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Jun, 2017
MARIANA DA SILVA
Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC
Graduanda do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia
E-mail: marianadasilva@gmail.com
RESUMO
O artigo tem objetivo de descrever os processos utilizados na administração de materiais no
setor de alimentos e bebidas em um hotel executivo de rede nacional. Os procedimentos
metodológicos compreendem um estudo de caso realizado em um hotel executivo de rede
localizado em Florianópolis/SC. A coleta de dados se deu por meio de documentos do hotel e
de entrevista realizada com o responsável pelo almoxarifado. Nos resultados encontrados foi
verificado que o almoxarifado realiza a compra de materiais conforme a taxa de ocupação do
hotel e o histórico de consumo. Quanto às atividades relacionadas ao estoque, observou-se
rigoroso controle de entrada e saída de materiais, mediante conferência e registro em
documentos padronizados. Por outro lado, verificou-se sobrecarga de atividades no reduzido
quadro funcional do almoxarifado, tornando o setor predominantemente operacional. Uma
situação que, aliada a outros fatores, possivelmente limita a contribuição estratégica da
administração de materiais para o alcance de resultados da empresa.
Palavras-chave: Administração de materiais; Alimentos e bebidas; Hotelaria; Gastronomia.
conference and registration in standardized documents. On the other hand, there was an
overload of activities in the reduced functional staff of the warehouse, making the sector
predominantly operational. A situation that, together with other factors, possibly limits the
strategic contribution of supply management to achieving company results.
Key words: Supply Management; Foods and beverages; Hotel; Gastronomy.
1 INTRODUÇÃO 43
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nas décadas de 1980 e 1990, quando o turismo ainda engatinhava em Santa Catarina, o
cenário de hotéis vazios e fechados, fora da temporada de verão, tornou-se menos comum no
litoral do Estado. Para escapar da sazonalidade, a rede hoteleira tem investido, desde então, no
turismo de negócios e eventos, que gera movimento independente da condição do tempo.
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Destaca-se o polo tecnológico da região norte da cidade, o qual atrai empresas de grande porte
para reuniões, treinamentos, cursos de imersão e qualificação, e assim definitivamente, o
turismo em Florianópolis não está mais representado somente pelo turismo de sol e praia
(DIÁRIO CATARINENSE, 2014).
De acordo com o Ministério do Turismo (2010, p. 15), turismo de negócios e eventos é
o "conjunto de atividades turísticas decorrentes dos encontros de interesse profissional,
associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e social". 44
Segundo o mesmo Ministério, este é o segundo maior fator de atração de visitantes estrangeiros,
respondendo por 25,3% dos turistas internacionais que vêm ao país, sendo que o gasto médio
diário dos turistas que viajam a negócios é 50% maior que o do turista de lazer (2015). Trata-
se, assim, de uma atividade em crescimento, uma vez que o progresso profissional ocupa lugar
de destaque nas realizações do indivíduo.
Hotéis executivos podem se localizar em áreas centrais, áreas mais afastadas do centro
ou nas proximidades de aeroportos, os quais costumam ter entre suas instalações também áreas
para reuniões, exposições e eventos de naturezas diversas, sem se caracterizarem como hotéis
de convenções (FERRO, 2008).
Na visão de Dias (2005), eventos proporcionam diversos benefícios às comunidades
receptoras e à hotelaria, como a contribuição positiva na atividade turística em baixa temporada.
O efeito multiplicador dos eventos é contabilizado no crescimento na taxa de ocupação dos
hotéis e na renovação dos produtos e materiais em estoque e na manutenção de imóveis e
equipamentos. O mesmo autor, ainda complementa que uma das alternativas para aumentar o
faturamento é investir na captação de eventos e festas, atingindo ocupação satisfatória e
movimentando o departamento de alimentos e bebidas.
Na hotelaria, o serviço de alimentação acontece através do setor de alimentos e bebidas,
conhecido pela sigla A&B. O A&B é tido como um dos setores mais complexos dentro da
hotelaria, estrutural e funcionalmente, envolvendo os restaurantes, banquetes para eventos,
cozinha, copa e bares (CASTELLI, 1999).
Originalmente, o restaurante de hotel estava preparado para oferecer ao viajante em uma
cidade estranha um local de alimentação onde a comida fosse boa - ou ao menos,
palatável e segura. Entretanto, em anos recentes, o setor de restaurante cresceu em
diversidade de conceitos e menus. Esse crescimento significa dispersão de restaurantes
em muitas localizações, o que torna esse serviço prontamente disponível (POWERS,
2004).
Nos restaurantes hoteleiros, uma das tendências verificadas na atualidade, apontada em
algumas revistas comerciais (MICHEL, 2005), é a dos restaurantes para executivos. Em
paralelo, os restaurantes de hotéis passam a usar cada vez mais o bufê (auto-serviço) como
recurso para atendimento, tendo em vista as suas vantagens para os clientes (autonomia) e para
o restaurante (ganho de tempo no serviço), principalmente no horário de almoço, em função da
maior demanda (PROENÇA, 1997).
causando poucas alternativas de fornecimento e baixa margem de negociação, nem tão elevado,
ao ponto que dificulte o controle. “O objetivo principal é estabelecer os melhores fornecedores
do mercado e que tenham condições de atender a todas especificações e exigências da empresa,
sendo uma fonte confiável e contínua” (POZO, 2010, p. 147).
A solicitação de compras pode se originar nos setores funcionais da empresa,
dependendo do tipo de material, e é registrado em forma de documento contendo informações
como: o que comprar, sua quantidade, fornecedores aprovados, últimos prazos e especificações 46
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Com mais de 30 anos de história, esta rede de hotéis atua no mercado da hotelaria. O
primeiro hotel foi inaugurado em 1981, em Curitiba, sua presença no país foi ampliada e,
atualmente, está presente em cinco estados brasileiros, somando, 24 empreendimentos em
funcionamento.
O referido hotel foi inaugurado em Florianópolis no ano de 2009. É um hotel de
bandeira, situação que se caracteriza semelhante à franquia, e utiliza os mesmos padrões dos
hotéis da rede. Está situado no bairro Trindade, próximo à Universidade Federal de Santa
Catarina e conta, predominantemente, com hóspedes que realizam o turismo de negócios, além
de eventos realizados no próprio hotel. A taxa de ocupação média mensal gira em torno de 50%.
Além dos 133 leitos disponíveis para hospedagem, conta com estrutura para eventos,
dispondo de equipamentos áudio visuais, três amplas salas climatizadas e um espaço gourmet.
Para cada evento contratado, propostas diferentes de alimentação são elaboradas, alterando o
funcionamento da cozinha e uso das matérias-primas, o que reflete no planejamento do estoque.
O restaurante do hotel serve desde coffee-breaks, cafés, coquetéis, até refeições principais
elaboradas pelo chef do restaurante em conjunto com o contratante do evento.
complementa dizendo que é o local onde ficam armazenados os materiais para atender à
produção, objetivando sua preservação e integridade até o consumo final. Acerca da eficiência
do almoxarifado, Viana (2013) afirma que é dependente da redução das distâncias internas
percorridas pela carga e da melhor utilização de sua capacidade volumétrica. Jacobsen (2009)
conclui que com cuidados no arranjo físico, com a localização e com o manuseio mais racional
das mercadorias, tem-se menor esforço e máximo de economia.
O sistema utilizado pela rede é o CMNET, da Bematech, comum no setor hoteleiro. No 48
dia a dia, o funcionário alimenta planilhas eletrônicas (Excel) elaboradas por ele, pois, o mesmo
relata que o sistema possui muitas falhas. A inserção de dados no sistema se dá uma vez ao dia.
“Atualmente, a logística está se disseminando no meio empresarial, como plataforma de
eficiência e produtividade, motivo pelo qual não há como conceber empresa que não esteja
informatizada” (VIANA, 2013, p.49). Porém, o uso simultâneo de dois meios informatizados
para controle do estoque não representa a situação ideal, segundo a literatura. Um sistema
eficiente deve agilizar os processos, e não duplicá-los, gerando retrabalho.
O setor conta com somente um funcionário, o almoxarife, há três anos no cargo. Ele é
responsável pela separação da matéria-prima, contagem de estoque, alimentação do sistema,
recebimento e distribuição. Face às atividades desenvolvidas, observou-se que o mesmo
demonstrou acúmulo de funções. Segundo o entrevistado, seria ideal pelo menos mais um
auxiliar e um menor aprendiz/estagiário. Viana (2013) destaca que a atividades de
armazenagem exigem funcionários habilitados. O exame, a identificação, o registro e o
armazenamento são processos para os quais é necessário o envolvimento de funcionários
capacitados.
Diariamente, o almoxarife recebe o pedido de alimentos e bebidas da governança, da
recepção e da cozinha. O pedido é realizado, por requisição específica (Figura 1) no período da
manhã, e, constando em estoque, encaminhado aos setores no mesmo turno/dia. A contagem de
estoque é semanal, e a planilha alimentada diariamente para controle interno. "Para atender a
rotina de trabalho uma requisição de material deve ser utilizada para a retirada de materiais do
almoxarifado" (VIANA, 2013, p. 280). Dias (2009) afirma que a requisição de material deve
ser autorizada e preparada pelo setor de produção e, complementa que o controle de estoque
acompanha e controla o nível de estoque e é necessário para que o processo de produção/vendas
da empresa opere com um número mínimo de preocupações e desníveis. "Um sistema eficiente
deve fornecer, a qualquer momento, as quantidades à disposição e onde estão localizadas"
(VIANA, 2013, p. 275).
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A cotação de preços é realizada toda segunda feira, com pelo menos cinco fornecedores
(Figura 3). Desses cinco, o último a ser cotado é o fornecedor que geralmente possui os
melhores preços e maior possibilidade de negociação, o que agiliza o processo de compra. Os
valores cotados são encaminhados à gerência para apreciação, visto que a compra das matérias-
primas habituais não é dependente de aprovação, como dito anteriormente. Viana (2013)
salienta que a decisão de compra requer análise de vários fatores: preço, condição de pagamento
e prazo de entrega. Nesse contexto, torna-se necessário um documento comprobatório dessas
informações, chamado de cotação de preços.
4.4 Recebimento
organizadas de acordo com o prazo de validade, respeitando a ordem de quem vence primeiro,
sai primeiro. O almoxarife destaca os produtos que estão próximos do vencimento, a partir da
contagem manual. Ao receber a requisição de algum setor, o almoxarife retira do estoque,
entrega ao requerente, registra a saída, dá baixa no sistema e atualiza a planilha de estoque,
finalizando o processo.
O estoque fica em uma sala pequena, fora da área administrativa do hotel. À direita da
entrada, ficam seis estantes em ferro, etiquetadas com letras "A, B, C...", que correspondem ao
mapa do sistema desenvolvido para que haja dinamismo nos processos de armazenagem e
distribuição. Nessas prateleiras ficam os alimentos não perecíveis. À esquerda estão 2 freezers
horizontais que estocam carnes, sucos e outros produtos congelados. Em frente à porta, entre
os freezers e as estantes, há uma geladeira de quatro portas onde são armazenados frios e
iogurtes, e ao lado da geladeira fica o material de expediente e descartáveis. Atrás dessa
geladeira, fica o material de limpeza.
“Os espaços para estoques devem ser adequados e arejados, mas os produtos devem ser
estocados nas menores quantidades possíveis, especialmente em época de inflação
reduzida. [...] Grandes estoques exigem espaço físico, controle, limpeza, são sujeitos a
roedores e insetos, aumentam o risco de desperdício e, é claro, podem ser roubados.
Também deve-se ter cuidado com a estocagem de produtos que exalam ou absorvem
odores: água sanitária, cebola, sabão, queijos” (MARICATO, 2010, pg. 101 e 102).
O cadastro das matérias-primas é realizado pela sede, em Curitiba/PR, pois por ser de
rede, não há autonomia para registrar a entrada de produtos no sistema. Esse fato representa um
problema porque existe demora no retorno, pode causar transtornos ao registrar alguma
informação errada e dificulta a aquisição de novas matérias-primas, não constantes no cadastro.
Viana (2013) observa que o cadastro de materiais necessários à manutenção e desenvolvimento
da empresa, implica em reconhecimento perfeito de sua classificação, estabelecimento de
codificação e determinação da especificação. O cadastramento no sistema visa acelerar as
atividades, proporcionando atualização de informações em tempo real. Deve também
possibilitar a atualização de informações de parâmetros de estoque, histórico de consumo,
compras, entre outras, às unidades da empresa envolvidas em procedimentos da administração
de materiais.
A saída de produtos do estoque é registrada em planilhas eletrônicas, e posteriormente
no sistema. A retirada é programada para todas as manhãs. Ao final do mês, gera-se um relatório
de tudo que foi utilizado/comprado e encaminha-se à gerência para conferência. “A distribuição
é a atividade por meio da qual a empresa efetua as entregas de seus produtos. Os materiais
devem ser distribuídos aos interessados mediante programação de pleno conhecimento entre as
partes envolvidas” (VIANA, 2013, p.363).
Nos finais de semana há um gerente de plantão, que possui a chave do estoque e faz as
retiradas necessárias no período. Toda retirada é registrada em formulário de papel, pois o
plantonista não possui acesso aos meios digitais. Maricato (2010) conclui que ao estoque devem
ter acesso apenas funcionários de estrita confiança. Toda retirada de produto deve ser feita por
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requisição com data, assinatura e setor ao qual se destina os produtos. O responsável deve dar
baixa do estoque, aferir os saldos e comunicar ao comprador a necessidade de reposição.
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
DIAS, Reinaldo; PIMENTA, Maria Alzira de Almeida. Gestão de hotelaria e turismo. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
FERRO, Helton. Projeto hotel executivo. [trabalho de conclusão de curso] Goiânia: Pontifícia
Universidade Católica Goiás, Curso de Arquitetura e Urbanismo; 2008. Disponível em:
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MARICATO, Percival. Marketing para bares e restaurantes. São Paulo: Editora Senac,
2010.
MONDO, Tiago Savi; COSTA, Jane Iara P. Hotelaria em Santa Catarina: A contribuição dos
eventos. In: Rosa dos Ventos, Caxias do Sul, jan/jun 2010 vol. 1 n 1. pg. 31. Disponível em:
<novosite.fepese.org.br/portaldeeconomia-
sc/arquivos/links/turismo_hotelaria/2010%20hotelaria%20SC.pdf> Acesso em: 4 jul. 2016.
VIANA. João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas,
2013.
XAVIER, Adriana Cristina. Turismo de negócios. [Texto extraído no curso Turismo e Meio
Ambiente]. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/turismo-e-
hotelaria/artigos/5491/turismo-de-negocios#ixzz4ELB264GUAcesso em: 5 jul. 2016.
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