Você está na página 1de 9

SEMELHANÇAS INTRIGANTES

A natureza do progresso humano é um quebra-cabeça simplesmente irresistível. Será


que é evolutiva, uma crescente somatória de conhecimentos ou ocorreria por meio de
ímpetos explosivos que causam grandes saltos e conquistas seguidos de colapsos
extremos que, subseqüentemente, causariam o completo aniquilamento e
desaparecimento de praticamente todo o sinal de genialidade?
Os defensores desse esquema desordenado de desenvolvimento afirmam que alguns
textos que sobreviveram, pinturas nas rochas, estruturas e outras pistas atestam a
existência de civilizações brilhantes e poderosas num passado muito remoto.
Esses estudiosos usam como exemplo culturas extremamente evoluídas e desenvolvidas
das quais temos conhecimento, que após atingirem seu ápice decaíram gradualmente,
perecendo juntamente com seus conhecimentos e registros nas trevas do tempo. Isso
ocorreu com os sumérios, egípcios antigos, maias, incas, anasazi, hopi, telem, khmer,
etc.
Considerando-se que o planeta Terra tem 4,5 bilhões de anos e que a vida surgiu há 3,5
bilhões de anos, a soma total das provas contidas nos registros arqueológicos parece, de
fato, minúscula.
Poucos fatos concretos iluminam ínfimas áreas em uma vastidão de mistérios. Um
corpo tão limitado de evidências abre a possibilidade de que as interpretações nelas
fundadas possam estar equivocadas, ou talvez completamente erradas.
Essa possibilidade é decisiva dentro da lógica dos que acreditam que as conquistas
tecnológicas dos últimos milênios simplesmente recapitulam períodos de genialidade
perdidos na noite das Eras antigas, das quais sequer temos notícias ou vestígios.

A Tese do Difusionismo (olho)

Duas são as correntes arqueológicas que procuram explicar o surgimento da raça


humana sobre a Terra. Os defensores da tese do difusionismo argumentam que os seres
humanos teriam surgido em um local do planeta, provavelmente onde hoje é o
continente asiático ou africano (não se sabe ao certo) e dali teriam se espalhado por todo
o globo, atingindo por último o continente americano através do norte da Ásia entre
27.000 e 50.000 anos atrás.
Para os seguidores desta corrente, prova disso é o fato de que as culturas pré-
colombianas seriam, em grande parte, produto de influências externas. Daí seus
monumentos dignos dos faraós do Egito, suas cidades cujo planejamento urbano faria
inveja aos criadores da Roma clássica e seus artefatos e jóias finas à altura daquelas
encontradas na Babilônia antiga e depois na Europa Medieval.
Os astrônomos dos habitantes do chamado Novo Mundo eram tanto ou mais talentosos
que aqueles sábios das civilizações mais antigas, pois criaram calendários perfeitos que
fariam inveja aos matemáticos da Renascença. Os folclores dos povos da América eram
tão ricos quanto as fábulas da Índia, Arábia, Pérsia.
A Tese do Isolacionismo (olho)

Esta tese parte de uma premissa oposta à anterior: argumentam que exceto por uma
pequena bagagem cultural introduzida pelos migrantes beringianos, todas as conquistas
culturais dos nativos da América foram independentes e nada têm a ver com outras
culturas mais antigas de outras partes do mundo.
Os isolacionistas tendem a descartar a necessidade de provar que seu ponto de vista está
correto, alegando que a lógica atua em seu favor e que, na ausência de provas que os
contradigam, a busca de indícios contrários cabe aos defensores da teoria oposta.
Suas respostas para a longa lista de provas circunstanciais apresentadas pelos
difusionistas é que as semelhanças ocasionais entre os costumes do chamado Velho
Mundo e do Novo Mundo são exemplos de convergência cultural.
Com isso, querem dizer que todos os povos, não interessa quais sejam suas diferenças,
tendem a pensar de forma semelhante. Alegam que na qualidade de seres humanos,
todos estariam inconscientemente programados para reagirem de forma similar.
Portanto, diante de desafios parecidos impostos pelo meio em que estavam inseridos,
seres humanos estariam propensos a reagirem criativamente basicamente de maneiras
semelhantes.

Semelhanças intrigantes (olho)

Mas quais seriam estas semelhanças que os difusionistas usam como prova de sua teoria
e os isolacionistas usam como exemplificação lógica da sua? As provas circunstanciais
em que os difusionistas baseiam a defesa de sua tese são inúmeras, traçando uma
comparação entre as idéias e práticas adotadas pelos povos do Velho e Novo Mundo.
Para os difusionistas sugerem que os sumérios, povo da Mesopotâmia que desfruta do
crédito de ter sido o pioneiro em conquistas como a construção de cidades e a
elaboração de um sistema de escrita, teriam viajado até o continente americano há 5 ou
6 mil anos. Supostamente, teriam sido seguidos por fenícios, egípcios, cartagineses,
israelitas, líbios e posteriormente por muitos outros povos da Europa.
Acreditam, ainda, que intrépidos exploradores que partiram do Vale do Indo, da China,
do Japão e da Polinésia igualmente teriam atingido a América há muitos mil anos.
A pirâmide de Quéops (Egito) e a pirâmide do Sol (Teotihuacán, no México) estão
separadas por milhares de quilômetros e mais de 2.000 anos de história, pois o
monumento egípcio data de aproximadamente 2.250 a.C. e a pirâmide do Sol data de
aproximadamente 100 d.C.
Contudo, semelhanças entre elas inspiram teorias sobre possíveis contatos entre essas
antigas civilizações, pois as bases quadradas de ambas possuem medidas idênticas,
embora nenhuma ligação entre estes povos tenha sido comprovada.
Outro exemplo é o ritual de celebração das colheitas praticado pelos hebreus antigos
que ocupavam o Oriente Médio que era praticamente idêntico ao ritual celebrado pelos
índios yuchi do sudeste dos Estados Unidos pelo mesmo motivo.
Os oleiros da Era Jomon no Japão e os oleiros de Valdivia, no Chile, produziram
trabalhos em cerâmica surpreendentemente semelhantes.
Ao invés de apenas discorrer sobre o assunto, mais interessante é mostrar para que os
leitores compreendam melhor e possam chegar às suas próprias conclusões.

Ambas as estátuas foram esculpidas há dois mil anos, entretanto, a da esquerda foi
encontrada na atual Costa Rica e a da direita na China.

2)
A primeira escultura, feita em ouro, representa o deus-serpente dos maias e data de
nove ou dez séculos atrás. Foi encontrada em Teotihuacán, México. A segunda
escultura, feita em pedra, é chinesa e representa o dragão chinês. A semelhança entre
elas não existe só na forma da cabeça, olhar e boca, mas no significado: tanto para os
maias como para os chineses antigos, esses répteis simbolizavam força, sabedoria e a
união da terra (material) com o céu (espiritual).

3)

A primeira estatueta é um almofariz dos Andes em forma de jaguar, datada de 700 a.C.
Observa-se que é muito semelhante ao tigre chinês (abaixo), esculpido em jade entre os
anos 770 e 221 a.C. A ambos eram atribuídos poderes divinos.

4)
A imagem à esquerda é uma escultura de sete ou oito séculos do deus do milho maia,
que levanta uma mão e abaixa a outra, mostrando as palmas, em um gesto que os
estudiosos classificam como reconfortante. Em posição praticamente idêntica, está a
imagem à direita do Buda feito em bronze do século VI, que ergue exatamente a mesma
mão (direita), o que significa “Não temas”, enquanto posiciona a esquerda também de
forma idêntica, simbolizando que um desejo será concedido.

5)
Emanando serenidade, a divindade maia à esquerda, medita dentro de um lírio como se
imitasse propositadamente a representação clássica do Buda chinês (à direita),
entronizado dentro de uma flor de lótus.

6)

Os potes de cerâmica com três pés, como a primeira imagem, eram usados pelos povos
do Equador há mil e quinhentos anos, para cozinhar alimentos. É interessante como se
assemelha a um utensílio chinês usado para o mesmo fim, ou seja, na culinária, como
este exemplar mostrado na segunda imagem, datado da proto-história.

7)
À esquerda, um modelo arquitetônico de cerâmica da costa do Equador de mil e
quinhentos anos, representa uma cada. O telhado íngreme, ideal para o escoamento da
água das chuvas, é desnecessário no clima árido da região. Por outro lado, assemelha-se
curiosamente ao telhado esculpido nas casas que adornam o tampo do jarro (à direita),
feito na China entre 265 e 316. Observa-se, ainda, a semelhança existente entre as
figuras humanas que parecem meditar sob os telhados das casas chinesas e a figura
humana da escultura à esquerda, lembrando dois templos.

8)

Em torno da borda deste prato feito no Equador pré-colombiano, entre os anos de 500 e
1.500, o que seriam aldeões estilizados estão de mãos dadas. À direita, figuras humanas
igualmente formam um círculo ao se darem as mãos, nesta tigela chinesa datada de três
a cinco mil anos.

9)
As formas em espiral adornam tanto a lustrosa garrafa de cerâmica à esquerda, produto
da antiga cultura chavín dos Andes, como o antigo utensílio chinês à direita. Estudiosos
supõem que o desenho da garrafa represente um gato, enquanto as linhas do pote chinês
correspondem a dragões voadores.

10)
A carranca do deus peruano (acima) feita por membros do culto ao jaguar entre 200 a.C.
e 800 d.C., apresenta marcante semelhança com as tradicionais imagens japonesas do
deus da morte, como a que está abaixo. Além dos caninos de felino expostos, dos olhos
saltados e orelhas longas com lobos puxados para baixo e com prováveis brincos, ambas
as figuras possuem enfeites sobre suas cabeças que reproduzem sua própria face.

A deusa que há em mim saúda a deusa ou o deus que há em você!

Lady Mirian Black

Você também pode gostar