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ALEGAÇÕES FINAIS

nos termos seguintes.

Os réus são acusados de danificarem a cela em que estavam


custodiados, no Presídio Ari Franco.

Consta dos autos às fls. 47 a 48 o laudo de exame do local, dando


conta de que a bicama de concreto e uma mureta foram quebradas,
além da ausência do tanque.

Em seus interrogatórios os réus negam a imputação, afirmam que


sentiam-se ameaçados pela presença naquela ala de detentos de
facções rivais, e que pediam para serem transferidos do local (fls.124
a 127).

O acusado Marcelo afirma que viu outros presos da galeria quebrando


celas (fls.126 in fine).

Os agentes penitenciários depõem que viram os acusados quebrando


partes da cela (fls.142 a 143).

Ora, consta dos autos que os réus ocupavam a cela 5 da galeria E, a


qual compõe-se de seis celas, e nesta cela 5 foi feita a perícia (APF e
fls.47). Mas efetivamente não há prova de qual cela os acusados
ocupavam, e nem foi feito qualquer exame nas demais celas da
galeria.

Outrossim a palavra dos agentes penitenciários, pela própria função


que ali exercem, não constitui prova segura, pois é do seu interesse
apresentar aos seus superiores os responsáveis pelo dano ocorrido.

Não obstante, de toda sorte, a conduta dos réus não estaria revestida
do dolo de causar prejuízo patrimonial ao Estado, haja vista que, se
danificaram a cela, foi com a intenção de serem logo deslocados dali
porque sofriam risco de vida, para o que utilizaram-se do meio
necessário de que dispunham para chamar a atenção dos agentes
penitenciários e serem tirados daquela galeria.

Lembre-se que mesmo no caso de dolo de evasão, o que não foi


demonstrado, não é punível a violência contra a coisa, pelo que não
faz sentido a punição do dano à cela como crime autônomo.

Ainda, temos que o dano foi de pequena monta, sem prejuízo


significativo para o patrimônio público, e, se não houve lesão
significativa deve ser excluída a tipicidade, pelo princípio da
insignificância.
Por todo o exposto, requer à V.Exª a absolvição dos réus, por ser
esta a única medida de Justiça.

Termos em que pede deferimento.

Rio de Janeiro, 28 de julho de 2003.

Angela Haussmann
Defensora Pública
Mat. 268.462-9

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