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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

Métodos Matemáticos Aplicados

Notas de aulas

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS

Tarcilio Viana Dutra Junior


Natal – RN 2011

Notas de aula
TÓPICOS

1. INTRODUÇÃO

2. E. D. O. DE PRIMEIRA ORDEM

3. INDEPENDÊNCIA LINEAR DE FUNÇÕES

4. SOLUÇÃO GERAL DA EDO LINEAR

5. EDO LINEAR, COEFICIENTES CONSTANTES, HOMOGÊNEA

6. EDO LINEAR, COEF. CONSTANTES, NÃO-HOMOGÊNEA

7. EXISTÊNCIA E UNICIDADE DE SOLUÇÃO

8. REDUÇÃO DE ORDEM

9. EQUAÇÃO DE LEGENDRE

10. SOLUÇÃO DE EDO POR SÉRIES DE POTÊNCIAS

11. FUNÇÕES DE BESSEL

Notas de aula
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS

1. INTRODUÇÃO

ƒ Equações diferenciais

Definição: é uma equação que envolve derivadas de uma ou mais variáveis


dependentes com respeito a uma ou mais variáveis independentes.

• Classificação de Equações diferenciais:

E. D. O.: tem apenas uma variável independente

E. D. P.: tem mais de uma variável independente.

Ordem: é a ordem da sua derivada de maior ordem

Grau: é o expoente da sua derivada de maior ordem.

2
d2y ⎛ dy ⎞
Ex.: 2
+ x. y. ⎜ ⎟ = 3x 2 EDO; grau = 1; ordem = 2
dx ⎝ dx ⎠
∂v ∂v
+ −v = 0 EDP; grau = 1; ordem = 1.
∂s ∂t

Notas de aula
2. EDO de 1ª ORDEM

dy
Forma geral: ( )
= f x, y
dx

a. Forma mais simples

dy
A forma mais simples é: ( )
=f x
dx
Note que o termo que não contém derivadas é função apenas de x.

A solução pode ser obtida mediante integração direta

y = ∫ f ( x ) .dx + C

C é uma constante arbitrária de integração, determinada pela condição


inicial.

Exemplo: resolver o sistema


y′ = sen 2 x y(0)=0

dy
= sen2 x ∴ ∫ dy = ∫ sen2 x.dx + c
dx

cos 2 x
y=− +c
2

Determinamos a constante de integração c usando a condição inicial:

y(0) = −1/ 2 + c = 0 ∴ c = 1/ 2

1 − cos 2 x
y=
2

A integração direta se aplica a qualquer equação do tipo:

dny
= f ( x)
dx n

Basta integrar n vezes a equação.

Notas de aula
b. EDO Linear de 1ª Ordem

dy
A forma geral é do tipo: a0 ( x). + a ( x). y = f ( x)
dx 1

a1 ( x) f ( x)
Fazendo P ( x) = Q ( x) =
a0 ( x) a0 ( x)

dy
Podemos escrever a EDO na forma: + P ( x ).y = Q ( x )
dx

Formas mais simplificadas podem ser obtidas quando o coeficiente é


constante.

i. Coeficiente constante e Homogênea

O coeficiente é constante: P(x) = a


A equação é homogênea: Q(x) = 0

dy
+ a. y = 0
dx

Por inspeção y = C.e− a.x satisfaz a equação:

−a.C.e− a.x + a.C.e− a.x = 0

Então y = C.e− a.x é uma solução.

Podemos então escrever: y.ea.x = C

Derivando, temos que:


d
dx
( y.ea.x ) = 0 ∴ y.a.ea.x + ea.x . = 0 .
dy
dx

⎛ dy ⎞
Rearranjando, temos: e a. x . ⎜ + ay ⎟ = 0
⎝ dx ⎠

Note que é a equação original multiplicada por eax


O termo eax é chamado de “fator integrante”.

Notas de aula
Percorrendo o caminho inverso, veja que multiplicando a equação pelo
fator integrante obteremos uma derivada total no primeiro membro e a
solução pode ser obtida mediante integração direta. Senão vejamos:

dy
+ ay = 0
dx
⎛ dy ⎞
Multiplicando pelo fator integrante, fica: e a. x . ⎜ + ay ⎟ = 0
⎝ dx ⎠
y.a.ea.x + ea.x .
dy
dx
=0 ∴
d
dx
( y.ea.x ) = 0

Integrando, temos a solução:


d
dx
( y.ea.x ) = 0 → y.ea.x = C ∴ y = C.e− a.x .

ii. Coeficiente Constante e Não Homogênea

y′ + a. y = g ( x )

Idéia: transformar o 1º membro numa derivada total e integrar

Multiplicando a equação pelo fator integrante, temos:

ea.x ( y′ + ay ) = ea.x .g ( x ) ∴
d
dx
( y.ea.x ) = ea.x .g ( x )
Integrando os dois membros, fica:

y.ea.x = ∫ ea.x .g ( x ) .dx + c ou y = e− a.x ∫ ea.x .g ( x ) .dx + c.e− a.x

⎧⎪ y′ + 2 y = e− x
Exemplo.: ⎨ obs.: o fator integrante = e2 x
⎪⎩ y ( 0 ) = 3

e2 x ( y′ + 2 y ) = e− x .e2 x ∴ e2 x ( y′ + 2 y ) = e x ∴
d
dx (
y.e2 x = e x )
y.e2 x = ∫ e x dx + c ∴ y.e2 x = e x + c y = e .e + c.e−2 x = e− x + c.e−2 x
x −2 x

y ( 0) = 1+ c = 3 ∴ c = 2

y = e− x + 2e−2 x

Notas de aula
iii. Forma geral

y′ + P ( x ) . y = Q ( x )

Queremos um fator integrante I(x) tal que transforme o membro esquerdo


em uma derivada total, ou seja:

d
I ( y′ + P. y) =
dx
( I.y ) logo, I ( y′ + P. y) = I . y′ + y.I ′

I . y′ + P.I . y = I . y′ + y.I ′ ∴ I ′ = P.I

dI dI
= P.I ∴ = P.dx
dx I

dI
∫ ∴ ln( I ) = ∫ P.dx
I ∫
Integrando, obtemos: = P.dx

Finalmente, o fator integrante será I = exp ( ∫ P.dx ) .


A equação original é: y′ + P. y = Q

Multiplicando pelo fator integrante fica: I ( y′ + P. y ) = Q.I

d
dx
( I . y ) = Q.I ∴ I ( x). y = ∫ Q ( x ) .I ( x ) .dx + c

1 c
Finalmente, y ( x) = ∫ Q ( x ) I ( x ) .dx +
I ( x) I ( x)

dy
Ex.1): Resolver o sistema: − 2.x. y = x y (0) = 1
dx

⎧ dy
⎪ dx − 2.x. y = 1 y(0) = 1

Ex.2): Resolver o sistema: ⎨ x
⎪obs.: erf ( x) = 2 −u 2
⎪⎩ π 0
du∫e

Notas de aula
Ex.: Tanque de Mistura

V = volume do tanque (m3)


m0= massa inicial de sal no tanque (kg)
Q = vazão de entrada e saída (m3/s) Q
Ce = concentração de sal na entrada (kg/m3) Ce V
Cs = concentração de sal no tanque. mo
Q
Cs
Obter m(t) = massa de sal no tanque

Balanço de massa de sal no tanque:

⎡vazão mássica ⎤ ⎡vazão mássica ⎤ ⎡taxa de var iação ⎤


⎢ ⎥−⎢ ⎥=⎢ ⎥
⎣ de entrada ⎦ ⎣ de saida ⎦ ⎣ da massa ⎦

dm
Q.Ce − Q.Cs =
dt

m(t )
Mas como Cs = a equação do balanço fica:
V

Q dm(t )
Q.Ce − .m(t ) =
V dt

Rearranjando, temos o sistema formado pela EDO e pela condição inicial:

dm(t ) Q
+ .m(t ) = Q.Ce m(0) = mo
dt V
Q
.t
O fator integrante é: I (t ) = e V

Multiplicando a equação pelo fator integrante, transformamos o lado


esquerdo em uma derivada total:

d⎛ V ⎞
Q
.t Q
.t
m =
⎜ e ⎟ e .Q.Ce
. V
Integrando, temos:
dt ⎝ ⎠

Notas de aula
Q Q
.t .t
m.e V = V .Ce .e V + c1 Rearranjando, temos a solução:

− VQ .t
m(t ) = V .Ce + c1.e

Determinamos a constante c1 usando a condição inicial:

m(0) = V .Ce + c1 = mo Æ c1 = mo − V .Ce

Finalmente a solução fica:

m(t ) = V .Ce + ( mo − V .Ce ) .e


− VQ .t

Superposição no tempo:

Subtraindo o valor mo de ambos os lados da equação e rearranjando, fica:

m(t ) − mo = (V .Ce − mo ) − (V .Ce − mo ) .e


− VQ .t

m(t ) − mo = (V .Ce − mo ) ⎛⎜1 − e


− VQ .t ⎞

⎝ ⎠

Δm = A ⎛⎜1 − e
− VQ .t ⎞
⎟ onde A = (V.Ce - mo)
⎝ ⎠

Δm = A. f (t )

No caso de termos mais de uma mudança brusca na concentração de


entrada (Ce) podemos usar o princípio da superposição para calcularmos a
resposta. Para isso, decompomos Δm em partes de acordo com as
mudanças na Ce.

No exemplo abaixo, temos uma Ce1 no tempo t = 0, passando bruscamente


para uma Ce2 no tempo t = t1 e finalmente para uma Ce3 a partir de t = t2.
Para calcularmos a resposta no tempo t = t3, usamos a superposição para
decompor Δm:

Notas de aula
Δm(t3) = A1.f(t3) + A2.f(t3-t1) + A3.f(t3-t2)

Δm = Δm1 + Δm2 + Δm3

V.Ce1
A2
V.Ce2
A1 A3
V.Ce3

mo

t1 t2 t3 t

Exercício:

Dada a EDO abaixo, faça as mudanças de variáveis sugeridas, obtenha uma


nova EDO em função das novas variáveis adimensionais e ache a solução
em termos dessas variáveis.

dm(t ) Q.m(t )
+ = QC
. e m(0) = mo
dt V

m − mo Q.t
μ= τ=
V .Ce − mo V

Notas de aula
c. Equações Linearizáveis de 1ª Ordem

São equações não lineares que podem ser linearizadas através de uma
substituição de variáveis.

i. Equações do tipo:

⎡d ⎤ dy
⎢ f ( y) ⎥ . + P( x). f ( y ) = Q( x)
⎣ dy ⎦ dx

Onde f(y) é uma função conhecida de y.

Fazendo a substituição V = f(y) , temos, pela regra da cadeia, que:

dV dV dy d dy
= . = f ( y).
dx dy dx dy dx

Substituindo na equação diferencial, obtemos uma equação linear em


V:

dV
+ P( x).V = Q( x)
dx

Exemplo: 2. y. y′ − 2. y 2 = 2

dV dV dy
Fazemos V = y2 e = . = 2. y. y′
dx dy dx

Substituindo na equação diferencial obtemos uma equação linear em


V:

dV
− 2.V = 2
dx

O fator integrante é I ( x) = e−2 x . Multiplicando a EDO por I(x):

d
dx ( )
V .e−2 x = 2.e−2 x e integrando os dois lados obtemos:

Notas de aula
V .e −2 x = −e −2 x + c ou V = c.e2 x − 1

Voltando à variável y, obtemos:

y 2 = c.e2 x − 1 ou então:

y = ± c.e2 x − 1

Note que se o radical for menor que zero não existe solução no
campo real. O valor da constante c e o próprio sinal da expressão são
determinados pela condição inicial.

( )
c = y 2 + 1 .e−2 x

Note que c > 0 para todo y real.


Para que haja solução real o radical deve ser maior que zero, logo:

ln(c)
c.e2 x −1 > 0 ou x>−
2

Suponha que y(0) = 1 logo, y2(0) = 1

( )
Nesse caso, c = y 2 + 1 e−2 x = (1 + 1) .e0 = 2

Como y(0) = 1 o sinal da expressão deve ser positivo:

y = 2.e2 x − 1

A solução existe no campo real quando:

ln(2) 0,693
x>− =− = − 0,3466
2 2

Notas de aula
ii. Equação de Bernoulli

É um caso particular da equação anterior.

dy
+ P( x). y = Q( x). y n
dx

Note que para n = 0 ou para n = 1 a equação é linear. Quando n não é


nenhum desses dois valores a equação é não linear.

Dividindo a equação por yn, fica:

y − n . y′ + P( x). y1−n = Q( x)

Fazendo a substituição de variáveis:

dV
V = y1−n e também = (1 − n ) . y − n . y′ a EDO fica:
dx

1 dV dV
. + P( x).V = Q( x) ou + (1 − n ) P( x).V = (1 − n ) .Q( x)
1 − n dx dx

Fazendo P1 ( x) = (1 − n ) .P( x) e Q1 ( x) = (1 − n ) .Q( x)

Temos finalmente:

dV
+ P1 ( x).V = Q1 ( x)
dx

Notas de aula
iii. Mudança de variável independente

A equação abaixo é não linear em y:

dy y2
=
dx 1 − 3.x. y

dx 1
Considere então x = f(y), ou seja: = então:
dy dy
dx

dx 1 − 3.x. y 1 3.x
= = 2−
dy y2 y y

Rearranjando, obtemos uma equação linear na variável x:

dx 3 1
+ .x = 2
dy y y

O fator integrante será a exponencial da integral do coeficiente de x:

⎡ 3.dy ⎤ ⎛ dy ⎞
I = exp ⎢ ∫
⎣ y ⎦
⎥ = exp ⎜⎜ 3

∫ ( ) 3
(
⎟⎟ = exp 3.ln y = exp ln y = y
y⎠ )
3

Multiplicando a equação pelo fator integrante, temos que:

y2
d
dy (
x. y 3 = y ) ou x. y 3 =
2
+c

Finalmente obtemos a solução:

1 c
x= + 3
2. y y

Notas de aula
d. Equações Não Lineares de Primeira Ordem

y′ = f ( x, y)
y( x0 ) = y0

f(x,y) NÃO é função linear de y.

Podemos resolver 3 tipos de equações não lineares de primeira ordem:

⎧ Separáveis

⎨ Exatas
⎪ Homogêneas

i. Equações Separáveis

Se a equação puder ser escrita na forma abaixo a solução pode ser obtida
mediante integração direta:

M ( x).dx = N ( y).dy

M(x) é função apenas de x


N(y) é função apenas de y

dy x2
=
Exemplo: dx 1 + y 2
y(0) = 1

dy
(1 + y 2 ). = x2 ∴ (1 + y 2 ).dy = x 2 .dx
dx

y 3 x3
∫ (1 + y ).dy = ∫ x .dx + c
2 2
∴ y+ = +c
3 3

y(0) = 1 ∴ c = 1 + 1/ 3 = 4 / 3

y 3 x3 4
y+ − =
3 3 3

Notas de aula
Trajetórias Ortogonais

Considere a família de curvas planas dada pela equação F ( x, y, c) = 0 , onde


c é um parâmetro.

Trajetória ortogonal é uma curva que intercepta todas as curvas da família


com ângulo reto.

Por exemplo, considere a


equação de circunferências com y
centro na origem e raio c:

F ( x, y, c) = x 2 + y 2 = c 2
x
Note que todas as retas passando
pela origem cortam as
circunferências com ângulo reto e
são trajetórias ortogonais. A
equação de uma reta passando
pela origem é dada por:

y = k .x

A questão é: como obter a equação das trajetórias ortogonais?

Exemplo: Determinar as trajetórias ortogonais da família de parábolas

y = c.x 2 (1)

Diferenciando a equação (1), temos:

dy
dy = 2.c.x.dx ou então = 2.c.x (2)
dx

Podemos usar a equação (1) para eliminar o parâmetro c na equação (2):

dy y 2. y
= 2.c.x = 2.x. 2 = (3)
dx x x

Notas de aula
A equação (3) dá o valor da tangente a cada curva da família em um ponto
(x,y) qualquer. A trajetória ortogonal terá uma tangente perpendicular a
esta, ou seja:

dy − x
= (4) y
dx 2. y

Rearranjando a equação (4),


temos a equação separável:

2. y.dy = − x.dx x

A solução pode ser obtida


por integração direta:

− x2
y2 = + c1 ∴ 2. y 2 = − x 2 + 2.c1
2

2.y 2 + x 2 = k 2 k é uma constante arbitrária (5)

Note que é a equação de uma família de elipses com centro na origem.

Generalizando, considere a família de curvas planas dada pela equação

F ( x, y, c) = 0 (6)

Diferenciando a equação (1), temos:

d ⎡⎣ F ( x, y, c) ⎤⎦ = 0
Supor que podemos escrever na forma abaixo:

dy
= g ( x, y, c) (7)
dx

Podemos usar as equações (6) e (7) para eliminar o parâmetro c, obtendo:

dy
= f ( x, y) (8)
dx

Notas de aula
A equação (8) nos dá o valor da tangente a cada curva da família em um
ponto (x,y) qualquer. A trajetória ortogonal terá uma tangente normal a
esta, ou seja:

dy −1
= (9)
dx f ( x, y )

A solução da equação (9) nos dá a equação das trajetórias ortogonais à


família dada pela equação (6).

ii. Equações Exatas

Considere a equação:

Ψ ( x, y) = c (1)

A diferencial da equação (1) é dada por:

∂Ψ ∂Ψ
dΨ = .dx + .dy = 0 (2)
∂x ∂y

Se a equação (2) é exata, então a solução é a equação (1).

Dada a equação:

M ( x, y ).dx + N ( x, y).dy = 0 (3)

Se existe uma função Ψ ( x, y) tal que

∂Ψ ∂Ψ
= M ( x, y ) = N ( x, y)
∂x ∂y

e a função Ψ ( x, y) = c é uma solução implícita da equação (3), então a


equação (3) é uma EDO EXATA.

∂M ( x, y) ∂N ( x, y)
TEOREMA: Se a EDO (3) é exata, então = (4)
∂y ∂x

Notas de aula
Ora, se a equação é exata, então M.dx + N.dy é uma diferencial exata, e
existe uma função Ψ ( x, y ) tal que:

∂Ψ ∂Ψ
= M ( x, y ) = N ( x, y)
∂x ∂y

Derivando M(x,y) em relação a y e N(x,y) em relação a x, obtemos:

∂ 2 Ψ ∂M ( x, y) ∂ 2 Ψ ∂N ( x, y)
= =
∂y.∂x ∂y ∂x.∂y ∂x

Se a função Ψ ( x, y) = c é contínua as derivadas cruzadas são iguais, logo a


equação (4) é válida e o teorema fica comprovado.

SOLUÇÃO.

Procuramos uma função Ψ ( x, y) tal que:


∂Ψ
= M ( x, y) (5)
∂x

∂Ψ
= N ( x, y) (6)
∂y

Integrando a equação (5) em relação a x, temos:

∂Ψ
∫ ∂x .dx = Ψ( x, y) = ∫ M ( x, y).dx + g ( y) (7)

Note que g(y) é função apenas de y, sendo independente de x. Tem o papel


da constante de integração.

Derivando a equação (7) em relação a y, temos:

∂Ψ ∂ dg ( y )
= ∫ M ( x, y ).dx +
∂y ∂y dy

Substituindo na equação (6) obtemos:

∂ dg ( y )
N ( x, y ) =
∂y ∫ M ( x, y).dx +
dy

Notas de aula
Rearranjando a equação, temos:

dg ( y ) ∂
= N ( x, y ) − ∫ M ( x, y).dx (8)
dy ∂y

Como g(y) não é função de x a derivada em relação a x deve ser nula.


Vejamos se isso é verdade.

∂N ∂2 ∂N ∂ ⎡ ∂ ⎤

∂x ∂x.∂y ∫ M ( x, y).dx = − ⎢ ∫ M ( x, y).dx ⎥ =
∂x ∂y ⎣ ∂x ⎦

∂N ∂ ∂N ∂M
= − ⎡⎣ M ⎤⎦ = − =0
∂x ∂y ∂x ∂y


∂y ∫
Logo, N− M .dx é realmente função apenas de y e podemos
achar g(y) integrando a equação (8).

ROTEIRO para a solução de equações exatas:

⎡∂M ∂N ⎤
1) Verificar se a equação é exata ⎢⎣ ∂y = ∂x ⎥⎦

2) Integrar M (ou N)
3) Obter g’.
4) Integrar g’ para obter g

Exemplo: (3.x2 + 4.x.y).dx + (2.x2 + 2.y).dy = 0


y(0) = 1

Solução:

1) M(x,y) = 3.x2 + 4.x.y e N(x,y) = 2.x2 + 2.y

∂M ∂N
= 4.x e = 4.x → Equação é EXATA
∂y ∂x

Notas de aula
2) ∂Ψ/∂x = M → Ψ = ∫M.dx

( )
Ψ ( x, y ) = ∫ 3.x 2 + 4.x. y .dx + g ( y)

Ψ ( x, y ) = x3 + 2.x 2 . y + g ( y)

∂Ψ
3) N = = 2.x 2 + g ′( y)
∂y

2.x 2 + 2. y = 2.x 2 + g ′( y )

g ′( y ) = 2. y

4) g ( y) = y 2 + c0

5) Ψ ( x, y ) = x3 + 2.x 2 . y + y 2 + c0

Sabemos que a solução é na forma: Ψ ( x, y) = c

Então a solução será

Ψ ( x, y ) = x3 + 2.x 2 . y + y 2 = c

A constante c é obtida usando a condição inicial:

y(0) = 1 ∴ 0 + 0 +1 = c ∴ c =1

Finalmente, a solução fica:

Ψ ( x, y ) = x3 + 2.x 2 . y + y 2 = 1

iii. Equações Homogêneas

A equação (1) abaixo é dita homogênea sempre que a função f depende da


razão y/x ou x/y e não de x e y separadamente.

dy
= f ( x, y) (1)
dx

Notas de aula
Nesse caso, a equação pode ser escrita como:

f ⎛⎜ y x ⎞⎟
dy
= (2)
dx ⎝ ⎠

Isso sugere uma mudança de variável: v = y/ x

dy dv
Ou então y = x.v ∴ = x. + v
dx dx

Substituindo na equação (2) temos que:

dv dv
x. + v = f (v ) ∴ x. = f (v) − v
dx dx

dv dx dv dx
=
f (v) − v x
∴ ∫ f (v) − v = ∫ x
+c

dy 3. y 2 − x 2 dy 3 ⎛ y ⎞ 1 ⎛ x ⎞
Exemplo: = ou = . − .⎜ ⎟
dx 2.x. y dx 2 ⎜⎝ x. ⎟⎠ 2 ⎜⎝ y ⎟⎠

dy dv
Fazendo y = x.v ∴ = x. + v e substituindo na EDO:
dx dx

dv 3 1 dv 1 1 v2 −1
x. + v = .v − ∴ x. = .v − =
dx 2 2.v dx 2 2.v 2.v

2.v.dv dx
= Integrando, temos:
v2 −1 x

ln v 2 −1 = ln x + ln c = ln c.x

ν 2 −1 = c.x

y2
−1 = c.x ∴ y 2 − x 2 = c.x .x 2
x2

y 2 = c.x3 + x 2 se y>x>0

Notas de aula
e. Aplicações à Mecânica

Exemplo: Um corpo de massa m cai em direção à Terra, partindo do


repouso, sob a ação da gravidade. Supor a resistência do ar proporcional à
velocidade instantânea v do corpo (FR = k.|v| ).

1) Determinar a expressão para v(t), calcular a velocidade limite e o


tempo para atingir 99% da velocidade limite.

2) Determinar a expressão para x(t).

1) Aplicando a Segunda Lei de Newton:


FR
dv dv
m. = m.g − k.v ∴ m. + k.v = m.g
dt dt
m.g
dv k
+ .v = g
dt m
v(0) = 0
kt
O fator integrante é I = e m .Multiplicando a EDO pelo fator integrante:

d ⎛ mk t ⎞ kt kt g.m mk t
. = .e ∴ v.e m = . + c1
dt ⎝ e ⎠ k e
⎜ v ⎟ g m

g.m −kt
v= . + c1.e m
k

m.g m.g
Determinação da constante c1: v(0) = + c1 = 0 ∴ c1 = −
k k

m.g m.g − mk t m.g ⎛ −kt⎞


v(t ) = .− . v(t ) = .⎜1− e m ⎟
k k e k ⎝ ⎠

Determinação da velocidade limite:

m.g
vlim = lim(v) =
t →∞ k

Notas de aula
Tempo T99 para atingir 99% da velocidade limite:
m.g m.g ⎛ − k .T ⎞
0,99.vlim = v(T99 ) ou seja 0,99. = ⎜⎜1 − e m ⎟⎟
99

k k ⎝ ⎠
− k .T − k .T
0,99 = 1 − e m 99 ∴ e m 99 = 1 − 0,99 = 0,01

k m
− .T = ln(0,01) = −4,605 ∴ T99 = 4,605.
m 99 k

m.g ⎡ − k .t ⎤
x(t ) = ∫ v(t ).dt + c2 =
k ∫ ⎣ e ⎥⎦
2) ⎢1 − m .dt + c
2

m.g ⎛ m − mk .t ⎞
x(t ) =
⎜t + . ⎟+c
k ⎝ k e ⎠ 2
m.g m m.g m
Determinação de c2: x(0) = . +c =0 ∴ c2 = − .
k k 2 k k

m.g ⎛ m m − mk .t ⎞
x(t ) = ⎜t − + .
k ⎝ k k e ⎠

m.g/k

v x
m.g/k

t t

Problema: dada a EDO abaixo, faça as mudanças de variáveis sugeridas,


obtenha uma nova EDO em função das novas variáveis
adimensionais e ache a solução em termos dessas variáveis.

dv(t) k
+ .v(t) = g v(0) = 0
dt m
k k
u= .v τ= .t
m.g m

Notas de aula
3. INDEPENDÊNCIA LINEAR DE FUNÇÕES

n funções f1, f2, f3, . . . . . . ., fn são ditas linearmente independentes no


intervalo [a,b] se a igualdade

c1.f1(x) + c2.f2(x) + . . . . . . + cn.fn(x) = 0

for verdadeira no intervalo considerado se e somente se as constantes forem


todas nulas, ou seja, se

c1 = c2 = . . . . . . . . . = cn = 0

As funções são linearmente dependentes se existem constantes, não todas


nulas, que satisjaçam a igualdade acima.

Sejam f1, f2, f3, . . . . . . ., fn n funções reais, cada uma possuindo


derivadas de ordem (n-1) no intervalo [a,b]. O determinante W abaixo,
formado pelas funções e suas derivadas até a ordem (n-1), é chamado de
Wronskiano das n funções:

f1 f2 .. .. fn
f1′ f 2′ .. .. f n′
W ( f1,... f n ) = .. .. .. .. ..
.. .. .. .. ..
f1( n−1) f 2( n−1) .. .. f n( n−1)

Se o Wronskiano não é idênticamente nulo no intervalo considerado, as


funções são linearmente independentes no intervalo.

O Wronskiano nulo não significa necessariamente dependência linear. É


condição necessária mas não suficiente para a dependência linear.

Notas de aula
4. SOLUÇÃO GERAL DA EDO LINEAR

Sejam y1(x), y2(x), . . . , yn(x) n soluções linearmente independentes da


equação (1).

a0(x).y(n) + a1(x).y(n-1) + . . . . . + an-1(x).y’ + an(x).y = 0 (1)

então a solução geral da equação (1) é dada por:

y(x) = c1.y1 + c2.y2 + . . . . . + cn.yn

Seja a equação não homogênea (2) abaixo:

a0(x).y(n) + a1(x).y(n-1) + . . . . . + an-1(x).y’ + an(x).y = f(x) (2)

Seja y1 uma solução qualquer da equação homogênea associada (1) e seja


y2 uma solução qualquer da não homogênea (2). Então y1 + y2 é também
uma solução da equação (2).

A solução geral da equação homogênea associada à equação (2) yH é


chamada “solução da equação homogênea associada”, e contém n
constantes arbitrárias.

Qualquer solução da equação não homogênea (2) yP que não contenha


constantes arbitrárias, é chamada de “solução particular”.

A solução geral da equação (2) será y = y H + yP

É importante observar que yP deve ser linearmente independente de yH

Notas de aula
5. EDO LINEARES, COEFICIENTES CONSTANTES,
HOMOGÊNEAS

Seja a equação abaixo

dny d n−1 y dy
+ a1. + + an−1 + a .y = 0 (1)
dx n dx n−1 dx n

onde os coeficientes a1, a2, . . . . , an são constantes.

Consideremos soluções do tipo exponencial: y = er.x

dy r.x d n y n r.x
donde = r.e ∴ = r .e
dx dx n

Substituindo na equação (1) temos:

(r n
+ a1.r n−1 + )
+ an−1.r + an .e = 0
r.x

Logo, deveremos ter:

r n + a1.r n−1 + + an−1.r + an = 0 (2)

A equação (2) é chamada equação característica ou auxiliar da equação (1).

Se er.x é uma solução da equação (1), r deve ser uma raiz da equação (2).
Portanto, as soluções do tipo y = er.x tem os valores ri determinados
pelas raízes da equação auxiliar (2).

Note que a equação (2) tem exatamente n raízes, que podem ser reais,
complexas, nulas, distintas ou repetidas.

Notas de aula
OPERADOR D

Vamos definir o operador D como sendo:

d d2 d ⎛d ⎞
=D ∴ 2
= ⎜ ⎟ = D.D = D 2
dx dx dx ⎝ dx ⎠

dn dy
= Dn ∴ = D. y
dx n dx

Podemos escrever a equação (1) usando o operador D:

D n . y + a1.D n−1. y + + an−1D. y + an . y = 0

(D n
+ a1.D n−1 + )
+ an−1D + an . y = 0

Logo, temos que:

D n + a1.D n−1 + + an−1D + an = 0 (3)

Note que a equação (3) é idêntica à equação característica (2). Se r1, r2, . . .,
rn são as raízes da equação (3) podemos fatorá-la na forma:

(D-r1).(D-r2). . . . . (D-ri) . . . (D-rn).y = 0

Resolvendo para uma raiz qualquer ri, temos:

( D − ri ) . y = dy − r .y = 0
dx i
∴ yi = ci .e i
r .x

Para cada raiz da equação característica corresponde uma solução do tipo


er.x proposto e superpondo as n soluções teremos a solução geral.

Caso 1) Raízes distintas: r1, r2, . . . , rn.


r .x r .x r .x
y = c1.e 1 + c2 .e 2 + + cn .e n

Notas de aula
Caso 2) Raízes repetidas.

Suponhamos 2 raízes repetidas, logo:

2
( D − r1 ) .y = 0 ∴ ( D − r1 )( D − r1 ) . y = 0 (1)

Fazendo ( D − r1 ) . y = g ( x) (2)

Substituindo (2) na equação (1) temos:

dg
( D − r1 ) .g ( x) = 0 ∴ D.g − r1.g = 0 ∴ − r .g = 0
dx 1
r .x
g ( x) = c1.e 1 (3)

Substituindo a equação (3) na equação (2):

dy
( D − r1 ). y = c1.e r .x 1

dx
r .x
− r1. y = c1.e 1

− r1. x
Podemos resolver usando o fator integrante I = e para obter:

y = ( c1.x + c2 ) e 1
r .x

No caso de m raízes repetidas podemos aplicar o método para obter:

(
y = c1 + c2 .x + )
+ cm .x m−1 .e i
r .x

No caso de raízes nulas repetidas, temos:

(
y = c1 + c2 .x + + cm .x m−1 )

Notas de aula
Caso 3) EDO de segunda ordem incompleta

a) Raízes imaginárias.

d2y 2
+k y =0 ∴ r2 + k2 = 0 ∴ r = ±i.k
dx 2

i.k . x −i.k . x
y = c1.e + c2 .e

i. z − i. z
Sabemos que (Euler): e = cos z + i.sen z ∴ e = cos z − i.sen z então:

y = c1 ( cos kx + i.sen kx ) + c2 ( cos kx − i.sen kx )

y = ( c1 + c2 ) .cos kx + i.( c1 − c2 ) sen kx

y = A.cos kx + B.sen kx

Podemos escrever também na forma y = C.sen ( kx + D )

Onde C = A2 + B 2 e tan D = A / B

D é o ângulo de fase, constante e C é também uma constante.

b) Raízes reais.

d2y 2
−k y =0 ∴ r2 − k2 = 0 ∴ r = ±k
dx 2
k .x − k .x
y = c1.e + c2 .e

−z
= cosh z + senh z ∴ = cosh z − senh z
z
Sabemos que: e e
y = c1 ( cosh kx + senh kx ) + c2 ( cosh kx − sen kx )

y = ( c1 + c2 ) .cosh kx + ( c1 − c2 ) senh kx

y = A.cosh kx + B.senh kx

Notas de aula
Caso 4) Raízes Complexas repetidas

Serão sempre pares complexos conjugados: m vezes (a± b.i)

y =e
( a +b.i ). x
( E + E .x +
1 2 )
+ Em .x m−1 + e
( a −b.i ). x
( F + F .x +
1 2 + Fm .x m−1 )
y = e ⎡⎢e
a. x b. x.i
⎣ (
E1 + E2 .x + + Em .x m−1 + e ) − b. x.i
( F + F .x +
1 2 + Fm .x m−1 ⎤⎥)⎦
−iz
= cos z + i.sen z ∴ = cos z − i.sen z . Logo:
iz
Sabemos que e e
(
a. x ⎢
)(
⎡ cos bx + i.senbx E + E .x +
1 2 + Em .x m−1 + ⎤ ) ⎥
y =e ⎢ ⎥
⎢⎣( cos bx − i.senbx ) ( F1 + F2 .x + + Fm .x m−1 ) ⎥⎦

⎧cos bx ⎡ E + F + E + F x + + E + F .x m−1 ⎤ + ⎫
a. x ⎪ ⎣ 1 1( 2 2 ) (
( m m) ⎦ ⎪ )
y =e ⎨ ⎬
( ) ( )
⎪i.senbx. ⎡ E1 − F1 + E2 − F2 x + + ( Em − Fm ) .x m−1 ⎤ ⎪
⎩ ⎣ ⎦⎭

Fazendo Ek + Fk = Ck e i(Ek - Fk) = Dk temos finalmente:

.
{
y =e cosbx⎡⎣C1 +C2x+ +Cm.xm−1⎤⎦ +senbx.⎡⎣D1 +Dx
ax m−1⎤
2 + +Dm.x ⎦ }

Caso 5) Raízes Imaginárias conjugadas repetidas

(m vezes ± bi)

y = cos bx ⎡⎣C1 + C2 x + + Cm .x m−1 ⎤⎦ + senbx. ⎡⎣ D1 + D2 x + + Dm .x m−1 ⎤⎦

Notas de aula
6. EDO LINEARES, COEF. CONSTANTES, NÃO-
HOMOGÊNEAS

dny d n−1 y dy
+ a1. + + an−1 + a . y = f ( x) (1)
dx n dx n−1 dx n

A solução geral será na forma: y = yP + yH

yH: solução da equação homogênea associada, com n constantes de


integração determinadas pelas condições iniciais ou de contorno.

yP: uma solução particular da equação não homgênea, sem constantes de


integração indeterminada.

Métodos de solução:
9 Método de Coeficientes Indeterminados
9 Método de Variação de Parâmetros

a) Método de Coeficientes Indeterminados

Aplicável quando a função f(x) tem um númeo FINITO de derivadas


distintas. Como exemplo, podemos ter:

f(x) = k; Pn(x); sen(ax+b); cos(ax+b); ea.x; etc.

onde k é uma constante e Pn(x) um polinômio de grau n.

O Método: Se f(x) consiste em um dos termos acima, considere yP como


sendo uma combinação linear de f(x) e todas as suas possíveis
derivadas distintas.

f(x) yP
K A
Pn(x) A0 + A1.x + ·· ·· ·· +An.xn
sen(ax + b) e/ou cos(ax + b) A1. sen(ax + b) + A2.cos(ax + b)
eax A. eax

Notas de aula
a. x
Exemplo: y′′ + 9. y = x 2 .e

H) (D 2
)
+9 y = 0 ∴ r2 + 9 = 0 r = ±3.i

yH = A1.sen 3x + A2 .cos3x

P) f(x) e suas possíveis derivadas distintas podem ser representados


pelo conjunto:

{ x .e
2 a. x a. x
, x.e , e }
a. x

Logo, consideramos uma solução do tipo:

yP = e
a. x
( C .x
1
2
+ C2 .x + C3 )
As constantes C1, C2 e C3 são determinadas pela substituição de yP
e suas derivadas na equação diferencial:

y′P = e ⎡ a.C1.x 2 + ( a.C2 + 2.C1 ) .x + ( a.C3 + C2 )⎤


a. x
⎣ ⎦

( ) (
y′′P = e ⎡⎢ a 2 .C1.x 2 + a 2 .C2 + 4.a.C1 .x + a 2 .C3 + 2.a.C2 + 2.C1 ⎤⎥
a. x
⎣ )⎦
Substituindo na EDO, temos:

( 1 ) 2 (
⎡ a 2 + 9 .C .x 2 + a 2 .C + 4.a.C + 9.C .x + ⎤
a. x ⎢ 1 2 ⎥ 2
) a. x
e ⎢ 2 ⎥=x . e
( ⎢⎣ a .C3 + 2.a.C2 + 2.C1 + 9.C3 ⎥⎦ )

C1 = 2
1
; C2 =
−4.a
; C3 =
(
6. a 2 − 3 )
a +9
(a ) (a )
2 3
2 2
+9 +9
A solução particular será:

yP = e
a. x ⎢ x2

4.a.x
+
6. a 2 − 3 ⎥ ( )⎤
⎢ 2 3 ⎥
( ) ( )
2
⎢ a + 9 2
a +9 a2 + 9 ⎥
⎣ ⎦

Notas de aula
Finalmente a solução geral será:


y = A1.sen 3x + A2 .cos3x + e
a. x ⎢ x2

4.a.x
+
6. a 2 − 3 ⎥ ( )⎤
⎢ 2 3 ⎥
( ) ( )
2
⎢ a + 9 a2 + 9 a2 + 9 ⎥
⎣ ⎦

A1 e A2 são determinadas pelas condições iniciais ou de contorno.

3. x
Exemplo 2: y′′ − 3. y′ + 2. y = 2.x3 + x + e + 2.x.e + 4.e
x x

H) (D 2
)
− 3.D + 2 . y = 0∴ r 2 − 3.r + 2 = 0 ∴ r1 = 2; r2 = 1

2. x
yH = A.e + B.e
x

P) Obtemos os seguintes conjuntos da função f(x) e suas derivadas:

{
S1 = x3 , x 2 , x,1 } S2 = { x,1} S3 = {e } x

{
S4 = x.e , e
x
}
x
S5 = {e }3. x

Analisando esses conjuntos observamos que:

1) S2 está contido em S1 → desprezamos S2.


2) S3 está contido em S4 → desprezamos S3.
x
3) O termo e de S4 faz parte da solução da homogênea, então
multiplicamos todos os membros de S4 por x.

Ficamos então com os seguintes conjuntos:

{
S1 = x3 , x 2 , x,1 } {
S4′ = x 2 .e , x.e
x
}
x
S5 = {e }
3. x

A forma de yP será uma combinação linear dessas funções:

3. x
yP = C1.x3 + C2 .x 2 + C3.x + C4 + C5 .x 2 .e + C6 .x.e + C7 .e
x x

As constantes C1 a C7 são determinadas por substituição na EDO.


A e B são determinadas pelas condições iniciais ou de contorno

Notas de aula
Exemplo 3: y IV + y′′ = 3.x 2 + 4.sen x + 3.x 2 .cos x

H)
(D 4
)
+ D2 y = 0 ∴ r4 + r2 = 0 ∴ ( )
r 2 r 2 +1 = 0
r1 = r2 = 0 ∴ r3 = i ∴ r4 = −i

yH = A1 + A2 .x + A3.sen x + A4 .cos x → S H = {1, x, sen x, cos x}

P)
{ }
S1 = x 2 , x,1 S = {sen x, cos x}
2

S3 = { x .sen x, x.sen x, sen x, x .cos x, x.cos x, cos x}


2 2

S2 ⊂ S3 ∴ desprezar S2
S1 contém ( x,1) ∈ SH ∴ S1' = { x3 , x2 , x}
S1' contém ( x ) ∈ SH ∴ S1'' = { x4 , x3 , x2 }
S3 contém ( sen x, cos x ) ∈ SH ∴
{
S3' = x3sen x, x 2 sen x, x.sen x, x3 cos x, x 2 cos x, x.cos x }
(
yP = C1 x 4 + C2 x3 + C3 x 2 + C4 x3 + C5 x 2 + C6 x .sen x + )
(C x7
3
+ C8 x 2 + C x ) .cos x
9

Resumo:

9 Achar a solução da equação homogênea (yH). Determinar o conjunto


SH.
9 Estabelecer os conjuntos Si de yP.
9 Verificar se algum conjunto de yP está contido em outro. Caso
afirmativo, desprezar o conjunto menor.
9 Verificar se algum termo de algum dos conjuntos Si restantes
pertence também ao conjunto SH. Caso afirmativo, multiplicar todos
os membros desse conjunto Si por xs onde s é o menor inteiro que
garanta que nenhum dos membros do conjunto Si esteja contido em
SH.
9 Obter a forma geral de yP. Substituir yP e suas derivadas na
equação diferencial e determinar suas constantes.
9 Obter a solução geral y = yH + yP. Determinar as constantes de
integração usando as condições iniciais ou de contorno.

Notas de aula
b) Método de Variação de Parâmetros

• É um método geral para obtenção de uma solução particular de


qualquer equação diferencial linear.
• É necessária a solução geral da equação homogênea associada.
• Não é necessário que os coeficientes sejam constantes.

Ln. y = y ( n) + a1 ( x). y ( n−1) + + an−1 ( x). y '+ an ( x). y = f ( x)

Seja conhecida a solução geral da homogênea Ln.y = 0:


n
yH = c1. y1 + c2 . y2 + + cn . yn = ∑ ck . yk
k =1

yk são as n soluções linearmente independentes da equação homogênea

ck são as n constantes arbitrárias, ou “parâmetros”

Substituimos as constantes ck por funções uk(x) a serem determinadas:


n
yP = u1 ( x). y1 ( x) + + un ( x). yn ( x) = ∑ uk ( x). yk ( x) (1)
k =1

Precisamos de n equações para determinar as n funções uk(x). Satisfazendo


a equação diferencial obtemos uma condição. As outras (n-1) condições
podem ser impostas arbitrariamente e serão escolhidas de modo a facilitar
os cálculos.

Derivando a equação (1), temos:


n n
yP′ = ∑ uk . yk′ + ∑ uk′ . yk (2)
k =1 k =1

Para simplificar a equação (2) impomos a condição:


n

k =1
uk′ . yk = 0 (3)

Nesse caso, a equação (2) fica simplificada para:

Notas de aula
n
yP′ = ∑ uk . yk′ (2a)
k =1

Derivando novamente, temos:


n n
yP′′ = ∑ uk . yk′′ + ∑ uk′ . yk′ (4)
k =1 k =1

Impomos novamente a condição:


n

k =1
uk′ . yk′ = 0 (5)

Derivamos sucessivamente até a ordem (n-1) e impomos sempre que o


somatório dos termos contendo a derivada de uk seja nulo, temos:
n
yP( n−1) = ∑ uk . yk( n−1) (6a)
k =1

A derivada de ordem n será:


n n
yP( n ) = ∑ uk . yk( n ) + ∑ uk′ . yk( n−1) (7)
k =1 k =1

Substituindo yP e suas derivadas na equação diferencial, temos:


n n n n
Ln. yP = ∑ uk . yk( n) + ∑ uk′ . yk( n−1) + a1 ( x).∑ uk . yk( n−1) + + an ( x).∑ uk . yk = f ( x)
k =1 k =1 k =1 k =1

Rearranjando, temos:
n n
∑ uk . ⎡⎣ yk(n) + a1( x). yk(n−1) +
k =1
+ an ( x). yk ⎤⎦ + ∑ uk′ . yk( n−1) = f ( x)
k =1
(8)

Como todos os n yk são as n soluções da equação homogênea, o termo entre


colchetes do primeiro somatório é nulo (Ln.yk = 0). Logo, temos:
n

k =1
uk′ . yk( n−1) = f ( x) (9)

Notas de aula
A equação (9) juntamente com as demais (n-1) condições impostas formam
um sistema de n equações para a obtenção das n funções u ′k ( x) :

∑ uk' . yk = y1.u1' + y2 .u2' + + yn .un' = 0


∑ uk' . yk′ = y1′.u1' + y2′ .u2' + + yn′ .un' = 0

∑ uk' . yk(n−2) = y1( n−2) .u1' + y2( n−2) .u2' + + yn( n−2) .un' = 0
∑ uk' . yk(n−1) = y1( n−1) .u1' + y2( n−1) .u2' + + yn( n−1) .un' = f ( x)

Na forma matricial temos o sistema:

⎡ y1 y2 yn ⎤ ⎡ u′ ⎤ ⎡ 0 ⎤
⎢ 1
⎢ y1′ y2′ yn′ ⎥⎥ ⎢u′ ⎥ ⎢ 0 ⎥
⎢ 2⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥.⎢ ⎥ = ⎢ ⎥ (10)
⎢ ( n−2) ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ y1 y2( n−2) yn( n−2) ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ( n−1) ⎥ ⎢u ′ ⎥ ⎢ f ( x) ⎥
⎢⎣ y1 y2( n−1) yn( n−1) ⎥⎦ ⎣ n⎦ ⎣ ⎦

A matriz dos coeficientes é o Wronskiano das n soluções da equação


homogênea.

Como são linearmente independentes, o Wronskiano é não nulo. Podemos


então achar a solução invertendo o Wronskiano:
T
W .u′ = h h = ⎡⎣0,0, ,0, f ( x) ⎤⎦
T
u′ = W −1.h u′ = ⎡⎣u1′, u2′ , , un′ ⎤⎦

Para obtermos uk precisamos integrar u’k.

Não há constante de integração

Notas de aula
Exemplo: y′′ + y = tg x

H) ( D 2 + 1) y = 0 ∴ r 2 +1 = 0 ∴r = ± i

yH = c1.sen x + c2 .cos x

P) y1 = sen x y2 = cos x

Consideramos yP = u1.sen x + u2.cos x

O sistema de equações é dado por: W .u′ = h

⎡ y1 y2 ⎤ ⎡ u1′ ⎤ ⎡ 0 ⎤ ⎡ sen x cos x ⎤ ⎡ u1′ ⎤ ⎡ 0 ⎤


. = ⎥.⎢ ⎥ = ⎢

⎢⎣ y1′ y2′ ⎥⎥⎦ ⎢⎢⎣u2′ ⎥⎥⎦ ⎢⎣tg x ⎥⎦ ⎢ ⎥
⎣ cos x − sen x ⎦ ⎢⎣u2′ ⎥⎦ ⎣tg x ⎦

Resolvendo o sistema pela regra de Cramer, o determinante W será:

sen x cos x
W= = − sen2 x − cos 2 x = −1
cos x − sen x

0 cos x
tg x − sen x − cos x.tg x
u1′ = = = senx
W −1

u1 = ∫ sen x.dx = − cos x

sen x 0
cos x tg x sen x.tg x − sen2 x
u2′ = = = = cos x − sec x
W −1 cos x

u2 = ∫ ( cos x − sec x ) .dx = sen x − ln(sec x + tg x)

yP = u1.sen x + u2 .cos x

yP = − cos x.ln(sec x + tg x)

A solução geral será: y = yH + yP.

y = c1.sen x + c2 .cos x − cos x.ln(sec x + tg x)

Notas de aula
7. EXISTÊNCIA E UNICIDADE DE SOLUÇÃO

Se a equação é linear de ordem n, teremos sempre n constantes de


integração.

No caso de Problema de Valor Inicial (PVI), de ordem n, os valores da


função e suas derivadas são especificados no mesmo ponto:

y(a) = y0; y’(a) = y1; y’’(a) = y2; etc.

Nesse caso a solução existe e é única.

No caso de Problema de Valor de Contorno (PVC ou PVF), os valores da


função e suas derivadas são especificados em pontos diferentes:

y(a) = y1; y(b) = y2; y’(c) = y3; y”(b) = y4; etc.

Nesse caso a solução pode existir ou não, e pode ser única ou não.

Exemplo: y′′ + y = 0 ∴ r 2 +1 = 0 ∴ r = ±i

y = c1.cos x + c2 .sen x
y′ = −c1.sen x + c2 .cos x

a) Para o Problema de Valor Inicial

y(0) = A y’(0) = B

y(0) = c1 + 0 = A → c1 = A
y’(0) = 0 + c2 = B → c2 = B

y = A.cos x + B.sen x → é solução única

b) Para o Problema de Valor de Contorno

y(0) = A y(π/2) = B

c1 = A c2 = B

y = A.cos x + B.sen x → é solução única

Notas de aula
c) Para o Problema de Valor de Contorno

y(0) = A y(π) = B

y(0) = c1 + 0 = A → c1 = A

y(π) = -c1 + 0 = B → c1 = -B

Existe solução apenas se A = -B

y = A.cos x + c2.sen x

Como c2 é arbitrário, há uma infinidade de soluções.

EXERCÍCIO

x2 = 1 ∴ x1 = 1, x2 = −1

x3 = 1 ∴ x1 = 1, x2 = ?, x3 = ?

b.i
Sabemos que e = cos b + i.sin b
2.n.π .i
Então: e = cos 2.n.π + i.sin 2.n.π = 1 + 0.i = 1
2.n.π .i
x3 = e = cos 2.n.π + i.sin 2.n.π = 1 + 0.i = 1

= cos ( 2.n3.π ) + i.sin ( 2.n3.π )


2.n .π .i
x=e 3

x1 = e = cos ( 0 ) + i.sin ( 0 ) = 1
0.i
n=0 Æ

1 3
= cos ( 2.3π ) + i.sin ( 2.3π ) ∴
2.π .i
n=1 Æ x2 = e 3 x2 = − + .i
2 2

1 3
= cos ( 4.3π ) + i.sin ( 4.3π ) ∴
4.π .i
n=2 Æ x3 = e 3 x3 = − − .i
2 2

O método pode ser aplicado para as n raízes de equações do tipo:

xn = 1

Notas de aula
REDUÇÃO DE ORDEM

Se é conhecida uma solução complementar (solução da equação


homogênea associada) de uma equação diferencial linear de ordem n,
podemos obter uma equação linear de ordem (n-1) através da substituição
de variáveis:

y = v(x).y1(x)

onde y1(x) é a solução conhecida da equação homogênea associada.

Vejamos o caso de uma equação de segunda ordem:

y′′ + a1 ( x). y′ + a2 ( x). y = f ( x) (1)

A equação homogênea associada é:

⎡ D 2 + a ( x).D + a ( x) ⎤ . y = 0 (2)
⎣ 1 2 ⎦

Como y1(x) é uma solução conhecida da equação (2) temos:

⎡ D 2 + a ( x).D + a ( x) ⎤ . y ( x) = 0 (3)
⎣ 1 2 ⎦ 1

Fazendo a substituição de variáveis:

y = v( x). y1 ( x)
y′ = v. y1′ + v′. y1
y′′ = v. y1′′ + 2.v′. y1′ + v′′. y1

Substituindo na equação (1) temos:

v. y1′′ + 2.v′. y1′ + v′′. y1 + a1.( v. y1′ + v′. y1 ) + a2 .v. y1 = f ( x)

v.( y1′′ + a1. y1′ + a2 . y1 ) + v′.( 2. y1′ + a1. y1 ) + v′′. y1 = f ( x)

Como y1 é solução da homogênea, o primeiro parênteses é nulo, logo:

y1.v′′ + ( 2. y1′ + a1. y1 ) .v′ = f ( x)

Notas de aula
⎛ 2. y1′ ⎞ f ( x)
v′′ + ⎜⎜ + a1 ⎟⎟ .v′ =
⎝ y1 ⎠ y1

dv dz d 2v
Fazendo z= = = v′′ temos:
dx dx dx 2

⎛ 2. y1′ ⎞ f ( x)
z′ + ⎜⎜ + a1 ⎟⎟ .z = ou então
⎝ y1 ⎠ y1

z′ + P( x).z = Q( x)

Chegamos a uma equação linear de primeira ordem na variável z. Essa


equação pode ser resolvida usando o fator integrante.

Conhecido z(x) obtemos v(x) por integração direta:

v( x) = ∫ z.dx + c

A solução geral será: y(x) = y1(x).v(x)

2.x 2. y
Exemplo: y′′ − . y ′ + =6
(1 − x2 ) 1 − x2 ( )
Sabe-se que uma solução da homogênea é y1(x) = x (verifique)
y = v.x
Fazendo y′ = v + v′.x e substituindo da EDO, temos:
y′′ = 2.v′ + x.v′′

2.x
2.v′ + x.v′′ − ( v + x.v′) + 2.x2 .v = 6
( 1− x 2
) 1− x ( )
⎛ ⎞ ⎛ ⎞
2.x 2 ⎜ 2.x − 2.x
x.v′′ + ⎜⎜ 2 − ⎟ .v′ + ⎟ .v = 6


(
1 − x2 ) ⎟



(
⎜ 1− x

2
1 − x2) ( ) ⎟

Notas de aula
⎛ ⎞
2 2.x ⎟ .v′ = 6
v′′ + ⎜⎜ −
⎜ x 1− x

2
( ) ⎟


x

Fazendo z = v’ z’ = v”

⎛ ⎞
2 2.x ⎟ .z = 6
z′ + ⎜⎜ −
⎜ x 1− x

2
( ) ⎟


x

⎡ ⎤
−2.x.dx ⎥

I = exp ⎢ 2
dx
+ ∫ = exp ⎡⎢ 2.ln x + ln 1 − x 2 ⎤⎥ =
∫( ( )
⎢⎣
x 2 ⎥
1− x ⎥

⎣ ⎦
)
exp ⎡⎢ln x 2 1 − x 2 ⎤⎥
⎣ ( )⎦ (
= x2 1 − x2 )
Multiplicando a equação pelo fator integrante, temos:

d ⎡ 2
dx ⎣⎢ ( )
z.x 1 − x 2 ⎤⎥ = 6.x. 1 − x 2 = 6.x − 6.x3
⎦ ( )
( )
z.x 2 . 1 − x 2 = 3.x 2 − 32 .x 4 + c1
3 3.x 2 c1
z= − +
( ) (
1 − x 2 2. 1 − x 2 x 2 . 1 − x 2 ) ( )
⎛ ⎞
3 3⎜ 1 ⎟ c1
z= + 1 − +
(
1 − x 2 2. ⎜⎜ ) 1 − x 2 ⎟⎟ x 2 . 1 − x 2
⎝ ( )⎠ ( )
1 1⎛ 1 1 ⎞
Obs.: = ⎜ +
1− x 2
2 ⎝ 1 + x 1 − x ⎟⎠

1 1 1⎛ 1 1 ⎞
= + ⎜ + ⎟
(
x2 1 − x2 )
x2 2 ⎝ 1+ x 1− x ⎠

3 3⎛ 1 1 ⎞ ⎡ 1 1⎛ 1 1 ⎞⎤
z= + ⎜ + + c ⎢ + + ⎥
2 4 ⎝ 1 + x 1 − x ⎟⎠ 1 ⎢⎣ x 2 2 ⎜⎝ 1 + x 1 − x ⎟⎠ ⎥⎦

Notas de aula
v = ∫ z.dx + c2

3.x 3 ⎛ 1 + x ⎞ ⎡ 1 1 ⎛ 1+ x ⎞⎤
v= + ln ⎜ ⎟ + c1 ⎢ − + ln ⎜ ⎟ ⎥ + c2
2 4 ⎝ 1− x ⎠ ⎢⎣ x 2 ⎝ 1 − x ⎠ ⎥⎦

y = y1.v = x.v

⎛ 3 c ⎞ ⎛ 1 + x ⎞ 3.x 2
y = x ⎜ + 1 ⎟ ln ⎜ ⎟+ + c2 .x − c1
⎝ 4 2 ⎠ ⎝ 1− x ⎠ 2

Notas de aula
8. EQUAÇÃO DE LEGENDRE

É uma equação diferencial de coeficientes variáveis que pode ser


transformada em uma de coeficientes constantes e tem a forma abaixo,
onde c1, c2, . . .,cn são constantes:

dny n −1 d n −1 y dy
( a.x + b ) ( ) + cn−1 ( a.x + b )
n
+ c a. x + b + + c . y = f ( x) (1)
dx n 1 dx n−1 dx n

Introduzindo a nova variável z tal que:

e z = ( a.x + b ) ∴ z = ln(a.x + b)

dz a a
= = z
dx a.x + b e

d . d . dz a d . d. a
= . = . ∴ = .D
dx dz dx e z dz dx e z

( ax + b ) dy
dx
= a.D. y

d2 d ⎛ d ⎞ a ⎛⎜ a ⎞⎟ a ⎛⎜ a 2 a ⎞⎟ a 2
= ⎜ ⎟ = .D .D = . .D − z .D = 2.z .D.( D − 1)
dx 2 dx ⎝ dx ⎠ e z ⎜⎝ e z ⎟⎠ e z ⎜⎝ e z e ⎟⎠ e
2 d2y
( ax + b ) dx 2
= a 2 .D.( D −1) y

De modo geral, temos que:

dny
( ax + b )
n
n = a .D.( D − 1).( D − 2)… ( D − n + 1). y
n
dx

Substituindo na equação diferencial, obtemos uma equação de coeficientes


constantes.

Notas de aula
A Equação de Euler é um caso particular da equação de Legendre, quando
a = 1 e b = 0, ou seja:

n −1
dny n −1 d y dy
xn + c1 x n −1
+ + cn−1.x + c . y = f ( x)
dx n
dx dx n

Exemplo: Resolver a equação de Euler

x 2 . y′′ − 2.x. y′ + 2 y = x 2 + 2

Fazemos a mudança de variáveis:

x=e ∴ z = ln x
z

2. z
x2 = e

Nesse caso, temos que:

x 2 . y′′ = D( D − 1). y
x. y′ = D. y

Logo, a equação fica:

2z
⎡⎣ D( D − 1) − 2 D + 2 ⎤⎦ . y = e +2

2z
⎡ D 2 − 3D + 2 ⎤ . y = +2 Æ equação de coeficientes constantes
⎣ ⎦ e
H) r 2 − 3.r + 2 = 0 ∴ r1 = 1; r2 = 2

S H = ⎧⎨ e , e ⎫⎬
2. z z 2. z
yH = c1.e + c2 .e
z
⎩ ⎭

P)
⎧ 2z⎫
S1 = ⎨ e ⎬ ⊂ S H
⎩ ⎭
∴ { }
S1′ = z.e
2z

S2 = {1}

2z
Então yP = A + B.z.e

Notas de aula
Substituindo na equação diferencial obtemos A = 1 e B = 1

2z
yP = 1 + z.e

2. z 2z
y( z ) = c1.e + c2 .e + 1 + z.e
z

Finalmente, temos que:

y( x) = c1.x + c2 .x 2 + x 2 .ln x + 1

Notas de aula
9. SOLUÇÃO DE EDO POR SÉRIES DE POTÊNCIAS

Série de Taylor

Expansão de uma função f ( x ) em torno de um ponto x = x0


f ( ) ( x0 ) f ′′ ( x0 )
n

( x − x0 ) = f ( x0 ) + f ′ ( x0 )( x − x0 ) + ( x − x0 ) +
2
f ( x) = ∑
n

n =0 n! 2!

Exemplo.: f ( x ) = senx x0 = 0

( −1) x 2n+1
n

x3 x5 x 7
senx = 0 + x + 0 − + − + =∑
3! 5! 7! n =0 ( 2n + 1)!

Solução de E.D.O.

y′′ + y = 0

Procuramos solução do tipo:



y = ∑ an x n = a0 + a1 x + + an x n + (1)
n =0

Derivando temos:

d ⎛∞ n⎞

d ∞
y′ = ⎜⎜ ∑ an x ⎟⎟ = ∑ n.an x n−1 y′′ = ( y′) = ∑ n.(n − 1)an x n−2
dx ⎝ n=0 ⎠ n=1 dx n=2

Substituindo y e y” na E.D.O. temos:


∞ ∞
∑ n ( n −1) an .xn−2 +∑ an .xn = 0 , e fazendo k = n − 2 no primeiro somatório:
n=2 n =0
∞ ∞
∑ ( k + 2)( k + 1) ak +2.xk +∑ an .xn = 0 , fazendo k = n :
k =0 n =0
∞ ∞ ∞
∑ ( n + 2)( n + 1) an+2.xn +∑ an .xn = 0 ∴
n =0 n =0

n =0
⎡( n + 2 )( n + 1) a + an ⎤x n = 0
⎣ n+ 2 ⎦

Os coeficientes de x n devem ser nulos, logo:

Notas de aula
( n + 2)( n +1) an+2 + an = 0
−an
an+ 2 =
( n + 2)( n + 1)
a a a2 a a
a2 = − 0 = − 0 a4 = − = 0 = 0
2.1 2! 4.3 4.3.2! 4!
( −1) a0
k

a2k = k = 1,2,3,
( 2k ) !
a1 a a a a a5 a
a3 = − =− 1 a5 = − 3 = 1 = 1 a7 = − =− 1
3.2 3! 5.4 5.4.3! 5! 7.6 7!
( −1) a1 k = 1,2,3,
k

a2k +1 =
( 2k + 1)!
Precisamos conhecer apenas dois coeficientes (um ímpar e outro par) para
determinarmos todos os outros. Podemos então escrever todos os
coeficientes em função de a0 e a1.

A solução (1) pode ser escrita na forma de dois somatórios, um com os


termos ímpares e outro com os pares:
∞ ∞
y = ∑ a2.n x 2.n + ∑ a2n+1 x 2.n+1
n =0 n =0

( −1) x2.n + a ∞ ( −1) .x2.n+1


n n

y = a0 ∑ 1∑
n =0 ( 2.n )! n =0 ( 2.n + 1)!

Note que o primeiro somatório é a representação da função cos(x) e o


segundo a representação da função sen(x).

Poderíamos definir essas funções e mesmo deduzir suas propriedades.

Notas de aula
10. FUNÇÕES DE BESSEL

São funções definidas a partir das soluções da E.D.O.:

( )
x 2 y′′ + x. y′ + x 2 −ν 2 y = 0

Onde ν é uma constante real positiva.

A equação pode surgir em problemas de potencial em coordenadas


cilíndricas.

A solução pode ser obtida por séries de potências do tipo:



y ( x) = ∑
n ==0
Bn .x 2.n+λ

A) → Para ν ≠ 0,1, 2, a solução geral é:

y = C1 Jν ( x ) + C2 J −ν ( x )

Onde J −ν é função de Bessel de primeira espécie de ordem −ν .

( −1)
n 2 n −ν

⎛ x⎞
J −ν ( x ) = ∑ .⎜ ⎟
n =0 n !Γ ( n + 1 −ν ) ⎝ 2 ⎠

B) → Para ν = 0,1,2, a solução geral é:

y = C1 Jν ( x ) + C2Yν ( x )

⎧⎛ x ν −1 (ν − n − 1)! 2 n −ν ⎫
⎞ 1 ⎛ x⎞
⎪⎜ ln + γ ⎟ .Jν ( x ) −
⎪⎝ 2 ⎠ 2 n =0 ∑ n! ⎜ ⎟
⎝ 2⎠


2⎪ ⎪
Yν ( x ) = ⎨ n +1 ⎡ ⎤ ⎬
π⎪ ∞ ( −1) φ + φ 2 n +ν ⎪
1 ⎢⎣ ( ) ( ) ⎥⎦ ⎛ x ⎞


n n
⎪+ .⎜ ⎟ ⎪
⎪⎩ 2 n=0 n ! ( n +ν ) ! ⎝2⎠ ⎪⎭
OndeYν é função de Bessel de segunda espécie de ordem ν e onde
n
1
φ( n) = ∑ , n ≥ 1 φ(0) = 0
k =1 k

Notas de aula
O ALFABETO GREGO

LETRA SÍMBOLO LETRA SÍMBOLO


Minúsculo Maiúsculo Minúsculo Maiúsculo
Alfa α A Nu ν N
Beta β B Csi ξ Ξ
Gama γ Γ Ômicron ο Ο
Delta δ Δ Pi π Π
Épsilon ε Ε Ro ρ Ρ
Zeta ζ Ζ Sigma σ Σ
Eta η Η Tau τ Τ
Teta θ Θ Upsilon υ Υ
Iota ι Ι Fi φ Φ
Capa κ Κ Chi χ Χ
Lambda λ Λ Psi ψ Ψ
Mu μ Μ Ômega ω Ω

Notas de aula

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