Você está na página 1de 18

Introdução à

Administração de Produção

Jorge Muniz Junior

Introdução à Administração de Produção


Este capítulo aborda aspectos referentes à Administração de Produção,
seu histórico, conceitos básicos, a função produção e como ela é tratada hoje
no país.

Evolução histórica de
Administração da Produção
No passado profissionais habilidosos se organizaram para produção de
certos bens para atender encomendas de clientes específicos. Esses profis-
sionais (ferreiros, alfaiates, carpinteiros) dominavam todo o processo pro-
dutivo, desde o levantamento das necessidades dos clientes, compra de
material, treinamento de funcionários até a entrega definitiva do produto
encomendado. Esse profissional foi denominado de artesão.

Fatores mercadológicos (demanda de clientes por produtos) e tecnoló-


gicos (máquina a vapor, padronização de componentes) se consolidaram na
Revolução Industrial, que impulsionou a produção de produtos em grande
quantidade e com preços reduzidos. Com isso a figura do artesão foi subs-
tituída por outro tipo de perfil de mão de obra, em que os operários se es-
pecializavam em parte do processo produtivo e, com isso, obtinha-se maior
produtividade e eficiência, ou seja, obtinham-se mais resultados (quantida-
de) com os mesmos recursos.

No fim do século XIX, as ideias de Frederick W. Taylor, pai da Administra-


ção, começaram a popularizar uma série de princípios e técnicas que orien-
taram as indústrias a identificar melhores métodos de trabalho para se obter
maior produtividade e menor custo na produção. Por meio de seus princí-
pios, consolidados na Administração Científica, popularizaram-se o estudo

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

das tarefas, a seleção e o treinamento de trabalhadores e a busca pela efici-


ência operacional.

No início do século XX, Henry Ford incorporou esses princípios e o da


linha de montagem para a produção de veículos. Nesse momento nasce o
conceito de produção em massa, caracterizado por grandes volumes de pro-
dutos extremamente padronizados.

A área de Administração Industrial é profissionalizada, com a Administra-


ção Científica, e desenvolvem-se técnicas para o tratamento dos tempos e
métodos, projeto do posto de trabalho, controle de estoques, controle esta-
tístico de processo para o ambiente produtivo.

O conceito de produção em massa, a partir da década de 1960, tem so-


frido uma revisão com a popularização da produção enxuta, originária do
sistema Toyota de produção, que introduziu entre outros: engajamento dos
operários nas melhorias de produção, parcerias com fornecedores, preo-
cupação com redução de desperdício, eliminação de desperdício e foco
no cliente.

Entre o movimento da produção em massa e a enxuta, ocorreu uma va-


lorização do recurso humano. Essa perspectiva sociotécnica da Administra-
ção da Produção é representada por um sistema aberto que interage com o
ambiente, sistema este que é capaz de autorregulação e pode alcançar um
mesmo objetivo a partir de diferentes caminhos, usando diferentes recursos.
Tal sistema é formado pelo subsistema técnico, que compreende especial-
mente máquinas e equipamentos, e pelo subsistema social, que envolve in-
divíduos e grupos de indivíduos, seus comportamentos, habilidades, capaci-
dades, sentimentos e tudo de humano que os acompanham.

Na perspectiva sociotécnica, o comportamento das pessoas face ao tra-


balho depende da forma de estruturação desse trabalho e do conteúdo das
tarefas a serem executadas, pois o desempenho das tarefas e os sentimentos
a elas relacionados (responsabilidade, realização, reconhecimento) são funda-
mentais para que o indivíduo retire orgulho e satisfação do seu trabalho. Assim
sendo, apesar dos subsistemas social e técnico serem identificados separada-
mente, ambos devem ser “otimizados conjuntamente” para assegurar que pro-
dutividade e valor agregado sejam atingidos, ao mesmo tempo em que são
alcançados o desenvolvimento e a integração dos indivíduos (figura 1).

16
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

(MUNIZ, 2007)
RESULTADOS

• S atisfação
Subsistema técnico pessoal
• Inovação
Subsistema social • Qualidade
• Prazo
• Quantidade
• Custo

Figura 1 – Perspectiva sociotécnica da Administração de Produção.

Como mostra a figura 1, a “otimização conjunta” (técnica e social) deve


buscar a consecução de um objetivo final que, no caso das organizações,
é a obtenção de resultados economicamente viáveis. Essa proposição é es-
sencial para que a abordagem sociotécnica não seja considerada uma sim-
ples forma de experimentação social, mas uma forma de buscar, em última
análise, o desenvolvimento de organizações mais eficazes. Na figura 1 há a
estrela, que representa um método de trabalho padrão, e uma nuvem, que
ilustra a existência de diversos fatores relacionados às pessoas, como, por
exemplo, satisfação pessoal e liderança, os quais, apesar de serem reconhe-
cidos, não têm tratamento tão prescritivo como na perspectiva taylorista da
Administração de Produção.

Outros aspectos históricos relacionados à Administração de Produção


são listados no quadro 1.

Quadro 1 – Evolução de técnicas de produção (CORREA; CORREA, 2003, p. 93.


Adaptado.)

Ano Desenvolvimento Originador


1697 Primeira referência à Gestão de Projetos Dafoe
1776 Publicação de riqueza das nações Smith
Contrato para 10 000 mosquetes em dois anos; peças intercambi-
1798 Whitney
áveis desenvolvidas
Publicação elaborada sobre a divisão do trabalho anteriormente
1832 Babbage
proposta por Smith
1896 Constrói o seu primeiro quadriciclo (caseiro) Ford

17
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

Sistemas de produção
A Administração de Produção também recebe outras denominações,
como sistemas de produção, função produção, em alguns momentos ope-
rações e em muitos casos simplifica-se como simplesmente produção.

A Administração de Produção tem o objetivo de organizar a forma com


que as empresas geram bens físicos e serviços. Ao contrário do que se
pode imaginar a Administração de Produção abrange muito mais do que
as fábricas, abrange os times de futebol, as escolas, os hospitais, os salões
de beleza, as cafeterias, entre outros tantos.

Domínio público.
Maravilhas da humanidade como a Grande
Muralha (China), as Pirâmides (México), ou
exemplos contemporâneos como a Torre Eiffel
(França) e o Cristo Redentor (Brasil) requereram
esforços de coordenação de recursos e, portan-
to, se utilizaram de princípios e técnicas incor-
porados pela Administração de Produção.
Cristo Redentor.
IESDE Brasil S. A.

Fernando Dall’Acqua.

Brasília. São Paulo – MASP.

Como se observa, a Administração de Produção é um campo de estudo


que trata de problemas reais, como, por exemplo, a melhor utilização dos
recursos disponíveis para a geração dos bens físicos e serviços. Entre os
recursos utilizados tem-se: pessoas, matérias-primas, máquinas, capital e
conhecimento tácito.

Os bens e serviços são gerados pela transformação de recursos por meio


de atividades produtivas em processos, conforme ilustrado na figura 2, onde
se tem elementos de entrada (insumos), processo de transformação e saída
(resultados). O sistema de produção é composto por processos. Um pro-
18
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

cesso é qualquer atividade ou conjunto de atividades que parte de um ou


mais insumos (entradas), transforma-os e lhes agrega valor, criando um
ou mais produtos (bens físicos e/ou serviços) para os clientes. Os clientes
são tanto compradores do produto final como os clientes dos processos
internos (manufatura, contabilidade, qualidade).

Na cafeteria, por exemplo, têm-se como recursos os funcionários, cafetei-


ras, cafés, doces e bolos, que são organizados de forma a gerar a satisfação
do cliente. O cliente satisfeito, no caso, é a saída do sistema de produção.

(RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004, p. 3)


Clientes internos
e externos
INSUMOS

• Trabalhadores Processos e operações


• Gerentes RESULTADOS
• Equipamentos
1 3
• Instalações • Serviços
5 • Bens
• Materiais
• Serviços 2 4
• Terrenos
• Energia
Informação sobre
o desempenho

Figura 2 – Modelo geral da Administração de Produção.

Dois fatores distinguem os recursos de entrada dos processos de trans-


formação: tempo e espaço. Antes do expediente de trabalho os funcionários
são entradas, pois ainda não estão atuando no processo de transformação.
Durante o expediente os funcionários são considerados parte do processo
de transformação. O mesmo raciocínio se aplica a materiais como farinha,
pó de café, chocolates. Antes de eles entrarem nas instalações da cafeteria,
estão em processo de compra ou recebimento e, portanto, são entradas. Ao
entrarem nos limites físicos das instalações da cafeteria, eles fazem parte do
processo de transformação.

Uma das formas de descrever os elementos que compõem o sistema de


produção (entrada, transformação e saída) é apresentada na tabela 1. Essa
ferramenta mapeia o processo de transformação relacionando fornecedores,
entradas, saídas e clientes. Ela é conhecida como SIPOC, devido aos termos
em inglês, que deram origem à mesma (Supplier – S, Input – I, Process – P,
Output – O e Customer – C).
19
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

Tabela 1 – Descrição do sistema produtivo pela matriz SIPOC

Jorge Muniz Junior.


Fornecedor Entrada Processo Saída Cliente
(Supplier) (input) (Process) (Output) (Customer)
Abastecimento do Condutor do
Petrobras Gasolina Tanque cheio
tanque veículo
Fazenda Pó de café Reparação do café Xícara de café Comprador
Manufatura de
Siderúrgica Aço / mola Amortecedor Montadora
amortecedor

A montadora de automóveis usa seus colaboradores e suas instalações


para transformar aço, plástico, componentes e outros materiais em veículos
para serem vendidos aos clientes. Por outro lado, a cabeleireira transforma a
própria cliente. Nesse sentido, é conveniente relacionar o processo de trans-
formação com a natureza dos recursos de entrada: materiais, informações e
consumidores (figura 3).

(SLACK, 2008. Adaptado.)


Entradas
Entradas PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO Saídas

• Materiais Processamento de materiais: • Bens


• Informações mudança de propriedades físicas, • Serviços
de localização, de propriedade,
• Consumidores estocagem.

• Equipamentos Processamento de informa-


ções: estocagem e distribuição,
• Instalações
modificação de propriedades, de
• Pessoas localização.

Processamento de consumidores:
modificações físicas, emocio-
nais, fisiológicas, de localização,
acomodação.

Figura 3 – Diferentes aspectos do processo de transformação.

Os bens e serviços, resultados do sistema produtivo, podem ser compre-


endidos pelas seguintes características (figura 4):

 tangibilidade, os bens são concretos e podem ser tocados (casa) e os


serviços não (consulta médica). O que pode ser tocado pode ser esto-
cado e transportado;

 simultaneidade relaciona-se à produção do produto pelo fornecedor


e consumo pelo cliente, para serviços isso ocorre simultaneamente
20
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

(corte de cabelo) e para bens esse processo não ocorre simultane-


amente (produção de carro). Para serviços o contato com o cliente
precisa ocorrer durante o processo de sua produção.

(SLACK, 2002 p. 42. Adaptado.)


BENS PUROS
Tangíveis.
Produção de petróleo

Podem ser estocados.


Fundição de alumínio

A produção precede o
Fabricante de máquinas-
-ferramentas especiais

consumo.
Baixo nível de contato
com o consumidor.
Serviços de sistemas de
Restaurante

informática A qualidade é evidente.

Consultoria gerencial
Intangíveis.

Clínica psicoterápica
Não podem ser estocados.
A produção e o
consumo são simultâneos.
Alto nível de contato
com o consumidor.
Não podem ser transportados.
É difícil julgar a qualidade.

SERVIÇOS PUROS

Figura 4 – Relação entre produtoras de bens e serviços.

Hoje a maioria das empresas oferece um pacote que inclui bens físicos
e serviços. Isso implica que o administrador lida regularmente com ambos.
Cada vez mais a diferença entre empresas produtoras de bens e serviços
torna-se menor e conceituá-las não é mais útil na prática. Observe uma con-
cessionária de automóveis. Ela vende bens (carros e peças), mas também for-
nece uma diversidade de serviços (revisão, manutenção, assistência técnica)
e portanto deve ser gerenciada prevendo ambos os enfoques: o tangível em
relação aos produtos e intangível com relação aos serviços prestados.

Fronteiras da função produção


Apesar de a função produção ocupar central para a organização produto-
ra de bens e serviços, não é única e nem a mais importante. Todas as organi-
zações possuem outras funções com suas responsabilidades específicas.

É importante destacar que os nomes das funções, as fronteiras e respon-


sabilidades variam de organização para organização. Isso leva a alguma con-
21
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

fusão sobre as fronteiras práticas da função produção. A figura 5 ilustra a


fronteira da função Administração de Produção com outras funções.

(SLACK, 2002 p. 52. Adaptado.)


Função engenharia/
suporte técnico

Entendimento das neces-


Função contábil- sidades tecnológicas do Função desenvolvimento
processo
-financeira de produto/serviço
Entendimento das capa-
Fornecimento de dados citações e restrições dos
relevantes Análise das opções processos de produção
de nova tecnologia
Análise financeira para Ideias de novos produtos
desempenho e decisões e serviços

Função produção
e operações
Entendimento das Entendimento das
necessidades de recursos capacitações e restri-
humanos ções dos processos de
Exigências de
produção
mercado
Desenvolvimento
de recrutamento e Fornecimento de
treinamento sistemas para projeto,
planejamento, con-
Função recursos humanos trole e melhoria Função marketing
Entendimento das
necessidades de sistema e
infraestrutura

Função informação/
tecnologia

Figura 5 – Fronteiras da função Administração de Produção.

Essa fronteira pode ser mais ou menos ampla conforme as característi-


cas da organização e os nomes que ela dá aos departamentos responsáveis
pelas fronteiras apresentadas.

No Brasil, o tema Administração de Produção é discutido academica-


mente pela Associação Brasileira de Engenharia de Produção – Abepro
(www.abepro.org.br). A Abepro classifica a produção nas seguintes áreas:
 Engenharia de operações e processos da produção, que aborda projetos,
operações e melhorias dos sistemas que criam e entregam os produtos
(bens ou serviços) primários da empresa. Compõem essa área conheci-
mentos relacionados à Gestão de Sistemas de Produção e Operações,
Planejamento, Programação e Controle da Produção, Gestão da Ma-
nutenção, Projeto de Fábrica e de Instalações Industriais: organização
industrial, layout/arranjo físico, Processos Produtivos Discretos e Contí-
nuos: procedimentos, métodos e sequências e Engenharia de Métodos.
22
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

 Logística, que abrange técnicas para o tratamento das principais ques-


tões envolvendo o transporte, a movimentação, o estoque e o arma-
zenamento de insumos e produtos, visando à redução de custos, a ga-
rantia da disponibilidade do produto, bem como o atendimento dos
níveis de exigências dos clientes. Compõem essa área conhecimentos
relacionados à Gestão da Cadeia de Suprimentos, Gestão de Estoques,
Projeto e Análise de Sistemas Logísticos, Logística Empresarial, Trans-
porte e Distribuição Física e Logística Reversa.

 Pesquisa operacional lida com a resolução de problemas reais envol-


vendo situações de tomada de decisão, através de modelos matemá-
ticos habitualmente processados computacionalmente. Aplica con-
ceitos e métodos de outras disciplinas científicas na concepção, no
planejamento ou na operação de sistemas para atingir seus objetivos.
Procura, assim, introduzir elementos de objetividade e racionalidade
nos processos de tomada de decisão, sem descuidar dos elementos
subjetivos e de enquadramento organizacional que caracterizam os
problemas. Compõem essa área conhecimentos relacionados à Mode-
lagem, Simulação e Otimização, Programação Matemática, Processos
Decisórios, Processos Estocásticos, Teoria dos Jogos, Análise de De-
manda e Inteligência Computacional.

 Engenharia da qualidade se preocupa com planejamento, projeto e


controle de sistemas de gestão da qualidade que considerem o ge-
renciamento por processos, a abordagem factual para a tomada de
decisão e a utilização de ferramentas da qualidade. Compõem essa
área conhecimentos relacionados à Gestão de Sistemas da Qualidade,
Planejamento e Controle da Qualidade, Normalização, Auditoria e Cer-
tificação para a Qualidade, Organização Metrológica da Qualidade e
Confiabilidade de Processos e Produtos.

 Engenharia do produto trata do conjunto de ferramentas e processos


de projeto, planejamento, organização, decisão e execução envolvi-
do nas atividades estratégicas e operacionais de desenvolvimento
de novos produtos, compreendendo desde a concepção até o lança-
mento do produto e sua retirada do mercado com a participação das
diversas áreas funcionais da empresa. Compõem essa área conheci-
mentos relacionados à Gestão do Desenvolvimento de Produto, Pro-
cesso de Desenvolvimento do Produto, Planejamento e Projeto do
Produto.
23
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

 Engenharia organizacional trata do conjunto de conhecimentos rela-


cionados à gestão das organizações, englobando em seus tópicos o
planejamento estratégico e operacional, as estratégias de produção,
a gestão empreendedora, a propriedade intelectual, a avaliação de
desempenho organizacional, os sistemas de informação e sua gestão
e os arranjos produtivos. Compõem essa área conhecimentos rela-
cionados à Gestão Estratégica e Organizacional, Gestão de Projetos,
Gestão do Desempenho Organizacional, Gestão da Informação, Redes
de Empresas, Gestão da Inovação, Gestão da Tecnologia e Gestão do
Conhecimento.

 Engenharia econômica lida com a formulação, estimação e avaliação


de resultados econômicos para avaliar alternativas para a tomada de
decisão, consistindo em um conjunto de técnicas matemáticas que
simplificam a comparação econômica. Compõem essa área conheci-
mentos relacionados à Gestão Econômica, Gestão de Custos, Gestão
de Investimentos e Gestão de Riscos.

 Engenharia do trabalho trata do projeto, aperfeiçoamento, implanta-


ção e avaliação de tarefas, sistemas de trabalho, produtos, ambientes
e sistemas para fazê-los compatíveis com as necessidades, habilidades
e capacidades das pessoas visando a melhor qualidade e produtivida-
de, preservando a saúde e a integridade física. Seus conhecimentos são
usados na compreensão das interações entre os humanos e outros ele-
mentos de um sistema. Pode-se também afirmar que esta área trata da
tecnologia da interface máquina – ambiente – homem – organização.
Compõem essa área conhecimentos relacionados a Projeto e Organiza-
ção do Trabalho, Ergonomia, Sistemas de Gestão de Higiene e Seguran-
ça do Trabalho e Gestão de Riscos de Acidentes do Trabalho.

 Engenharia da sustentabilidade aborda o planejamento da utilização


eficiente dos recursos naturais nos sistemas produtivos diversos, da
destinação e tratamento dos resíduos e efluentes destes sistemas,
bem como da implantação de sistema de gestão ambiental e respon-
sabilidade social. Compõem essa área conhecimentos relacionados à
Gestão Ambiental, Sistemas de Gestão Ambiental e Certificação, Ges-
tão de Recursos Naturais e Energéticos, Gestão de Efluentes e Resídu-
os Industriais, Produção mais Limpa e Ecoeficiência, Responsabilidade
Social e Desenvolvimento Sustentável.

24
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

Hoje a Administração de Produção nacional tem credibilidade internacio-


nal e modelos de produção desenvolvidos e amadurecidos no Brasil ganha-
ram o mundo, como por exemplo, o pioneiro consórcio modular da VW – Re-
zende (RJ). Iniciado em 1996 serviu de modelo para outras companhias Ford
– Camaçari (BA), GM – Gravataí (RS). Outro aspecto importante diz respeito
à aplicação dos conceitos da Administração de Produção e competitividade
nacional que possui exemplos bem-sucedidos, como, por exemplo, a produ-
ção de: aviões – Embraer, combustíveis – Petrobras, biocombustíveis, grãos,
hidrelétricas, que compõem uma lista ainda maior.

A importância da Administração
de Produção como ferramenta
impulsionadora da estratégia empresarial
A presente seção é extraída de artigo de IACIA (2006) que indica que,
embora tradicionalmente a Administração de Produção tivesse como obje-
tivo de estudo os setores produtivos das empresas industriais, atualmente
muitas das suas técnicas vêm sendo aplicadas em atividades de serviços
como bancos, escolas, hospitais etc. Os conceitos e técnicas que fazem parte
do objetivo da Administração de Produção dizem respeito às funções ad-
ministrativas clássicas (planejamento, organização, direção e controle) apli-
cadas às atividades envolvidas com a produção física de um produto ou à
prestação de um serviço.

Todas as partes de qualquer empresa têm seus próprios papéis para de-
sempenhar a fim de se chegar ao sucesso. O papel de cada função está refle-
tido em seu nome. Por exemplo: a função marketing posiciona os produtos
e serviços da empresa no mercado. A função finanças monitora e controla os
recursos financeiros da empresa. Já a função produção produz os bens e ser-
viços demandados pelos consumidores. A produção deve apoiar a estraté-
gia desenvolvendo objetivos e políticas apropriados aos recursos que admi-
nistra, fazendo a estratégia acontecer, transformando decisões estratégicas
em realidade operacional e devendo fornecer os meios para a obtenção de
vantagem competitiva. Para que qualquer organização seja bem-sucedida
a longo prazo, a contribuição de sua função produção é vital. Ela dá à orga-
nização uma “vantagem baseada em produção”. A função produção contri-
bui para se atingir essa ideia de vantagem baseada em produção através de
cinco objetivos de desempenho. São eles:

25
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

 fazer certo na primeira vez, isto é, não cometer erros. Se a produção


for bem-sucedida em proporcionar isso, a empresa ganhará em qua-
lidade;
 fazer as coisas com rapidez, minimizando o tempo entre o consumidor
solicitar os bens e serviços e recebê-los. Com isso, a empresa ganhará
em rapidez;
 fazer as coisas em tempo para manter os compromissos de entrega as-
sumidos com os consumidores. Se a produção fizer isso, proporcionará
aos consumidores vantagem de confiabilidade;
 estar em condições de mudar rapidamente para atender às exigências
dos consumidores. Fazendo isso, a empresa ganha em vantagem de
flexibilidade;
 fazer as coisas o mais barato possível, produzindo bens e serviços a
custo que possibilite fixar preços apropriados ao mercado e ainda per-
mitir retorno para a organização, representando vantagem de custo
aos consumidores.

Ampliando seus conhecimentos

Reengenharia revolucionando a empresa


(Texto do Provão) M. Hammer e J. Champy.

A maioria das empresas atuais – qualquer que seja o seu ramo, a sofisti-
cação tecnológica de seus produtos ou serviços ou a sua nacionalidade de
origem – pode remontar o seu estilo de trabalho e as suas raízes organizacio-
nais à prototípica fábrica de alfinetes descrita por Adam Smith em A Riqueza
das Nações, publicado em 1776. Smith, filósofo e economista, reconheceu que
a tecnologia da Revolução Industrial havia criado oportunidades sem prece-
dentes para os fabricantes aumentarem a produtividade dos trabalhadores
e, assim, reduzirem o custo dos produtos, não em pequenas porcentagens
– atingíveis quando se persuade um artesão a trabalhar com um pouco mais
de rapidez – mas em ordens de grandeza. Em A Riqueza das Nações, esse pre-
cursor do consultor de empresas, em sua época um pensador radical, explicou
o que denominou de princípio da divisão do trabalho.

26
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

O princípio de Smith refletiu as suas observações de que certo número


de trabalhadores especializados, cada qual realizando uma etapa individual
da fabricação de um alfinete, poderia produzir, em um dia, muito mais alfi-
netes do que o mesmo número de trabalhadores empenhados na produção
de alfinetes inteiros. “Um homem” – escreveu Smith – “estica o arame, outro o
endireita, um terceiro o corta, um quarto faz a ponta, um quinto esmerilha o
topo para receber a cabeça; produzi-la requer duas ou três operações distin-
tas; ajustá-la no alfinete é uma atividade peculiar, pratear os alfinetes é outra;
inseri-los na cartela de alfinetes constitui até uma atividade independente.”
Smith relatou ter visitado uma pequena fábrica, empregando apenas dez pes-
soas, cada uma realizando apenas uma ou duas das 18 tarefas especializadas
envolvidas na fabricação de um alfinete.

“Essas dez pessoas eram capazes de produzir, conjuntamente, mais de 48


mil alfinetes por dia. Porém, trabalhando separada e independentemente, e
sem ter sido educada nessa atividade peculiar, cada uma delas certamente
não conseguiria produzir vinte, ou nem mesmo um alfinete ao dia.”

A divisão do trabalho aumentava a produtividade dos alfineteiros em


centenas de vezes. “A vantagem”, escreveu Smith, “deve-se a três diferentes
circunstâncias: primeira, ao aumento da destreza de cada trabalhador indivi-
dual; segunda, à economia do tempo normalmente perdido na passagem de
uma espécie de trabalho para outra; e, finalmente, à invenção de um grande
número de máquinas que facilitam e abreviam o trabalho e permitem a um
homem realizar o trabalho de muitos.” As atuais companhias aéreas, usinas si-
derúrgicas, firmas de contabilidade e fabricantes de chips para computadores
foram todas construídas em tomo da ideia central de Smith – a divisão ou es-
pecialização da mão de obra e a resultante fragmentação do trabalho. Quanto
maior uma organização, mais especializados são os seus trabalhadores e mais
fragmentado é o seu trabalho.

Atividades de aplicação
1. Por que se considera que a Administração de Produção, da forma que
a vemos hoje, começou sua grande evolução com a Revolução Indus-
trial? Isso quer dizer que não havia Administração de Produção antes?

27
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

2. Toda empresa tem um produto ou serviço. Descreva as entradas e as


saídas das empresas abaixo.

 Restaurante

 Concessionárias de automóveis

 Fábrica de calçados

Entradas Saídas
Restaurante

3. Liste três serviços diferentes que você “consumiu” na última semana.


Os exemplos podem incluir transporte público, banco, supermercado,
cinema etc. Para cada um desses três serviços escolhidos, descreva:

a) o serviço satisfez as suas expectativas?

b) o que você faria pra administrar melhor esse serviço?

c) como você acha que o serviço poderia lidar com aumento e dimi-
nuição de clientes?

d) o serviço poderia ser mais barato, rápido, confiável?

4. Pense na oficina de seu carro e responda as seguintes questões:

a) quais os produtos dessa empresa?

b) quais os seus clientes?

c) quais os seus fornecedores?

d) quais as entradas e saídas do seu processo produtivo?

28
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

Referências
BROWN, S.; LAMMING, R.; BESSANT, J.; JONES, P. Administração da Produção e
Operações: um enfoque estratégico na manufatura e nos serviços. São Paulo:
Campus, 2005.

CORRÊA, H. L. Administração de Produção e Operações – manufatura e servi-


ços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

DAFOE. Introdução à Engenharia de Produção. Disponível em: <www.ibiblio.


org/gutemberg/etext03/esprj10.txt>.

MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração de Produção. 2. ed. São Paulo: Sa-


raiva, 2005.

MUNIZ, J. A Utilização da Engenharia Simultânea no Aprimoramento Contí-


nuo e Competitivo das Organizações – estudo de caso do modelo usado no
avião EMB 145. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Escola Poli-
técnica (Produção), Universidade de São Paulo, 1995.

SLACK, N. et al. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

_____. Gerenciamento de Operações e de Processos. Porto Alegre: Bookman,


2008.

TAYLOR, F. W. The Principles of Scientific Management. New York: Dover Publi-


cations, 1998.

29
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Introdução à Administração de Produção

Gabarito
1. Princípios estudados hoje eram aplicados nas grandes construções.

Sempre houve geração de bens e serviços.

2.

Entradas Saídas
Restaurante
Vegetais Salada
Carnes Pratos quentes
Concessionárias
Carro batido Carro reparado
Fábrica de calçado
Couro Sapato

3. Exemplo: serviço de transporte de ônibus.

Caso não:

b) Ouvir os passageiros.

c) Ter estoque de ônibus e motoristas terceirizados.

d) Sim.

4.

a) Carros reparados.

b) Proprietários de carros.

c) Fornecedores de peças.

d) Entrada: carro quebrado; saída: carro reparado.

30
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br

Você também pode gostar