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Resumo: A educação ganha importância inusitada, neste momento, quando se comprova que as
estratégias pedagógicas utilizadas no processo ensino-aprendizagem são eficientes na reorganização
do sistema nervoso em desenvolvimento, produzindo novos comportamentos. É neste contexto
que se desenvolveu esta pesquisa com o objetivo de elucidar as contribuições diretas e indiretas
da neurociência para a formação de professores. É um estudo bibliográfico realizado a partir de
aportes teóricos de autores do campo da neurociência e da formação de professores, tais como:
Bartoszeck (2007), Rose (2006), Hardiman e Denckla (2009), Scorza et al. (2005), Rato e Caldas
(2010), Goswami (2006), Noronha (2008), dentre outros. A metodologia empregada foi o diálogo
hermenêutico nos moldes propostos por Gadamer (1997), como abordagem compreensiva de
saberes relacionais. Num primeiro momento, foram elencados autores cujos escritos se relacionam
com a neurociência. Em um segundo momento, reunira-se autores que trataram da formação
docente e, em um terceiro momento, realizou-se a confluência entre tais escritos com o propósito
de associar os conhecimentos neurocientíficos de modo a direcioná-los como subsídios a serem
empregados na área de formação de professores. A partir deste estudo, podemos apresentar
algumas conclusões: a aprendizagem é decorrência da neuroplasticidade; o cérebro humano não
finaliza seu desenvolvimento, mas reestrutura-se, reorganiza-se constantemente. Ideias novas
sobre a cognição e o desenvolvimento podem dar novas direções para a educação.
Abstract: Education is gaining an unusual importance at this time, when there is evidence that
the teaching strategies used in the teaching-learning process are efficient in the reorganization of
the developing nervous system, producing new behaviors. It is in this context that this study was
conducted in order to elucidate the direct and indirect contributions of neuroscience to teacher
training. It is a bibliographic study on theoretical contributions by authors of the field of neuroscience
and teacher training, such as: Bartoszeck (2007), Rose (2006), Hardiman and Denckla (2009),
Scorza et al. (2005), Rato and Caldas (2010), Goswami (2006) and Noronha (2008), among others.
The methodology used was the hermeneutic dialogue as proposed by Gadamer (1997), as it is a
comprehensive approach to relational knowledge. At first the article lists authors whose writings
relate to neuroscience. In a second step, it discusses authors who have dealt with teacher training.
Finally it brings these writings together with the purpose of linking the insights from neuroscientific
research and treating them as contributions to the area of teacher training. On the basis of this
study, some conclusions are presented: learning is a result of neuroplasticity, the human brain does
not finish its development, but restructures, reorganizes itself constantly, and new ideas about
cognition and development may provide new directions for education.
Educação Unisinos
Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na formação de professores
ao desenvolvimento e à aprendiza- ronal trouxe luzes para as ciências Os possíveis declínios observados na
gem. Ele propõe a união da biologia, em efervescência, dando-lhes uma aprendizagem neste período devem
neurociência, desenvolvimento e base biológica para o funcionamento ser atribuídos a múltiplos fatores,
educação, que seriam a base da do sistema nervoso. como o estado geral de saúde, nível
pesquisa educacional. O ambiente intelectual, cultural e socioeconômico e deficiência de
Reunir cientistas com educado- filosófico do final do século XIX, de estímulos.
res, integrar investigação e prática, preparação para o século XX, enri- O que se tem comprovado é que,
com uma infraestrutura necessária queceu-se com esses conhecimentos entre o nascimento e a adolescência,
para se produzir um estudo consis- que redirecionaram as ciências da novos neurônios serão acrescen-
tente de ensino e aprendizagem em época. O neurônio foi conhecido tados ao cérebro, novos circuitos
ambientes educacionais, é a pro- como a unidade básica do sistema neuronais serão construídos em
posta de Fischer (2009). Entender nervoso, funcionando com o suporte consequência da interação com o
os aspectos biológicos relacionados das células da glia, por mais de cem ambiente e da estimulação adequada.
com a aprendizagem, as habilidades anos. Neste período, acreditou-se Este processo desacelera no adulto,
e deficiências de cada indivíduo que, entre outras características, mas não é interrompido durante
ajuda educadores e pais na tarefa o neurônio não se regenerava ou toda a vida, sendo conhecido como
de educar. Elaborar ações educati- se reproduzia e que não haveria neuroplasticidade.
vas com base no conhecimento da neurogênese no adulto. Scorza et Uma nova teoria neuronal cons-
neurocência é dispor de ferramentas al. (2005, p. 250) comentam as des- tituiu-se no final do século XX,
capazes de analisar o percurso da cobertas de Ramón y Cajal segundo estabelecendo conceitos que reco-
aprendizagem para que se alcance as quais “no SNC dos adultos, as nhecem o neurônio como uma célula
o potencial individual de desenvol- vias neuronais são fixas e imutáveis. capaz de se modificar, estrutural e
vimento e aprendizagem. Goswami Todas as células deverão morrer e funcionalmente, após lesões ou es-
(2006, p. 6) relata sua experiência ao não ocorrerá regeneração. Talvez tímulos adequados, provocando uma
divulgar a neurociência no ambiente no futuro a ciência mude esta lei”. reorganização cerebral que atenda
educacional: Segundo a teoria neuronal, ao cada fase de vida do indivíduo.
nascimento, o número de neurônios O cérebro é entendido como um sis-
Primeiramente é a imensa boa von- está estabelecido para cada indiví- tema aberto, auto-organizável, que
tade que os professores e educadores duo. No processo de envelhecimen- funciona em circuitos de rede, para
têm para com a neurociência – eles to, haveria uma perda inexorável de atender cada etapa da vida da pessoa.
estão muito interessados em neuro- neurônios com limitação progres- Estes conhecimentos vêm provocan-
ciência, eles sentem que nós temos o
siva do funcionamento cerebral. do mudanças nas várias ciências,
potencial de fazer descobertas impor-
tantes sobre a aprendizagem humana Acreditava-se que o cérebro humano como na educação, abrindo novas
e estão ansiosos para aprender sobre alcançasse seu desenvolvimento e possibilidades de intervenções mais
estas descobertas e para contribuir crescimento máximo entre 20 e 30 adequadas sobre o cérebro humano.
com ideias e sugestões. anos. Após este período, haveria O crescente interesse educacional
um declínio intelectual relacionado no conhecimento do cérebro reflete
Estudos sobre a à perda neuronal. Reforçou-se a a convicção de cientistas e educa-
neurociência: do século premissa de que a infância e ado- dores respeito da possibilidade de
XVIII ao século XXI lescência seriam as melhores fases que a neurociência possa contribuir
para se aprender e que a vida adulta com a educação, principalmente
No século XVIII, antes do ad- não seria uma etapa adequada para nos aspectos do desenvolvimento
vento do microscópio composto, a aprendizagem (Fernández, 2002, e da aprendizagem. São várias as
acreditava-se que o sistema nervoso p. 189). Estas ideias direcionaram tentativas de aproximação, e uma
funcionasse como uma glândula que a educação por longo período e nova perspectiva de diálogo multi-
secretava seus fluidos que seriam chegaram até os dias atuais. Hoje se disciplinar parece surgir.
conduzidos pelos nervos para a questionam estes paradigmas, que No século XX, os anos noventa
periferia do corpo (Tabacow, 2006). estão sendo revistos. ficaram gravados como a “Década
Ramón y Cajal (1852-1934) des- Fernández (2002) afirma que o do Cérebro”. Um conjunto de ações
creveu a teoria neuronal no final do que se pode concluir destes estudos e investimentos em nível mundial 15
século XIX. Um paradigma revolu- é que a idade não é por si só um para o desenvolvimento de pes-
cionário para sua época, a teoria neu- impedimento para a aprendizagem. quisas sobre o cérebro reverteu em
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Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na formação de professores
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Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na formação de professores
cérebro. Uma limitação observada hemisférica esquerda, a prontidão Em relação à formação do profes-
durante este estudo é de que os ou a quantificação da inteligência. sor, torna-se necessária a aquisição
conhecimentos não são partilhados Propostas de autores compro- de conhecimentos que o habilitem
universalmente pelas diversas áreas metidos eticamente em produzir a ensinar, motivar e avaliar o aluno
de interesse, não se configurando estudos consistentes sobre ensino e num formato que seja mais eficiente
uma desejável multidisciplinaridade. aprendizagem defendem a criação de e compatível com o funcionamento
A investigação do cérebro humano, ambientes educacionais integrando do seu cérebro. Compreender que
em sua complexidade, é uma tarefa neurocientistas e educadores, com os conhecimentos da neurociência
que exige a contribuição dos sabe- pesquisa e prática. A elaboração são importantes para a educação
res de diversas áreas. As pesquisas de ações educativas com bases na ainda é um paradigma novo. Muitos
educacionais fornecem material neurociência acrescenta ferramentas destes conhecimentos carecem de
necessário ao desenvolvimento das eficazes na análise do percurso da pesquisas educacionais que validem
pesquisas em neurociência, e esta aprendizagem permitindo que seja sua importância, consistência e apli-
desenvolve pesquisas sobre o fun- possível se atingir o potencial de cabilidade em educação.
cionamento do cérebro e da mente desenvolvimento individual. Apresentar o conhecimento num
humana que interessam ao processo É um privilegio participar des- formato em que o cérebro aprenda
de aprendizagem. Existe um interes- tes momentos em que importantes melhor passa a ser, além da preo-
se mútuo de aproximação, apesar conhecimentos são produzidos cupação com o ensinar e o avaliar o
do reconhecimento de dificuldades e acompanhar o quanto se têm processo de ensino-aprendizagem,
e entraves para que isso aconteça. ampliado os horizontes da neuro- uma necessidade da educação atual.
Em outros tempos, as tentativas ciência. A descoberta do neurônio, Promover uma aprendizagem signi-
de aproximação destas áreas não no final do século XIX, promoveu ficativa tem como substrato bioló-
foram frutíferas. Muitos acreditam um avanço considerável na ciência gico a reorganização das conexões
que o momento atual seja propício deste período. entre os neurônios, a neurogênese
para esta aproximação. Não existe, Ao final do século XX, este para- e a aplicação ampla do conceito de
neste momento, o interesse numa digma deu lugar a outro: o neurônio neuroplasticidade. Do ponto de vista
proposta para se desenvolver um e todo o sistema nervoso têm uma da neurociência, uma aprendizagem
método de ensino ou uma teoria edu- plasticidade própria que lhe confere somente ocorre porque o cérebro
cacional com base em neurociência. uma enorme capacidade de se reor- tem a plasticidade necessária para
O que esta pesquisa constatou foi ganizar. Dos conceitos enraizados se modificar e se reorganizar frente
um desejo crescente de integração. sobre a principal célula do sistema a estímulos e se adaptar. A educação
A neurociência pode ser a base para nervoso, o neurônio, a maioria foi amplia sua base científica com as
análise de teorias e reflexões sobre revista. Nos tempos atuais, prevale- pesquisas que demonstram que o
o processo de ensino-aprendizagem cem os conceitos de neuroplastici- cérebro humano não finaliza seu de-
sob a luz dos processos cerebrais dade, de um cérebro com múltiplas senvolvimento, mas uma constante
como origem da cognição e do com- habilidades e recursos, que não finda reestruturação o reorganiza a partir
portamento humano. seu desenvolvimento, mas está em de estímulos eficientes. A pretensão
A aproximação de biologia, neu- permanente reorganização. O início deste artigo é levantar aspectos das
rociência, desenvolvimento humano do século XXI tem no estudo da neurociências relacionados com
e educação seria uma excelente base mente humana um novo paradigma a educação que possam subsidiar
para a pesquisa educacional. Aspec- do complexo mente-cérebro. e contribuir para a formação dos
tos bioéticos devem ser evidenciados Este estudo se volta especial- professores.
desde o início para que não exista mente para os processos educacio- A aprendizagem se dá, com
distorção ou mitificação popular nais relativos à aprendizagem e ao particularidades, ao longo da vida
em relação à neurociência e às pos- aprender. A aprendizagem é vista do indivíduo. Não se espera o
síveis descobertas sobre o cérebro como um processo de mudança de fechamento deste processo com
humano. Alguns destes mitos são comportamento decorrente da expe- um último e definitivo certificado.
aparentemente inofensivos, como a riência que se faz pela intervenção Pode-se dizer que, neste momen-
história de que usamos somente 10% de fatores neurológicos, relacionais e to, a neurociência não busca uma
de nossa inteligência; no entanto, ambientais. O aprender é o resultado nova teoria da educação científica, 21
outros causaram impacto na educa- obtido pela interação entre as estru- mas a compreensão científica da
ção, como a questão da dominância turas mentais e o meio ambiente. educação.
Uma proposta que vem ganhando uma questão de produção celular. biológico que condiciona social e
espaço como campo de intersecção e Existe uma organização em todo psicologicamente o ser humano.
trânsito para a educação e a neuroci- este processo iniciado na concepção Entender o mundo não é sim-
ência é a neuroeducação. Programas e que não se finda mesmo com o plesmente uma necessidade, mas é
de pesquisa em tradicionais institui- indivíduo adulto. encontrar um lugar para o indivíduo
ções acadêmicas norte-americanas O cérebro é o órgão da apren- no novo mundo. A mente humana é a
estão envolvidos no desenvolvimen- dizagem. O amadurecimento do base para as representações sociais e
to da neuroeducação na busca de neurônio tem como consequência coletivas que confere a subjetivida-
compreender como a neurociência a formação de sinapses, e diversos de ao indivíduo. Quando o homem
pode afetar a educação, os educado- fenômenos promovem uma reorga- reflete sobre sua própria atividade
res, os aprendizes e as escolas. Esta nização constante. A aprendizagem como sujeito, afirma-se a sua cons-
proposta foi apresentada em artigo interfere diretamente neste processo. ciência como o sujeito da atividade.
por Zaro e colaboradores no início Estendendo os conceitos aplicados Os conhecimentos atuais da neu-
do ano de 2010. a um único neurônio para um grupo rociência sugerem que o ser huma-
O conceito de neuroeducação é de neurônios, ou a 100 bilhões de no é agente e pensante, e os exames
apresentado como um novo para- neurônios, teremos, em perspectiva, funcionais de imagem cerebral per-
digma para a pesquisa educacional uma ideia do que é o cérebro huma- mitem associar as funções mentais
que prevê a integração de achados no. Estas características sugerem com o funcionamento de circuitos
de pesquisas em neurociências e que o cérebro humano foi concebido neuronais que se interligam a
a necessidade de se buscar formas para a aprendizagem e adaptações partir de diversas áreas cerebrais.
de ensinar que potencializem os que assegurem a sobrevivência do Permite-se pensar o cérebro como
resultados do aprendizado. É uma indivíduo. Conhecendo o neurode- elemento fundamental da sociabi-
proposta que pretende prover caráter senvolvimento, o educador pode lidade humana, um cérebro social.
científico à pesquisa educacional fazer maior uso das teorias e práti- Ao se identificar áreas cerebrais
estabelecendo uma estrutura teóri- cas educacionais levando em conta capazes de diferenciar o si mesmo
ca e metodológica na qual possam a base biológica e os mecanismos e o outro, levanta-se a discussão se
ser testadas as melhores práticas neurofuncionais que lhe permitem esta área é o agente causal ou é o
educacionais. otimizar as capacidades do aluno. mecanismo neurofisiológico utili-
A década de 90 do século XX Podemos afirmar que o que fa- zado nesta distinção. O que se pode
ficou conhecida pelo esforço multi- zemos como seres humanos não é o afirmar é que alguma coisa acontece
nacional em promover pesquisa que grande espetáculo do universo, mas no cérebro quando o indivíduo faz
resultasse em conhecimento sobre o o que acontece em nosso cérebro uma ação, do mesmo modo que o
cérebro humano que se refletisse nas é único. As habilidades mentais indivíduo faz alguma coisa quando
ações de prevenção do adoecimento como a consciência, o pensamento, acontece algo em seu cérebro. O
cerebral. A primeira década do sécu- a experiência subjetiva do existir são estágio atual dos exames de neuroi-
lo XXI foi identificada como a déca- únicas e nos tornam especiais. magem ainda é muito especulativo,
da da mente, em que a neurociência O ser humano se torna humano e a relação entre as modificações
traz discussões importantes sobre a por meio da cultura e na cultura, neuroquímicas e o comportamento
relação cérebro-mente. sem a qual o cérebro humano perde humano nas esferas motoras, cog-
Depender da cultura para com- grande parte de seu significado. Em nitivas ou psicoafetivas não estão
pletar seu desenvolvimento e assim contrapartida, não existiria cultura definitivamente comprovadas.
sobreviver pode deixar subentendido sem o cérebro humano. A mente O cérebro do século XIX foi de-
que os seres humanos são semelhan- humana emerge e se afirma na exis- finido como a morada da alma, e, no
tes não somente no aspecto biofísico, tência da relação cérebro-cultura. século XXI, tem se mostrado como o
mas que também seus cérebros o são. São interdependentes como cérebro, centro organizador das experiências
Esta não é a verdade. Um programa mente e cultura. Estes elementos humanas, o self, o centro da pessoa.
genético define o caminho a ser per- estão presentes no ato de educar. O cérebro adquire cada vez mais o
corrido pelo desenvolvimento, mas Surge a ideia do cérebro social, no papel de ator social, sendo percebido
outros trajetos serão traçados pelo sentido de que os comportamentos como mais do que um órgão, aquilo
22 ambiente, pela socialização e pela sociais vão se explicar, em última que nos define, com atribuições e
cultura do indivíduo. A construção análise, pelo funcionamento cere- propriedades que já foram atributos
do cérebro humano não é somente bral. É o cérebro como substrato para se definir o sujeito. Conhecer
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Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na formação de professores
o cérebro humano tem hoje uma duo, quando esta vida se alarga com understanding-the-brain-the-birth-of-
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