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A Responsabilidade do Mestre

21/05/2016 - 14h03

Ser mestre é não se considerar juiz dos defeitos e erros dos outros mas saber
compreender e perdoar.
O grau de Mestre - No simbolismo maçônico, o Grau de Mestre representa o Outono da
vida, estação em que o Sol termina o seu curso e morre para renascer de suas cinzas; é a época
em que o homem recolhe os frutos do seu trabalho e de seus estudos. É o emblema que indica
a compreensão das lições de Moral que a vida ensina e a experiência que se alcança.
É somente a partir deste Grau que o membro de qualquer Rito Maçônico é considerado
como um Maçom real (um “construtor”).
Ser Mestre – Ser mestre significa ser Mestre de si mesmo, trabalhar com inteligência e
força de vontade em seu próprio aperfeiçoamento, tendo sempre em mente o fato de que
nada mais somos do que simples Aprendizes no Grande Mistério, mesmo que nos
denominemos Mestres.
Ser Mestre é ser bom, humano e benevolente para com todos, sem preferência de raças
nem de crenças, porque vê Irmãos em todos os homens.

Ser Mestre é aceitar que não nos pertencemos, mas à coletividade, e que por isso
mesmo nossa inteligência e nossa vontade devem estar sempre a serviço dessa
coletividade.Ser Mestre é acender luzes pelo caminho por onde passa; luzes de amizades e
sabedoria, de bondade e justiça, de harmonia e compreensão, de solidariedade e fraternidade.
Ser Mestre é lembrar que o tempo, a paciência e a perseverânça podem realizar
qualquer coisa. Todos os seus esforços tendem a poder dizer a si mesmo no dia de amanhã,
que há nele alguma coisa de melhor do que na véspera.
Ser Mestre é jamais esquecer sua obrigação dos estudos, das pesquisas e, sobretudo, da
meditação, exercício sagrado para a sedimentação do conhecimento, na busca incessante da
palavra perdida, o grande segredo da Maçonaria.
Ser Mestre é saber aceitar um conselho, para ser ajudado. Ser Mestre é retribuir com
ternura aos que o odeiam.

Ser Mestre é não se comprazer em procurar os defeitos alheios, nem em colocá-los em


evidência. Se a necessidade a isso o obriga, procura sempre o bem que pode atenuar o
mal. Ser Mestre, afinal, é ser perfeito nas mínimas realizações.
Esta não é a enumeração de todas as qualidades que distinguém o Mestre Maçom, mas
todo aquele que se esforce em possuí-las, está no caminho que conduz a todas as outras.
O Poder - Pelo conhecimento, o Mestre disporá de quatro palavras mágicas que são: o
Querer que se transformou em Saber, o Saber que o levou a Ousar numa hora aguda, e o
Silêncio contemplativo, que o fez Calar no momento preciso. A sábia conjugação destas quatro
palavras amalgamou-se em uma quinta denominada Poder. Por isso, um Mestre não condena
nem elogia. Ele contempla o seu Poder, pelo conhecimento dos Cinco Pontos da Perfeição que
são: pé com pé, para indicar que o Mestre Maçom sairá de seu trajeto, até, se necessário, para
dar assistência a um Irmão merecedor; joelho com joelho, como lembrete de que, em suas
orações ao Todo-Poderoso, o Mestre Maçom se lembre do bem-estar de seus Irmãos, assim
como do seu próprio; peito com peito, como garantia de que cada Mestre Maçom manterá em
seu próprio peito todos os segredos de um Irmão quando estes lhe forem contados, exceto
assassinato e traição; mão nas costas, porque um Mestre Maçom sempre estará pronto para
estender a mão para apoiar o Irmão e defender seu caráter e reputação em suas costas, assim
como diante de seu rosto; e boca no ouvido, porque um Mestre Maçom tentará prevenir e dar
bons conselhos a um Irmão pecador de maneira mais amigável possível, apontando seus erros
e dando-lhe recomendações adequadas para que ele possa se afastar do perigo.

A distância, pela contemplação, procura compreender e aceitar os erros alheios. Intuirá


que eles pertencem à essência da natureza humana, e como humano que é, aproveitará erros
e acertos dos outros, para em si, como forma de ensinamentos, adotar o que suponha ser
Virtude e abolir o que possa ser Vício. Vale a pena novamente repetir: por esses cinco pontos,
o Mestre procurará se mostrar ao próximo e aos pósteros, como um espelho, refletindo o que
de melhor encontrar, nessa sua busca da perfeição.
A Vida e a Morte - O objetivo do Mestre é dar-se conta das opiniões e da conduta de
todos os assuntos graves e sérios. Saber distinguir entre as palavras “Vida” e “Morte”.
A vida é um dos temas mais importantes oferecidos ao estudo do Maçom. As três fases
da vida de um homem – infância, virilidade e velhice – têm sido simbolizadas pela Maçonaria
que, através da Iniciação, conduz os seus adeptos à compreensão metafísica da Vida. Por isso,
no terceiro Grau, a Vida foi simbolizada pelo túmulo de Hiram.
Na Maçonaria, quase todos os sistemas maçônicos consagram à Morte uma parte da
instrução de seus Graus. A Morte, que constitui a base dos estudos do Grau 3 do simbolismo, é
representada em muitos Simbolos Maçônicos a fim de induzir a alma do Iniciado a meditar
sobre o seu destino e a tirar lições que contribuem para ele refrear as suas paixões.
Os Trabalhos no Grau de Mestre têm por objetivo mostrar, pelo estudo da vida e da
morte, que a inteligência é a única coisa que constitui o homem, e para conservá-la em toda a
sua integridade, torna-se necessário resistirmos sempre e com todas as nossas forças aos
ataques mortais da ignorância, da Hipocrisia e da Ambição.
O Mestre deve ser um todo harmonioso. É a meta que deve procurar todo o Maçom. É o
mérito do Iniciado de ter atingido este desenvolvimento que o constitui dentro da verdade
como um ser intelectual e moral apto a servir de base a este Grau superior de vida e de
participação na vida superior. Tudo isso, o Mestre aprende. É a razão pela qual a Loja
do Mestre Maçom é conhecida como o Sanctum Sanctorum da Maçonaria. Sendo a mais
sagrada das três partes do Templo, foi considerada o Símbolo de uma Loja de Mestres (Câmara
do Meio), na qual são realizados os mais sagrados Ritos Iniciáticos da Maçonaria.
O terceiro Grau de Iniciação Maçônica é o complemento necessário dos dois primeiros.
Se não existisse, a cumeeira do edifício faltaria e a Maçonaria Especulativa não seria outra
coisa senão uma irrisória caricatura da Maçonaria Operativa.
O Mestrado conduz a novas sínteses. O Aprendiz dedicou-se ao trabalho material, ao
desbaste da Pedra Bruta. O Companheiro ao trabalho intelectual que implica a realização da
“Pedra cúbica”. Ao Mestre, não pode ser atribuído senão o trabalho espiritual. A sua missão é
derramar a luz e reunir o que está esparso.
Acácia – É uma árvore com espinhos da família das leguminosas, que floresce próximo a
Jerusalém, cresce na orla dos desertos ou em países quentes. Muito freqüentemente usada
como emblema maçônico. O ramo que, segundo a lenda de Hiram, foi colocado na cabeceira
do túmulo doMestre. Por ser sempre verde, a acácia é considerada como símbolo da
imortalidade.
Desde a alta antiguidade, a acácia foi considerada, como árvore sagrada. Moisés ordenou
que dela se fabricassem o Tabernáculo, a Arca da Aliança, a Mesa dos Pães de proposição e o
restante dos adornos sagrados. Isto explica porque os primeiros Maçons, que foram buscar
quase todo o seu simbolísmo na Bíblia, adotassem a acácia como planta sagrada e a
transformassem em símbolo de uma importante verdade moral e religiosa, consagrando-a nas
cerimônias maçônicas iniciáticas. A sua madeira teve sempre reputação de incorruptível, como
a do carvalho, que é também um emblema simbólico.
A acácia é também considerada sagrada pelos Maçons que nela simbolizam a
imortalidade da alma, a inocência, a incorruptibilidade, além de transformá-la em emblema da
Iniciação. É por eles empregada nas cerimônias fúnebres como símbolo da tristeza, mas
também de prudência, da qual é a recompensa.
Euforia e tristeza - O que deverá sentir um verdadeiro Mestre ao contemplar em Loja as
lacunas deixadas por aqueles Aprendizes e Companheiros que um dia, cheios de entusiasmo,
aqui chegaram e num outro dia desertaram?
Procurando matizar essa sequência de ideias com as cores sombrias de uma realidade
que nos preocupa, falamos da euforia que sentimos nas frequentes sessões magnas de
Iniciações a que assistimos e, tempos depois, da triste constatação da ausência de muitos
daqueles Aprendizes desertando dos seus assentos na Coluna da Força e de alguns
Companheiros deixando de reforçar a Coluna da Beleza. Aludimos também aos Mestres que,
com pouco tempo da Exaltação, sem um pedido formal ou qualquer satisfação, nunca mais
aparecem na loja; e convém não esquecermos daqueles Irmãos que, cingidos com o Avental
de Mestre e julgando-se “donos da Verdade”, só aparecem na loja nos dias de festas e à vezes
até aproveitam essas oportunidades para discursarem palavras inflamadas de críticas
apaixonadas e violentas, distribuindo “sábios conselhos”.
Infelizmente, essas cores sombrias são uma constante em tantas Lojas...
A responsabilidade do Mestre - Pensando na redobrada responsabilidade da Exaltação, já
que podemos entender o Mestre como aquele que ensina como guia, como exemplo e,
naturalmente, como aquele que na prática do método iniciático, estuda as suas próprias
imperfeições e trabalha, sem cessar, em combatê-las burilando a mente, tornando-a mais
aberta e predisposta para estudar e assimilar novos conhecimentos. Lembremos que é no
trabalho profícuo que exalta as virtudes dos seus Mestres, dentro e fora da Loja, que se baseia
o sucesso da atuação da Maçonaria.
Se a ordem social colocou homens sob sua dependência, o Mestre Maçom os trata com
bondade e benevolência, porque são seus iguais perante o Criador, usa de sua autoridade para
erguer-lhes o moral e não para esmagá-los com o seu orgulho; evita tudo o que poderia tornar
sua posição subalterna mais penosa.

Como subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o
escrúpulo em cumpri-los conscienciosamente.
Assim, em todas as Lojas os AApr.’. e os CComp.’. estarão sempre olhando para os
MM.’..
Nessa ordem de idéias, julgamos válida a preocupação que sentimos visitando uma Loja,
ao saber que o Ex-Venerável ou Past Master Imediato (último Venerável) desertou após a
passagem do malhete sem cumprir a honrosa missão de atuar como assessor e conselheiro
experimentado de seu sucessor.
Concluindo – Não se deve esquecer que o Mestrado não é um dom. É uma conquista. É a
vitória do homem sobre si mesmo. O Mestre deve se esforçar para enxotar o velho homem,
isto é, por eliminar paciente, mas definitivamente, todos os erros, as antíteses, as contradições
de costumes e usos de nossa civilização, a fim de edificar sobre um terreno novo o ser superior
que o colocará em comunicação com as regiões de igual natureza.
O Mestre não deve esquecer que, em sua ascensão para a espiritualidade, o pensamento
é uma força soberana, mas que deve ser guiada com bom senso e lógica. Convém ter sempre
no espírito a meta a atingir e concentrar os seus desejos, os seus pensamentos e os seus atos
para um mesmo ponto de vista dirigido com amor para uma ordem de coisas, mais perfeita,
para as múltiplas definições do Bem, do Belo e do Verdadeiro.
Além disso, respeita em seus semelhantes todos os direitos dados pelas leis da Natureza,
como gostaria que os seus fossem respeitados. Promete e jura que sempre lembrará de seu
Irmão MestreMaçom quando estiver ajoelhado oferecendo sua devoção a Deus Todo
Poderoso.

E não posso parar na senda do progresso e da perfeição, porque “A A.’.M.`.E.`.C.`.”.

Fonte de Consultas: Grande Dicionário Enciclopédico de


Maçonaria e Simbologia – Nicola Aslan...

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