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28/01/2019 Aristóteles e o neoliberalismo, por Fábio de Oliveira Ribeiro | GGN

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Aristóteles e o neoliberalismo, por Fábio de


Oliveira Ribeiro
FÁBIO DE OLIVEIRA RIBEIRO DOM, 27/01/2019 - 16:56
ATUALIZADO EM 27/01/2019 - 16:56

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Dentre os mitos e falácias que ajudaram a construir o neoliberalismo três se destacam: a


superioridade do mercado sobre a política, a supremacia do ocidente civilizado sobre o oriente
bárbaro e, é claro, a ligação histórica entre a democracia moderna e a democracia grega. Não é
difícil demonstrar que essa ideologia é produto de uma imensa falsificação.

Entre os gregos a separação entre política e mercado era um valor absoluto. A administração da
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cidade deveria sempre estar acima da atividade comercial. Aristóteles deixa isso bem claro em
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“Em Tebas, havia uma lei pela qual nenhum homem que exercesse o comércio poderia exercer
alguma magistratura; só o poderia fazer se estivesse afastado dessa atividade há pelo menos dez
anos.” (Política, Aristóteles, Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 106)
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“... deve ser estabelecida uma ágora, como aquelas


que são chamadas na Tessália de ‘ágora dos homens
livres’; nelas nenhuma atividade comercial deve ser
permitida e nenhum artífice, agricultor ou pessoa
desse nível deve ser admitido, a menos que seja
convocado pelos magistrados.” (Política, Aristóteles, Natureza que cuida: planta é
Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 260) maior inimiga de dores
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localização que seja conveniente para a recepção das
mercadorias vindas por mar ou por terra.” (Política,
Aristóteles, Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 260)

De maneira geral, em seu livro “Política” Aristóteles não condena a riqueza e/ou sua obtenção por
meios lícitos. A atividade política, entretanto, não deve se submeter aos princípios do comércio
nem ser equiparada à atividade econômica privada, pois seu fim não é enriquecer o governante Morra de rir com essas
ou um grupo de cidadãos e sim possibilitar aos cidadãos uma vida em comum tranquila, feliz e respostas hilárias de crianças
virtuosa. em provas!
desafiomundial

Em razão disso, Aristóteles adverte que a vida em sociedade não pode ser estruturada apenas
para o acúmulo privado de riqueza, pois “...ambição e avareza são, mais que as outras paixões,
as causas dos crimes.” (Política, Aristóteles, Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 86) e “... é melhor
aquilo que está livre das paixões que aquilo em que elas são inatas.” (Política, Aristóteles, Martin
Claret, São Paulo, 2018, p. 128). Além disso, sempre que uma cidade submeteu o interesse
público ao interesse particular o “...legislador produziu um resultado que é o contrário do que ele
pretendia; fez a Cidade ficar pobre e seus cidadãos, vorazes por riquezas.” (Política, Aristóteles,
Se divirta configurando o seu
Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 87/88).
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O desejo desmedido de lucro (a avareza) é considerado um defeito incurável “El ávido deseo del
más vergonzoso lucro parece ser el vicio común a todos estos corazones degradados; no hay
infamia que no cometan con tal que saquen de ella algún fruto, que es siempre bien miserable,
porque sería un error llamar avaros a los que sacan provechos inmensos de donde no deberían
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sacarlos, o que se apropian de lo que no deberían apropiarse; los tiranos, por exemplo que roban
las ciudades y despojan e violan los templos.” (Aristóteles, Moral a Nicomaco, Clasicos ARTIGOS
Inolvidables El Ateneo, Librería El Ateneo, Buenos Aires, 1950, p. 163/164). Não por acaso, na Folhetins e folhetinescos (I), por
Walnice Nogueira Galvão
“Política” Aristóteles considera que “... as maiores honrarias são devidas não aos que matam
ladrões, mas aos que matam tiranos.” (Política, Aristóteles, Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 75).
CRÔNICA
Entre os tiranos neoliberais (como Jair Bolsonaro, Doria Jr. e Wilson Witzel) assassinar bandidos e Nossa bandeira nunca será vermelha!,
suspeitos é a única virtude que merece ser premiada. Eles certamente não são aristotélicos e por Janderson Lacerda

devem ter um medo pavor dos discípulos do filósofo grego.


LITERATURA
Lista de Livros: O Silmarillion – J. R. R.
O princípio estruturante da economia privada é a acumulação privada. O que deve estruturar a
Tolkien
vida em comum é a amizade. Por isso, Aristóteles elogia o governo que respeita o interesse
comum, critica o excesso de riqueza e de pobreza e sugere que o melhor cidade é aquela que se LITERATURA
esforça para resgatar os cidadãos da miséria. O caótico e confuso país chamado
América, segundo Jack Kerouac, por
“... os governos que têm em vista o interesse comum estão constituídos em conformidade com os Sebastião Nunes

princípios de justiça e, portanto, estruturados corretamente, mas aqueles que têm em vista
MEMÓRIA
apenas os interesses dos governantes são todos falhos e formas desviadas das constituições Viva Tom Jobim!, por Carlos Ernst Dias
corretas, visto que são despóticos, enquanto a Cidade é uma comunidade de homens livres.”
LEIA MAIS
(Política, Aristóteles, Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 107)

“...aqueles têm em excesso as dádivas da fortuna - força, riqueza, amigos e coisas assim - não se
submetem a autoridade. Esse mal tem início em casa, pois na infância viviam na incontinência e
jamais aprenderam, mesmo na escola, a obedecer. Por outro lado, os muito pobres acabam
degradando-se; e, então, enquanto uma classe não sabe obedecer e governa despoticamente, a
outra não sabe governar e se submete como escrava aos primeiros. Assim, surge uma cidade não
de homens livres, mas de senhores e escravos, uns são invejosos, outros prepotentes; e nada
pode ser mais fatal à amizade e à vida comunitária na cidade do que isso, pois a vida comunitária
nasce da amizade: com inimigos, os homens não gostam nem sequer de ir pelo mesmo caminho.”
(Política, Aristóteles, Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 158)

“O verdadeiro amigo do povo deve garantir que ele não seja pobre em demasia, pois a pobreza
extrema é a causa da fragilidade da democracia; assim, devem-se tomar medidas que promovam
uma prosperidade duradoura; e como esse é um interesse comum a todas as classes, os
resultados das rendas públicas deveriam ser acumulados e distribuídos entre os pobres, se
possível, em quantias tais que possibilitem a eles a compra de pequenas glebas, ou pelo menos
para permitir que comecem um empreendimento comercial ou agrícola.” (Política, Aristóteles,
Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 227)

Além de defender a distribuição de renda (coisa que os neoliberais consideram indesejável e


mesmo antidemocrático), Aristóteles entende que algumas atividades devem ser necessariamente
públicas.

“Cuidados especiais devem ser tomados com a saúde dos habitantes, que dependerão acima de
tudo, da salubridade do local e do terreno ao qual estão expostos e, além disso, do uso de água
potável; essa última questão não é, de modo algum, uma preocupação secundária, pois os
elementos que mais utilizamos, e com maior freqüencia, para a sustentação do nosso organismo
são os que mais afetam a qualidade de nossa saúde, e entre esses elementos estão a água e o ar.
Por isso quando há escassez de água pura ou quando os suprimentos de água são em parte de
qualidade suspeita, os governos sábios fazem uma reserva de água potável, isolada da água que é
usada para outros propósitos.” (Política, Aristóteles, Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 258)

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28/01/2019 Aristóteles e o neoliberalismo, por Fábio de Oliveira Ribeiro | GGN

O neoliberalismo preconiza a confusão entre o público e o privado; Aristóteles defende que essas
duas atividades devem ser separadas e que os comerciantes não devem exercer funções públicas.
Os neoliberais querem a submissão do Estado aos negócios privados; Aristóteles afirma que os
interesses públicos (interesses comuns) devem prevalecer aos interesses privados. Governantes
neoliberais querem exterminar bandidos e suspeitos; Aristóteles sustenta que o extermínio dos
tiranos é algo muito mais virtuoso.

A avareza é tratada pelo neoliberalismo como se fosse uma virtude; Aristóteles a considera vício
especialmente terrível quando estrutura a atividade pública ou é praticada pelo governante. O
neoliberalismo quer privatizar tudo; Aristóteles defende que existem coisas que devem ser objeto
de cuidado especial do governo (a distribuição de água potável, por exemplo). Os neoliberais
odeiam a distribuição de renda; Aristóteles afirma peremptoriamente que ela é indispensável e
atende um interesse comum.

Os neoliberais odeiam a soberania popular e desdenham a legitimidade democrática. No Brasil


eles organizaram um golpe de Estado em 2016 para poder excluir os pobres das atividades
governamentais. Aristóteles sustenta que o oposto deve ser feito “... pois quando um grande
número de homens é excluído dos cargos a cidade fica cheia de inimigos do governo.” (Política,
Aristóteles, Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 116/117). Segundo o filósofo grego, o grande
princípio de preservação da cidade é “... fazer que a parte dos cidadãos leais à constituição seja
mais forte que a desleal.” (Política, Aristóteles, Martin Claret, São Paulo, 2018, p. 198). A única
coisa que os neoliberais têm a oferecer aos pobres é a violência policial, especialmente se eles
ousarem organizar protestos.

Tudo bem pesado, podemos concluir que a relação entre a democracia neoliberal e a democracia
grega é uma falácia, um mito. O mesmo se pode dizer dos dois outros princípios do
neoliberalismo. Afinal, não podemos considerar civilizados aqueles que tentam construir uma
sociedade bárbara como se a barbárie fosse uma característica essencial do legado grego.
Aristóteles, aliás, nunca sugeriu a existência de uma guerra de civilizações. Tampouco legitimou o
ódio aos Orientais. As palavras dele são absolutamente claras “...não devemos ser hostis com
ninguém; a natureza de um espírito elevado não é a hostilidade.” (Política, Aristóteles, Martin
Claret, São Paulo, 2018, p. 250/251).

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Deve ser por isso...


dom, 27/01/2019 - 18:54

Sandro Pavezzi
...que tiraram Filosofia do ensino público.

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O neoliberalismo é a-histórico
dom, 27/01/2019 - 18:43

Mathaus
Para eles o tempo é semelhante ao representado no filme "a chegada", eles veem capitalismo até no
antigo Egito. não podemos esquecer que tudo isso é um produto pensado, com o objetivo de alimentar a
cabeça de idiotas e cínicos cujo o único objetivo é espoliar os compatriotas com impunidade.

Os gregos valorizavam a Polis, a cidade grega, os cidadãos mais ricos eram obrigados a financiar peças de
teatro e outros eventos culturais, mas obviamente eles resistiam a quaisquer obrigações com a Polis,
algumas coisas nunca mudam.

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