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go penal.
Editoração Eletrônica
Adilma Menezes
Revisão
Mariléia Silva dos Reis
Capa
Carlos Magno Gomes
CDU 821.134.3:372.41
Agnaldo Almeida1
1 Doutorando em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: agn.
al@hotmail.com
2 Marcamos a expressão norma culta entre aspas porque a diferenciamos da noção de nor-
ma-padrão. Enquanto as normas cultas (no plural) dizem respeito às variantes utilizadas por
falantes com nível superior completo e residentes em centros urbanos, a norma-padrão refere-
-se a uma língua modelo (unitária e imaginária), que não é falada e escrita nem mesmo pelos
falantes considerados “cultos” em todas as suas práticas sociais. Ou seja, ambas não coincidem
necessariamente e, assim, não podem ser, a nosso ver, tomadas como sinônimos.
190 na sufixal, além dos latinos e gregos, há listas de sufixos ibéricos, ita-
lianos e germânicos. Esses dois tipos de formação são o ponto de
partida para seguir pelos meandros da derivação parassintética e re-
Agnaldo Almeida
APONTAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
5 A polêmica foi instaurada pela exemplificação das variantes populares nas páginas do manual
didático. A mídia, em larga escala, acusou o livro (e, consequentemente, os seus autores e o
próprio MEC) de promover um desserviço à sociedade, visto que não consideraria “errados”
enunciados como “nós pega o peixe”. Sobre essa questão remetemos os leitores ao artigo de
nossa autoria intitulado A construção de imagens da língua portuguesa na mídia: um olhar discur-
sivo (Texto livre, Ano: 2013 – Volume: 6 – Número: 2), disponível em: <http://www.periodicos.
letras.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/5030/7231>. Acesso em 30 nov. 2017.
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“É preciso que se reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualida-
des e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos que
Agnaldo Almeida
Seria preciso, então, entrar nas discursividades da “língua culta” (e, acreditamos, no
domínio da escrita) para se tornar um sujeito pensante e racional (e não somente
um sujeito falante). Isso nos leva a crer que, retomando a distinção entre língua
imaginária e língua fluida proposta por Orlandi (2008), a norma-padrão (“língua
culta”) é uma língua imaginária, ou seja, ideal, sem o movimento de mudanças,
já que a manutenção de uma unidade (sempre imaginária) lhe é imprescindível.
Segundo a autora, a língua fluida está em processo de mudança contínua, já “os
modelos de sistematização, fundados nos estudos linguísticos (gramaticais), pro-
duzem suas obras, objetos-ficção não contextualizados, que chamamos línguas
imaginárias: línguas-sistemas, normas, coerções, línguas-instituições, a-históricas”
(ORLANDI, 2008, p. 87).
6 Citamos, por exemplo, a instauração do Diretório do Índios pelo Marquês de Pombal que de-
cretou o fim do ensino da e na língua geral, em prol do ensino exclusivo da Língua Portuguesa
no Brasil em meados do século XVIII.
198 língua geral. Então, como enfatiza Orlandi (2008), a própria coleta de
dados sobre as línguas indígenas e a forma de apresentá-los contri-
buem para a construção de imagens de uma língua imóvel em rela-
Agnaldo Almeida
“Sempre se vai para a escola para se ascender a posição melhor. A própria palavra
educar, que é formada pelo prefixo latino edu, quer dizer conduzir. Então, o papel
da educação é justamente tirar a pessoa do ambiente estreito em que vive para
alcançar uma situação melhor na sociedade. Essa ascensão social não vai exigir só
um novo padrão de língua, vai exigir também um novo padrão de comportamento
social” (Último Segundo, 2011).
Se o aluno vem para a escola, é porque ele pretende uma ascensão social. Se ele
pretende essa ascensão social, ele precisa levar nessa ascensão um novo tipo de va-
riante. Não é uma variante melhor ou pior. Mas é a variante que lhe vai ser exigida
neste momento de ascensão social (Último Segundo, 2011).
REFERÊNCIAS