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Os Paineis Sanduiche e o Risco de Incendio PDF
Os Paineis Sanduiche e o Risco de Incendio PDF
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................3
2. PAINÉIS “SANDUÍCHE”...................................................................................................................3
O QUE SÃO PAINÉIS DE ISOLAMENTO DO TIPO “SANDUÍCHE”? ........................................................ 3
O QUE É O POLIURETANO? ............................................................................................................... 4
EXEMPLOS DE ACTIVIDADES EM QUE SE ENCONTRAM PAINÉIS SANDUÍCHE .................................. 5
TIPO DE APLICAÇÕES MAIS COMUNS DOS PAINÉIS SANDUÍCHE...................................................... 5
RISCO DE INCÊNDIO: PROBLEMAS FUNDAMENTAIS ASSOCIADOS AOS PAINÉIS SANDUÍCHE ......... 7
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos tem-se assistido a uma crescente preocupação da indústria seguradora
relativamente à questão do risco de incêndio associado à utilização de elementos estruturais ou
aplicações de natureza combustível na construção de edifícios, como por exemplo os painéis de
isolamento térmico que contêm espumas expandidas e poliuretano. Esta preocupação surge
naturalmente da observação de um histórico de casos reais de incêndio em instalações industriais e
outras, em que esse tipo de painéis contribui de forma significativa para o desenvolvimento de um
incêndio, podendo mesmo ser responsáveis pela extensão de danos que em muitos casos se verifica
e que leva a prejuízos materiais avultados e por vezes a fatalidades.
Este documento tenta resumir algumas das ideias base por detrás dessa preocupação e apresenta
algumas considerações sobre como se pode reduzir ou controlar o risco associado à utilização dos
painéis de isolamento.
Neste texto faz-se uma referência especial ao poliuretano, material de isolamento utilizado em larga
escala em painéis de isolamento, ou em aplicações de outros tipos, como por exemplo em camadas
projectadas directamente sobre estruturas de cobertura de edifícios. Os painéis de isolamento são
frequentemente designados na gíria como painéis “sanduíche”.
2. PAINÉIS “SANDUÍCHE”
A utilização de painéis de isolamento com poliuretano tem crescido substancialmente nos últimos
anos, em particular na indústria alimentar. Esta preferência deve-se sobretudo ao facto deste tipo de
material satisfazer as elevadas exigências de higiene desta indústria e ao elevado índice de
isolamento térmico que apresenta. Além disso, os painéis sanduíche de poliuretano oferecem um
meio de construção leve, relativamente pouco dispendioso, e fácil de instalar.
O que é o Poliuretano?
1
Neste texto a terminologia “painéis sanduíche” refere-se sobretudo aos painéis com isolamento de natureza combustível
como o poliuretano.
Ficha de Prevenção 2/2003
Os Painéis “Sanduíche” e o Risco de Incêndio 4/13
Companhia de Seguros Allianz Portugal, S.A.
Direcção Negócio Empresas – Consultores de Risco
O Poliuretano, tal como qualquer material de natureza combustível, deve ser classificado quanto à
sua reacção ao fogo. As espumas de poliuretano podem classificar-se geralmente em:
A utilização de painéis de isolamento não se restringe à indústria alimentar, pode ainda ser
encontrada em todo o tipo de aplicações onde se pretende um controlo de temperatura ou isolamento
térmico de um edifício ou de um armazém, e inclusivamente em aplicações domésticas (isolamento
interno e externo de paredes e coberturas):
• Indústria Alimentar
• Indústria de Bebidas
• Armazéns de Logística
• Indústria de Ponta
• Produtos Farmacêuticos
• Matadouros
• Supermercados
• Indústria Têxtil
• Madeiras
• Gráficas
• Entrepostos de Frio
• Componentes Electrónicos
• Componentes Automóveis
• Aviários
• Outros
Os materiais de isolamento como o Poliuretano podem ter outras aplicações para além dos painéis
sanduíche, com o mesmo propósito de providenciar uma camada de isolamento entre partes de um
edifício. Por exemplo o poliuretano e o poliestireno expandido podem ser aplicados simplesmente em
placas sólidas para providenciar tectos falsos. Esta solução agrava significativamente o risco de
incêndio mas pode ainda ser encontrada em alguns edifícios.
As espumas de poliuretano podem ainda ser produzidas no local de aplicação e ser aplicadas
directamente por projecção em camadas de espessura reduzida em telheiros e coberturas de
edifícios:
Este tipo isolamento pode representar um risco de incêndio significativo, quando aplicado sobre
coberturas em chapa metálica, pelas seguintes razões:
• As plataformas metálicas de coberturas podem atingir temperaturas extremamente elevadas
na sequência de um incêndio no interior do edifício.
• O material de isolamento liquidifica por acção do calor, constituindo um meio adicional de
propagação do incêndio.
• As camadas de betuminosos podem liquefazer-se por acção do calor, dando origem a gotas
que podem cair no interior do edifício.
• Presença de condutas transportando gases explosivos através dos painéis metálicos.
O nível de risco representado por este tipo de aplicação depende do material em questão.
• Fogo Posto;
• Sobreaquecimento de equipamento de processamento de alimentos na indústria alimentar;
• Explosões de queimadores de gás;
• Condutas de gases de processo que atravessam painéis de isolamento;
• Condutas de sistemas de aquecimento que podem afectar o isolamento dos painéis;
• Falhas eléctricas que possam causar sobreaquecimento de sistemas junto do isolamento;
• Mau estado da instalação eléctrica;
• Ignição de depósitos de substâncias de natureza combustível como por exemplo óleos e
farinhas;
• Explosão ou falha de compressores de ar;
• Problemas com caldeiras: fugas de combustível, falhas e explosões;
• Sistemas de refrigeração e máquinas “chillers” (o fluido refrigerante pode ter natureza
inflamável)
• Fumadores;
• Operações de Risco: corte com acetileno, soldadura, desgaste, abrasão, caldeiras de
betuminosos, etc.
• Combustão espontânea de produtos tais como cereais e poeiras de cereais.
Este incêndio constitui um dos mais graves acidentes da história alemã do pós-guerra e provocou a
morte de 17 pessoas e danos corporais em 72. O incêndio teve origem numa operação de soldadura
que provocou a ignição de um revestimento de isolamento em poliestireno. Oito pessoas que se
encontravam numa sala de espera afastada do local do incêndio perderam a vida ao inalaram fumos
tóxicos libertados pelo mesmo. Segundo os peritos do sinistro, este incêndio
poderia ter sido evitado. O empreiteiro principal da obra do aeroporto foi
acusado por um tribunal alemão de negligência severa ao ter utilizado
painéis de carácter combustível para revestimento de isolamento do edifício.
Julga-se que este incêndio teve origem numa máquina de produção de “muffins”, na sequência de um
sobreaquecimento ou da libertação de faíscas produzidas pela fricção resultante do contacto das pás
metálicas de um ventilador com a respectiva tampa do motor. Estas fontes de ignição terão
provocado a inflamação de depósitos de farinha nas imediações deste equipamento. A máquina
encontrava-se instalada numa estrutura fechada constituída por painéis de isolamento de natureza
combustível. Adicionalmente, havia uma parede constituída por este tipo de painéis instalada em todo
o comprimento da zona de produção, o que contribuiu severamente para a carga térmica envolvida no
incêndio. Todo o edifício da fábrica foi afectado pelas chamas e a corporação de bombeiros que
interveio levou cerca de 6 horas a controlar o incêndio.
Este incêndio ocorreu nas instalações de armazenamento de uma fábrica de sumo de laranja
localizada no sul de Portugal, de dimensão relativamente pequena, mas deu origem à perda total do
edifício de armazenamento de produto acabado. Este edifício apresentava, de forma generalizada,
painéis de isolamento nas paredes e cobertura, totalmente destruídas pelas chamas. Este caso
representa um exemplo muito particular em que a carga térmica da actividade em causa é muito
baixa (cubas de armazenamento e equipamento de processo basicamente em aço inoxidável) mas a
presença destes painéis foi suficiente para dar origem a um incêndio generalizado com danos
extensos a nível da estrutura e do próprio conteúdo através da acção do calor e fumos libertados.
Julga-se que a causa deste incêndio terá sido uma falha na instalação eléctrica.
6. CONSIDERAÇÕES GERAIS
7. RECOMENDAÇÕES
Sempre que não for possível evitar os materiais de natureza combustível ou a substituição de painéis
existente por outros, de carácter não combustível, então há que tomar uma série de precauções para
garantir a integridade dos elementos de isolamento, de modo a não expor o respectivo isolamento a
possíveis fontes de ignição:
• Painéis de Poliestireno e Poliuretano: deve ser evitada a sua aplicação. Sempre que tal não
for possível (por exemplo em instalações de frio e máquinas “chillers”) há que tomar as
devidas precauções relativamente a uma correcta instalação e manutenção das instalações.
• O tipo de painel deve ser escolhido de acordo com o risco inerente à utilização do edifício em
causa. Não devem ser utilizados painéis com isolamento combustível em locais
caracterizados por um risco de incêndio.
• A estrutura principal do edifício deve ser protegida no sentido de prevenir o colapso precoce
do edifício.
• Os painéis não devem em caso algum ser utilizados como estruturas de suporte de máquinas
e equipamento.
• Deve ser dada especial atenção aos locais onde os painéis são atravessados por cabos,
condutas e outras estruturas que interrompem a integridade dos painéis, podendo deixar o
seu isolamento interno exposto a possíveis fontes de ignição de um incêndio. Deve ser
providenciada protecção especial nesses locais de modo a não permitir o contacto de
tubagem quente, por exemplo, com o isolamento dos painéis. Quaisquer porções de
isolamento exposto, incluindo arestas e topos de painéis, devem ser cobertas e seladas com
material com característica de resistência ao fogo. As zonas de junção de painéis adjacentes
devem ser mantidas em boas condições.
• Em zonas onde não é possível anular o risco de incêndio inerente à actividade, e em
presença de painéis de isolamento, deve ser instalado um sistema automático de extinção de
incêndio, em todo o edifício ou nessas zonas particulares.
• Devem ser considerados sistemas de protecção específicos, tais como sprinklers automáticos
ou sistemas de “water mist” para evitar a rotura dos painéis e limitar os danos decorrentes de
um incêndio.
• Deve ser utilizado um sistema de Autorização de Trabalhos especial, sempre que for
necessário proceder a trabalhos de reparação, manutenção e substituição de painéis de
isolamento. Este sistema de Autorização de Trabalhos deve ter em particular atenção os
trabalhos com utilização de pontas quentes (como o corte e soldadura), e outros que possam
providenciar fontes de ignição para um possível incêndio.