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TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/FAL PROCESSO Nº 31.557/17


ACÓRDÃO

Escuna “BARBA NEGRA”. Óbito do passageiro Carlos Esteban Ghilardi,


com 59 anos de idade, depois de desembarcar, por infarto agudo do miocárdio,
após passar mal a bordo. Com pedido de arquivamento da D. Procuradoria
Especial da Marinha. Fato não configurado como fato ou acidente da
navegação, tipificado nos artigos 14 e 15 da Lei nº 2.180/54. Arquivamento.

Vistos e relatados os presentes autos.


Consta que cerca das 12h30min do dia 24 de novembro de 2016, o passageiro
Carlos Esteban Ghilardi, com 59 anos de idade, passou mal em viagem entre a ilha de
Anhatomirim e a praia de Caieiras do Norte e veio a óbito depois de desembarcar, por
infarto agudo do miocárdio, doença aterosclerótica coronariana, envolvendo a escuna
“BARBA NEGRA” (nº de inscrição 441-890696-7, casco de madeira, de 21,3m de
comprimento e 5,45m de boca, 53 AB, motor de 270 HP, ano de construção 2013,
atividade de transporte de passageiros, com capacidade para 4 tripulantes e 150
passageiros, navegação interior, de propriedade de Náutica Neves Agência e Turismo
Ltda.), sob o comando de Isaias Idalício das Neves, Marinheiro de Convés, nas
proximidades da praia de Caieiras, Governador Celso Ramos, SC, sem registro de danos
materiais ou ao meio ambiente.
No Inquérito instaurado pela Capitania dos Portos de Santa Catarina foram
ouvidas cinco testemunhas e anexados os documentos de praxe.
No Laudo de Exame Pericial, fls. 97 a 101, com fotografias da embarcação às
fls. 92 a 96, realizado no dia 1º de fevereiro de 2017, consta que a embarcação se
encontrava em excelente estado de conservação, documentação e vistorias em ordem; e
durante o passeio, o dia era de sol, mar calmo, vento fraco e, de acordo com o Boletim de
Informações Ambientais não consta nenhum fator contribuinte para o fato em pauta.
Os Peritos apresentaram a seguinte sequência de acontecimentos: no dia 24 de
novembro de 2016, a embarcação “BARBA NEGRA” suspendeu do trapiche de
Canasvieiras cerca das 11h30min, na região Norte da ilha de Santa Catarina, município de
Florianópolis, SC, com 120 pessoas a bordo, com o objetivo de passar pela ilha do Francês
e depois seguir para a praia de Caieiras do Norte, passando pela ilha de Anhatomirim e,
finalmente, retornando ao trapiche da praia de Canasvieiras; durante a singradura entre a

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 31.557/2017.............................................)
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ilha de Anhatomirim e a praia de Caieiras do Norte, cerca das 12h30min, a esposa da
vítima, Carlos Esteban Ghilardi, procurou o Mestre da escuna, Isaias Idalício das Neves,
no passadiço, e informou que Carlos Esteban estava com mal estar a bordo; o Mestre
informou o fato à Capitania dos Portos, via VHF, e determinou ao marinheiro Fabrício
José de Oliveira para que se dirigisse até o local onde estava a vítima e prestasse auxílio;
em seguida ligou para o Sr. Ivon Idalício, proprietário da embarcação, que estava em terra,
e este imediatamente acionou o SAMU, através do telefone 192; o Mestre deu ordem ao
marinheiro de máquinas Alessandro para dar toda força na máquina, para chegar mais
rápido ao local de destino, o trapiche da praia de Caieiras. Com a embarcação já atracada,
a vítima foi atendida pelo SAMU, por quase uma hora e não obteve melhora no seu
quadro, vindo a falecer por infarto agudo do miocárdio, como descrito e certificado por
profissionais capacitados em Certidão de Óbito anexada aos autos
Os Peritos consideraram que os fatores humano, material e operacional não
contribuíram e concluíram que a causa do óbito de Carlos Esteban Ghilardi foi infarto
agudo do miocárdio.
As testemunhas apresentaram os fatos como descritos no Laudo de Exame
Pericial.
No Relatório, fls. 103 a 108, o Encarregado do IAFN, depois de resumir os
depoimentos e o Laudo de Exame Pericial, considerou que o fator humano contribuiu,
visto que o passageiro sofreu um infarto agudo do miocárdio, tratando-se de causa natural.
Após autuados os autos foram encaminhados à D. Procuradoria Especial da
Marinha que, depois de resumir as conclusões do Encarregado e outros pontos apurados
no IAFN, fls. 116 a 118, requereu o seu arquivamento, por entender que o falecimento do
passageiro Caros Esteban Ghilardi decorreu de causa natural, não se vislumbrando fato ou
acidente da navegação tipificado nos artigos 14 e 15, da Lei nº 2.180/54.
Foi publicada Nota para Arquivamento, tendo decorrido o prazo legal sem que
possíveis interessados se manifestassem.
Por todo o exposto, deve-se concordar com a manifestação da Douta
Procuradoria Especial da Marinha no sentido de mandar arquivar os presentes autos, tendo
em vista as circunstâncias apresentadas nos autos não se vislumbrando fato ou acidente da
navegação.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do acidente/fato da navegação: x x x; b) quanto à causa determinante:

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 31.557/2017.............................................)
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x x x; e c) decisão: julgar o fato apurado, óbito do passageiro Carlos Esteban Ghilardi, por
infarto agudo do miocárdio, causa natural, depois de desembarcar, tendo passado mal a
bordo da escuna “BARBA NEGRA”, como não tipificado como fato ou acidente da
navegação, nos artigos 14 e 15, da Lei nº 2.180/54, mandando arquivar os presentes autos,
conforme promoção da Douta Procuradoria Especial da Marinha, de fls. 116 a 118.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 27 de setembro de 2018.

FERNANDO ALVES LADEIRAS


Juiz Relator

Cumpra-se o Acórdão, depois do trânsito em julgado:


Rio de Janeiro, RJ, em 23 de outubro de 2018.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA
MARINHA
Dados: 2018.12.10 14:09:16 -02'00'

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