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POTENCIALIDADES PARA O INCREMENTO DA COOPERAÇÃO SUL-

AMERICANA NO SETOR DA INDÚSTRIA DE DEFESA

José Augusto Zague1

Trabalho preparado para ser apresentado no 5º Encontro Nacional da Associação


Brasileira de Relações Internacionais (ABRI), Belo Horizonte, 29 a 31 de julho de 2015

Area temática: Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política de Defesa

Resumo

Com a criação do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) em 2008, a sub-região


passou a contar com um organismo multilateral capaz de coordenar iniciativas para a
produção de material de defesa. Um dos objetivos específicos do organismo regional é
“promover o intercâmbio e a cooperação no âmbito da Indústria de Defesa”. No entanto,
em parte pelo curto tempo de existência, o CDS não logrou superar os problemas
referentes à autonomia produtiva dos países e à escassez de cooperação no tema.
Ademais da cooperação para o desenvolvimento conjunto de um Avião de Treinamento
Primário Básico Sul-Americano, o UNASUR I, com resultados ainda incipientes,
interessa-nos no presente artigo, para além das razões relacionadas, investigar quais
são os fatores de entrave à formação de uma cadeia produtiva sub-regional de materiais
de defesa. Nesse processo, cabe-nos ainda a incumbência de ressaltar as
potencialidades da cooperação. Para tanto, realizaremos um levantamento das
capacidades produtivas dos países da região, pauta de exportação e direcionamento da
produção. Por outro lado, consideraremos as importações de modo a identificar as
demandas por produtos de defesa. A resultante dessa análise bidimensional deverá
proporcionar um panorama sobre potenciais parcerias entre os países sul-americanos.
Um segundo esforço será direcionado ao exame do tratamento que a Indústria de
Defesa obteve no CDS desde sua criação. O objetivo é avaliar se o tema dispõe de
espaço suficiente no organismo para que seus objetivos sejam cumpridos. Para
responder esse questionamento, analisaremos os Planos de Ação produzidos até o
momento, identificando i) o espaço concedido às iniciativas relativas à Indústria de
Defesa; ii) divisão das responsabilidades entre os países membros; iii) natureza das
ações propostas. Ao final do trabalho, pretendemos ter um quadro amplo sobre as
potencialidades de cooperação em indústria de defesa e o papel exercido pelo CDS.

Palavras-Chave: Indústria de defesa; Conselho de Defesa Sul-Americano; Cooperação

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(Mestrando em Relações Internacionais do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San
Tiago Dantas) (Unesp, Unicamp, PUC-SP). Membro do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança
Internacional (GEDES) (Unesp).

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1.Introdução

O presente artigo apresenta parte de um trabalho pesquisa, que analisa a


cooperação sul-americana no desenvolvimento e produção de armamentos no âmbito
da União das Nações Sul-Americana (Unasul) e do Conselho de Defesa Sul-Americano
(CDS). A possibilidade de contar com uma indústria de defesa (ID) bem desenvolvida,
com pesquisa científica e tecnológica associada aos setores empresariais, é estratégica
para a formulação autônoma da política de defesa. Contar com uma ID moderna e um
parque científico-tecnológico correlato reduz consideravelmente a dependência
estratégica externa na aquisição, manutenção e modernização do material de defesa.
Na década de 1960 quando regimes autoritários liderados por militares se
instalaram na América do Sul, três países se destacaram por intervenções do Estado
que resultaram no desenvolvimento de parques industriais no setor de defesa:
Argentina, Brasil e Chile. Durante o período em que a indústria de defesa (ID) ganhou
importância no subcontinente, a dinâmica da Guerra Fria influenciou a segurança na
América do Sul em quatro aspectos: instabilidade interna; contestação de limites
fronteiriços; considerações sobre hegemonia regional entre Brasil e Argentina; e
envolvimento dos Estados Unidos em questões internas dos países da região (BUZAN;
WEAVER, 2003, p.320). No contexto da Guerra Fria e de rivalidades regionais, os
governos militares introduziram uma política sistêmica para ampliar a capacidade de
produzir armamentos. Para tanto, com fomento estatal, desenvolveu-se uma articulação
entre as instituições de pesquisa e desenvolvimento vinculadas as organizações
militares e as empresas privadas e estatais, dedicadas a produção de material de defesa
(MD).
As restrições dos Estados Unidos, principal fornecedor de MD para a América
do Sul, ao acesso a tecnologia avançada de uso militar ou a aquisição de equipamentos
de defesa atualizados, cresceu no imediato pós Segunda Guerra Mundial, concorrendo
para o desenvolvimento da ID entre as décadas de 1960 e 1980, período em que a
Argentina produzia uma considerável gama de produtos e o Brasil estava entre as
nações determinadas em construir uma indústria de armamentos de base ampla
(BUZAN, 1991, p.72). Não obstante a dinâmica de crescimento do setor naquele
período, os equipamentos produzidos pela ID no subcontinente, se caracterizavam pelo
baixo incremento de tecnologia (BATTAGLINO, 2009, p.88).
Contudo, nem as limitações de acesso a tecnologia avançada impediram as
indústrias brasileiras de defesa de expandirem-se dramaticamente nos anos 1970. Em
uma única década, o Brasil, país com forte dependência de fornecedores externos,

2
tornou-se um importante exportador de armas e líder entre os então denominados
países do Terceiro Mundo (CONCA, 1997, p.1).
Ainda que no conjunto, a produção da ID no Brasil nas décadas de 1970 e 1980
apresentasse baixa incorporação de tecnologia avançada, em situações específicas, o
país foi capaz de desenvolver sistemas de armas2 de alguma sofisticação para o uso
local e, posteriormente para a exportação aos países do Terceiro Mundo, e em algumas
ocasiões para os países desenvolvidos (ABETTI; MALDIFASSI, 1994, p. 14, grifo
nosso).
A mudança do cenário internacional com o fim da Guerra Fria e dos governos
militares na América do Sul alterou na passagem da década de 80 para a de 90, a
configuração do modelo implantado nos três países, com a diminuição da produção MD
e consequente interrupção na geração de saldos exportáveis, sobretudo no caso
brasileiro, obstando o avanço da ID. Com a eclosão do conflito militar entre Irã-Iraque,
durante a década de 1980, houve um aumento exponencial das vendas brasileiras de
armamentos3, aproximando-se dos US$600 milhões4 em 1987 (DAGNINO, 2010, p.
68). O aumento das exportações durante grande parte da década de 1980, fortaleceu a
perspectiva de que a indústria brasileira de armamentos poderia superar as limitações
de caráter tecnológico e alcançar maior sofisticação nos seus produtos, o que não
ocorreu.
Na Argentina a capacidade de desenvolvimento de novos produtos de defesa foi
perdida e as atividades se concentraram na manutenção e reprodução de equipamentos
pré-existentes. As instalações produtivas na área de defesa tiveram suas atividades
encerradas ou diminuídas e o conhecimento acumulado pelo setor e sua cadeia se
pulverizou (MORAES, 2011, p.53). No Brasil e na Argentina, países em que a ID
avançou mais, houve um desmantelamento do setor (COSTA, p. 216, 2005). A indústria
chilena de MD não alcançou o mesmo dinamismo das congêneres argentinas e
brasileiras, mas enfrentou da mesma maneira, retração nas atividades produtivas das
suas empresas. Nos demais países sul-americanos não houve, no período, outras
iniciativas comparáveis aos países do Cone-Sul, apenas atividades incipientes no setor.
Entre os motivos que concorreram para a perda de dinamismo da ID no final da
década de 1980, três aspectos devem ser considerados. O primeiro está relacionado ao
modelo desenvolvido para a produção de MD na América do Sul, que seguiu um padrão

2Sistemas de armas (weapons systems) abrange: aeronaves, armas anti submarino, material de artilharia,
mísseis, motores, navios, satélites, sistemas de defesa aérea, sensores e veículos blindados. O conceito
de sistemas de armas é utilizado pelo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), instituição
sediada na Suécia, dedicada ao estudo internacional sobre a paz, para diferencia-lo do armamento leve,
no cômputo dos gastos internacionais em defesa (SIPRI, 2014).
3Inclui sistemas de armas e armamento leve.
4Montante inclui a exportação de sistemas de armas e armamento leve.

3
cíclico que perdurou por 10 a 15 anos, em decorrência da falta de uma infraestrutura
capaz de assegurar a sua continua atualização, e ainda pela saturação do mercado
interno (ABETTI; MALDIFASSI, 1994, p.231). O segundo está vinculado ao processo de
redemocratização, quando os elementos ligados ao partido ou forças políticas que
outrora controlavam a burocracia governamental, perderam a capacidade de influenciar
as políticas de defesa, tendo por consequência alterações no curso de projetos e
programas, obstando avanços obtidos no setor da ID (CONCA, 1997, p.246). O terceiro
foi a diminuição das vendas da ID brasileira para o Oriente Médio após o fim da Guerra
Irã-Iraque, sobretudo as vendas para o Iraque, grande comprador de MD do Brasil
naquele período (DAGNINO, 2010, p.69). A perda de dinamismo da ID nos três países
foi responsável na década de 1990 pelo fechamento de empresas tradicionais como a
Engesa no Brasil e a diminuição nas atividades de outros centros produtivios como a
Fabrica Militar de Aviões (FMA) na Argentina.
O fim da Guerra Fria e o retorno da democracia, tornou a América do Sul mais
estável, dando condições aos atores de agirem de maneira previsivel
internacionalmente e melhorando as chances de cooperação regional (BUZAN;
WEAVER, 2003, p.320 ). A relação assimétrica entre a América do Sul e os Estados
Unidos sempre foi um limitador para a expansão do multilatealismo regional (HIRST,
1996, p.15). No entanto, o processo de redemocratização propiciou uma nova dinâmica
para a cooperação sul-americana por meio do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a
Comunidade Andina de Nações (CAN), representando alternativa ao projeto
estadunidense da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). A premência de um
espaço de cooperação em moldes mais abragentes por meio de uma integração política
e geopolítica para coordenar o processo sul-americano (BUENO; CERVO, 2012, p. 551-
552) possibilitou a criação em maio de 2008 da União de Nações Sul-Americanas
(UNASUL), congregando os países em um espaço de integração no âmbito político
(UNASUR, 2008a).
A necessidade de complementaridade na formulação de políticas de Segurança
Regional levou os países sul-americanos a criar em dezembro de 2008 o Conselho de
Defesa Sul Americano (CDS) instância de consulta, cooperação e coordenação em
matéria de defesa (UNASUR, 2008b).O CDS não foi criado como uma aliança militar,
mas, constitui-se em um polo de poder regional, em que os contenciosos se resolvem
por meio da tradição sul-americana de respeito à soberania e não intervenção em
assuntos internos dos Estados (BUENO; CERVO, 2012, p. 552). A criação do CDS
contribuiu para aumentar a confiança e a transparência entre os países, no que tange
as suas percepções quanto às ameaças e desafios comuns na formulação da politica
de defesa, buscando uma sintonia que permita projeções compartilhadas em segurança

4
regional (SAINT-PIERRE, 2009, p.17). Do ponto de vista da segurança regional, o CDS
reflete os padrões de uma comunidade de segurança, em que as principais
preocupações referentes à segurança de um conjunto de Estados estão interligadas e
seus problemas de segurança nacional podem ser analisados ou resolvidos de maneira
razoável através da cooperação (BUZAN; WEAVER, et al, 1998, p.198). A agenda de
Segurança Regional incorporada pelo CDS, possui diversos temas comuns aos países
membros, como a preocupação com a soberania sobre os recursos naturais ou a
segurança energética, em que os que problemas de segurança são vistos e tratados de
maneira interdependente (OLIVEIRA, 2004).
O CDS é dirigido por uma Instância Executiva, composta pelos Ministros da
Defesa dos 12 países membros da Unasul e as decisões são tomadas por unanimidade
dos membros. O planejamento das atividades estão descritos em um Plano de Ação e
divididas em eixos temáticos: I. Políticas de Defesa; II. Cooperação Militar , Ações
Humanitárias e Operações de Paz; III. Indústria e Tecnologia de Defesa; e IV. Formação
e Capacitação O Plano de Ação define o cronograma de trabalho, o país responsável
pela atividade e se for o caso, os corresponsáveis no desenvolvimento das ações
propostas (UNASUR, 2009). A coordenação regional para a institucionalização de um
mecanismo de cooperação em defesa, preenche uma lacuna no processo de integração
do subcontinente, por meio do eixo Indústria e Tecnologia de Defesa, que integra o
Plano de Ação do CDS e estabelece um planejamento para o desenvolvimento de
iniciativas regionais no setor da ID no subcontinente.

2.Cooperação na indústria de defesa

O presente artigo parte do pressuposto que a cooperação sul-americana no setor


da indústria de material de defesa, tem no CDS da Unasul um catalisador, com
capacidade para estabelecer na região um modelo de cooperação que une os países
com tradição na produção de MD como a Argentina, Brasil, Chile e novos atores no setor
como a Colômbia, e os países que dispoem de menores recursos técnicos e financeiros,
na formação de um mercado regional para a produção de MD. Para ter êxito, a iniciativa
dos países membros da Unasul e do seu CDS em estabelecer um modelo de
cooperação na produção de MD, depende de uma coordenação política regional.
As diretrizes da cooperação na área da ID no âmbito do CDS, estão descritas no
Eixo III Indústria e Tecnologia de Defesa do Plano de Ação do organismo regional. Entre
2009 e 2011, as deliberações no âmbito do CDS sobre o eixo III, tiveram por objetivo a
formulação de uma política regional para a ID. As açoes dos países membros nesse
período podem ser divididas em duas áreas: análise prospectiva e planejamento. O

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diagnótico prospectivo obtido por meio das discussões em grupos de trabalho, delineou
a situação da indústria de defesa na América do Sul. Um exemplo, é a deliberação
contida no Plano de Ação 2010/2011 do CDS com a proposta de: Unasur (2010/2011,
p. 3) “Estudar a possibilidade de criar um Centro de Investigação e Desenvolvimento
Tecnológico e Cooperação Industrial do CDS.” Ainda no Plano de Ação 2010/2011 é
possivel identificar deliberação com caracteristica de planejamento, para segundo a
Unasur (2010/2011, p. 3) “Articular um calendário anual das feiras, seminários, e outros
eventos sobre indústria e tecnologia de defesa que se desenvolvem na região [...].”
Em 2012, após o período em que o organismo regional produziu um inventário
abrangente sobre a ID no subcontinente, os países membros decidiram iniciar
programas para a produção de sistemas de armas. O Plano de Ação 2012 aprovou o
desenvolvimento e produção regional de avião de treinamento básico sob
responsabilidade da Argentina e co-responsabilidade de Chile, Equador, Peru, Brasil e
Venezuela (UNASUR, 2012a p.3 ).O segundo programa, aprovado no Plano de Ação
2013, prevê o desenvolvimento e produção regional de um sistema de aviões não
tripulados sob responsabilidade do Brasil (UNASUR, 2013, p.3).
Durante a 8ª Reunião da Instância Executiva do CDS, da qual participaram
representantes dos 12 países membros da Unasul, realizada em maio de 2013, em Lima
no Peru, país que ocupava a presidencia pro-tempore do organismo, houve o anuncio
do cronograma para o desenvolvimento e produção da aeronave de treinamento básico,
batizada de Unasul I. O projeto da aeronave foi desenvolvido pela construtora
aeronáutica estatal argentina Fabrica Argentina de Aviões (FAdeA) e deverá ter 9.3
metros de envergadura e 12.8 metros de cumprimento, impulsionada por motor a pistão
e será empregada na instrução e treinamento de pilotos. O primeiro protótipo deverá ser
apresentando em 2016, com previsão para a produção em série á paritr de 2017. Na
reunião em Lima o CDS definiu que o programa, coordenado pela Argentina, contará
com a particpação de todos os membros do organismo, no desenho ou produção dos
componentes e partes da aeronave (ANDINA, 2013). Em abril de 2013 durante a Latin
American Aero Defense (LAAD), feira internacional de defesa e segurança, realizada no
Rio de Janeiro, foi criado o comitê consultivo para gestão do projeto e montagem do
avião de treinamento básico, constituído por Argentina, Brasil, Chile, Colômbia,
Equador, Venezuela e Uruguai (BRASIL., 2013).
A cooperação no segmento da ID no subcontinente, contudo, não logrou
alcançar entre os países interessados na produção e aquisição do avião de treinamento
básico a totalidade dos membros do CDS, como resultado da sobreposição de projetos
que concorrem diretamente com o treinador da Unasul.

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Em março de 2014 a empresa privada brasileira Novaer apresentou o seu
treinador básico denominado TX-c, monomotor de asa baixa, que está sendo avaliado
pela Força Aérea Brasileira como substituto dos treinadores T-25, que estão no final da
sua vida útil. O Chile produz desde 1981 o treinador Pillán-T-35 projetado e
desenvolvido pela construtora aeronáutica estatal Enaer. O governo peruano celebrou
acordo com a empresa sul-coreana Korea Aerospace Industries (KAI) para a produção
sob licença da aeronave de treinamento KT-1, através da estatal Seman que é vinculada
a Força Aérea do país. Na Colômbia a empresa estatal Ciac desenvolveu o T-90 Calima,
treinador que voou pela primeira vez em 2010. Em 2011 as primeiras unidades foram
integradas a Força Aérea Colombiana. Em outubro de 2013 o governo da Bolívia
anunciou o desenvolvimento da aeronave de treinamento Tiluchi que será produzido em
instalações nas quais serão investidos US$5 milhões. Em abril de 2014 o governo
equatoriano anunciou a construção da primeira aeronave produzida no país, um avião
de treinamento, que terá ainda a capacidade para realizar operações de fumigamento.
Para tanto, o governo equatoriano anunciou um aporte de recursos no montante de US$
3,5 milhões para a construção de uma fábrica de aviões (LOPES, 2014).
Apenas os governos de Argentina, Brasil, Equador e Venezuela, participarão
diretamente na produção do treinador. No final de 2014 os quatro países definiram
etapas importantes para o financiamento, desenvolvimento, requisitos técnicos,
logísticos e industriais do Unasul I. Para tanto será criada uma sociedade anônima
denominada UnasurAero, que permitirá que as empresas participantes do projeto
possam ser contratadas e receber remuneração pelos materiais e equipamentos
fornecidos. A fase de desenvolvimento do projeto terá um custo de US$ 60 milhões. O
Brasil será responsável por 62% dos subsistemas que serão utilizados na aeronave,
representando US$36 milhões, que serão repassados as empresas brasileiras que
participarão do projeto: Novaer (trem de pouso), Akaer (asas equipadas), Flight
Technologies e Avionics (painel de instrumentos). As empresas argentinas participarão
com 28% do valor (US$ 16 milhões) e produzirão portas, hélices, montagem de motor e
assentos ejetáveis. As empresas equatorianas e venezuelanas participarão com 5%
cada (US$ 3 milhões) e também fornecerão partes da aeronave. No modelo definido
pelo consórcio os países sócios, repassarão os pagamentos por etapa para a
UnasurAero, que posteriormente contratará os fornecedores dos quatro países
envolvidos de acordo com as suas atribuições no desenvolvimento da aeronave.
Concluída a fase de desenvolvimento, será definido o modelo de produção do Unasul I.
O avião de treinamento conta com 92 encomendas: 50 para a Argentina; 24 para a
Venezuela e 18 para o Equador. O financiamento do projeto deve ficar a cargo do Brasil

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através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (BRASIL,
2014).
O desenvolvimento do projeto do VANT regional que será empregado pelos
países membros do CDS, avançou em 2014. Em encontro de países membros do CDS
para discutir detalhes técnicos do projeto denominado Vant Unasul, realizado em
Brasília no mês setembro de 2014, sob a coordenação do Brasil e com a participação
de todos os demais países sul-americanos, ficou definido que o equipamento será uma
plataforma aérea de porte mediano e inicialmente terá como atribuição as missões de
vigilância. A escolha do modelo da plataforma do VANT, permitiu o planejamento da
próxima etapa, com a definição de quesitos operacionais como: escolha dos motores;
sensores de carga útil; tipo de comunicação do vant com a estação de controle de solo;
e questões de segurança da aeronave (BRASIL,2014a). Em dezembro de 2014 em
Salvador novamente sob a coordenação do Brasil, os membros do CDS definiram os
requisitos técnicos do VANT. No documento final ficou estabelecido que os sensores e
toda a parte eletrônica deverão ser concebidos com recursos tecnológicos que permitam
ao equipamento resistir a mudanças bruscas de temperatura e umidade e operar tanto
na Amazônia quanto nas regiões andinas. O Vant Unsaul (de médio porte) contará com
uma estação de terra, sistema de transmissão e recepção de dados e duas ou mais
plataformas aéreas (aeronaves). Em 2015 o projeto Vant Unasul entra na fase de
definição do modelo empresarial, que estabelecerá as atribuições das empresas de
cada país no projeto. Após essa etapa, o projeto entrará na fase de definição dos
requisitos logísticos e industriais (BRASIL, 2014b).
A cooperação na área de defesa, além de significar ampliação da capacidade de
autonomia em defesa, diminuição da vulnerabilidade e capacidade de dissuadir atores
extra-regionais, possui ainda um efeito multiplicador ao possibilitar acesso a tecnolgica
que podem ter uso dual (militar e civil).
Os gastos com a aquisição de sistemas de armas por parte dos paises sul-
americanos, totalizaram US$ 1.747 bilhões em 2013. São gastos significativos para a
região, ainda que representem uma parcela pequena do valor das vendas internacionais
de MD por parte dos países produtores. Parte do dispêndio de recursos na importação
de MD são destinados a reposição de sistemas de armas, como veículos blindados,
misseís e foguetes, defasados em função do tempo de uso (SIPRI, 2014)
Em meio as aquisições por parte dos países sul-americanos de MD fabricado em
países de fora da região, há sistemas de armas, como alguns modelos de veículos
blindados, que são produzidos com baixa intensidade tecnológica. Redirecionar parte
do montante relativo as importações sul-americanas de sistemas de armas para
estimular as bases industriais de defesa dos países dos subcontinente, nesse segmento

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que demanda tecnologia de baixa intensidade tecnológica, pode contribuir para integrar
um número maior de países no desenvolvimento e produção.

3.Transferência de tecnologia

A cooperação internacional para a produção de MD apresenta quatro aspectos


que reforçam a sua viabilidade: 1. diminuição do dispêndio com a importação de MD; 2.
aquisição de tecnologia que pode ser replicada em outros setores da economia; 3.
diminuição dos custos da produção com aproveitamento no ganho de escala; e 4.
aumento da autonomia e capacidade de dissuasão frente a potências extra-regionais.
A indústria de defesa ID é estratégica para a formulação da política de defesa,
seja no âmbito interno ou em um espaço de cooperação regional. O desenvolvimento
da ID depende de uma série de condicionantes, especialmente no campo da tecnologia,
exercendo um efeito limitador, e circunscrevendo os detentores de capacidade para
produzir material de defesa MD, a um reduzido número de países. A indústria de defesa
é um setor que depende da ação do Estado para o seu desenvolvimento. A implantação
e manutenção de um parque industrial de defesa exigem do Estado: 1) financiamento
ou participação direta na pesquisa e desenvolvimento de produtos e aquisição de
tecnologia através de cooperação com outros Estados; 2) compra da produção da
indústria de defesa; 3) utilização da burocracia governamental, sobretudo os canais
diplomáticos, para fortalecer as vendas ao exterior; e 4) desenvolver mecanismos para
equalizar os custos de produção ao preço da concorrência e conceder financiamento
nas vendas externas através de linhas de crédito aos compradores (SAINT-PIERRE;
ZAGUE, 2014, p.182).
A analise do modelo de produção de MD implatado nos países de economia
avançada, como os Estados Unidos e países membros da União Européia, demonstra
que a obtenção, utilização e manutenção da capacidade de suprir a ID com tecnologia
atualizada é o que condiciona o grau de avanço de um país ou grupo de países na
produção de MD. A desatualização tecnológica de Argentina, Brasil e Chile no pós
Guerra Fria, desestruturou a ID sul-americana e alguns projetos e programas foram
interrompidos ou adiados com consequências sobre o desenvolvimento do setor no
subcontinente. Na obtenção de tecnologia para uso na ID, países que forjam sua
capacitação tecnologica por meio de investimentos substanciais e constantes em
pesquisa e desenvolvimento de produtos, mantém um acervo de conhecimento capaz
de suportar a atualização tecnológica no setor. Ao absorver o conhecimento tecnológico
que capacita a produção de MD, um país passa a dispor de acordo com seus interesses

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ou conveniência de capacidade para repassar a outros países, uma parte ou o total do
conhecimento adquirido, em um processo denominado transferência de tecnologia.
A difusão da tecnologia militar dentro do sistema internacional, na concepção
teórica de Buzan, ocorre em três situações: 1. expansão física ou política dos países
produtores; 2. transferência de armamentos dos países produtores para os não
produtores; e 3. difusão para outros centros com capacidade de produção de tecnologia
avançada. A expansão física e política vigoraram até a Segunda Guerra Mundial. A
transferência de armamentos se dá através do comércio internacional (venda ou doação
de MD). No terceiro pressuposto, a difusão ocorre através da transferência de tecnologia
dos países produtores para países que não produzem armamentos, mas que dispoem
de capacidade para absorver a tecnologia e produzi-los (BUZAN, 1991, p.61).
A tecnologia empregada na ID condensa na sua esfera, inovação tecnico-
cientifica passível de multiplicar seus efeitos para outros ramos da economia,
proporcionando benefícios derivados do spin-off, efeito de transbordamento ou
“espirramento” dos resultados tecnológicos e econômicos desencadeados pelo gasto
militar no setor de defesa, para o setor civil da economia (HARTLEY, 2007, p. 9). No
entanto, o percentual destinado a pesquisa na área da defesa, pelos países membros
do CDS entre 2006 e 2010, representou apenas 0,5% do dispêndio total do orçamento
da defesa, limitando a capacidade dos países sul-americanos em utilizar os gastos no
desenvolvimento de novos produtos como estimulo a outros setores da economia
(UNASUR, 2012b, p. 11).
A capacitação para absorção de tecnologia possui uma hierarquia determinda
pelo avanço cientifico do país ou grupo de países que produzem armamentos. Enquanto
os grandes países produtores de MD, desenvolvem armamentos, sobretudo os sistemas
de armas que incorporam um alto grau de sofisticação na sua operação e desempenho.
Países como o Brasil, acumularam um acervo de conhecimento na produção de MD,
todavia, limitado a produtos de baixa intensidade tecnológica.
O domínio de tecnologias avançadas exige a nacionalização da fabricação de
componentes, capacitação tecnologica e gerencial em meio as dificuldades com o
financiamento governamental e pressões internacionais que buscam impedir que novos
países – ou grupo de países - sejam agregados ao seleto grupo daqueles que detem
conhecimento e capacidade no setor (CAVAGNARI FILHO,1996, p.351).
A ID brasileira, a mais desenvolvida do subcontinente, padece da incapacidade
de gerar uma gama maior de produtos para uso interno ou exportação. As vendas
externas brasileiras de sistemas de armas, estão concentradas desde a década de 1980
em alguns produtos, como o sistema lançador de foguetes Astros e os aviões Super
Tucano (DAGNINO, 2010, p.77). Por possuir maior desenvolvimento na produção de

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MD, o Brasil tem grande importância para a cooperação regional. A Estratégia Nacional
de Defesa (END) lançada em 2008, e que contem entre outros temas as diretrizes do
governo brasileiro para estimular a revitalização da sua ID, referência ao encolhimento
do setor no inicio dos anos 1990, propõe o estabelecimento de parcerias estratégicas
com países que possam contribuir para o desenvolvimento de tecnologias de ponta de
interesse para a defesa (BRASIL,2008, p.56) A END tem por objetivo tornar pré requisito
para a aquisição brasileira de armamentos, sobretudo sistemas de armas, o repasse da
tecnologia por parte do fornecedor. A END propõe também a integração das bases
indústriais de defesa na América do Sul sob a coordenação do CDS, indicando a
disposição brasileira para cooeprar no setor (BRASIL,2008, p. 17). Ainda que não
disponha da tecnologia mais avançada no setor, o Brasil possui infraestrutura no campo
cientifico e instituições de pesquisa com capacidade para repassar a tecnologia
disponível aos países vizinhos e viabilizar projetos conjuntos.
Para sustentar as despesas decorrentes de pesquisa e desenvolvimento,
responsável por uma parcela importante do custo do investimento na produção dos
armamentos, é necessário garantir economia de escala e produzir em maiores
quantidades produtos que empregam tecnologia de uso militar. Se a produção fica
restrita ao mercado interno do país produtor ou se o número de encomendas é baixa, o
custo da unidade produzida cresce. Para diluir custos, países europeus criaram
consórcios multinacionais para produção de sistemas de armas, como no caso do caça
Eurofighter Typhoon (BUZAN,1991, p. 63). Do mesmo modo, a concepção moderna de
produção de sistemas de armas, em ambiente de cooperação, é caracterizada por
ganhos na redução da duplicação das atividades de pesquisa e desenvolvimento
(HARTLEY, p. 9, 2007).
As limitações tecnológicas impoem restrições a produção de MD por parte dos
países sul-americanos, todavia, não impede a capacitação para produzir sistemas de
armas de baixa intensidade tecnológica, que são desenvolvidos para ocupar um vazio
(nicho) do mercado em razão da tendência à supersofisticação do armamento produzido
pelos países avançados (DAGNINO,2010, p.79).

4.Divisão de responsabilidades

O programa para a produção do avião de treinamento básico Unsaul I, como


primeiro projeto de produção MD por parte do CDS, mostrou limitações derivadas do
planejamento e execução das ações propostas pelos Planos de Ação, que não levaram
em conta a demanda e a necessidade da maioria dos países sul-americanos.

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Definir a divisão de responsabilidades em todas as etapas dos programas de
produção de MD deve ser prioridade para o eixo indústria e Tecnologia de Defesa do
CDS. Tendo em conta as assimetrias, a divisão de responsabilidades deve refletir cinco
requisitos: 1.tamanho da economia; 2.capacidade de investimento; 3. desenvolvimento
cientifico e tecnológico; 4. capacidade gerencial para a produção de MD; e 5.
capacidade de compra do MD a ser desenvolvido. Nos trés primeiros requisitos o papel
do Brasil é fundamental, como país que dispoe de capacidade para desenvolver e
produzir produtos de defesa, com uma indústria que se recupera da debâcle do inicio
dos anos 90, estimulada pela END. Mas os dois últimos requisitos são especialmente
importantes para a cooperação. O primeiro é a capacidade gerencial para a produção.
Na América do Sul, além do Brasil em estágio mais avançado; Argentina e Chile
possuem tradição na produção de MD, sobretudo na construção aeronáutica, produção
de veículos blindados e navios. Em período recente a Colômbia estabeleceu um parque
industrial de defesa. Os demais países possuem atividades incipientes no setor, mas
em um modelo de cooperação podem adquirir conhecimento participando dos
programas desenvolvidos pelo CDS.
O aumento das encomendas derivada da produção cooperativa, dilui parte dos
custos de desenvolvimento e produção, fortalece a confiança regional em uma
cooperação que reflete a integração em um setor estratégico para soberania interna e
subcontinental e amplia a capacidade tecnico-cinetifica dos países participes.
Para tanto, a divisão de responsabilidades deve refletir realisticamente e
racionalmente as necessidades dos países que cooperam. Tendo em conta a produção
de armamentos de baixa intensidade tecnológica, um setor que pode tornar a
cooperação em defesa mais próxima da realidade e da necessidade dos países
membros do CDS, é a produção de veículos blindados. A cooperação pode ser iniciada
com armamentos já em produção, estendendo a possibilidade em curto e médio prazo
para integrar o maior número possível de países na produção e se possível, ampliar a
possibilidade de produzir em diferentes polos na região.
Entre 1974 e 1993 a ID brasileira produziu e exportou uma grande quantidade
de veículos blindados sobre rodas para diversos países sul-americanos (MORAES,
2010, p.63). Há na América do Sul um importante mercado para absorver a produção
de blindados sobre rodas.
A definição de uma viatura blindada sobre rodas padrão da Unasul, desenvolvida
com condições adequadas de financiamento e compartilhamento tecnológico e a
possibilidade de produção de partes e alguns dos seus componentes por empresas do
setor de defesa de diferentes países na América do Sul, sobretudo na Argentina, Chile
e Colômbia,tendo em conta a necessidade de repor os blindados que aproximam-se da

12
obsolecencia, obdeceria ao critério da racionalidade derivada da necessidade de
substituir veículos em fim de vida útil por equipamentos novos e produzidos em
cooperação no ãmbito do CDS.
A criação de consórcios para a produção de armamentos como no caso de um
veículo blindado padrão da Unasul, atende ao critério econômico de ampliação da
escala produtiva e diminuição de custos. Há, contudo, implicações de caráter estratégico
e tático que definem as aquisições de armamentos por parte dos países. As medidas de
confiança no âmbito da Unasul e do CDS com o desenvolvimento de projetos conjuntos
de produção de armamentos tem a capacidade de criar uma cultura estratégica sul-
americana, em que a autonomia é vista como um objetivo que tem sentido de defesa
em âmbito regional, pois a cooperação entre os países cria uma mutua dependência.
No entanto, falta ainda a Unasul e ao CDS avançarem em temas importantes como a
discussão sobre a interoperacionalidade dos meios de defesa dos países sul-
americanos e a definição de armamentos padrão, como forma de aproveitar as
capacidades regionais para desenvolver, produzir e incorporar armamentos de
fabricação regional as Forças Armadas locais.
O programa para a produção da aeronave de transporte militar e apoio tático KC-
390, que possui características técnicas, capacidade de carga e transporte de tropas, é
um produto da ID brasileira em que é possível ampliar a cooperação com os países sul-
americanos. O programa para a construção do KC-390, não é um projeto da Unasul e
do CDS, é financiado pelo governo brasileiro e, deverá consumir US$ 2 bilhões. O
primeiro voo do protótipo da aeronave de 23,6 toneladas, ocorreu no início de 2015. No
entanto, parte dos componentes da aeronave serão produzidos pela construtora
aeronáutica estatal argentina FAdeA, em um consórcio do qual participam a brasileira
Embraer Defesa e Segurança e empresas de Portugal e República Tcheca (BRASIL,
2013a). O custo de cada unidade do KC-390 é estimado pela Embraer Defesa e
Segurança em US$ 80 milhões (GODOY, 2014).
O KC-390, conta com 28 encomendas firmes da Força Aérea Brasileira e 32
cartas de intenção de compra por parte de cinco países. Entre os países que
manifestaram sua intenção de adquirir a aeronave, três são sul-americanos. A Argentina
e o Chile encomendaram seis aeronaves para cada país e a Colômbia doze unidades
(GODOY, 2014). No entanto, apenas a Argentina participa do consórcio de empresas
liderado pela Embraer para a produção da aeronave. A empresa argentina FAdeA será
responsável pela fabricação dos spoilers (superfícies móveis de controle de sustentação
na asa), portas do trem de pouso do nariz, porta da rampa, carenagens dos flaps, cone
de cauda e armário eletrônico (EMBRAER, 2011). Em 2010, durante a assinatura da
carta de intenções do governo colombiano e a Embraer, o fabricante brasileiro iniciou

13
estudos para a instalação de uma fábrica de peças usinadas na Colômbia, projeto que
não teve continuidade (EMBRAER, 2010). Colômbia e Chile, em princípio não
participam da produção do KC-390, apesar de ambos países possuírem empresas de
construção aeronáutica com capacidade para fornecer partes da aeronave.
Os países que dispõe de ID convivem com cortes orçamentários nos programas
determinados pelos governos ou dificuldades na manutenção dos custos previstos para
os programas por fatores exógenos, como alta no preço de certos componentes ou
dificuldade em adquiri-los. Para tanto, o gerenciamento é um requisito fundamental para
a consecução do programa. O outro requisito é determinado pela capacidade e
necessidade dos países em adquirir MD. Para tanto, o planejamento deve reflitir um
número de produtos que serão efetivamente utilizados.
Na cooperação deve-se ter em conta a racionalidade, dando ênfase as regiões
da América do Sul que possuem polos industriais de defesa com capacidade para
integrar um projeto regional de produção de MD, na perspectiva de integração das
cadeias produtivas entre os fornecedores. Na região é possível identificar quatros polos
de produção de sistemas de armas, MD que exige maior capacidade tecnológica para
produzi-los, localizados no Brasil, Argentina, Chile e Colombia.
O polo brasileiro da ID é o maior e mais tradicional da América do Sul. Os
principais setores que produzem sistemas de armas são: construção naval (Emgepron
e Odebrecht Defesa e Tecnologia associada a francesa DCNS); construção
aeronáutica: aeronaves de combate, vigilância, treinamento e VANTs (Embraer e suas
subsidiárias: Embraer Defesa e Segurança e Harpia), aeronaves de treinamento básico
(Novaer), componentes e estruturas para construção aeronáutica (Akaer) e helicopteros
(Helibras); misseis e foguetes (Avibras e Mectron); veículos blindados (Iveco)
(SILVEIRA, 2013). No polo argentino da indústria de defesa as principais empresas e
centros de produção são: construção naval (Cinar); construção aeronáutica: aeronaves
de treinamento e ataque (FAdeA); lançadores de foguetes (Direción General de
Fabricaciones Militares); satélites (Invap) (ARGENTINA, 2014). As principais empresas
do Polo industrial do Chile são: construção naval (Asmar); construção aeronáutica
(Enaer); foguetes e misseis (Famae) (GOBIERNO DE CHILE, 2013). O polo industrial
da Colombia de desenvolvimento mais recente é composto pelas seguintes empresas:
construção naval (Cotecmar); construção aeronáutica (Ciac) (PELCASTRE, 2014).
Os quatro países possuem industrias nos setores de construção naval e
aeronáutica e Brasil, Argentina e Chile possuem indústrias de foguetes e misseis, o que
demonstra a possibilidade de estabelecer a cooperação no setor e constituir cadeias
produtivas nos respectivos setores. A indústria de defesa no subcontinente, que perdeu
força na década de 1990, por não dispor de infraestrutura e atualização tecnológica, tem

14
a oportunidade por meio do CDS de voltar a ter importância. Para tanto, a cooperação
deve refletir a realidade e a necessidade dos países, tendo em conta o retorno
operacional para as Forças Armadas e a capacidade dos diferentes países e seus
diferentes estágios de desenvolvimento na distribuição da atribuição de
responsabilidades.
De inicio um grupo reduzido de paíes pode participar com maior intensidade das
diferentes etapas da produção, contudo, ressaltando as diferentes capacidades, em
especial em produtos de baixa intensidade tecnológico, a contribuição de um número
maior de países pode ser alcaçada.

5.Conclusão

Analisando o modelo de cooperacão européia para a produção do sofisticado


caça Eurofighter Typhoon, consórcio empresarial constituído por Reino Unido,
Alemanha, Itália e Espanha, que envolve empresas de construção aeronáutica e seus
fornecedores nos quatro países, verifica-se que houve uma decisão de padronizar o
principal vetor de defesa aérea desses paises, como condição para dar sequência as
etapas seguintes de desenvolvimento e produção. Para a produção do avião de
treinamento básico Unasul I, que ao contrário do Typhoon não exige aparato tecnológico
sofisticado para o seu desenvolvimento e produção, os países membros do CDS
privilegiaram a possibildiade de integrar os 12 países membros do organismo as etapas
necessarias a consecução do programa, fortalecendo a cooperação e a confiança entre
os países. Contudo, o projeto do treinador básico, primeiro programa de cooperação
entre membros da Unasul e do CDS, foi apresentado sem definições fundamentais
sobre o cronograma, custo e divisão de responsabilidades no desenvolvimento do
programa.
O modelo de cooperação proposto pelo CDS -- ainda que embrionário e
incipiente – pode se tornar o catalisador para o desenvolvimento de uma indústria
regional de MD. O programa do avião de treinamento, no entanto, pode ter sua
viabilidade comprometida por falta de compradores. O Unasul I que foi concebido para
ser utilizado como um treinador padrão dos países membros do organismo regional, não
tem encontrado receptividade entre a maioria dos seus potenciais usuários.
O programa para o desenvolvimento e produção do avião de treinamento básico
Unasul I, se ficar restrito aos quatro países que participarão do consórcio, Argentina,
Brasil, Equador e Venezuela, compromete a intenção inicial do CDS em dispor de uma
aeronave padrão para o treinamento de pilotos das Forças Aéreas dos paises membros

15
do organismo regional. O Brasil participa do programa com financiamento, porém, não
vai adiquirir nenhuma unidade.
A América do Sul é dependente da importação de MD para prover parte
importante da sua defesa. A possibilidade do CDS atuar como catalisador da
cooperação regional na produção de MD, pode responder a necessidade dos países
sul- americanos em substituir parte do que importam de países como os Estados
Unidos, Rússia, Reino Unido ou França, por produtos fabricados na região
No entanto, para tornar a aeronave viavel do ponto de vista comercial, antes,
seria necessário consultar os países dispostos a adotar o Unasul I como aeronave
padrão de treinamento. As iniciativas estanques de diversos países do subcontinente
no desenvolvimento e produção de aeronaves similares, indica ausência de
coordenação política na formulação dos Planos de Ação do CDS e pode ser prenúncio
de que há restrições, sobretudo de militares á cooperar no setor de defesa.
No programa para o desenvolvimento do Unasul I, é possível identificar quatro
equivocos na condução do projeto desde que o CDS deliberou sobre a produção da
aeronave: 1. indefinição sobre o número de unidades a serem produzidas; 2. ausência
de referência sobre os custos de produção; 3. ausência das empresas regionais da área
de construção aeronáutica na definição do programa de produção da aeronave; 4.
indefinição sobre a divisão de responsabilidades entre os países no que concerne ao
financiamento e as etapas do processo produtivo que cabe a cada ente.
Apenas em 2014 os quatro países definiram aspectos tecnológicos e comerciais
da aeronave, o que caracteriza improviso. O número restrito de países que se
dispuseram a adquirir o Unasul I pode comprometer a viabilidade do projeto. Do ponto
de vista econômico, a produção de um número reduzido de unidades eleva o custo
unitário das aeronaves. A falta de envolvimento dos principais fabricantes sul-
americanos de aviões (Embraer, Novaer, Enaer e Ciac), nas primeiras tratativas do CDS
para a produção do treinador básico, pode ter comprometido as expectativas dos demais
países quanto a viabilidade técnica e econômica do projeto e impedido o
desenvolvimento de um cronograma mais célere para o desenvolvimento e produção da
aeronave. As dificuldades econômicas que atravessa a economia brasileira e os cortes
orçamentários anunciados para o ano de 2015, pode interferir no programa anunciado,
pois o Brasil através do BNDES ficou encarregado de financiar o projeto. Em função das
dificuldades de viabilizar economicamente a aeronave, em face ao número restrito de
encomendas, apenas uma decisão estratégica dos países participantes, com
preponderância da posição brasileira, em direção a construção de um modelo regional
de cooperação na fabricação de produtos de defesa, poderá viabilizar a produção do
treinador básico.

16
Ainda que diversos países sul-americanos produzam os seus próprios VANTs, a
definição das primeiras etapas do projeto Vant Unasul indica que por ser um sistema
regional de vigilância, ao contrário do avião de treinamento básico que será produzido
e utilizado em âmbito local, deve contar com a participação de um número maior de
países no seu desenvolvimento e produção. A participação do Brasil no projeto é
fundamental, tanto no aspecto tecnológico quanto na capacidade de financiamento ao
consórcio que deverá ser criado para produzir a aeronave.
O Papel do Brasil, deve ser mais assertivo e construtivo, pois tem peso
econômico e capacidade para contribuir em três aspectos: criar mecanimos para
transferir tecnologia, partilhar conhecimentos e contribuir na capacitação técnica e
formação de especialistas de países da região; 2. contribuir na formação de
especialistas no gerenciamento de programas na área da ID; e 3. desenvolver
mecanismos de financiamento para os programas do CDS.
Cooperar no setor do ID com países da região, não significa perder
conhecimento acumulado, como pode ser verificado na Europa. Produtos de defesa que
utiliziam tecnologias sofisticadas ou de baixa intensidade tecnológica, possuem alto
custo no seu desenvolvimento e produção. O desenvolvimento de uma cadeia produtiva
regional, proporciona o aumento na produção e consequente diminuição do custo
unitário e incrementa as exportações. Ao limitar a produção da ID brasileira o país perde
escala na produção. E nessa relação o Brasil não sairia perdendo. Primeiro, produziria
a maior parte dos componentes e partes. Segundo, haveria aumento da produção para
venda aos países vizinhos. E terceiro, o aumento da escala favorece as exportações,
pois como vimos, os produtos de baixa intensidade tecnológica possuem um nicho do
mercado.
Para o CDS tornar-se o catalisador da cooperação regional no desenvolvimento
da ID no subcontinente, definir projetos que se transformem em programas que
agreguem novas capacidades ao membros do organismo multilateral, torna-se um
imperativo. A cooperação sul-americana no âmbito da ID, exige coordenação regional,
iniciativa dos países com maior capacidade técnico-financeira em cooperar e a definição
de sistemas de amas padrão no âmbito da Unasul e CDS. Do contrário, o Eixo Indústria
e Tecnologia de Defesa será apenas mais um capítulo escrito com boas intenções, mas
ausente de efetividade.

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