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Esta tese parte de uma premissa oposta à anterior: argumentam que exceto por uma
pequena bagagem cultural introduzida pelos migrantes beringianos, todas as conquistas
culturais dos nativos da América foram independentes e nada têm a ver com outras
culturas mais antigas de outras partes do mundo.
Os isolacionistas tendem a descartar a necessidade de provar que seu ponto de vista está
correto, alegando que a lógica atua em seu favor e que, na ausência de provas que os
contradigam, a busca de indícios contrários cabe aos defensores da teoria oposta.
Suas respostas para a longa lista de provas circunstanciais apresentadas pelos
difusionistas é que as semelhanças ocasionais entre os costumes do chamado Velho
Mundo e do Novo Mundo são exemplos de convergência cultural.
Com isso, querem dizer que todos os povos, não interessa quais sejam suas diferenças,
tendem a pensar de forma semelhante. Alegam que na qualidade de seres humanos,
todos estariam inconscientemente programados para reagirem de forma similar.
Portanto, diante de desafios parecidos impostos pelo meio em que estavam inseridos,
seres humanos estariam propensos a reagirem criativamente basicamente de maneiras
semelhantes.
Mas quais seriam estas semelhanças que os difusionistas usam como prova de sua teoria
e os isolacionistas usam como exemplificação lógica da sua? As provas circunstanciais
em que os difusionistas baseiam a defesa de sua tese são inúmeras, traçando uma
comparação entre as idéias e práticas adotadas pelos povos do Velho e Novo Mundo.
Para os difusionistas sugerem que os sumérios, povo da Mesopotâmia que desfruta do
crédito de ter sido o pioneiro em conquistas como a construção de cidades e a
elaboração de um sistema de escrita, teriam viajado até o continente americano há 5 ou
6 mil anos. Supostamente, teriam sido seguidos por fenícios, egípcios, cartagineses,
israelitas, líbios e posteriormente por muitos outros povos da Europa.
Acreditam, ainda, que intrépidos exploradores que partiram do Vale do Indo, da China,
do Japão e da Polinésia igualmente teriam atingido a América há muitos mil anos.
A pirâmide de Quéops (Egito) e a pirâmide do Sol (Teotihuacán, no México) estão
separadas por milhares de quilômetros e mais de 2.000 anos de história, pois o
monumento egípcio data de aproximadamente 2.250 a.C. e a pirâmide do Sol data de
aproximadamente 100 d.C.
Contudo, semelhanças entre elas inspiram teorias sobre possíveis contatos entre essas
antigas civilizações, pois as bases quadradas de ambas possuem medidas idênticas,
embora nenhuma ligação entre estes povos tenha sido comprovada.
Outro exemplo é o ritual de celebração das colheitas praticado pelos hebreus antigos
que ocupavam o Oriente Médio que era praticamente idêntico ao ritual celebrado pelos
índios yuchi do sudeste dos Estados Unidos pelo mesmo motivo.
Os oleiros da Era Jomon no Japão e os oleiros de Valdivia, no Chile, produziram
trabalhos em cerâmica surpreendentemente semelhantes.
Ao invés de apenas discorrer sobre o assunto, mais interessante é mostrar para que os
leitores compreendam melhor e possam chegar às suas próprias conclusões.
Ambas as estátuas foram esculpidas há dois mil anos, entretanto, a da esquerda foi
encontrada na atual Costa Rica e a da direita na China.
2)
A primeira escultura, feita em ouro, representa o deus-serpente dos maias e data de
nove ou dez séculos atrás. Foi encontrada em Teotihuacán, México. A segunda
escultura, feita em pedra, é chinesa e representa o dragão chinês. A semelhança entre
elas não existe só na forma da cabeça, olhar e boca, mas no significado: tanto para os
maias como para os chineses antigos, esses répteis simbolizavam força, sabedoria e a
união da terra (material) com o céu (espiritual).
3)
A primeira estatueta é um almofariz dos Andes em forma de jaguar, datada de 700 a.C.
Observa-se que é muito semelhante ao tigre chinês (abaixo), esculpido em jade entre os
anos 770 e 221 a.C. A ambos eram atribuídos poderes divinos.
4)
A imagem à esquerda é uma escultura de sete ou oito séculos do deus do milho maia,
que levanta uma mão e abaixa a outra, mostrando as palmas, em um gesto que os
estudiosos classificam como reconfortante. Em posição praticamente idêntica, está a
imagem à direita do Buda feito em bronze do século VI, que ergue exatamente a mesma
mão (direita), o que significa “Não temas”, enquanto posiciona a esquerda também de
forma idêntica, simbolizando que um desejo será concedido.
5)
Emanando serenidade, a divindade maia à esquerda, medita dentro de um lírio como se
imitasse propositadamente a representação clássica do Buda chinês (à direita),
entronizado dentro de uma flor de lótus.
6)
Os potes de cerâmica com três pés, como a primeira imagem, eram usados pelos povos
do Equador há mil e quinhentos anos, para cozinhar alimentos. É interessante como se
assemelha a um utensílio chinês usado para o mesmo fim, ou seja, na culinária, como
este exemplar mostrado na segunda imagem, datado da proto-história.
7)
À esquerda, um modelo arquitetônico de cerâmica da costa do Equador de mil e
quinhentos anos, representa uma cada. O telhado íngreme, ideal para o escoamento da
água das chuvas, é desnecessário no clima árido da região. Por outro lado, assemelha-se
curiosamente ao telhado esculpido nas casas que adornam o tampo do jarro (à direita),
feito na China entre 265 e 316. Observa-se, ainda, a semelhança existente entre as
figuras humanas que parecem meditar sob os telhados das casas chinesas e a figura
humana da escultura à esquerda, lembrando dois templos.
8)
Em torno da borda deste prato feito no Equador pré-colombiano, entre os anos de 500 e
1.500, o que seriam aldeões estilizados estão de mãos dadas. À direita, figuras humanas
igualmente formam um círculo ao se darem as mãos, nesta tigela chinesa datada de três
a cinco mil anos.
9)
As formas em espiral adornam tanto a lustrosa garrafa de cerâmica à esquerda, produto
da antiga cultura chavín dos Andes, como o antigo utensílio chinês à direita. Estudiosos
supõem que o desenho da garrafa represente um gato, enquanto as linhas do pote chinês
correspondem a dragões voadores.
10)
A carranca do deus peruano (acima) feita por membros do culto ao jaguar entre 200 a.C.
e 800 d.C., apresenta marcante semelhança com as tradicionais imagens japonesas do
deus da morte, como a que está abaixo. Além dos caninos de felino expostos, dos olhos
saltados e orelhas longas com lobos puxados para baixo e com prováveis brincos, ambas
as figuras possuem enfeites sobre suas cabeças que reproduzem sua própria face.