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ANHANGUERA EDUCACIONAL
FACULDADE ANHANGUERA DE JOINVILLE

ENGENHARIA CIVIL
10ª FASE

FRANCISCO MARTINS HOFFMANN RA:


NAYARA JULIANA JARGEMBOSKI RA: 6000001485

Grandes Estruturas
Disponibilida.

JOINVILLE
NOVEMBRO DE 2018.
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RESUMO

A seca no Nordeste brasileiro se concentra em uma área conhecida como Polígono


das Secas, caracterizada pelo clima semiárido, chuva irregular e por um amplo quadro
de subdesenvolvimento socioeconômico. Uma das soluções apontadas para a
superação deste problema foi a da transposição do rio São Francisco, que levaria
água à população desfavorecida, promovendo o desenvolvimento regional. O assunto
envolve polêmicas de natureza política e ambiental e uma grande obra de engenharia.
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INTRODUÇÃO

Boa parte da região Nordeste brasileira convive com o problema da seca, em


especial a região conhecida como Semiárido, que abrange a maior parte do Sertão e
do Agreste. Traduzindo-se em números o tamanho do Semiárido, essa região cobre
57% da área total do Nordeste e, aproximadamente, 40% de sua população. No
Semiárido, a precipitação média anual é inferior a 800 milímetros. A população sofre
com graves problemas acarretados pela escassez de água, que inviabilizam a
sobrevivência em condições dignas, gerando situações de fome e miséria.

Nesse contexto nasceu a discussão do Projeto de Integração da Bacia do rio São


Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional (PISF), onde, a partir de dois
pontos de captação, seriam transpostas águas para importantes açudes da região,
beneficiando a população e promovendo o desenvolvimento regional. A Integração do
Rio São Francisco é um empreendimento de engenharia com alto grau de
complexidade. A obra é semelhante a outras transposições no mundo, como na China,
Espanha e Egito, em que a conclusão dos empreendimentos foi superior a dez anos.
O orçamento com valor inicialmente estimado em R$ 4,5 bilhões, financiado pelo
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), devido aos períodos de atraso, o
custo com o projeto saltou para R$ 9,6 bilhões podendo aumentar até a sua conclusão
com a justificativa do Ministério da Integração Nacional de que por ser uma obra linear,
o projeto passa por diferentes ambientes geológicos, geomorfológicos e interfere em
estruturas já existentes( rodovias, ferrovias, linhas de transmissão e de distribuição de
energia e aglomerados rurais e urbanos), o que exige constante análise e
acompanhamento.

À escassez ou à má distribuição das chuvas soma-se o fato de que aproximadamente


10 milhões de habitantes do Semiárido obtêm o seu sustento da agricultura e da
pecuária tradicionais, atividades muito vulneráveis às secas. O nível de pobreza
observado na região é consideravelmente alto, o Nordeste sempre manteve uma
posição de desvantagem relativa no que diz respeito aos indicadores de pobreza
enquanto suficiência de renda, se tomarmos um quadro comparativo entre os índices
de pobreza da região Nordeste em relação ao resto do país, isso é o que confirma o
IBGE (2010): segundo o instituto, além de a região possuir o menor IDH do território
brasileiro, a renda per capita nordestina corresponde a somente 37% a da região
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Sudeste. Além disso, a ocorrência de doenças associadas à má qualidade da água


consumida e as deficientes ou inexistentes estruturas de tratamento de esgoto
refletem, sobretudo, nos indicadores de mortalidade infantil.

O benefício esperado da transposição é o atendimento das demandas hídricas da


população da região, que receberá parte da água do rio São Francisco. As demandas
hídricas referem-se a áreas urbanas dos municípios beneficiados, distritos industriais,
perímetros de irrigação e usos difusos ao longo dos canais e rios perenizados por
açudes existentes que receberão águas do rio São Francisco.

As obras iniciaram-se em 2007, a conclusão da transposição estava originalmente


planejada para 2012, mas atrasos mudaram a data de conclusão. Necessário é
aumentar o conhecimento existente sobre os impactos que surgirão ao projeto e exigir
do poder público ações e programas que potencializem os efeitos da água recebida
na região beneficiada, em termos de geração de emprego, renda e, em sentido mais
amplo, crescente qualidade de vida para a população do Semiárido. Consideramos
que o projeto de integração do rio São Francisco apresenta soluções técnicas
indiscutíveis, em especial à infraestrutura hidráulica que tão necessária se faz. Porém,
é necessário que o empreendimento seja capaz de integrar o Nordeste à economia
nacional, que possa, também, contribuir para o ordenamento da atividade econômica,
associado ao fornecimento da oferta hídrica, de forma monitorada.
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DESENVOLVIMENTO

O Projeto de Integração do Rio São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica


do País, se classifica como um empreendimento estruturante, de grande alcance
geográfico, dentro da Política Nacional de Recursos Hídricos. Com 477 quilômetros
de extensão em dois eixos (Leste e Norte), o empreendimento vai garantir a segurança
hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco,
Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, onde a estiagem é frequente.

Os dois eixos englobam a construção de 13 aquedutos, nove estações de


bombeamento, 27 reservatórios, nove subestações de 230 quilowatts, 270
quilômetros de linhas de transmissão em alta tensão e quatro túneis. Com 15
quilômetros de extensão, o túnel Cuncas I é o maior da América Latina para transporte
deágua.
As obras do Projeto São Francisco passam pelos seguintes municípios no Eixo Norte:
Cabrobó, Salgueiro, Terranova e Verdejante (PE); Penaforte, Jati, Brejo Santo, Mauriti
e Barro (CE); em São José de Piranhas, Monte Horebe e Cajazeiras (PB). Já no Eixo
Leste, o empreendimento atravessa os municípios pernambucanos de Floresta,
Custódia, Betânia e Sertânia; e em Monteiro, na Paraíba.

Conforme Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), o Projeto São Francisco foi a mais
consistente alternativa estrutural para o fornecimento adequado de água à região.
Estudos e avaliações técnicas foram realizados (estudos de impacto ambiental, de
inserção regional, de viabilidade técnica, econômica e hidrológica) conforme diretrizes
do Plano Decenal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, concluído pela Agência
Nacional e Águas (ANA).
A prioridade do projeto é o abastecimento humano e animal. Entretanto, é considerado
também como um instrumento que promove o desenvolvimento regional do interior e
das zonas metropolitanas dos quatro estados beneficiados (Ceará, Rio Grande do
Norte, Pernambuco e Paraíba).

Após atender a prioridade de abastecimento, o projeto possibilitará o desenvolvimento


econômico, por meio do aproveitamento dos reservatórios locais. Com a chegada do
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reforço hídrico do São Francisco, a água local pode ser aproveitada para gerar renda
e desenvolvimento socioeconômico das famílias. Será viável, por exemplo, ao
suprimento de indústrias, empreendimentos turísticos e agrícolas.

O projeto de transposição do São Francisco surgiu com o argumento sanar


essa deficiência hídrica na região do Semiárido através da transferência de água do
rio para abastecimento de açudes e rios menores na região nordeste, diminuindo a
seca no período de estiagem. O projeto é antigo, foi concebido em 1985 pelo extinto
DNOS – Departamento Nacional de Obras e Saneamento, sendo, em 1999,
transferido para o Ministério da Integração Nacional e acompanhado por vários
ministérios desde então, assim como, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco. O projeto prevê a retirada de 26,4m³/s de água (1,4% da vazão da
barragem de Sobradinho) que será destinada ao consumo da população urbana de
390 municípios do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte através das
bacias de Terra Nova, Brígida Pajeú, Moxotó, Bacias do Agreste em Pernambuco,
Jaguaribe, Metropolitanas no Ceará, Apodi, Piranhas-Açu no rio Grande do Norte,
Paraíba e Piranhas na Paraíba.
O Eixo Norte do projeto, que levará água para os sertões de Pernambuco,
Paraíba, Ceará e rio Grande do Norte, terá 400 km de extensão alimentando 4 rios,
três sub-bacias do São Francisco (Brígida, Terra Nova e Pajeú) e mais dois açudes:
Entre Montes e Chapéu.
O Eixo Leste abastecerá parte do sertão e as regiões do agreste de
Pernambuco e da Paraíba com 220 km aproximadamente até o Rio Paraíba, depois
de passar nas bacias do Pajeú, Moxotó e da região agreste de Pernambuco.

A partir dos estudos de viabilidade ambiental e econômica, foram projetadas


as estações elevatórias que compõem o sistema hidráulico da transposição, pois a
construção de aquedutos era inviável e acarretaria em gastos exorbitantes. Desta
forma, as estações elevatórias foram criadas para vencer as adversidades naturais
que estivessem no caminho da transposição, cumprindo o papel de levar a água de
forma intermitente às bacias receptoras. Sendo assim, ao longo de toda a extensão
da transposição do Rio São Francisco, foram construídas 9 estações elevatórias (três
no Eixo Norte e seis no Eixo Leste) para conseguir vencer os desníveis geométricos
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ao longo do sistema adutor e fazer com que a água chegue ao seu destino com
qualidade e sem interrupção.
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CONCLUSÃO

As obras da transposição do Rio São Francisco estão em fase de acabamento, onde


alguns trechos já foram concluídos e liberados, porém outros ainda se encontram em
fase final. Já se passaram dez anos desde o início das obras. A previsão inicial de que
toda a transposição estaria concluída em 2012 foi prorrogada, e o orçamento inicial
de R$ 4,5 bilhões hoje já ultrapassa quase os R$ 10 bilhões.

O Nordeste brasileiro vive com situações de seca e miséria, é a falta de


uma gestão e sustentabilidade na manutenção dos recursos hídricos. O
desperdício a falta de gerenciamento e a falta de planejamento técnico
geram perdas de um recurso já escasso. Cabe enfatizar que a água sozinha não
vai resolver os problemas do Nordeste. Um programa de transferência de águas ou
outro qualquer (construção de cisternas, aproveitamento de água subterrânea...) com
o intuito de aumentar a disponibilidade hídrica não resolve o problema da pobreza que
persiste no Semiárido nordestino, em geral, e na região beneficiada pela transposição.
Se além das questões envolvendo a transposição do rio não forem criados métodos
de geração de renda, a pobreza vai continuar e a alternativa que a população do
semiárido encontra vai ser migrar para outras cidades.

O atraso das obras na transposição gera aflição nos moradores do nordeste brasileiro
porque a situação da seca está cada mais grave, sem chuvas, desta forma, a
transposição é vista como única solução para solucionar esta problemática.
Analisando o cenário em que se encontram as obras, se conclui que a mesma ainda
não opera em sua capacidade máxima, o tempo que a água está levando para chegar
aos seus destinos está superando o tempo previsto na elaboração do projeto inicial.

O Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste,


é um empreendimento do Governo Federal, sob a responsabilidade do Ministério da
Integração Nacional- MIN. Desde a primeira vez em que se pensou em transferir água
do rio São Francisco no século XX, até o projeto atual do MIN nunca houve consenso
sobre a necessidade deste projeto e sobre os benefícios que realmente trariam a
população assim como os potenciais impactos ambientais e sociais em torno da obra
como um todo.
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Por fim para que se obtenha êxito na realização e execução do projeto é necessário
atuação direta do governo, fiscalização dos pontos á receber água transposta do rio,
com o intuito de propiciar aquela população condições dignas de sobrevivência e
geração de renda e emprego.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CIRILO, J. A. Políticas Públicas de Recursos Hídricos para o Semiárido, v. 22, n.


63, 2008.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução no 001, de 20 de janeiro


de 1986. Avaliação de Impactos Ambientais. Brasília, 1986.

MATSUKI E. Transposição do São Francisco usa gravidade e bombeamento para


levar água a 12 milhões. Disponível em:
<http://www.ebc.com.br/tecnologia/2015/09/saiba-comofunciona-obra-de-
transposicao-do-rio-sao-francisco>. Acesso em: 25 ago. 2018.

PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO (PE). Disponível em:

http://www.pac.gov.br/mochilao/projeto-de-integracao-do-rio-sao-francisco-pe;
Acesso em: 25 ago 2018.

LERNER, G. L. S. Estudo de impactos na geração hidrelétrica ao longo do rio


São Francisco devido à transposição de suas águas utilizando modelo
matemático de fluxos em rede Aquanet. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. 117 p.

MELLO, C. C. A. O debate parlamentar sobre o projeto de transposição do rio São


Francisco no segundo governo Fernando Henrique Cardoso (1998-2002). Gestión
Ambiental y Conflicto Social em América Latina, p. 105-134, 2008.

UFRGN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A transposição do rio São


Francisco e o Rio Grande do Norte. Natal, 2000. 33p.

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