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Educação Unisinos

18(1):13-24, janeiro/abril 2014


© 2014 by Unisinos - doi: 10.4013/edu.2014.181.02

Neurociências e os processos educativos:


um saber necessário na formação de professores

Neuroscience and educational processes:


A necessary knowledge in teacher training

Gilberto Gonçalves de Oliveira


gilberto.oliveira@uniube.br

Resumo: A educação ganha importância inusitada, neste momento, quando se comprova que as
estratégias pedagógicas utilizadas no processo ensino-aprendizagem são eficientes na reorganização
do sistema nervoso em desenvolvimento, produzindo novos comportamentos. É neste contexto
que se desenvolveu esta pesquisa com o objetivo de elucidar as contribuições diretas e indiretas
da neurociência para a formação de professores. É um estudo bibliográfico realizado a partir de
aportes teóricos de autores do campo da neurociência e da formação de professores, tais como:
Bartoszeck (2007), Rose (2006), Hardiman e Denckla (2009), Scorza et al. (2005), Rato e Caldas
(2010), Goswami (2006), Noronha (2008), dentre outros. A metodologia empregada foi o diálogo
hermenêutico nos moldes propostos por Gadamer (1997), como abordagem compreensiva de
saberes relacionais. Num primeiro momento, foram elencados autores cujos escritos se relacionam
com a neurociência. Em um segundo momento, reunira-se autores que trataram da formação
docente e, em um terceiro momento, realizou-se a confluência entre tais escritos com o propósito
de associar os conhecimentos neurocientíficos de modo a direcioná-los como subsídios a serem
empregados na área de formação de professores. A partir deste estudo, podemos apresentar
algumas conclusões: a aprendizagem é decorrência da neuroplasticidade; o cérebro humano não
finaliza seu desenvolvimento, mas reestrutura-se, reorganiza-se constantemente. Ideias novas
sobre a cognição e o desenvolvimento podem dar novas direções para a educação.

Palavras-chave: neurociência, aprendizagem, educação, formação de professores.

Abstract: Education is gaining an unusual importance at this time, when there is evidence that
the teaching strategies used in the teaching-learning process are efficient in the reorganization of
the developing nervous system, producing new behaviors. It is in this context that this study was
conducted in order to elucidate the direct and indirect contributions of neuroscience to teacher
training. It is a bibliographic study on theoretical contributions by authors of the field of neuroscience
and teacher training, such as: Bartoszeck (2007), Rose (2006), Hardiman and Denckla (2009),
Scorza et al. (2005), Rato and Caldas (2010), Goswami (2006) and Noronha (2008), among others.
The methodology used was the hermeneutic dialogue as proposed by Gadamer (1997), as it is a
comprehensive approach to relational knowledge. At first the article lists authors whose writings
relate to neuroscience. In a second step, it discusses authors who have dealt with teacher training.
Finally it brings these writings together with the purpose of linking the insights from neuroscientific
research and treating them as contributions to the area of teacher training. On the basis of this
study, some conclusions are presented: learning is a result of neuroplasticity, the human brain does
not finish its development, but restructures, reorganizes itself constantly, and new ideas about
cognition and development may provide new directions for education.

Keywords: neuroscience, learning, education, teacher training.


Gilberto Gonçalves de Oliveira

Introdução atuais certamente tem a contribuição para um campo restrito da ciência.


da neurociência. Assim, a neurociência se integra
Este artigo é fruto de uma pesquisa É um estudo teórico, nos moldes a outras ciências numa rede que
elaborada com a contribuição de edu- do que diz Amaral (2002, p. 14): amplia as informações e constrói
cadores a partir de minha formação “Teoria, aqui bem entendida, como um conhecimento que parece não
acadêmica de origem médica, como uma forma de ‘pensar mais’ sobre se esgotar. O termo neurociência se
neurologista. Foi a partir de um ques- um determinado tema, para além da difunde como um conceito transdis-
tionamento surgido em sala de aula maneira como o mesmo vem sendo ciplinar ao reunir diversas áreas de
do curso de Pedagogia da Uniube pensado, discutido e analisado de conhecimento no estudo do cérebro
que se delineou o tema da pesquisa. forma dominante ao longo dos anos”. humano. As dificuldades decorrentes
O conteúdo – Aspectos neurológicos A tentativa de aproximar e entre- de campos diversos de conhecimen-
da aprendizagem – foi questionado: laçar conhecimentos desenvolvidos to, neurociência e educação, diluem-
é necessário que o pedagogo estude em diversas áreas sobre as dimen- se na medida em que cada um se
este conteúdo em sua formação? sões do cérebro humano e a aprendi- apropria das terminologias do outro
O objetivo deste estudo é a cons- zagem exige uma abordagem herme- e buscam um novo conhecimento.
trução de uma resposta, ainda que nêutica. Especificamente, a pesquisa A neurociência se constitui como
provisória, mas sustentada pela se desenvolveu numa concepção da a ciência do cérebro e a educação
pesquisa científica, que demonstre hermenêutica filosófica defendida como ciência do ensino e da apren-
a importância da contribuição da por Gadamer (1997), como arte da dizagem e ambas têm uma relação de
neurociência para a formação inicial compreensão do outro e de se tornar proximidade porque o cérebro tem
e ao longo da vida do professor. compreensível pelo outro. uma significância no processo de
As pesquisas abordando aspectos Palmer (1968) propõe a herme- aprendizagem da pessoa. Verdadeiro
da neurociência relativos à educação nêutica como o estudo do conheci- seria, também, afirmar o inverso:
têm procurado construir um espaço mento como encontro histórico que que a aprendizagem interessa dire-
comum e familiar aos pesquisadores depende da experiência pessoal de tamente o cérebro. Rato e Caldas
de uma e outra área. Muitas pesqui- quem está no mundo e ultrapassa (2010, p. 627) afirmam que:
sas deverão acontecer no ambiente o conceito de interpretação textual.
de sala de aula, de escola através do Segundo ele (1968, p. 20), “A in- Embora a ideia de que a investigação
professor, com sugestões para que terpretação é, portanto, talvez o ato neurocientífica pode influenciar a
o neurocientista se integre a este essencial do pensamento humano; teoria e prática educacional já não
contexto e participe efetivamente. na verdade, o próprio fato de existir seja uma novidade, atualmente, com
Os conhecimentos em neurociên- pode ser considerado como um pro- as novas descobertas científicas, a
cia são produzidos numa velocidade cesso constante de interpretação”. neurociência e a educação voltam a
vertiginosa, e a possibilidade de cruzar caminhos.
Neste estudo foram elencados
comprovação científica conta com autores com produções que trazem
exames de neuroimagem de alta tec- esclarecimentos sobre a neurociên- Há entraves que podem ser apon-
nologia. Cada vez mais se conhece cia. Noutro momento foram reunidos tados para esta aproximação, como
e se esclarece o funcionamento do autores relacionados à educação e as questões relacionadas às respostas
fascinante cérebro humano. Estes formação de professores. Posterior- que a neurociência ainda não pode
conhecimentos têm interessado a mente, procurou-se a confluência dar. Uma importante questão se
pesquisadores de diversas áreas de destas produções com o propósito de refere à limitação em demonstrar
conhecimento, dentre elas a educa- produzir esta pesquisa que pretende cientificamente como a mente e o
ção. No entanto, estes conhecimen- direcionar os conhecimentos neuro- cérebro funcionam. Fischer (2009,
tos não têm a difusão necessária para científicos como subsídios a serem p. 1) discorda dos autores que consi-
que os estudiosos das diversas áreas utilizados na compreensão dos pro- deram prematura a ideia de relacio-
de saber trabalhem com conceitos cessos educacionais, especialmente nar a educação com a neurociência.
mais universais, que se alcancem relacionados à aprendizagem. Este autor defende a ideia de que
a interdisciplinaridade e a desejada a investigação da neurociência em
transdisciplinaridade. Um conhe- A neurociência contextos educativos abriria um le-
14 cimento que embase os processos que de possibilidades de descobertas
educacionais de modo que se alcance A exploração do cérebro humano, tanto em biologia básica quanto dos
a educação desejada para os dias em sua complexidade, não é tarefa processos cognitivos relacionados

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ao desenvolvimento e à aprendiza- ronal trouxe luzes para as ciências Os possíveis declínios observados na
gem. Ele propõe a união da biologia, em efervescência, dando-lhes uma aprendizagem neste período devem
neurociência, desenvolvimento e base biológica para o funcionamento ser atribuídos a múltiplos fatores,
educação, que seriam a base da do sistema nervoso. como o estado geral de saúde, nível
pesquisa educacional. O ambiente intelectual, cultural e socioeconômico e deficiência de
Reunir cientistas com educado- filosófico do final do século XIX, de estímulos.
res, integrar investigação e prática, preparação para o século XX, enri- O que se tem comprovado é que,
com uma infraestrutura necessária queceu-se com esses conhecimentos entre o nascimento e a adolescência,
para se produzir um estudo consis- que redirecionaram as ciências da novos neurônios serão acrescen-
tente de ensino e aprendizagem em época. O neurônio foi conhecido tados ao cérebro, novos circuitos
ambientes educacionais, é a pro- como a unidade básica do sistema neuronais serão construídos em
posta de Fischer (2009). Entender nervoso, funcionando com o suporte consequência da interação com o
os aspectos biológicos relacionados das células da glia, por mais de cem ambiente e da estimulação adequada.
com a aprendizagem, as habilidades anos. Neste período, acreditou-se Este processo desacelera no adulto,
e deficiências de cada indivíduo que, entre outras características, mas não é interrompido durante
ajuda educadores e pais na tarefa o neurônio não se regenerava ou toda a vida, sendo conhecido como
de educar. Elaborar ações educati- se reproduzia e que não haveria neuroplasticidade.
vas com base no conhecimento da neurogênese no adulto. Scorza et Uma nova teoria neuronal cons-
neurocência é dispor de ferramentas al. (2005, p. 250) comentam as des- tituiu-se no final do século XX,
capazes de analisar o percurso da cobertas de Ramón y Cajal segundo estabelecendo conceitos que reco-
aprendizagem para que se alcance as quais “no SNC dos adultos, as nhecem o neurônio como uma célula
o potencial individual de desenvol- vias neuronais são fixas e imutáveis. capaz de se modificar, estrutural e
vimento e aprendizagem. Goswami Todas as células deverão morrer e funcionalmente, após lesões ou es-
(2006, p. 6) relata sua experiência ao não ocorrerá regeneração. Talvez tímulos adequados, provocando uma
divulgar a neurociência no ambiente no futuro a ciência mude esta lei”. reorganização cerebral que atenda
educacional: Segundo a teoria neuronal, ao cada fase de vida do indivíduo.
nascimento, o número de neurônios O cérebro é entendido como um sis-
Primeiramente é a imensa boa von- está estabelecido para cada indiví- tema aberto, auto-organizável, que
tade que os professores e educadores duo. No processo de envelhecimen- funciona em circuitos de rede, para
têm para com a neurociência – eles to, haveria uma perda inexorável de atender cada etapa da vida da pessoa.
estão muito interessados em neuro- neurônios com limitação progres- Estes conhecimentos vêm provocan-
ciência, eles sentem que nós temos o
siva do funcionamento cerebral. do mudanças nas várias ciências,
potencial de fazer descobertas impor-
tantes sobre a aprendizagem humana Acreditava-se que o cérebro humano como na educação, abrindo novas
e estão ansiosos para aprender sobre alcançasse seu desenvolvimento e possibilidades de intervenções mais
estas descobertas e para contribuir crescimento máximo entre 20 e 30 adequadas sobre o cérebro humano.
com ideias e sugestões. anos. Após este período, haveria O crescente interesse educacional
um declínio intelectual relacionado no conhecimento do cérebro reflete
Estudos sobre a à perda neuronal. Reforçou-se a a convicção de cientistas e educa-
neurociência: do século premissa de que a infância e ado- dores respeito da possibilidade de
XVIII ao século XXI lescência seriam as melhores fases que a neurociência possa contribuir
para se aprender e que a vida adulta com a educação, principalmente
No século XVIII, antes do ad- não seria uma etapa adequada para nos aspectos do desenvolvimento
vento do microscópio composto, a aprendizagem (Fernández, 2002, e da aprendizagem. São várias as
acreditava-se que o sistema nervoso p. 189). Estas ideias direcionaram tentativas de aproximação, e uma
funcionasse como uma glândula que a educação por longo período e nova perspectiva de diálogo multi-
secretava seus fluidos que seriam chegaram até os dias atuais. Hoje se disciplinar parece surgir.
conduzidos pelos nervos para a questionam estes paradigmas, que No século XX, os anos noventa
periferia do corpo (Tabacow, 2006). estão sendo revistos. ficaram gravados como a “Década
Ramón y Cajal (1852-1934) des- Fernández (2002) afirma que o do Cérebro”. Um conjunto de ações
creveu a teoria neuronal no final do que se pode concluir destes estudos e investimentos em nível mundial 15
século XIX. Um paradigma revolu- é que a idade não é por si só um para o desenvolvimento de pes-
cionário para sua época, a teoria neu- impedimento para a aprendizagem. quisas sobre o cérebro reverteu em

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conhecimentos que revolucionaram relacionados ao desenvolvimento e Della Chiesa (OECD, 2007,


diversas áreas de saber. A neuroci- à aprendizagem. p. 111) aponta dois tipos de sinap-
ência constrói respostas diferentes Conforme Cosenza (2011), o sis- togênese, o primeiro que ocorre
daquelas postas pela visão cartesiana tema nervoso é o primeiro sistema a naturalmente e outro que ocorre
que perpassou e perpassa ainda hoje surgir entre a terceira e quarta semana como resultado da exposição aos
as ciências. A difusão social destes após a fecundação. O amadurecimento estímulos ambientais. Ao primeiro
conhecimentos levou a discussão do neurônio promove a formação de tipo se refere como experiência-
para além dos especialistas, tornando sinapses. O cérebro do recém-nascido expectante de aprendizagem e ao
a neurociência um assunto de inte- é pobre em sinapses, mas o cére- segundo como experiência-depen-
resse social. Alguns pesquisadores, bro infantil possui uma quantidade dente de aprendizagem. Em seres
com base nos avanços da neuroci- exagerada de sinapses que continua humanos não foram encontrados,
ência e a concretização do Projeto aumentando até o início da adoles- segundo o relatório de Della Chiesa
Genoma Humano, propuseram que a cência. Nesse período, iniciam-se os (OECD, 2007), períodos críticos
primeira década do século XXI seria processos regressivos com a finalidade de aprendizagem, sendo, portanto,
a “Década da Mente”. de reorganizar a estrutura cerebral. A mais apropriado falar de períodos
Cientistas no mundo todo estu- capacidade de aprender está relacio- sensíveis para situações em que a
dam o cérebro humano sob diversos nada à quantidade de sinapses. É o aprendizagem de um tipo particular é
olhares, diferentes paradigmas, fenômeno da sinaptogênese. O que a mais fácil em um período. Este autor
problemáticas particulares, níveis neurociência conhece sobre a sinap- comenta que na aprendizagem de
diferenciados e técnicas diversifi- togênese e a poda sináptica vem de línguas existem períodos sensíveis,
cadas. O fato é que esta multidis- pesquisas com macacos, sugerindo sua sendo que alguns deles ocorrem em
ciplinaridade não garante uma voz grande importância nos três primeiros idade adulta. A percepção auditiva
única que anuncie conhecimentos anos de vida. é rapidamente moldada pelo som
que tenham efeito em todas as áreas Este conhecimento levou ao con- ambiente ao longo dos 12 primeiros
envolvidas nesta questão. Muitos ceito de períodos críticos do desen- meses de vida da criança, a partir
destes conhecimentos ainda perma- volvimento. As mudanças estrutu- do ponto em que ela passa a ter di-
necem estanques, não atingindo a rais, chamadas de períodos críticos, ficuldade para diferenciar sons que
desejada transdisciplinaridade. Este incluindo a sinaptogênese e a poda não entrou em contato. Sabe-se que
estudo procura as interfaces entre neuronal, são eventos relevantes na a capacidade de diferenciar sons de
neurociência e educação que possam educação. Durante algum tempo, uma língua estrangeira diminui entre
trazer benefícios a uma e outra área ficou a impressão de que, uma vez o sexto e o décimo segundo mês de
do saber na busca de compreender perdida a chance da atuar nos pe- vida, quando o cérebro da criança a
o cérebro humano em sua função ríodos críticos, não haveria como prepara para a fala na língua nativa.
de aprender. ocorrer o aprendizado. A questão é saber se os programas
Sobre este assunto, Bartoszeck dos sistemas educacionais têm rela-
O desenvolvimento do (2007, p. 11) afirma: ção com os períodos sensíveis e se
cérebro os exames de imagem funcional do
A maioria dos neurocientistas atu- cérebro vão acrescentar novas expli-
O conhecimento, por parte do almente acredita que os “períodos cações em relação aos processos bio-
educador, do neurodesenvolvimen- críticos” não são tão rígidos e infle- lógicos referentes a esses períodos.
to permite a utilização de teorias e xíveis. Interpretam como períodos O senso comum de se propor o
práticas pedagógicas que levem em “sensíveis” pelo que passa o cérebro início da educação formal o mais
na sua capacidade de ser alterado e
conta a base biológica e os mecanis- cedo possível não encontra bases
moldado pelas experiências ao longo
mos neurofuncionais, otimizando as da vida. Estímulos como manipula- neurocientíficas. No aprendiza-
capacidades do seu aluno. ção de objetos, e sons como o da fala do humano não existem períodos
A neurociência tem raízes que humana, estão disponíveis em quase críticos, mas podemos falar de
somente a partir do século XIX todos os meios ambientes. É desco- períodos sensíveis. Não existem
começam a florescer. Dentre os nhecido se existem períodos críticos situações em que um evento ou sua
profissionais envolvidos e interes- para o conhecimento transmitido ausência num determinado período
16 sados em neurociência, o educador culturalmente, como aqueles respon- do desenvolvimento provoque um
sáveis pela leitura e aprendizado da
vem percebendo a necessidade de dano irreversível à aprendizagem.
aritmética.
se compreender eventos biológicos O conceito de “período crítico”

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remonta às conhecidas pesquisas do nos lobos frontais e parietais. Nestes


meses de gestação e rapidamente
etólogo Konrad Lorenz, em 1970. locais, a poda sináptica inicia após atingem seu padrão maduro de desen-
Em suas experiências com gansos a puberdade. Além deste fato, um volvimento, mesmo antes do término
ele descobriu que existia um período processo de mielinização aumenta da gestação. No entanto, outros siste-
restrito após o nascimento em que nestas mesmas regiões, melhorando mas que iniciaram concomitantemen-
a introdução de seres humanos ou em muito a eficiência da transmissão te o processo de mielinização podem
objetos inanimados poderiam ser da informação tanto em termos de levar meses, até anos, para atingir o
identificados com a mãe. Cardoso velocidade quanto de qualidade. padrão maduro por apresentarem taxa
(1997, p. 1) afirma que “O trabalho de mielinização distinta.
Durante toda a vida humana, o
de Lorenz forneceu uma evidência processo de mielinização se mante-
muito importante de que existem Esta quase permanente plastici-
rá, mesmo que num ritmo menor. O
períodos críticos na vida onde um dade, entendida como o conjunto de
cérebro do adolescente está, nestes
tipo definido de estímulo é necessá- recursos do cérebro para reorganizar
termos, menos preparado que o cé-
rio para o desenvolvimento normal”. seus padrões e suas características
rebro adulto para realizar uma série
Segundo Lopes e Maia (2000, de conexão sináptica, cria possibi-
de funções. Dentre elas podemos
p. 129), McGraw (1925) “concluiu lidades infinitas de adequações ao
incluir a atenção, as funções exe-
que os períodos críticos para a crescimento do organismo, às novas
cutivas, principalmente as tarefas
aprendizagem variam de atividade necessidades intelectuais e adapta-
de planejamento futuro, inibição
para atividade e que eles são um pe- ções comportamentais. Contudo, a
de comportamentos inadequados,
ríodo ótimo para uma aprendizagem neuroplasticidade pode ter efeitos
multitarefa e uma série de atividades
rápida”. Foi o primeiro autor que negativos ao reforçar circuitos neu-
socialmente orientadas. Sabe-se que
se referiu à possível existência de ronais que provoquem disfunções
estas mudanças são bem menos in-
períodos críticos na aprendizagem e envolvendo a memória ou a atenção
tensas que na infância, mas o cérebro
no desenvolvimento motor. O autor e mesmo doenças como a epilepsia.
adulto continua suas modificações e
acima citado analisa os resultados O cérebro tem se mostrado cada
seu desenvolvimento.
desta pesquisa amplamente divulgada vez mais suspreendente mesmo para
O cérebro do adulto tem menor
e não encontra uma fundamentação o mais entusiasta neurocientista, mas
plasticidade; o número de neurônios
sólida nem consistência numa amos- nem tudo é inusitado e nem o melhor.
se reduz, mas as consequências
tra limitada a um par de gêmeos. Um computador de última geração
educacionais destes eventos ainda
Lopes e Maia (2000, p. 130), é capaz de operações mais comple-
não podem ser interpretadas com-
analisando os chamados períodos xas. O que fazemos não é o mais
pletamente. A neurogênese, com
sensíveis, dizem: “O processo de espetacular do universo, mas o que
o surgimento de novos neurônios,
aprendizagem é influenciado por vá- acontece em nosso cérebro é único.
diferentemente do que se pensava, As habilidades mentais são únicas
rios fatores que determinam que uma
continua, pelo menos, por parte da e nos tornam especiais. A consci-
idade é a adequada para aprender
vida adulta. Esta permanente plas- ência, o pensamento, a experiência
uma habilidade e outra para aprender
ticidade do cérebro sugere que ele subjetiva de existir sempre intriga-
outra habilidade”. Um fator impor-
foi concebido para a aprendizagem ram filósofos, artistas e cientistas
tante no processo de aprendizagem é
e adaptações, que podem provocar em toda a história da humanidade.
a motivação e o interesse da criança,
modificações em sua estrutura diante A mente humana, entendida como
assim como o nível maturacional, o
de novos desafios. uma extensão transcendental do ser
desenvolvimento e as experiências
O processo de mielinização tem humano, é imaterial. Como produto
de aprendizagem.
uma progressão prevista para cada da atividade cerebral é material.
O período de 0 a 3 anos de idade
pode ser considerado um dos perío- um dos múltiplos sistemas tanto no Estaria a neurociência próxima de
dos mais importantes do neurodesen- aspecto da velocidade com que ocor- explicações sobre o funcionamento
volvimento, em qualquer circunstân- re quanto no tocante à intensidade. da mente após terem se passado cer-
cia do ambiente, se enriquecido ou O processo de maturação do sistema ca de 20 anos da chamada “Década
não com estímulos. Acredita-se que nervoso tem uma sequência ordena- do Cérebro”? Milhões de anos de
ambientes enriquecidos favoreçam o da. Segundo Valente (2006, p. 117): evolução e nove meses de gestação
desenvolvimento cerebral. Na ado- dão ao cérebro humano base bioló- 17
Algumas áreas e sistemas iniciam a
lescência, o cérebro ainda está em gica para nos tornar seres humanos,
mielinização durante os primeiros
desenvolvimento, principalmente com capacidades exclusivas como a

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linguagem, a consciência de si pró- mente/cérebro a uma maquinaria Percebe-se que a complexidade


prio e da existência do outro. cognitiva que processa informa- do aprender exige funções cerebrais
Da origem da vida com os ru- ções. A capacidade de interpretar e funções mentais que se entrelaçam,
dimentos do sistema nervoso até e expressar a emoção, por si, sem mas não se limitando a um ou outro
o surgimento do cérebro humano, falar de outros aspectos, diferencia- aspecto.
percebe-se que a conversão deste o em muito de um computador. O cérebro não vive sem supri-
ser em humano é um processo muito Quando a elas se associam estados mento alimentar, representado por
mais complexo. Recursos humanos mentais caracterizando sentimentos, glicose e oxigênio. Seu crescimento,
exclusivos, mesmo quando compa- podemos dizer que aí existe uma desenvolvimento e funcionamento
rados com espécies próximas, mos- exclusividade humana. Qual seria o estão condicionados a sua nutrição.
tram a descontinuidade evolutiva ponto da evolução em que ocorreu Ter um cérebro com capacidade de
das espécies. Mais do que a própria a conversão para seres humanos é realizar suas funções, com todas
estrutura cerebral, a mente humana, ainda uma especulação. Em alguma as suas estruturas bem formadas
em sua capacidade de ser consciente, época do Pleistoceno, entre 600 e anatomicamente, sem desvios no
é absolutamente única. 100 mil anos, pressões evolutivo- seu desenvolvimento nem em sua
Descrever a evolução do cérebro ambientais, que não se conhecem, genética, no entanto, não garante a
humano torna-se tarefa simples teriam levado ao aparecimento da aprendizagem.
quando comparada com a discussão mente e da consciência humanas. Quando o aprendizado se orienta
sobre a mente humana. Este é um Rose (2006) cita o período iniciado por metas, como tomada de decisão,
desafio para a neurociência atual. há 250 mil anos em que as variações planejamento e execução de planos,
Entender a mente como produto do climáticas severas ocorridas na Áfri- escolhas de comportamentos mais
cérebro pode satisfazer o discurso ca impuseram condições adversas adequados para uma dada situação,
científico, mas em nada contribui que exigiram habilidades mentais serão incluídas funções mentais
para as discussões da neurociên- necessárias para a sobrevivência. com comportamentos complexos.
cia atual. Os processos mentais e Buscar traços universais humanos São funções chamadas executivas.
conscientes do ser humano seriam a que poderiam distinguir os seres Função executiva é, segundo Eslin-
continuação do processo evolutivo humanos é uma aventura que deve ger (2000, p. 1), um conceito neuro-
de funções adaptativas necessárias à se prolongar para as ciências. psicológico de formulação recente.
sobrevivência do ser humano que é Relaciona-se com a organização,
possuidor de um cérebro de tamanho Os desafios da pelo executor, da informação formu-
privilegiado? lando planos, definindo objetivos,
neurociência para a
Pesquisas sobre comportamento, controlando as variantes. “Em estu-
escola
organização social e a evolução dos neuropsicológicos, as funções
da mente dos ancestrais humanos Aprender não é absorção de con- executivas têm sido demonstradas
tornam-se menos consensuais. Re- teúdos e exige uma rede complexa como sendo muito diferentes da inte-
lacionar mudanças na estrutura do de operações neurofisiológicas e ligência geral e memória”. As áreas
crânio e da face com o aumento do cerebrais responsáveis pelas funções
neuropsicológicas. Alvarez e Lemos
lobo frontal e associar estas modifi- executivas amadurecem tardiamen-
(2006, p. 182) comentam que, além
cações com a aquisição de funções te, na idade adulta jovem. Como no
destes dois aspectos, a aprendiza-
mentais específicas do ser humano desenvolvimento de outras funções
gem solicita a contribuição do meio
parece especulativo. cerebrais, as funções executivas
ambiente.
Rose (2006, p. 108) afirma: “É tornam-se progressivamente conec-
inequívoco que nosso cérebro e [...] devem-se considerar os proces-
tadas aos domínios do conhecimento
mente humanos são produtos da sos cognitivos internos, isto é, como para fatos, imagens e palavras. Tudo
evolução, mas os processos pelos o indivíduo elabora os estímulos isso para que o conhecimento tenha
quais as mentes modernas evoluí- recebidos, sua capacidade de integrar propósito, justificativa e aplicabili-
ram e as restrições que esses proces- informações e processá-las, forman- dade em comportamentos direciona-
sos evolutivos podem ter imposto do uma complexa rede de represen- dos para uma meta.
são questões de debate intenso e tações mentais, que possibilite a ele As ações educacionais modelam
18 apaixonado”. resolver situações-problema, adquirir as funções executivas e, segundo Es-
conceitos novos e interpretar símbo-
O que a neurociência atual de- linger (2000), podem ser ensinadas
los diversos.
monstra é que não se pode reduzir de forma direta. Treino de habilida-

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des e o desafio melhoram o desem-


habilidades intelectuais e mecânicas. de professores, com o objetivo de
penho da criança como executora. oferecer aos educadores um apro-
Assim, aprendizagem e memória são
“Pais, educadores e neurocientistas o suporte para todo o nosso conheci- fundamento a esse respeito, para que
podem iniciar um diálogo sobre mento, habilidades e planejamento, se obtenham melhores resultados no
como entender mais e utilizar mais fazendo-nos considerar o passado, processo de ensino-aprendizagem,
os sistemas múltiplos de memória, e nos situarmos no presente e prever- especialmente, na educação básica.
como introduzir cenários sonoros de mos o futuro.
linguagem mais cedo no desenvol- Hardiman e Denckla (2009, p. 1)
vimento infantil” (Eslinger, 2000). A memória não se localiza em discutem a educação com bases
Aprender com as experiências é uma uma única estrutura cerebral. Existe científicas e, neste contexto, ressal-
característica adquirida no processo uma integração de sistemas que, ao tam a importância da neurociência
evolucionário da espécie humana. entrarem em funcionamento, envol- dizendo que “[...] a próxima geração
Esta capacidade se deve, em grande vem a mente e o cérebro, o biológico de educadores deverá alargar a sua
parte, às funções executivas. As e o psicológico. Um sistema neural abordagem centrada não apenas no
disfunções executivas podem trazer interconectado em rede permite ensino da matemática, por exemplo,
problemas de gravidade variável. que se conceba um contínuo entre mas também na forma como o ra-
As funções executivas bem desen- os processos cognitivos e afetivos ciocínio matemático se desenvolve
volvidas permitem que o aluno seja no funcionamento psíquico. Pensar no cérebro”.
independente, tenha capacidade de em um conhecimento exclusivo A neurociência atual contribui
meta-análise, supere limites e utilize cognitivo ou afetivo seria pensar para mudar a visão do cérebro
em sistemas justapostos na mente humano. Tradicionalmente este
habilidades para aprender. Crianças
humana, o que não ocorre. seria um conhecimento das áreas
com disfunção executiva têm di-
Na sala de aula podemos identi- médicas. Um grande interesse por
ficuldade para alternar concreto e
ficar que o conhecimento afetivo re- seu estudo pode ser identificado nos
abstrato, literal e simbólico, temas
frequentes comunicados das diver-
centrais e detalhes. quer ações cognitivas e, ao contrário,
sas mídias e das diferentes áreas de
Com um sistema múltiplo de me- também ações cognitivas exigem os
conhecimento, agregando-lhe um
mórias, o cérebro humano está apto aspectos afetivos.
valor social que se evidencia no
a realizar praticamente todas as suas Aceitar, de forma integrada, na
dia a dia. Fischer (2009) comenta
funções. As funções da memória são educação os processos cognitivos
a emergência de um campo de
definidas n’O Código Internacional e afetivos aponta caminhos e pos-
pesquisa em educação envolvendo
de Funcionalidade, Incapacidade sibilidades de se compreender o
a neurociência como base. São
e Saúde (OMS, 2003, p. 46) como psiquismo humano. A dimensão
profissionais e pesquisadores que
“funções específicas de registro e semântica do raciocínio humano
procuram trabalhar em conjunto em
armazenamento de informações e exclui as experiências mais parti-
torno de questões e pesquisas para
sua recuperação quando necessário”. culares e subjetivas do ser humano. construir o conhecimento útil para
Memória de curto e longo prazo, Num outro extremo, encontramos a educação.
imediata, recente e remota com fun- estudos que analisam e valorizam as- Existem exemplos bem-suce-
ções de recordar e esquecer. Como pectos psicoafetivos do pensamento didos desta aproximação entre
falar de aprendizagem sem a função humano em detrimento dos aspectos profissionais de diferentes campos
da memória? Se não houvesse, na cognitivos. de conhecimento, como a medicina,
mente, um modo de armazenamen- Existe um espaço entre a neuro- que reúne médicos, biólogos, físi-
to das representações vividas e um ciência e a educação, entre o neuro- cos, fisioterapeutas e enfermeiros
complexo mecanismo de recupe- cientista que estuda a aprendizagem em torno do mesmo objetivo das
ração de experiências, não haveria e o pesquisador em educação e a questões de saúde. O modelo mais
aprendizagem. Cardoso (1997, p. 1) formação de professores, como co- recente da mente humana tem o
escreve sobre a memória dizendo: menta Noronha (2008, p. 1): cérebro como o órgão central no
carreamento da consciência e da
Esta intrigante faculdade mental Por entender a importância do cére- aprendizagem. Vidal (2009, p. 5)
forma a base de nosso conhecimento, bro no processo de aprendizagem, traz a referência do cérebro como 19
estando envolvida com nossa orien- consideram-se, aqui, as contribuições
fonte da personalidade e do self
tação no tempo e no espaço e nossas da Neurociência para a formação
criando o termo brainhood.

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eficaz aliando a compreensão do que educação. A neuroeducação tem


Se a personalidade é a qualidade ou
conhece, sua manipulação e utiliza- interessado a muitas sociedades ao
a condição de ser uma pessoa indi-
vidual, brainhood poderia nomear a ção. É o conhecimento baseado na apresentar princípios úteis para uma
qualidade ou a condição de ser um atividade. melhor estrutura para a prática de en-
cérebro. Esta qualidade ontológica No século XXI, que exige uma sino e aprendizagem ligando mente,
definiria o “sujeito cerebral” que tem constante adaptação dos conheci- cérebro e educação. A intersecção
sido aceito, pelo menos nas socieda- mentos em relação ao mundo de destas três linhas tem recebido outras
des industrializadas e medicalizadas, rápidas mudanças, a memorização terminologias: educação baseada no
desde meados do século XX. de fatos não é suficiente. Faz-se cérebro, neurociência educacional,
necessária a compreensão dos con- psicologia educacional, neuropsi-
A ideia de que a pessoa é o seu ceitos. Construir o conhecimento cologia cognitiva e neurociência
cérebro não desconhece seu corpo, é, literalmente, um processo ativo cognitiva (Tokuhama-Espinosa,
suas relações, sua cultura e história. de pessoas envolvidas em ensinar 2008). Segundo a autora (2008,
Dizer que a aprendizagem ocorre e aprender. As pessoas constroem o p. 1, tradução minha),
no cérebro não pode significar que, conhecimento para utilizá-lo fazen-
quando a pessoa aprende, o conhe- do coisas no mundo. A neuroeducação é definida por vá-
cimento fica armazenado em seu Pesquisadores e profissionais rios especialistas como a utilização
cérebro até que num determinado científica da pesquisa empírica para
trabalhando em conjunto podem
momento possa ser recuperado. Se- confirmar as melhores práticas em
refinar seus procedimentos, gerar pedagogia (Balttro, Fischer e Léna,
ria como se pela manhã, ao acordar, novas hipóteses e métodos para a 2008; Fischer, Daniel, Immordino-
selecionássemos as informações formação de futuros pesquisadores Yang, Stern, Battro e Koizumi, 2007;
necessárias para as atividades da- e profissionais docentes. Fischer Sheridan, Zinchenko e Gardner,
quele dia. (2009) aponta a deficiência na edu- 2005). A neuroeducação detém,
A aprendizagem é muito mais e cação deste tipo de infraestrutura que potencialmente, a chave para uma
utiliza muito mais do que o cérebro. crie um terreno científico para que o mudança de paradigma em técnicas
Quando as pessoas aprendem algo, de ensino e um novo modelo de
processo ensino/aprendizagem seja
elas obtêm um objeto (pensamento, aprendizagem desde a infância até a
submetido à pesquisa experimental idade adulta.
ideia, conceito) e depois dele se em que a intervenção pedagógica
apossam. Se desejarem ensinar o é seguida de avaliação. O sucesso A aprendizagem é uma modifica-
que aprenderam, devem transmitir da aprendizagem está, também, na ção de comportamento que envolve a
a informação a alguém disponibili- dependência do currículo, do pro- mente e o cérebro. Aprender envolve
zando o objeto de conhecimento em fessor, do contexto da sala de aula o pensamento, as emoções, as vias
uma fonte de busca. As pesquisas e da comunidade como um todo. neurais, os neurotransmissores,
em neurociência mostram que o Serão estes fatores que farão a inte- enfim, todo o ser humano. Deve
conhecimento é baseado em ati- ração com as características de cada haver um equilíbrio entre cérebro,
vidade (Fischer, 2009). Com base cérebro em particular (Goswami, psiquismo, mente e pedagógico
nestas pesquisas é que sabemos que 2006). Os estudos demonstrando (Tokuhama-Espinosa, 2008).
a atividade molda, literalmente, modificações da estrutura neural que O surgimento de novas tecnolo-
a anatomia e a fisiologia de seus se seguem após o indivíduo passar gias educacionais coloca o cérebro
cérebros e corpos. A aprendizagem por um processo educacional são humano, com tudo o que ele significa,
escolar com base na atividade pontuais e não envolvem a avaliação em maior evidência ao se perceber a
promove uma aprendizagem que de questões da mente humana. sua incrível capacidade de produzir
não é simplesmente aquisição de Tokuhama-Espinosa apresentou, sentido e complexidade compatíveis
objetos de conhecimento. Se assim em 2008, sua dissertação de dou- com os conhecimentos necessários
fosse, não seriam necessários anos toramento em Filosofia na Escola tanto para o educando quanto para o
de escolarização para se alfabetizar de Educação da Universidade de educador do século XXI.
e conhecer as ciências que dão ao Capella, Minneapolis, Minnesota,
aluno habilidades de ler, compre- EUA. A proposta era de um estudo Considerações finais
ender, explicar, escrever e ser um relativo ao desenvolvimento de
20 cidadão pleno. É o conhecimento normas no novo campo acadêmico A neurociência vem se consti-
como uma construção ativa em que o da neuroeducação envolvendo a tuindo num campo de conhecimen-
aluno utiliza o que aprende de modo ciência do cérebro, da mente e da to multidisciplinar de estudo do

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Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na formação de professores

cérebro. Uma limitação observada hemisférica esquerda, a prontidão Em relação à formação do profes-
durante este estudo é de que os ou a quantificação da inteligência. sor, torna-se necessária a aquisição
conhecimentos não são partilhados Propostas de autores compro- de conhecimentos que o habilitem
universalmente pelas diversas áreas metidos eticamente em produzir a ensinar, motivar e avaliar o aluno
de interesse, não se configurando estudos consistentes sobre ensino e num formato que seja mais eficiente
uma desejável multidisciplinaridade. aprendizagem defendem a criação de e compatível com o funcionamento
A investigação do cérebro humano, ambientes educacionais integrando do seu cérebro. Compreender que
em sua complexidade, é uma tarefa neurocientistas e educadores, com os conhecimentos da neurociência
que exige a contribuição dos sabe- pesquisa e prática. A elaboração são importantes para a educação
res de diversas áreas. As pesquisas de ações educativas com bases na ainda é um paradigma novo. Muitos
educacionais fornecem material neurociência acrescenta ferramentas destes conhecimentos carecem de
necessário ao desenvolvimento das eficazes na análise do percurso da pesquisas educacionais que validem
pesquisas em neurociência, e esta aprendizagem permitindo que seja sua importância, consistência e apli-
desenvolve pesquisas sobre o fun- possível se atingir o potencial de cabilidade em educação.
cionamento do cérebro e da mente desenvolvimento individual. Apresentar o conhecimento num
humana que interessam ao processo É um privilegio participar des- formato em que o cérebro aprenda
de aprendizagem. Existe um interes- tes momentos em que importantes melhor passa a ser, além da preo-
se mútuo de aproximação, apesar conhecimentos são produzidos cupação com o ensinar e o avaliar o
do reconhecimento de dificuldades e acompanhar o quanto se têm processo de ensino-aprendizagem,
e entraves para que isso aconteça. ampliado os horizontes da neuro- uma necessidade da educação atual.
Em outros tempos, as tentativas ciência. A descoberta do neurônio, Promover uma aprendizagem signi-
de aproximação destas áreas não no final do século XIX, promoveu ficativa tem como substrato bioló-
foram frutíferas. Muitos acreditam um avanço considerável na ciência gico a reorganização das conexões
que o momento atual seja propício deste período. entre os neurônios, a neurogênese
para esta aproximação. Não existe, Ao final do século XX, este para- e a aplicação ampla do conceito de
neste momento, o interesse numa digma deu lugar a outro: o neurônio neuroplasticidade. Do ponto de vista
proposta para se desenvolver um e todo o sistema nervoso têm uma da neurociência, uma aprendizagem
método de ensino ou uma teoria edu- plasticidade própria que lhe confere somente ocorre porque o cérebro
cacional com base em neurociência. uma enorme capacidade de se reor- tem a plasticidade necessária para
O que esta pesquisa constatou foi ganizar. Dos conceitos enraizados se modificar e se reorganizar frente
um desejo crescente de integração. sobre a principal célula do sistema a estímulos e se adaptar. A educação
A neurociência pode ser a base para nervoso, o neurônio, a maioria foi amplia sua base científica com as
análise de teorias e reflexões sobre revista. Nos tempos atuais, prevale- pesquisas que demonstram que o
o processo de ensino-aprendizagem cem os conceitos de neuroplastici- cérebro humano não finaliza seu de-
sob a luz dos processos cerebrais dade, de um cérebro com múltiplas senvolvimento, mas uma constante
como origem da cognição e do com- habilidades e recursos, que não finda reestruturação o reorganiza a partir
portamento humano. seu desenvolvimento, mas está em de estímulos eficientes. A pretensão
A aproximação de biologia, neu- permanente reorganização. O início deste artigo é levantar aspectos das
rociência, desenvolvimento humano do século XXI tem no estudo da neurociências relacionados com
e educação seria uma excelente base mente humana um novo paradigma a educação que possam subsidiar
para a pesquisa educacional. Aspec- do complexo mente-cérebro. e contribuir para a formação dos
tos bioéticos devem ser evidenciados Este estudo se volta especial- professores.
desde o início para que não exista mente para os processos educacio- A aprendizagem se dá, com
distorção ou mitificação popular nais relativos à aprendizagem e ao particularidades, ao longo da vida
em relação à neurociência e às pos- aprender. A aprendizagem é vista do indivíduo. Não se espera o
síveis descobertas sobre o cérebro como um processo de mudança de fechamento deste processo com
humano. Alguns destes mitos são comportamento decorrente da expe- um último e definitivo certificado.
aparentemente inofensivos, como a riência que se faz pela intervenção Pode-se dizer que, neste momen-
história de que usamos somente 10% de fatores neurológicos, relacionais e to, a neurociência não busca uma
de nossa inteligência; no entanto, ambientais. O aprender é o resultado nova teoria da educação científica, 21
outros causaram impacto na educa- obtido pela interação entre as estru- mas a compreensão científica da
ção, como a questão da dominância turas mentais e o meio ambiente. educação.

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Uma proposta que vem ganhando uma questão de produção celular. biológico que condiciona social e
espaço como campo de intersecção e Existe uma organização em todo psicologicamente o ser humano.
trânsito para a educação e a neuroci- este processo iniciado na concepção Entender o mundo não é sim-
ência é a neuroeducação. Programas e que não se finda mesmo com o plesmente uma necessidade, mas é
de pesquisa em tradicionais institui- indivíduo adulto. encontrar um lugar para o indivíduo
ções acadêmicas norte-americanas O cérebro é o órgão da apren- no novo mundo. A mente humana é a
estão envolvidos no desenvolvimen- dizagem. O amadurecimento do base para as representações sociais e
to da neuroeducação na busca de neurônio tem como consequência coletivas que confere a subjetivida-
compreender como a neurociência a formação de sinapses, e diversos de ao indivíduo. Quando o homem
pode afetar a educação, os educado- fenômenos promovem uma reorga- reflete sobre sua própria atividade
res, os aprendizes e as escolas. Esta nização constante. A aprendizagem como sujeito, afirma-se a sua cons-
proposta foi apresentada em artigo interfere diretamente neste processo. ciência como o sujeito da atividade.
por Zaro e colaboradores no início Estendendo os conceitos aplicados Os conhecimentos atuais da neu-
do ano de 2010. a um único neurônio para um grupo rociência sugerem que o ser huma-
O conceito de neuroeducação é de neurônios, ou a 100 bilhões de no é agente e pensante, e os exames
apresentado como um novo para- neurônios, teremos, em perspectiva, funcionais de imagem cerebral per-
digma para a pesquisa educacional uma ideia do que é o cérebro huma- mitem associar as funções mentais
que prevê a integração de achados no. Estas características sugerem com o funcionamento de circuitos
de pesquisas em neurociências e que o cérebro humano foi concebido neuronais que se interligam a
a necessidade de se buscar formas para a aprendizagem e adaptações partir de diversas áreas cerebrais.
de ensinar que potencializem os que assegurem a sobrevivência do Permite-se pensar o cérebro como
resultados do aprendizado. É uma indivíduo. Conhecendo o neurode- elemento fundamental da sociabi-
proposta que pretende prover caráter senvolvimento, o educador pode lidade humana, um cérebro social.
científico à pesquisa educacional fazer maior uso das teorias e práti- Ao se identificar áreas cerebrais
estabelecendo uma estrutura teóri- cas educacionais levando em conta capazes de diferenciar o si mesmo
ca e metodológica na qual possam a base biológica e os mecanismos e o outro, levanta-se a discussão se
ser testadas as melhores práticas neurofuncionais que lhe permitem esta área é o agente causal ou é o
educacionais. otimizar as capacidades do aluno. mecanismo neurofisiológico utili-
A década de 90 do século XX Podemos afirmar que o que fa- zado nesta distinção. O que se pode
ficou conhecida pelo esforço multi- zemos como seres humanos não é o afirmar é que alguma coisa acontece
nacional em promover pesquisa que grande espetáculo do universo, mas no cérebro quando o indivíduo faz
resultasse em conhecimento sobre o o que acontece em nosso cérebro uma ação, do mesmo modo que o
cérebro humano que se refletisse nas é único. As habilidades mentais indivíduo faz alguma coisa quando
ações de prevenção do adoecimento como a consciência, o pensamento, acontece algo em seu cérebro. O
cerebral. A primeira década do sécu- a experiência subjetiva do existir são estágio atual dos exames de neuroi-
lo XXI foi identificada como a déca- únicas e nos tornam especiais. magem ainda é muito especulativo,
da da mente, em que a neurociência O ser humano se torna humano e a relação entre as modificações
traz discussões importantes sobre a por meio da cultura e na cultura, neuroquímicas e o comportamento
relação cérebro-mente. sem a qual o cérebro humano perde humano nas esferas motoras, cog-
Depender da cultura para com- grande parte de seu significado. Em nitivas ou psicoafetivas não estão
pletar seu desenvolvimento e assim contrapartida, não existiria cultura definitivamente comprovadas.
sobreviver pode deixar subentendido sem o cérebro humano. A mente O cérebro do século XIX foi de-
que os seres humanos são semelhan- humana emerge e se afirma na exis- finido como a morada da alma, e, no
tes não somente no aspecto biofísico, tência da relação cérebro-cultura. século XXI, tem se mostrado como o
mas que também seus cérebros o são. São interdependentes como cérebro, centro organizador das experiências
Esta não é a verdade. Um programa mente e cultura. Estes elementos humanas, o self, o centro da pessoa.
genético define o caminho a ser per- estão presentes no ato de educar. O cérebro adquire cada vez mais o
corrido pelo desenvolvimento, mas Surge a ideia do cérebro social, no papel de ator social, sendo percebido
outros trajetos serão traçados pelo sentido de que os comportamentos como mais do que um órgão, aquilo
22 ambiente, pela socialização e pela sociais vão se explicar, em última que nos define, com atribuições e
cultura do indivíduo. A construção análise, pelo funcionamento cere- propriedades que já foram atributos
do cérebro humano não é somente bral. É o cérebro como substrato para se definir o sujeito. Conhecer

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Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na formação de professores

o cérebro humano tem hoje uma duo, quando esta vida se alarga com understanding-the-brain-the-birth-of-
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24 Gilberto Gonçalves de Oliveira


Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 180
38050-501,Uberaba, MG, Brasil

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