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JANEIRO DE 2019
CONTEXTO MACROECONÔMICO
Atividade econômica
Retomada da atividade econômica evidenciada pelo IBC-Br ainda é gradual. O Índice de Atividade Econômica do
Banco Central (IBC-Br), construído por variáveis representativas da produção agropecuária, da indústria, do comércio e
dos serviços, ficou estagnado entre setembro e outubro, na série com ajuste sazonal. O índice cresceu 3,1% na
comparação com outubro de 2017 e 1,5% quando se considera a variação acumulada nos últimos doze meses.
Do lado da oferta, indicadores setoriais com informações do início do quarto trimestre de 2018 apontam
tendência de acomodação. O volume de serviços – setor com peso de aproximadamente 73% no PIB – mostrou variação
de apenas 0,1% entre setembro e outubro, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE. A atividade do
setor cresceu 1,6% na comparação anual, mas ainda exibiu variação ligeiramente negativa (-0,1%) no acumulado em
doze meses. Dos cinco segmentos da pesquisa, apenas dois (serviços de informação e comunicação e outros serviços)
contribuíram para a leve alta no comparativo mensal. A produção industrial, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal
– Produção Física (PIM-PF) referente a novembro, subiu 0,1% na comparação com o mês anterior (quando havia recuado
0,1%), na série com ajuste sazonal. Na comparação com novembro de 2017, a produção industrial recuou 0,9%, ao passo
que, na variação acumulada dos 12 meses encerrados em novembro, cresceu 1,8%. O desempenho mais fraco da
produção industrial foi explicado, em maior medida, pela queda na produção de veículos automotores (em relação a
outubro, a variação foi de -4,2%, na série com ajuste sazonal).
TABELA 1. INDÚSTRIA: TAXAS DE CRESCIMENTO
Mês contra mês anterior (com ajuste Mês contra igual período do ano
Variação acumulada em 12 meses
Indicadores sazonal) anterior
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aumentou 6,7% em relação a 2017. O
avanço foi favorecido pelo bom Fonte. Anfavea. Elaboração: IFI
desempenho das vendas no mercado
interno (alta de 13,0% frente a 2017), movimento alinhado com o aumento das concessões de crédito, enquanto as
vendas para o mercado externo, impactadas, em grande medida, pela crise econômica na Argentina, registraram, na
mesma comparação, variação de -17,7%.
A indústria nacional segue operando GRÁFICO 2. NÍVEL DE UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA (%)
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com elevado grau de ociosidade. Como
consequência do baixo dinamismo da 82
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74,6%.
Fonte: FGV. Elaboração: IFI.
Pelo lado da demanda, as vendas no
comércio varejista mostraram ligeiro GRÁFICO 3. INDICADOR IPEA MENSAL DE FBCF
recuo em outubro. O volume de vendas (SÉRIES COM AJUSTE SAZONAL - 1° T/14=100)
no comércio varejista (Pesquisa Mensal 110
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A elevada ociosidade presente na indústria deve limitar a reação dos investimentos no curto prazo. Em relação
aos investimentos, o Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou 0,4% entre setembro e outubro,
na série com ajuste sazonal. No comparativo anual, o indicador avançou 5,0%, acumulando alta de 4,2% nos 12 meses
RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO FISCAL
JANEIRO DE 2019
encerrados em outubro. Nessa base de comparação, enquanto o componente de máquinas e equipamentos registrou
expansão de 6,0%, a construção civil permaneceu estagnada.
PIB deve crescer 2,3% em 2019. O conjunto preliminar de informações disponíveis sobre o estado da atividade
econômica no quarto trimestre de 2018 sugere que o crescimento do PIB no ano deve se materializar um pouco abaixo
do esperado atualmente pela IFI (1,4%). Para 2019, a expectativa é de crescimento adicional de 2,3%.
Mercado de trabalho
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desemprego caiu 0,1 ponto percentual
em novembro ante outubro (Gráfico 4).
Fonte: IBGE. Elaboração: IFI.
População ocupada cresce mais em
situações de informalidade. A população ocupada registrou aumento de 1,4% nos 12 meses encerrados em novembro,
evidenciando desaceleração em relação a setembro e outubro, quando houve incrementos de 1,6% nessa base de
comparação. Assim como observado nos últimos meses, o crescimento da ocupação ocorre em posições sem carteira
assinada ou conta própria, evidenciando relativa fragilidade na recuperação do mercado de trabalho (Tabela 2). A
projeção da IFI para a ocupação em 2018 é de expansão de 1,5% frente a 2017.
Volta da formalização deve ocorrer com investimentos. O aumento do emprego formal na economia brasileira deverá
ocorrer somente quando os empresários voltarem a investir em expansão da capacidade produtiva. Para que um novo
ciclo de investimentos seja observado, no entanto, é preciso que o governo persista na agenda de correção de
desequilíbrios macroeconômicos, em especial, o desarranjo das contas públicas dos entes federados.
TABELA 2. POPULAÇÃO OCUPADA POR POSIÇÃO
Renda cresce e impulsiona a massa salarial. As condições de renda dos trabalhadores seguiram marginalmente
favoráveis em novembro de 2018. Segundo o IBGE, houve alta de 1,0% no rendimento real médio recebido nos 12 meses
encerrados em novembro, o que garantiu expansão da massa salarial em 2,5% nessa base de comparação (Tabela 3). A
projeção da IFI para a variação da massa salarial em 2018 é de aumento de 2,0%. Para 2019, a expectativa é de
crescimento adicional de 2,4% na massa salarial.
TABELA 3. INDICADORES DE RENDIMENTO POR POSIÇÃO
Aumento da massa já influencia consumo das famílias. A expansão da massa salarial da economia é benéfica para o
consumo das famílias. Com efeito, já se observa crescimento mais robusto nas vendas no varejo de bens não duráveis.
Uma possível retomada mais disseminada do crédito, por sua vez, tende a impulsionar o consumo de outros bens
duráveis, além de automóveis.
Crédito
Estoque de crédito cresceu 4,4% em novembro de 2018. De acordo com o Banco Central, em novembro de 2018, o
estoque de crédito na economia brasileira foi de R$ 3,202 trilhões, configurando acréscimo de 4,4% sobre o mesmo mês
de 2017, e alta de 1,1% em relação a outubro. Mantendo o padrão observado desde agosto de 2017, o desempenho do
crédito com recursos livres em novembro, com aumento de 10,4% na comparação anual, foi superior ao do crédito
direcionado (-1,8%).
GRÁFICO 5. CONCESSÕES DE CRÉDITO DEFLACIONADAS E COM AJUSTE SAZONAL (MÉDIA
Linhas de crédito com melhores MÓVEL 12 MESES) - R$ BI
220
garantias exibem melhor
200
desempenho. Ainda segundo as
180
informações do Banco Central, as
concessões de crédito exibem 160
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Redução no comprometimento abriu espaço para aumento recente no crédito. O crescimento recente do crédito foi
possível em razão de um processo de desalavancagem realizado por famílias e empresas. Conforme atestam os dados do
Banco Central referentes ao comprometimento de renda das famílias com o pagamento de dívidas bancárias, houve
redução em cerca de três pontos porcentuais no indicador entre o quarto trimestre de 2015, quando a crise já estava
instalada na economia, e o quarto trimestre de 2018 (Gráfico 6). Em boa medida, a redução no índice de
comprometimento de renda das famílias ocorreu em razão da queda na taxa básica de juros da economia (Selic), o que
aliviou as despesas das famílias com o serviço das dívidas bancárias.
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Fonte: Banco Central. Elaboração: IFI.
Crédito pode crescer mais com aumento da formalização. O confronto das informações do mercado de crédito com
os dados referentes ao mercado de trabalho sugere que a retomada do crédito poderá ser mais robusta caso a
recuperação nos níveis de emprego ocorra com aumento na formalização da mão de obra. As condições ainda
relativamente frágeis do mercado de trabalho, que registra maior expansão da ocupação sem carteira assinada ou de
trabalhadores que se declaram como conta própria, constrangem a expansão do crédito na economia.
Inflação e juros
A inflação ao consumidor em 2018 ficou em 3,75%, 0,75 ponto porcentual abaixo da meta de inflação (4,5%). Os
preços livres (mais sensíveis ao ciclo econômico) tiveram alta de 2,9%, enquanto os preços administrados por contratos
acumularam variação de 6,2%. Apesar da depreciação da taxa de câmbio acumulada em 2018 (15%), a existência de
capacidade ociosa na economia exerceu pressão baixista sobre a inflação do ano passado, como se observa no nível
reduzido da inflação de serviços (3,3%) e dos núcleos de inflação calculados pelo Banco Central (diversas medidas que
buscam expurgar da inflação cheia a influência de itens de maior volatilidade), cuja média ficou em 2,8%.
RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO FISCAL
JANEIRO DE 2019
Habitação, Transportes e Alimentação e Bebidas exercem maiores influências sobre a inflação de 2018. Em 2018,
o IPCA foi mais influenciado pelo comportamento dos grupos Habitação (alta de 4,72%), Transportes (+4,19%) e
Alimentação e Bebidas (4,04%). No grupo Habitação, a principal influência foi registrada no item ‘energia elétrica’, que
teve variação acumulada de 8,70% no ano. Em Transportes, por sua vez, as maiores variações foram observadas em
‘passagem aérea’, ‘gasolina’ e ‘ônibus urbano’. Apesar de a greve dos caminhoneiros, ocorrida entre maio e junho, ter
exercido pressão sobre vários itens do IPCA, houve arrefecimento do impacto sobre os preços com a normalização da
oferta verificada algum tempo depois.
Cenário benigno para inflação GRÁFICO 7. TAXA DE JURO NOMINAL E REAL EX-ANTE
garante permanência da taxa de juros 15.0%
em níveis historicamente baixos. A 13.0%
inflação corrente em nível confortável, a 11.0%
reação lenta da atividade econômica e as
9.0%
expectativas de inflação ancoradas -
7.0%
alinhadas à meta de inflação para os
5.0%
próximos anos, conforme indicado no Juro real
3.0%
Boletim Focus – são fatores que Taxa Selic
1.0%
permitem ao Banco Central sustentar a
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