O Fundamento do Direito Constitucional Jorge Bacelar GOUVEIA, Manual de Direito Constitucional, I, pp. 723-759
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Capítulo 9 A relevância supra-positiva do Direito Constitucional: O Direito Constitucional e a busca da Justiça Material. As concepções pré-constitucionais materiais. A viragem liberal para o positivismo legalista e normativista. Reacções anti-positivistas e o novo Direito Material. As normas constitucionais inconstitucionais: O contributo de Otto Bachof. Aceitação mitigada da teoria das normas constitucionais inconstitucionais.
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Capítulo 9 A relevância supra-positiva do Direito Constitucional: O Direito Constitucional e a busca da Justiça Material. As concepções pré-constitucionais materiais. A viragem liberal para o positivismo legalista e normativista. Reacções anti-positivistas e o novo Direito Material. As normas constitucionais inconstitucionais: O contributo de Otto Bachof. Aceitação mitigada da teoria das normas constitucionais inconstitucionais.
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A Busca da Justiça A fundamentação do Direito Constitucional (como de todo o Direito) tem a ver com a busca do Direito Justo. Trata-se de uma questão tão antiga como o próprio Direito e, por isso, muito anterior ao aparecimento do Direito Constitucional Contemporâneo. Não se trata de saber se o Direito é vigente ou se é válido (Legitimidade Formal), mas saber se é legítimo, com base num padrão de Justiça Material (Legitimidade Material). TGPP - 2009 Prof. José Domingues 4 A Busca da Justiça Legitimidade formal: Resposta da positividade – em que se quer determinar a vigência do Direito, de acordo com as regras da sua entrada em vigor (vigência). Resposta da legalidade – na qual se procura saber se o Direito produzido está conforme e é exercido segundo a forma juridicamente estabelecida (validade formal). Resposta da efectividade – pela qual se pretende surpreender até que ponto o Direito é socialmente aceite (legitimação social) em função do grau de adesão da comunidade, para a qual concorrem factores fácticos e não valorativos (eficácia social).
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A Busca da Justiça Legitimidade material: “lex injusta non est lex”. “Afastada a justiça, que são, na verdade, os reinos senão grandes quadrilhas de ladrões?” – SANTO AGOSTINHO. A procura do Direito Justo é quase tão antiga como o Direito – Periodização: Concepções pré-constitucionais materiais. Concepções liberais positivistas e formalistas Concepções hodiernas anti-positivistas.
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Capítulo 9 A relevância supra-positiva do Direito Constitucional: O Direito Constitucional e a busca da Justiça Material. As concepções pré-constitucionais materiais. A viragem liberal para o positivismo legalista e normativista. Reacções anti-positivistas e o novo Direito Material. As normas constitucionais inconstitucionais: O contributo de Otto Bachof. Aceitação mitigada da teoria das normas constitucionais inconstitucionais.
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Concepções Pré-Constitucionais Grécia Antiga: Sófocles, Antígona: “leis divinas, que nunca foram escritas mas são imutáveis. Não é de hoje nem de ontem que elas vivem: são eternas e ninguém sabe determinar o tempo em que foram promulgadas”. Império Romano: Cícero “existe um só Direito, aquele que constitui o vínculo da sociedade humana e que nasce de uma só Lei” “Toga cedant arma!”. Idade Média: Entendimentos marcadamente teológicos. Concepção jusnaturalista de raiz religiosa, em que a lei humana encontrava o seu limite na lei de Deus Idade Moderna: Hugo Grócio – Jusnaturalismo racionalista, fundamentação racionalista e não teológica.
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Capítulo 9 A relevância supra-positiva do Direito Constitucional: O Direito Constitucional e a busca da Justiça Material. As concepções pré-constitucionais materiais. A viragem liberal para o positivismo legalista e normativista. Reacções anti-positivistas e o novo Direito Material. As normas constitucionais inconstitucionais: O contributo de Otto Bachof. Aceitação mitigada da teoria das normas constitucionais inconstitucionais.
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Concepções Liberais Viragem liberal para o positivismo legalista e normativista ou positivismo formalista. Consagração de direitos fundamentais: Declaração de Independência norte-americana [1776]. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão [1789]. A visão jusnaturalista anterior seria progressivamente substituída por uma visão formalista do Direito. Põe de lado os valores materiais indisponíveis ao poder político e preocupa-se com a garantia de mecanismos de actuação e de limitação formal do poder político.
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Positivismo Formalista Positivismo Formalista França Alemanha Áustria Em resumo, desprezo por: Realidades transcendentes – o Direito Natural Realidades extra-legais – o Direito Consuetudinário. Realidades institucionais – o ordenamento imanente das organizações sociais.
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Capítulo 9 A relevância supra-positiva do Direito Constitucional: O Direito Constitucional e a busca da Justiça Material. As concepções pré-constitucionais materiais. A viragem liberal para o positivismo legalista e normativista. Reacções anti-positivistas e o novo Direito Material. As normas constitucionais inconstitucionais: O contributo de Otto Bachof. Aceitação mitigada da teoria das normas constitucionais inconstitucionais.
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Concepções Actuais Reacções anti-positivistas e o novo Direito Natural (séc. XIX-XX). Autores como SAVIGNY, CARL SCHMITT e MAURICE HAURIOU, LÉON DUGUIT, SANTI ROMANO e CONSTANTINO MORTATI.
Viragem ditada pelas 2 grandes guerras do séc. XX:
Fundamentação material do Direito e do Estado, e também do Direito Constitucional, vinculando a actividade jurídica a soluções de conteúdo, reconhecendo limites materiais que em caso algum poderiam ser ultrapassados. Os textos internacionais, sobretudo de protecção dos direitos do Homem.
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Conclusão J. BAPTISTA MACHADO: “…a concepção que temos do Direito Justo, muda em cada época, isto não tem de significar que mudem os ditos princípios. Dir-se-á, antes, que o que muda é o nosso conhecimento acerca deles”. Art. 8º/2 CC - “O dever de obediência à lei não pode ser afastado sob pretexto de ser injusto (…) o conteúdo do preceito legislativo” Objectivo = afastar as concepções particulares de Justiça, por ventura conferindo aos juízes um poder autónomo de ultrapassar o poder legislativo, em homenagem ao brocardo latino “dura lex sed lex”. Injustiça vs Constituição: Se a injustiça da lei implicar a inconstitucionalidade, podem ser activados os mecanismos de fiscalização. Se a injustiça for da própria Constituição, ainda assim é legítimo invocar e praticar a sua desobediência.
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Capítulo 9 A relevância supra-positiva do Direito Constitucional: O Direito Constitucional e a busca da Justiça Material. As concepções pré-constitucionais materiais. A viragem liberal para o positivismo legalista e normativista. Reacções anti-positivistas e o novo Direito Material. As normas constitucionais inconstitucionais: O contributo de Otto Bachof. Aceitação mitigada da teoria das normas constitucionais inconstitucionais.
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Normas Constitucionais Inconstitucionais Existências de normas constitucionais que violam outras normas ou princípios constitucionais. O contributo de OTTO BACHOF. Aceitação mitigada da teoria das normas constitucionais inconstitucionais.
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Otto Bachof Violação da Constituição escrita Inconstitucionalidade de normas constitucionais ilegais. Inconstitucionalidade das leis de alteração à Constituição. Inconstitucionalidade por violação de normas constitucionais de grau superior Inconstitucionalidade resultante da “mudança de natureza” de normas constitucionais. Inconstitucionalidade por infracção de Direito supra-legal positivado na lei constitucional. Violação da Constituição não escrita: Inconstitucionalidade por infracção dos princípios constitucionais não escritos do sentido da Constituição Inconstitucionalidade por infracção do Direito Constitucional consuetudinário Inconstitucionalidade por infracção de Direito supra-legal não positivado.
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Dificuldade Dificuldade prática de encontrar exemplos – posição assumida pelo Tribunal Constitucional da Alemanha: admite em tese a sua existência, mas nunca chega a aplicá-la, por ausência de uma exemplificação juspositiva.
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Doutrina Portuguesa Problemática em torno do Art. 298º, que admite a incriminação retroactiva dos ex-agentes da PIDE/DGS, distorcendo a aplicação do princípio constitucional da não retroactividade da lei penal. Posições assumidas: Admissão genérica Rejeição total. Aceitação de normas inconstitucionais, mas só supervenientemente, por ter havido, entretanto, uma revisão constitucional. Admissão teorética, mas reconhecendo a sua impossibilidade prática.
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Posição do Autor Aceitação mitigada da teoria das normas constitucionais inconstitucionais. Casos em que seria admissível a inconstitucionalidade de normas constitucionais =>
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Autor - Casos Admissíveis No caso das normas constitucionais supervenientes que contrariem normas constitucionais originárias, dotadas de supra-rigidez constitucional, reconhecendo-se a prevalência destas sobre as primeiras. No caso das normas constitucionais que contradigam outras normas constitucionais, não por estas serem valorativamente superiores, mas porque traduzem opções erradas ou não queridas pelo legislador constituinte, numa tarefa de mera hermenêutica jurídica, não podendo essa contradição ser resolvida pela concordância prática, nem pela cessação de vigência segundo os critérios da hierarquia, da cronologia ou da especialidade. No caso das normas constitucionais que coloquem em questão o âmbito de eficácia de outras normas constitucionais que reflictam directamente considerações axiológicas supra-positivas, estas tidas por prevalecentes porque precipitando, para o texto constitucional positivo, orientações que materialmente têm superioridade sobre aquelas normas constitucionais. TGPP - 2009 Prof. José Domingues 21 Fim