ponto da curva de compactação, obtida pela quebra de grãos oriunda das repetidas energias aplicadas. amostras CDSS, CDCS, SDSS e SDCS não tiveram diferença granulométrica até atingirem o diâmetro de areia fina, ou seja, durante a etapa experimental do peneiramento grosso e fino. As discrepâncias granulométricas entre os estados da amostra começam na fase da sedimentação. Como já era de se esperar, ensaios sem uso do defloculante (SDSS e SDCS) assumem o mesmo tipo de comportamento, sendo que esta ausência do defloculante faz com que o solo não consiga quebrar os aglomerados de origem reliquiar, formados por partículas finas, assumindo, portanto, características de solo Figura 9. Carta de Plasticidade do solo saprolítico de granular. O Fato de termos nesta situação filito com e sem secagem prévia. amostras com e sem secagem prévia não alterou 4.2 Análise Granulométrica em muito seu comportamento, mostrando que, quando se tratam de amostras sem uso do Os comportamento granulométrico do solo foi defloculante, este é o que influencia com observado de quatro maneiras: generosidade no comportamento do solo. I. Com Defloculante Sem Secagem Prévia - As amostras com defloculante (CDSS e (CDSS) CDCS) obtiveram resultados na fase de II. Com Defloculante Com Secagem Prévia – sedimentação mais condizentes com sua (CDCS) verdadeira característica. Isso é devido à III. Sem Defloculante Sem Secagem Prévia – capacidade de desagregação do hexametafosfato (SDSS) (defloculante), como mencionado IV. Sem Defloculante Com Secagem Prévia anteriormente. Porém, Pinto (2006), diz que a – (SDCS) diferença de resultados mostra a importância do Na Figura 10 são apresentadas as curvas defloculante para a dispersão das partículas. No granulométricas do solo saprolítico de filito ensaio feito de acordo com a norma NBR-7181, com e sem secagem prévia e com e sem o uso as partículas sedimentam-se isoladamente, e do defloculante. O tamanho das partículas do podem-se detectar seus diâmetros equivalentes. solo foi classificado de acordo segundo a ABNT No ensaio sem defloculante, as partículas NBR 6502 (1985). agrupadas, como se encontram na natureza, sedimentaram-se mais rapidamente, indicando diâmetros maiores, que não são das partículas, mas das agregações. Para as amostras com uso do defloculante, é importante ainda analisar seu comportamento com e sem a secagem prévia. Ainda na Figura 10, pode-se verificar que a amostra sem secagem prévia (CDSS) obteve valores de finos (siltes e argilas) superiores a amostra com secagem prévia (CDCS). Este fato pode se dar pela amostra CDSS ter sucção inicial e coesão menor que a amostra CDCS por conta da diferença entre os teores de umidade no momento da preparação de amostras para a fase Figura 10. Curva Granulométrica dos solos com e sem secagem prévia e com e sem o uso de defloculante. da sedimentação.
Pode-se verificar na Figura 10, que as 4.3 Compactação
4.3.1 Influencia da energia
Para o estudo da influência da energia na
obtenção dos parâmetros oriundos do ensaio de compactação, optou-se por compactar as amostras nas energias normal, intermediária e modificada. Por conta da quebra da estrutura reliquiar vinda da matriz rochosa, optou-se por compactar sem a reutilização de amostras, necessitando assim, de uma quantidade maior de solo para tal experimento. Para estes ensaios, foram adicionadas as devidas quantidades de água para compactação de cada ponto da curva de próctor 24 horas antes do ensaio. Este Figura 11 - Curva de Compactação sem reúso com procedimento foi necessário para que os diferentes energias. resultados obtidos não fossem distorcidos pelo processo de expansão durante o ensaio de Para Santos (2003), a influência da energia compactação. De modo usual, e normatizado no processo de compactação passa então a ser pela ABNT NBR 7182/86, esta água seria fundamental. Ao se aumentar a energia de acrescida a amostra minutos antes do processo compactação a curva se aproxima do formato de aplicação da energia sobre o solo. tradicional, isso provavelmente se deve a Pode-se observar na Figura 11 que o redução do consumo de água no ensaio. comportamento do solo saprolítico de filito foi como o esperado e descrito por Pinto (2006). O 4.3.2 Influencia do reúso do material teor de umidade foi decrescente com a energia de compactação e o peso específico seco, Para o estudo da influência do reúso do crescente. As anomalias da curva de material, foram realizados quatro ensaios com e compactação para este solo, descritas por sem reúso, e com inserção de água no momento Santos (2003) e Ribeiro Junior (2005) não da compactação e com antecedência de 24 foram observadas, pelo fato destas anomalias horas. Os ensaios foram assim denominados: serem oriundas do processo expansivo durante o com reúso/ com 24h; com reúso/ sem 24h; sem ato da compactação, uma vez que a água fora reúso/ com 24h e sem reúso/ sem 24h. O acrescida instante antes a este processo. Para objetivo deste procedimento foi verificar este trabalho, acresceu-se a água de qualitativamente se o manuseio do material compactação com antecedência de 24 horas, pode ocasionar quebra de partículas. O fato de processo o qual eliminou em grande parte as estudar as amostras com inserção de água no anomalias na curva de compactação. momento da compactação e com antecedência de 24 horas, se dá na verificação da formação das anomalias já anteriormente descritas em relação ao reúso ou não das amostras. Ao analisar a Figura 12 é possível confirmar o que Santos (2003), diz sobre a compactação com reúso de amostras, que geram curvas mais achatadas, isto é, o manuseio das amostras muda o comportamento do solo. Entretanto, estas alterações indicam que o solo continua a sofrer influências da possível adsorção inicial de água e pela mineralogia. Segundo Lee & Suedkamp (1972) apud Araújo (1996), conhecendo-se os minerais e os argilo- comportamento granular, independente da minerais que compõem o solo, pode-se melhor amostra ser seca ou não previamente. entender a forma das curvas quanto à As amostras com defloculante (CDSS e compactação, pois se esse fenômeno não está CDCS) obtiveram resultados na fase de totalmente entendido e há várias teorias para sedimentação mais condizentes com sua explicá-lo. A mistura de água com o solo, o verdadeira característica. A amostra sem tempo entre o preparo da amostra e o ensaio e o secagem prévia (CDSS) obteve valores de finos operador podem ser condicionantes na superiores a amostra com secagem prévia. dispersão dos pontos. O estudo da influência da energia na As amostras com e sem reúso que receberam compactação obteve teor de umidade água no momento da compactação obtiveram decrescente com a mesma e o peso específico um coeficiente angular no ramo seco e no ramo seco, crescente. As anomalias da curva de úmido, muito alto, fato que pode ser explicado compactação não foram observadas, pois pela grande energia liberada no momento inicial acrescentou-se a água de compactação com da adsorção de água. As amostras com e sem antecedência de 24 horas, processo o qual reúso que tiveram a oportunidade de receber a eliminou em grande parte as anomalias na curva água de compactação com antecedência de 24 de compactação. horas, tiveram seu ramo seco bem mais suave, Para o estudo da influência do reúso do sendo que as umidades ótimas obtidas muito material, pode-se confirmar que a compactação próximas, tanto para a amostra com reúso, com reúso de amostras geram curvas mais quanto para a sem reúso. achatadas, isto é, o manuseio das amostras muda o comportamento do solo. As amostras com e sem reúso que receberam água no momento da compactação obtiveram um coeficiente angular no ramo seco e no ramo úmido, relativamente alto, fato que pode ser explicado pela grande energia liberada no momento inicial da adsorção de água. As amostras com e sem reúso que tiveram a oportunidade de receber a água de compactação com antecedência de 24 horas, tiveram seu ramo seco bem mais suave, sendo que as umidades ótimas obtidas muito próximas, tanto para a amostra com reúso, quanto para a sem Figura 12. Curva de Compactação com e sem reúso, reúso. acrescentando água no momento e com antecedência de Recomenda-se o mínimo de esforço 24 horas. mecânico nos ensaios, pois alguns solos saprolíticos podem ter sua granulometria 5 CONCLUSÃO alterada devido à quebra de grãos durante as etapas de destorroamento e lavagem das O limite de plasticidade (WP) do solo com e amostras. sem secagem prévia diferiram também cerca de Conhecer as características peculiares do solo 1%, obtendo assim, iguais IP’s, ou seja, mesmo com que se trabalha, e aplicar simplesmente a tamanho de região plástica. metodologia dos ensaios propostos pelas As amostras CDSS, CDCS, SDSS e SDCS Normas Brasileiras nos ensaios de não tiveram diferença granulométrica até caracterização e compactação podem levar a atingirem o diâmetro de areia fina, mas houve obtenção de dados que não refletem a realidade na fase de sedimentação. do material. Para uma boa obtenção de Ensaios sem uso do defloculante (SDSS e parâmetros, é sempre viável tentar reproduzir SDCS) assumem o mesmo tipo de no laboratório as mesmas condicionantes encontradas no campo. Campinas Grande, 2003.
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