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A Lei 13.

448/2017 e o instituto da relicitação


terça-feira, 6 de junho de 2017

Olá amigos do Dizer o Direito,

Foi publicada hoje (06/06/2017) a Lei nº 13.448/2017, que estabelece


diretrizes gerais para prorrogação e relicitação dos contratos de parceria
definidos nos termos da Lei nº 13.334/2016, nos setores rodoviário, ferroviário
e aeroportuário da administração pública federal.

Sobre o que trata esta Lei?


Sobre a possibilidade de prorrogação ou de relicitação dos contratos de
concessões de rodovias, ferrovias e de aeroportos federais que tenham sido
definidos pelo Programa de Parcerias de Investimentos – PPI (Lei nº
13.334/2016).

Em que consiste essa prorrogação?


Consiste na extensão do prazo dos contratos de parceria. Isso pode ocorrer de
duas formas:
• Prorrogação contratual: alteração do prazo de vigência do contrato de
parceria realizada em razão do término da vigência do ajuste;
• Prorrogação antecipada: alteração do prazo de vigência do contrato de
parceria antes do término da vigência do ajuste.

Obs: as prorrogações aplicam-se apenas aos contratos relacionados com


rodovias e ferrovias (aeroportos não).

O que é relicitação?
O Governo percebeu que algumas concessionárias que celebraram contratos de
parceria nos setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário não estavam
conseguindo cumprir suas obrigações.
Diante disso, abriu-se a possibilidade de haver um desfazimento consensual
desses contratos com a imediata assunção de novas empresas, escolhidas
mediante licitação.
Tem-se aí a previsão do instituto da relicitação.
Relicitação é, portanto, a extinção amigável do contrato de parceria (Lei nº
13.334/2016) e a celebração de novo ajuste negocial para o empreendimento,
em novas condições contratuais e com novos contratados, mediante licitação
promovida para esse fim.
A Lei nº 13.448/2017 autorizou que a União faça a relicitação dos contratos de
concessão dos setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário nos casos em que
a concessionária esteja com dificuldades de cumprir suas obrigações
contratuais. Veja o texto da Lei:
Art. 13. Com o objetivo de assegurar a continuidade da prestação dos serviços,
o órgão ou a entidade competente poderá realizar, observadas as condições
fixadas nesta Lei, a relicitação do objeto dos contratos de parceria nos setores
rodoviário, ferroviário e aeroportuário cujas disposições contratuais não
estejam sendo atendidas ou cujos contratados demonstrem incapacidade de
adimplir as obrigações contratuais ou financeiras assumidas originalmente.

Em quais contratos será possível fazer a relicitação?


Como já explicado acima, apenas nos contratos de parceria relacionados com
os setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário.

Na prática, como se dá a relicitação?


O concessionário que estiver em dificuldade de cumprir com as suas obrigações
contratuais ou financeiras formula requerimento ao Poder Público solicitando a
relicitação, devendo apresentar:
I - justificativas e elementos técnicos que demonstrem a necessidade e a
conveniência da adoção do processo de relicitação, com as eventuais propostas
de solução para as questões enfrentadas;
II - renúncia ao prazo para corrigir eventuais falhas e transgressões e para o
enquadramento previsto no § 3º do art. 38 da Lei nº 8.987/95, caso seja
posteriormente instaurado ou retomado o processo de caducidade;
III - declaração formal quanto à intenção de aderir, de maneira irrevogável e
irretratável, ao processo de relicitação;
IV - renúncia expressa quanto à participação no novo certame ou no futuro
contrato de parceria relicitado;
V - informações necessárias à realização do processo de relicitação, em especial
as demonstrações relacionadas aos investimentos em bens reversíveis
vinculados ao empreendimento e aos eventuais instrumentos de financiamento
utilizados no contrato, bem como de todos os contratos em vigor de cessão de
uso de áreas para fins comerciais e de prestação de serviços, nos espaços sob a
titularidade do atual contratado.
O órgão ou entidade competente irá, então, avaliar a necessidade, a
pertinência e a razoabilidade da instauração do processo de relicitação.

A concessionária originalmente contratada e que aderir ao processo de


relicitação terá direito a alguma indenização?
SIM. A concessionária que terá o contrato extinto receberá uma indenização, a
ser definida por meio de arbitragem ou outro mecanismo privado de resolução
de conflitos admitido na legislação aplicável (art. 15, III, da Lei nº
13.448/2017).

Qual é a vantagem para a concessionário em aderir ao processo de


relicitação?
Se o concessionário não está cumprindo as suas obrigações contratuais, o
Poder Público concedente poderá extinguir o contrato sob o fundamento da
caducidade (art. 38 da Lei nº 8.987/95).
Ocorre que a caducidade é mais desvantajosa para a concessionária. Vejamos:
Caducidade Relicitação
A eventual indenização que ela receba (em virtude A indenização ao concessionário será paga pelo novo
dos investimentos feitos e não amortizados) será contratado, nos termos e limites previstos no edital
paga por meio de precatório. da relicitação.

A empresa poderá receber a pena de inabilitação de A empresa não será punida com a inabilitação de
contratar com a Administração Pública. contratar com a Administração Pública. A única
restrição é que ela não poderá participar do certame
licitatório da relicitação.

Haverá remissão (perdão) das dívidas que a concessionária tiver com o


Poder Público concedente?
NÃO. As multas e as demais somas de natureza não tributária devidas pelo
anterior contratado ao órgão ou à entidade competente deverão ser abatidas da
indenização que ele irá receber (art. 15, § 2º).
Em outras palavras, as dívidas que a concessionária tiver com o Poder Público
serão descontadas da indenização que ela receberá.

Este foi apenas um resumo sobre a relicitação. Se você quiser se aprofundar


sobre o assunto é fundamental ler a íntegra da Lei nº 13.448/2017 que traz
também outros aspectos interessantes sobre Direito Administrativo.

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