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Rubrica

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL DE V INSTÂNCIA
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo n° 43151-16.2012.4.01.3400
Classe 1100 - AÇÃO ORDINÁRIA/TRIBUTÁRIA
Autor (s) MARCOS ANDRE PRANDI E OUTROS
Réu (s) UNIÃO FEDERAL E OUTRO

SE NT E N Ç A Tipo A/2018

Trata-se de Ação Ordinária, com pedido de antecipação


dos efeitos da tutela, proposta por HUGO ARNALDO BICALHO,
ELIAS JOSE PEREIRA DE SOUSA FILHO, VASCO CUNHA
GONÇALVES e MARCOS ANDRE PRANDI em desfavor da UNIÃO
FEDERAL e SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR - PREVIC, objetivando seja declarada "a nulidade da
decisão proferida no referido acórdão, afastando, em decorrência, a aplicação da
multa nele contida" (f. 55).
Narram que foram autuados em 30/11/2005, por terem
sido membros do Comitê de Investimento em 06/2004, quando foi
realizada aplicação junto ao Banco Santos pela REGIUS.

Edna Márcia4' 1deiros Ramos


Juíza Federal
F.
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Processo n° 43151-16.2012.4.01.3400 - Sentença Rubrica

Alegam que foram autuados de maneira equivocada, não


havendo correspondência entre a realidade dos fatos e a legislação
aplicável, o que culminou em aplicação de multa.
Sustentam, ainda, falta de motivação no ato ora combatido,
tendo em vista que a razão pela qual foram autuados não é compatível
com a realidade, uma vez que não eram componentes do Comitê de
Investimentos à época dos fatos.
Quanto à legislação aplicável, aduzem que há norma mais
recente, que não foi considerada pela comissão processante, que deveria
ter sido utilizada, além de a Resolução n° 3.792 determinar que é
prescindível a avaliação de rating.
Acompanham a inicial procurações e documentos.
Deferido parcialmente o pedido de antecipação da tutela
(ff. 830/832).
Contestação (ff. 838/868) da União Federal, na qual alega,
como preliminar, ilegitimidade passiva e, no mérito, defende a legalidade
do ato combatido e pugna pela improcedência do pedido.
Citada a Superintendência Nacional de Previdência
Complementar - PREVIC apresentou contestação às ff. 943/954, na qual
sustenta que era responsabilidade dos membros do Comitê de
Investimento a análise das operações financeiras, composto, à época,
pelos Autores.

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Edna Márcia Sul aMedeiros Ramos
Juíza Federal
F.
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No entanto, conforme consta dos autos, quedaram-se de


considerar relatório de risco quanto ao Banco Santos, destinatário do
investimento, que sofreu intervenção do Banco Central, gerando um
prejuízo de aproximadamente R$ 5.300.000,00 (cinco milhões e trezentos
mil reais) à REGIUS.
Embargos de declaração opostos pela parte autora contra
decisão de ff. 830/832 (ff. 982/985).
Rejeitados os embargos de declaração (f. 994).
Réplica (ff. 1003/1029).
Alegações finais da parte autora (ff. 1034/ 1082).
É O RELATÓRIO. DECIDO.
Ilegitimidade passiva da União Federal
Com razão a União. A PREVTC tem capacidade jurídica
própria, além de autonomia administrativa, financeira e orçamentária
para responder a ação, podendo permanecer somente esta autarquia no
feito. Acolho a preliminar para excluir a União do polo passivo.
Mérito
A questão posta nos autos cinge-se em reconhecer a
nulidade de multa imposta aos Autores por terem sido membros do
Comitê de Investimento da REGIUS à época em que realizada operação
de investimento de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) no Banco
Santos.

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Edna Márcia S&C7fedeiros Ramos
Juíza Federal
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Com efeito, não se pretende ingressar no mérito discutido


na aplicação da multa, o que, inclusive, é vedado ao Poder Judiciário, de
modo que a este somente é possível interferir na seara administrativa se
houver violação à legalidade ou a algum princípio constitucionalmente
estabelecido.
A propósito, confira-se o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça:
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
ANULATÓRIADEA UTODEINFRAÇÃO.AFERIÇÃOEMB
OMBASDECOMB USTÍ VEIS. VIOLA ÇÃODOART.535DOC
PC.NÃOOCORRÉNCIA.ART.80 DALEI9,933/99.
PENALIDADES. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO
ISOLADA OU CUMLILATIVA.PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE ESTRITA. PLENA OBSERVÂNCIA.

7. Hipótese em que a autoridade administrativa, na fixação do


valorda multa, observou os limites definidos no art. 91 da Lei
9.933/99. Não cabeao Poder Judiciário adentrar o mérito do ato
administrativo.
8. Nos atos discricionários, desde que a lei confira à
administra çãopú blica a escolha e valoração dos motivos e objeto,
não cabe ao Judiciáriorever os critérios adotados pelo
administrador em procedimentos que iliesão privativos,

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Edna Márcia Medeiros Ramos
Juiza Federal
F.
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cabendo-lhe apenas dizer se aquele agiu com observânciada lei,


dentro da sua competência,
(RMS 13.48 7/SC, 20 Turma, Rei. Min.Humberto Martins, DJ
de 17.9.2007) .9. Recurso especial desprovido.(STJ. Resp
983245/RS. Rei. Min.Denise Arruda. Primeira Turma. Julgado
em 09/12/2008).

No caso, verifica-se, de pronto, que a multa aplicada se deu


de acordo com o previsto na legislação vigente, não podendo ser
verificada qualquer irregularidade.
Nesse passo, indicou o órgão administrativo, no Processo
Administrativo, a violação dos dispositivos legais constantes da
legislação ambiental, quais sejam os arts. 9°, § 1°, da LC n° 109/2001, art.
10, do Regulamento Anexo à Resolução CMN n° 3.121, de 25/09/2003 e
art. 64, do Decreto n°4.942/2003.
Deveras, os artigos indicados fundamentam e
correspondem à prática da infração imputada aos Autores, sendo
possível concluir que houve correta subsunção e tipificação da conduta
praticada.
Não comporta, também, nexo com os fatos reais a alegação
de que não faziam parte do Comitê de Investimentos à época dos fatos,
uma vez que o documento de ff.118/119, de maio/2004, dá conta da
participação de todos os Autores no referido comitê.
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Edna Márcia SilvÁ Medeiros Ramos
Juíza Federal
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Processo n° 43151-16.2012.4.01.3400 - Sentença Rubrica

Pelo exposto:
1)Julgo extinto o processo, sem resolução de mérito, em
relação à União Federal, termos do art. 485, VI, do
CPC;
2)JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados
em relação à PREVIC.
Condeno os Autores nas custas processuais, bem como no
pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% do valor
atribuído à causa, devidamente corrigido segundo orientação contida no
Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça
Federal, desde o ajuizamento da ação até o efetivo pagamento - pro rata.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Transitada em julgado a presente, requeira a PREVIC o
que entender de direito acerca dos depósitos de ff. 797/799.
Brasília-DF., 27 de março de 2018.

Edita MárdrSirva Medeizbs Ramos


Juíza Federal

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Edna Márcia Silva Medeiros Ramos
Juíza Federal

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