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POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO

Criminalística
1- Objetivos da disciplina
Carga horária: 30h
 OBJETIVO GERAL:
Capacitar os candidatos com os conhecimentos especializados em
Criminalística.
 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
 Apresentar os principais temas relacionados à Criminalística e sua
definição;
 Apresentar conceitos e definições sobre local de crime;
 Desenvolver o estudo sobre a prova material e subjetiva e suas
classificações;
 Apresentar técnicas de isolamento e preservação de local de crime;
2- Conteúdos
I. Criminalística: Definições e Objetivos.
II. Locais de Crime: Conceitos e Definições.
III. Metodologia da Produção de Prova em Local de Crime.
IV. Identificação, descrição, preservação de provas objetivas e subjetivas.
V. Toxicologia.
VI. Aspectos críticos em local de preservação de prova de crime.
VII. Locais de acidente de trânsito.
3- Metodologia
 Aulas expositivas;
 Uso de imagens e vídeos.
4- Avaliação
 Avaliação objetiva individual.
5- Referências Bibliográficas
 LISBOA, Fernanda Nascimento O usos de drogas ilícitas habitualmente ou em
serviço. 99 f. Monografia – Centro de Ciências Sociais e Jurídicas- Universidade do
Vale do Itajaí, 2011.
 TONINI, Rita Wetler Apostila de Toxicologia Ocupacional- Pós Grad
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Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfPPEAJ/apostila-


toxicologia#; Acessado: 12/04/18.
 BORGES, Ricardo Batista Apostila de Química Forense- Perícia Criminal e
Ciências Forenses – Instituto de Pós-graduação e Graduação (IPOG)
 BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio
de Janeiro.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689.htm>. Acesso em: 12/04/2018.
 _____. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo
Penal. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689.htm>. Acesso em: 12/04/2018.
 Código de Processo Penal Militar.
 Caderno de conscientização sobre o local de crime a as evidências materiais
em especial para pessoal nãoforense. United Nations Office on drugs and
crime. ONU. New York. 2010. (tradução Ministério da Justiça)
 Curso de Preservação de Local de Crime da Rede Nacional de Educação à
Distância/ SENASP. 2012.
 SGANZERLA, Rogério Barros. A mistificação da Prova Pericial como forma de
busca da verdade. Revista Direito e Liberdade - ESMARN - v. 14, n. 2, p. 190
– 207 – jul/dez 2012. CORDIOLI, Celito. Apostila de criminalística. Santa
Catarina, 1996.
 ESPÍNDULA, Alberi. Criminalística aplicada. Apostila do Curso de
Criminalística Aplicada/ SSPDS-CE. Espíndula – Consultoria, Cursos &
pericias Ltda, abr., 2009.
 MALLMITH, Décio de Moura. Apostila Local de Crime. Departamento de
Criminalística/ SSP. Porto Alegre/ RS. 2007.
 ROCHA, Luiz Carlos. Investigação policial: teoria e prática. São Paulo:
Saraiva, 1998.
 http://criminalisticaforense.wordpress.com (acessado em : 06/06/2013)
 SÊMPIO, Hélder Taborelli. A Polícia Militar na preservação do local de crime.
51p. Cuiabá, MT, 2003. 44p. Monografia (Especialização em Gestão de
Segurança Pública), Faculdade de Administração, Economia e Ciências
Contábeis, Universidade Federal de Mato Grosso. 2003. ARANHA, Adalberto
José Q. T. de Camargo. Da prova no processo penal. 3. ed. atualizada e
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ampliada. São Paulo: Saraiva, 1994.


 LIMA, Francisco Ribeiro. Criminalística contemporânea: Polícia Científica.
Fortaleza: Intergráfica, 2006.
 WEATHERFORD. Jack. Gengis Khan e a Formação do Mundo Moderno.
2010.
 BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de
Trânsito Brasileiro. Disponível em: Acesso em: 14/04/2018.
 ______.______. Resolução nº 544, de 19 de agosto de 2015. Estabelece a
classificação de danos decorrentes de acidentes, os procedimentos para a
regularização, transferência e baixa dos veículos envolvidos.
 GOIÁS. Polícia Militar. Procedimento operacional padrão: POP. 3. ed. rev. e
amp. Goiânia: PMGO, 2014.
 GOMES, Ordeli Savedra. Código de trânsito brasileiro comentado e legislação
complementar. Jurua. 2015.

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1. CRIMINALÍSTICA: DEFINIÇÕES E OBJETIVOS


1.1 Histórico
A Criminalística teve seu começo no final do séc. XIX, quando Hans
Gross, Professor e Magistrado, ao perceber que os métodos utilizados pela
polícia, baseados na tortura e castigos corporais, não mais se mostravam
eficazes. Assim, propôs que os métodos da Ciência moderna fossem utilizados
para solucionar crimes. A partir do estudo de diversas ciências produziu a obra
“Handbuch für Untersuchungsrichter als System der Kriminalistik”, ou
simplesmente “System der Kriminalistik”, que pode ser traduzido como “Manual
para Juízes de Instrução”. A literatura deixa dúvidas quanto à data da primeira
edição deste trabalho: 1870, 1883 ou após 1890. Criou ainda em 1899, o
“Arquivo de Antropologia Criminal e de Criminalística” (Archiv für Kriminal-
Antropologie und Kriminalistik) que, em junho de 1944, já contava com 114
volumes. Tais obras proporcionam aos criminalistas atuantes e aos peritos
criminais, preciosas informações no âmbito geral da Criminologia e também da
Criminalística. Com isso, Gross é reconhecido como fundador da Criminologia
e também da Criminalística, termo por ele criado.

Figura 01: Hans Gross (1847-1915)


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Em continuação, Edmond Locard, médico e advogado nasceu em


Saint-Chamond em 13 de dezembro de 1877, e também conhecido como um
dos pioneiros da Criminalística na França. Seus métodos são universalmente
reconhecidos e lhe valeram a alcunha de “Pai da Moderna Criminologia”.
Em 10 de janeiro de 1910 Locard criava o “Laboratório de Polícia” ou,
segundo outros, do “Laboratório de Polícia Técnica” de Lyon, o primeiro do
gênero em todo o mundo.
Os estudos realizados por Locard sobre as impressões digitais
levaram-no a demonstrar em 1912, que os poros sudoríparos que se abrem
nas cristas papilares dos desenhos digitais, obedecem também aos postulados
da “imutabilidade” e da “variabilidade”; criou assim a técnica microscópica de
identificação papilar a que deu o nome de “Poroscopia”.

Figura 02: Edmund Locard (1877-1966)

No domínio da documentoscopia, Locard criou o chamado “Método


Grafométrico”, baseado na avaliação e comparação dos valores mensuráveis
da escrita. Apresentou notáveis contribuições no tocante à falsificação dos
documentos escritos e tipográficos, ao grafismo da mão esquerda e à
anonimografia. Interessou-se, além do mais, pela identificação dos recidivistas,
publicando artigos e obras neste domínio.
Entre os anos de 1931 a 1940 publicou a sua obra clássica, o “Traité
de Criminalistique”, em seis volumes. O resumo do que se contém nesta obra
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acha-se condensado no manual de “Technique Policière” cuja segunda edição


foi traduzida para o castelhano, sob o título de “Manual de Técnica Policiaca”.
1.2 Definição da Criminalística
A criminalística é considerada uma disciplina nascida da Medicina
Legal, que é quase tão antiga quanto à própria humanidade. Uma vez que em
épocas passadas o médico era pessoa de notório saber, sendo sempre
consultado. No século XIX era a medicina legal que tratava da pesquisa, da
busca e da demonstração de elementos relacionados com a materialidade do
crime. Mas com os avanços dos diversos ramos das ciências, como a Química,
a Biologia e a Física, houve a necessidade de uma maior especialização, o que
fez com que outros profissionais passassem a ser consultados. Desse modo,
surge à necessidade da criação de uma nova disciplina para a pesquisa,
análise e interpretação de vestígios encontrados em locais de crimes.
Logo, desde o seu surgimento a criminalística visa estudar o crime de
forma a não distorcer os fatos, zelando pela integridade e sempre perseguindo
a evidência, com o fim de promover a justiça e como um meio de obter os
argumentos decisórios para a prolação da sentença (ZARZUELA, 1996). Dois
são os seus princípios básicos:
a. Princípio de Locard (1877-1966): “Todo o contato deixa um traço
(vestígio)”;
b. Princípio da Individualidade: Dois objetos podem parecer indistinguíveis,
mas não há dois objetos absolutamente idênticos.
É a combinação destes dois princípios que torna possível a
identificação e a prova científica. De acordo com o Princípio da Troca de
Locard, qualquer um, ou qualquer coisa, que entra em um local de crime leva
consigo algo do local e deixa alguma coisa para trás quando parte. Nesse
sentido, a criminalística baseia-se no fato de que um criminoso deixa no lugar
do crime, alguns vestígios, e por outro lado também recolhem na sua pessoa,
na sua roupa e no seu material, outros vestígios, e todos eles imperceptíveis,
mas característicos da sua presença ou da sua atividade (princípio de
LOCARD). A criminalística ocupa-se fundamentalmente em determinar de que
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forma se cometeu o delito e quem o cometeu, ou seja, a criminalística utiliza


uma série de técnicas, procedimentos e ciências que estabelecem a verdade
jurídica acerca do ato criminal.
Vejamos algumas definições de criminalística que nos permitem
ampliar esse entendimento, começando por um entendimento mais básico:
“Criminalística é uma ciência, dentre aquelas consideradas auxiliares do Direito
Penal”. Nesse sentido tem por objeto a descoberta do crime, bem como a
identificação de seus autores. Ainda em busca de uma definição ampla,
vejamos o que diz a Enciclopédia Saraiva de Direito sobre Criminalística:
“Conjunto de conhecimentos que, reunindo as contribuições de varias ciências,
indica os meios para descobrir os crimes, identificar os seus autores e
encontra-los, utilizando-se da química, da antropologia, da psicologia, da
medicina legal, da psiquiatria, da datiloscopia etc. que são consideradas
ciências auxiliares do Direito Penal”.
Com isso, para Leonardo Rodrigues, que faz uma moderna concepção
do termo: “Criminalística é o uso de métodos científicos de observações e
análises para descobrir e interpretar evidências”. Eraldo Rabelo faz uma
conceituação mais abrangente, abordando vários aspectos da matéria:
“Disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos do conhecimento
técnico-científico, auxiliar e informativa das atividades policiais e judiciárias de
investigação criminal, tendo por objeto o estudo dos vestígios materiais
extrínsecos à pessoa física, no quer tiver de útil à elucidação e à prova das
infrações penais e, ainda, à identificação dos autores respectivos”.
Trata-se de uma conceituação abrangente, em que são enquadrados
todos os aspectos estruturais, funcionais e dinâmicos da matéria. Ou seja,
contempla tanto a caracterização científica da Criminalística - como regida por
leis, métodos e princípios próprios, com plena independência das demais
ciências - quanto a sua função instrumental de auxílio à Justiça, no que tange
ao esclarecimento das infrações penais.
Das conceituações existentes em torno do tema, infere-se que a
investigação criminalística baseia suas tarefas profissionais em estudo
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científico das evidências materiais, de cuja análise e interpretação resultam a


prova técnica elaborada de forma a se impor irrefutável quanto à materialização
do fato típico, o estabelecimento da identidade do autor e o seu respectivo
modus operandi. Assim, temos que os objetivos da criminalística são:
a. Dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência do ilícito
penal;
b. Verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando
fornecer a dinâmica do fenômeno;
c. Indicar a autoria do delito, quando possível;
d. Elaborar a prova técnica, através da indiciologia material.
1.3 Distinções entre a Criminalística e a Criminologia
Sabendo da definição da Criminalística que é o conjunto de
procedimentos científicos de que se vale a justiça moderna para averiguar o
fato delituoso e suas circunstâncias, isto é, o estudo de todos os vestígios do
crime, por meio de métodos adequados a cada um deles. A Criminologia trata-
se de um conjunto de conhecimentos que se ocupa do crime, da criminalidade
e suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, bem como da
personalidade do criminoso e da maneira de ressocializá-lo.
Tendo em vista tais definições, obtemos a distinção entre a
criminalística e a criminologia que se respalda na seguinte relação:
 A Criminologia estuda o criminoso e o quê leva alguém a
delinquir (porquê?).
 A Criminalística estuda o local do crime, buscando apurar
como ele se deu. (como?).

2. LOCAL DE CRIME
Local de Crime é aquele local onde ocorreu um fato de qualquer
natureza e que necessita da intervenção da polícia para o seu devido
esclarecimento.
Então, todo local onde tenha ocorrido uma contravenção, um crime,
(independente de sua natureza) um acidente de tráfego ou de trabalho, um
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achado de cadáver, um local de feto encontrado, um incêndio, um atentado


terrorista, etc., recebe a denominação de “LOCAL DE CRIME” ou de “LOCAL
DO FATO”, por que se torna necessário a elucidação das circunstâncias em
que o mesmo se verificou.
2.1 Classificação do local de crime
Para alguns estudiosos, é muito difícil estabelecer critérios de
classificação de temas cuja amplitude não é especificamente definida.
Contudo, a experiência nos conduz a classificá-lo da seguinte maneira:
 Quanto ao local em si: diz respeito às características físicas da área do
local e divide-se em Local Interno, Local Externo e Local em veículo.
Estes por sua vez, se subdividem em Ambiente Mediato e Ambiente
Imediato.
 Local Interno: é uma área restrita, ou seja, compreendida no interior de
recintos fechados que tanto podem ser prédios, como áreas delimitadas
por cercas ou muros.
 Local Externo: se refere às áreas não restritas, tais como: as vias
públicas, terrenos baldios, matas, florestas, campos e logradouros
públicos.
 Local em Veículo: diz respeito a qualquer fato delituoso ocorrido no
interior de um veículo, quer em movimento, parado ou estacionado.
2.2 Quanto a Área
 Imediato: é a área onde se verificou o fato. É o próprio cenário do crime
onde o perito deve concentrar toda sua atenção e desenvolver todos os
seus conhecimentos e praxes técnico-científicas.
É esta parte do local que “fala” e que conduz ao esclarecimento do
fato ocorrido.
 Mediato: Compreende as imediações do local onde ocorreu o fato.
A investigação do ambiente mediato deve ser feita com bastante
atenção e cuidados outros, haja vista que, é essa porção do local que
conduzirá os peritos a perceberem e a interpretarem a dinâmica do fato.
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 Relacionado: Aquele que, apesar de diverso das áreas imediata e


mediata da cena do crime, apresenta relações com o fato delituoso, nele
se encontrando, por exemplo, objetos, armas, documentos, ou
instrumentos que, de alguma forma, guardam ligação com a infração
penal cometida.

É de suma importância fazer-se esta classificação, devido a alguns


crimes ou simples fatos que requerem a intervenção da Polícia ocorrer
indiferentemente, quer em local interno, quer em local externo bem como no
interior de veículos automotores como, por exemplo: homicídio, suicídio,
achado de cadáver, acidente do trabalho, etc., que indiferentemente podem
ocorrer num como nos outros. No entanto existem crimes ou simples fatos que
ocorrem em locais específicos, por exemplo: um furto qualificado, ou
arrombamento, ocorrem quase sempre em locais internos, enquanto um
acidente de tráfego ocorre somente nas vias públicas.
Não deve ser confundido LOCAL EM VEÍCULO com LOCAL DE
ACIDENTE DE TRÁFEGO.
2.3 Quanto à natureza do crime
Na ótica de Lima (2006, p. 63), o estudo do local de crime, sob esse
aspecto, tem a finalidade de determinar a natureza jurídica do fato ocorrido, isto
é, procura responder a seguinte pergunta: “o que aconteceu?”.

Quanto a tal critério, considerando os que são de maior interesse


prático para o dia-a-dia policial, assim como a maior incidência do fluxo de
exames periciais, temos:

a) Local de crime contra a pessoa

Caracteriza o lugar onde tenha ocorrido qualquer ato de ofensa à


integridade física da pessoa humana, característico da prática de fato delituoso.
Sobre essa classificação, exemplifica Espíndula (2009, p. 45):

Podemos colocar vários exemplos de crimes contra a pessoa, no


entanto, os mais comuns, ou aqueles que ocorrem com mais frequência, são
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os homicídios e os suicídios, envolvendo a morte da vítima: e, as tentativas de


consumação de homicídios e os disparos de arma de fogo em geral, dentre
aqueles em que a vítima não veio a falecer.

Figura 03: Crime contra pessoa.

b) Local de crime contra o patrimônio

Referem-se aos sítios onde os bens materiais possam ter sido


danificados e/ou subtraídos de maneira criminosa, como, por exemplo, os
locais de furto, de roubo, de dano, entre outros.

De acordo com Espíndula (2009, p. 45), tais locais de crime englobam


“todos os delitos praticados, cuja intenção do autor era a de obter vantagem
(ilícita) pecuniária ou patrimonial, por meio da apropriação de objetos, bens ou
valores”.

Figura 04: Crime contra patrimônio.

c) Local de crime contra a natureza

A questão ambiental é um assunto em atual evidência e seus crimes


afetam diretamente a coletividade, em razão de sua amplitude difusa. Os locais
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desse tipo de crime referem-se às áreas em que os recursos naturais, objetos


do direito difuso, são criminalmente destruídos, contaminados ou danificados.
Alguns exemplos podem ser elencados, tais como os locais de queimadas, de
desmatamentos, os lançamentos de dejetos em mares e rios, etc.

Figura 05: Crime contra natureza.

d) Locais de acidente de trânsito

São sítios altamente complexos, principalmente, no que tange ao seu


isolamento e à sua preservação, chegando a situações em que os locais são
desfeitos por estarem prejudicando o fluxo do tráfego ou estarem oferecendo
risco de ocorrência de outros acidentes.

Figura 06: Crime contra o trânsito.

2.4 Quanto ao Exame


Nível de preservação do local em relação às condições de realização
dos exames periciais.
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 Local Idôneo: São aqueles mantidos nas condições originais que foram
deixados pelos atores da infração, sem alteração do estado das coisas,
após a prática da infração penal, até a chegada dos peritos.
 Local Inidôneo: São aqueles em que após a prática de uma infração
penal e antes da chegada e inspeção dos peritos no local, eles
apresentam-se alterados, quer nas posições originais dos vestígios, quer
na subtração ou acréscimos destes, modificado de qualquer forma o
estado das coisas. (SÊMPIO. 2003, p. 09).
2.5 Corpo de delito
O Art. 158 do CPP diz: “quando a infração penal deixar vestígios será
indispensável o exame de corpo de delito direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado”.
O Corpo de Delito é o elemento principal de um local de crime, em
torno do qual gravitam os vestígios e para o qual convergem as evidências. É o
elemento desencadeador da perícia e o motivo e razão última de sua
implementação.
As diferentes espécies de exames de corpo de delito são realizadas em
particular, por três categorias de Peritos: Peritos Criminalisticos, Peritos
Médicos Legistas e Peritos Odontolegistas.

3. METODOLOGIA DA PRODUÇÃO DE PROVA EM LOCAL DE CRIME


Essa metodologia é utilizada para que o policial possa desempenhar
suas funções no local de crime. De acordo com o Art. 6° do CPP- Decreto Lei
nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941, em que visa o conhecimento da prática da
infração penal, temos:
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862,
de 28.3.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do
fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido.
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Com isso, a atuação do policial no local de crime compreende as


várias fases que se constituíram em normas.
1 – Ao tomar conhecimento de um fato ocorrido: checar a fonte de
informação (nome, endereço, idade, que relação ou interesse tem com o fato,
se a informação for por telefone de que número esta ligando e ligar para o
numero fornecido para a devida confirmação, etc.) com a finalidade de evitar
“trotes”; Dar ciência a autoridade policial competente, narrando a natureza do
fato e fornecendo-lhe as informações que lhes foram prestadas inerentes ao
mesmo, tais como: data, hora e local exato da ocorrência, vias de acessos
favoráveis, etc.;
2 – Ao chegar ao local providenciar o isolamento do mesmo a fim de
preservá-lo, par que o policial execute esta tarefa, é necessário a observação
do seguinte:
a. Não permitir a entrada de qualquer pessoa nas áreas que
contenham vestígios, antes da chegada do perito
criminalístico;
b. Em certos casos, não permitir a retirada de qualquer objeto
ou pessoa, que se encontre no recinto, por ocasião de sua
chegada ao local;
c. Não permitir, que pessoas presentes, sob quaisquer
pretextos, toquem nos objetos ou mudem suas posições,
incluindo-se também nestas proibições;
d. Não permitir sob nenhum pretexto que, antes da chegada
do perito criminalístico ou criminal, qualquer outro
profissional, independente de sua autoridade, adentre na
área onde se verificou o fato, isto é, no cenário do crime;
3 - Se o fato tiver ocorrido em um local interno, interdita-lo
totalmente; no caso de locais externos, interditar a área que contenha
vestígios; se numa via terrestre, solicitar o auxílio de policiais do Batalhão de
Trânsito no sentido de organizarem o trânsito procurando tanto quanto
possível, não interromper o fluxo de veículos; quando a ocorrência for tipificada
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como sendo um local em veículo, os cuidados deverão ser redobrados, dados


as grandes variedades de fatores que poderão interferir no mesmo,
contaminando-o e consequentemente mascarando os vestígios ali existentes.
4 - Arrolar de imediato as testemunhas, se por acaso houver, no que
deverá tomar bastante cuidado;
5 - Em caso de manchas e, principalmente se o local for externo,
protege-las das intempéries, (chuva, vento, etc.) utilizando-se de caixas de
papelão ou similares, que apenas protejam e não as toque;
6 – Tomar bastante cuidado com superfícies polidas e/ou metálicas,
pois as mesmas podem se constituir em suportes de fragmentos de impressões
digitais;
OBSERVAÇÕES:
“NÃO EXISTE CRIME PERFEITO, O QUE EXISTE É UM LOCAL MAL
INVESTIGADO”. (Autor desconhecido)
“TEMPO QUE PASSA É VERDADE QUE FOGE”. (Edmond Locard)
3.1 Prova
É o conjunto de meios idôneos e praticados no processo ou nele
estranhados e tendentes à afirmação da existência positiva ou negativa de um
fato destinado a fornecer ao juiz o conhecimento da verdade, a fim de gerar
sua convicção quanto à existência ou inexistência dos fatos deduzidos em
juízo. Todo meio usado pela inteligência do homem para a percepção da
verdade. (ARANHA. 1994, p. 217)
 Prova Objetiva: tem por base os vestígios encontrados nos locais de
crime, que são interpretados pelos Peritos por meio dos exames.
Exemplo: laudo pericial.
 Prova Subjetiva: tem por base as informações colhidas da vítima, das
testemunhas ou de qualquer pessoa relacionada com o fato. Exemplo:
boletim de ocorrência expedido pela Polícia Militar.

4. IDENTIFICAÇÃO, DESCRIÇÃO E PRESERVAÇÃO DE PROVAS


OBJETIVAS E SUBJETIVAS.
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4.1 Provas objetivas:


Vestígio: Constituem-se em qualquer marca, objeto ou sinal
sensível que possa ter relação com o fato investigado. A
existência do vestígio pressupõe a existência de um agente
provocador (que o causou ou contribuiu para tanto) e de um
suporte adequado (local em que o vestígio se materializou).
Evidência: é o vestígio que, após analisado pela perícia técnica e
científica, possui relação como crime.
Indício: Expressão utilizada no meio jurídico que significa cada
uma das informações (periciais ou não) relacionadas com o crime.
De acordo com o Decreto - Lei nº 3.689/1941 do CPP - TÍTULO
VIIDA PROVA CAPÍTULO X DOS INDÍCIOS, temos:
Art. 239. Considera-se indício a circunstância
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra
ou outras circunstâncias.
4.1.1 Tipos de vestígios
a. Vestígio Verdadeiro: é aquele que tem uma relação direta
com o autor do vestígio. Exemplo: a escrita; um fragmento
de impressão digital, um documento; um objeto de uso
pessoal; etc.
b. Vestígio forjado: é aquele deixado com o propósito de
confundir o investigador ou mascarar o vestígio verdadeiro.
Exemplo: a falsificação ou auto - falsificação de uma escrita;
o transplante de um fragmento de impressão digital; a
alocação de um documento ou objeto pessoal de outrem;
etc.
c. Vestígio Ilusório: é todo elemento encontrado no local do
crime que não esteja relacionado às ações dos atores da
infração e desde que a sua produção não tenha ocorrido de
maneira intencional. A produção de vestígio ilusório nos
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locais de crime é muito grande, tendo em vista a


problemática da falta de isolamento e preservação de local.
Este é o maior fator da sua produção, pois contribuem para
isso desde os populares que transitam pela área de
produção dos vestígios, até os próprios policiais pela sua
falta de conhecimento das técnicas de preservação.

5. TOXICOLOGIA
É a ciência que tem como objeto de estudo o efeito adverso de
substâncias químicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de
prevenir o aparecimento deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas
substâncias químicas.
Dentre das áreas da toxicologia, a área de toxicologia social, é aquela
que será mais utilizada pela autoridade policial, pois esta se refere do efeito
nocivo dos agentes químicos usados pelo homem em sua vida de sociedade
seja sob o aspecto individual ou social.
5.1 Drogas: Lei 11.343/2006
Art.1º Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como “drogas
as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência”, assim
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo
Poder Executivo da União.
As drogas podem ser classificadas quanto a sua origem em:
a) Naturais: são aquelas que possuem efeitos alucinógenos naturalmente, sem
precisar da adição de produtos químicos em laboratório. Exemplo: THC( tetra-
hidrocarbinol), substância psicoativa presente na Cannabis Sativa(maconha);
b) Semi-sintéticas: são aquelas que são feitas a partir de substâncias naturais,
porém são alteradas por substâncias químicas em laboratório. Exemplo:
Cocaína.
c) Sintéticas: são aquelas que são produzidas em laboratório, por substâncias
psicoativas que provocam alucinações.
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Exemplo: metilenodioximetanfetamina (MDMA) o Ecstasy.


As drogas podem ser classificadas também quanto os seus aspectos
legais, desta forma elas podem ser lícitas (legais) que são aquelas que podem
ser comercializadas livremente de forma legal, que não está proibido
legalmente, como por exemplo, o álcool o tabaco; e ilícitas que são aquelas
proibidas por lei tanto o seu uso como comercialização.
A Lei 11.343/06 instituiu o Sisnad- Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas, na qual tem sua finalidade e objetivo determinados
nesta lei, esta mesma lei em seu artigo 50. Fala sobre a prisão em flagrante e
da atuação da autoridade policial no processo de investigação.
Algumas Drogas:

Figura 07: Drogas

6. ASPECTOS CRÍTICOS EM LOCAL E PRESERVAÇÃO DE PROVA


DE CRIME
Objetivando a preservação do local de crime é necessária à atenção
especial aos vestígios encontrados cuidando para que não sejam destruídos
nem alterados as posições e localizações dos mesmos. Porém para que seja
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realizada uma correta preservação desse local, é preciso que o mesmo seja
isolado.
Faz parte do procedimento de preservação do local de crime a
vigilância por partes das autoridades policiais a fim de impedir a entrada de
pessoas no local e impedir que as ações de agentes naturais, como a chuva
alterem o local.
A norma que rege o artigo 6º, incisos I, II e III, do Código de Processo
Penal, que determina:
Artigo 6º:
I – se possível e conveniente, dirigir-se ao local, providenciando
para que se não alterem o estado e conservação das coisas,
enquanto necessário;
I - dirigir-se ao local
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
liberados pelos peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do
fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;

Um esforço deve ser feito para não modificar as provas, para que seja
possível avaliar a situação. Preservando a cadeia de custódia que é o
processo usado para manter e documentar a história cronológica dos
elementos materiais, que visa garantir a idoneidade e o seu rastreamento
desde a identificação e coleta, até sua destinação final.
Com isso, os procedimentos devem ser dados da seguinte forma:
• Isolamento: delimitação da área física interna e externa do local de
crime, por meio de recursos visíveis como cordas, fitas zebradas e
outros, com a finalidade de impedir a entrada de pessoas não
autorizadas;
• Perímetro de isolamento: é a área demarcada e isolada, que
compreende o local de crime Imediato e Mediato;
• Preservação: não alteração do estado das coisas;
• Guarnecimento: custódia do local pelo Estado, ou seja, pelos policiais.
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Figura 08: Esquema representativo dos passos que ocorrem na


investigação da cena do crime, segundo Siegel (2005) .

Logo, a finalidade básica da preservação é evitar que os vestígios


produzidos na cena do delito se deteriorem, se percam, ou sejam alterados de
posição, por ações de pessoas estranhas aos acontecimentos delituosos.
Facilitando assim, a elucidação dos fatos bem como a aplicação da
Lei.
Segundo Sganzerla (2012):
“As provas são os materiais que permitem a reconstrução histórica e
sobre as quais recai a tarefa de verificação das hipóteses, isso com
a finalidade de persuadir o juiz, tendo este como seu destinatário
final.”
Que aborda a importância do isolamento de local de crime, pois,
compete aos seguintes tópicos:
• A idoneidade dos vestígios e provas;
• A determinação da autoria do delito;
• Os fatos determinantes nas circunstâncias do delito;
• Influir decisivamente na aplicação das leis.

6.1 Conduta operacional na primeira intervenção


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A polícia militar tem papel fundamental na preservação e isolamento


do local do crime, impedindo que as evidências sejam contaminadas ou
introduzias no local fazendo que a eficácia na perícia criminal seja mais
atuante e discriminada evitando qualquer dano e também na forma importante
no que tange chegar ao local do crime primeiramente.
De acordo com a legislação, temos:
CPP - Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941 Art. 169.
Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não
se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
esquemas elucidativos.
CPPM - Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de Outubro de 1969.
Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal
militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º
do art. 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o
estado e a situação das coisas, enquanto necessário;
Art. 339. Para o efeito de exame do local onde houver sido
praticado o crime, a autoridade providenciará imediatamente para
que não se altere o estado das coisas, até a chegada dos peritos.
Logo, as ações do primeiro policial no local se competem aos
seguintes tópicos:
• Quanto à conduta operacional na primeira intervenção:
a. Atentar a todas as movimentações de pessoas e veículos
quando da aproximação e chegada ao local;
b. Estacionar o veículo, em local seguro, em que possa visualizar o
local do crime;
c. Abordar o local com todo cuidado, especialmente com a sua
segurança pessoal;
d. Somente um entra no local. O outro cuida da segurança deles;
e. Elaborar um diagnóstico preliminar, identificando a existência ou
não de vítimas;
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f. Traçar um plano de ação, com base na avaliação dos riscos,


acionando o apoio, se necessário;
g. No caso da existência de vítimas, adentrar o local em linha reta,
ou pelo menor trajeto possível, verificar os sinais vitais e
providenciar as ações de primeiros socorros. Caso necessário,
acionar o Corpo de Bombeiros e/ou o Serviço de Atendimento
Médico de Urgência;
h. Em caso de óbito evidente, não tocar no corpo e nas vestes,
exceto em situações de salvamento ou socorro de outras
vítimas;
i. Evitar cobrir o cadáver, independentemente do local ou tipo de
cobertura;
j. Sair do local pelo mesmo percurso de entra;
k. Selecionar e isolar o perímetro dos locais de crime imediato e
mediato. Nem os próprios policiais poderão se deslocar
dentro da área isolada;
l. Após as providências iniciais, prosseguir com a vigilância e
preservação dos vestígios, até a chegada dos peritos criminais.
Comunicar a central de operações.
• Quanto à conduta operacional no isolamento e
preservação:
a. Sinalizar, desviar e controlar o trânsito de veículos e de
pedestres, impedindo o acesso ao local do crime;
b. No caso de evento em via pública, acionar o órgão
responsável pelo trânsito local para efetuar o controle de
tráfego e o isolamento da via;
c. Identificar as pessoas que estejam no local do crime (nome,
filiação, data de nascimento, documentos de identidade,
endereço e telefone de contato) e, caso possuam qualquer
dado ou informação acerca dos fatos, arrolá-las como
testemunha;
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d. Não mexer em armas, objetos ou instrumentos possivelmente


vinculados ao crime, impedir que suas posições sejam
modificadas;
e. Não comer, beber, fumar, ou realizar outras atividades de
caráter pessoal no local do crime;
f. Realizar constante análise das condições de segurança no
local e, caso necessário, adotar medidas corretivas e acionar
apoio;
g. No caso de suspeita de alteração do local de crime, identificar
o possível causador, registrar a situação e informar aos peritos
que comparecerem ao local;
h. Recepcionar os demais PSP que chegarem ao local, relatando
as informações necessárias;
i. Informar ao responsável pelo trabalho pericial sobre possíveis
vestígios deixados por terceiros que adentraram ao local do
crime (por necessidade ou equivocadamente);
j. Acompanhar, quando solicitado, os trabalhos periciais,
anotando e conferindo o material apreendido e fazendo o
registro no BO;
k. Sem prejudicar as ações procedimentais de segurança e de
preservação do local de crime, recepcionar e dar assistência
especial aos familiares de vítimas, adotando medidas que
sejam capazes de conter, com o devido respeito e atenção,
comportamentos agressivos ou que interfiram na atividade de
preservação do local do crime;
l. Recepcionar a imprensa quando necessário, e divulgar as
informações de forma objetiva, respeitando o canal de
comando e a competência técnica. Impedir que repórteres e
fotógrafos acessem o local de crime antes da realização dos
trabalhos periciais;
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m. No caso de iminente risco de perda dos vestígios (decorrente


de condição meteorológica, por exemplo), e não estando ainda
no local os peritos criminais, efetuar o levantamento fotográfico
e fazer a coleta dos vestígios;
n. Zelar pela cadeia de custódia;
o. No caso de troca de equipe ou guarnição de serviço, transmitir
ao sucessor todos os dados e informações colhidas durante a
preservação do local do crime.
• Quanto à conduta operacional após os trabalhos periciais:
a. Após a realização dos trabalhos periciais, anotar os dados
funcionais dos peritos e demais PSP que estiveram no local;
b. Liberar o local somente com a expressa autorização da
autoridade policial;
c. Registrar as circunstâncias identificadas no local do crime
(chuva ou sol; dia ou noite; topografia; vias de acesso; aberto
ou fechado; acidentes geográficos; edificações próximas,
outras julgadas relevantes) em boletim de ocorrência ou
documento similar.

7. LOCAIS DE ACIDENTE DE TRÂNSITO


Os locais de acidente de trânsito podem ser estudados através da
compreensão dos sítios de colisão ou impactos que se referem à área na via
(ou fora dela) onde efetivamente houve a interação entre o(s) veículo(s) e
outros “participantes” diretos do acidente, o que pode englobar construções e
outros objetos fixos, pessoas e animais.
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Figura 09: Sitio de colisão.

Porém, no local podemos ter dois diferentes sítios a serem analisados


para a elucidação dos fatos ocorridos no acidente, que são:
• Sítio de colisão: área na via que demarca a interação entre
o(s) veículo(s) e os demais elementos diretamente envolvidos.
Por exemplo: em uma colisão com objeto fixo você poderá
demarcar somente a área onde houve interação direta entre o
veículo e o objeto (suponhamos, um poste) como Ponto de
Colisão.
• Sítio do Acidente: engloba todos os elementos que direta ou
indiretamente influenciaram ou “participaram” do acidente.
Por exemplo: um buraco 15 metros antes do sítio de colisão
poderá fazer parte do sítio do acidente.

Figura 10: Sítio do acidente e Sítio de Colisão


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7.1 Ação policial no Local de acidente de Trânsito


Em relação à ação dos primeiros policiais em um local de acidente de
trânsito, compete aos mesmos, o que discorre na Legislação 5970/73, que
exclui da aplicação do disposto nos artigos 6º, inciso I, 64 e 169, do Código de
Processo Penal, nos casos de acidente de trânsito, e, dá outras
providências no seguinte artigo:
Art 1º Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente
policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar,
independentemente de exame do local, a imediata remoção das
pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele
envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o
tráfego.
Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente
policial lavrará boletim da ocorrência, nele consignado o fato, as
testemunhas que o presenciaram e todas as demais circunstâncias
necessárias ao esclarecimento da verdade.
Como se pode observar, esta é uma lei que, autorizando o
descumprimento de outra, pode prejudicar, sobremaneira, os exames periciais
em locais de acidente de trânsito, uma vez que a exceção tende a se tornar
regra, pois, inúmeras situações que não justificariam tal medida acabam
tendo os locais desfeitos pelos policiais militares e, principalmente, pelos
policiais rodoviários.
Tal medida é justificada de acordo com Espíndula (2009, p. 49), pois,
esses tipos de locais geram uma dificuldade natural no que diz respeito ao
fluxo do sistema de trânsito, onde vários riscos são verificados no dia a dia,
chegando-se a situações em que os locais são desfeitos por estarem
prejudicando o fluxo do tráfego ou estarem oferecendo risco de ocorrência de
outros acidentes.
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7.2 Procedimentos da Policia Militar nos locais de acidente de


Trânsito

Com PM isola PC -
vítima o LC ICRIM

Sem Lavra o
PM
vítima BO

1. Tomar conhecimento das pessoas envolvidas e testemunhas que


saibam efetivamente dos fatos, cuidando para que não se afastem do
local antes de serem devidamente identificadas e qualificadas;
2. Examinar os documentos dos condutores e dos veículos, quanto à
autenticidade e validade; Do condutor: Documentos de Habilitação:
Carteira Nacional de Habilitação (CNH); a Permissão para Dirigir
(PPD), as autorizações para conduzir ciclos, veículos de propulsão
humana e tração animal.
3. Verificar junto ao Centro de Operações a situação dos veículos
envolvidos através das placas de identificação, mesmo que a
documentação esteja aparentemente regular (Ações corretivas nº 5 e
6);
4. Verificar as situações que envolvem o acidente em relação ao
cometimento de qualquer crime previsto no CTB, ou outro texto legal,
para possível condução dos criminosos a repartição pública
competente;
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5. Verificar pelas condições que se deram o acidente, se um dos


envolvidos estava em fuga de crime cometido logo anteriormente;
6. Manter os ânimos das partes sempre estáveis, a fim de evitar maiores
desentendimentos e vias de fato;
7. Preencher o BO/PM e BOAT;
8. Fotografar as partes laterais direita e esquerda, frente e traseira dos
veículos acidentados, devendo ser justificada a impossibilidade de
juntada das imagens;
9. Ser imparcial na confecção dos: BO/PM e BOAT, quanto à
determinação de dolo ou culpabilidade entre os envolvidos, não
fazendo julgamentos precipitados, nem comentar as causas do
acidente com pessoas envolvidas, terceiros ou imprensa;
10. Esclarecimento: Para declarações à imprensa fornecer dados
objetivos (número de envolvidos, veículos, vítimas, danos causados
etc...), não fazendo juízo de valor e nem emitindo uma opinião
antecipada dos fatos.
Descrição do fato – Nesta parte o policial militar fará um relato
objetivo e sucinto do acidente. A quantidade de informações deve ser a maior
possível, desde que necessária ao esclarecimento dos fatos, mas limitada aos
aspectos objetivos, não devendo o relatório trazer opiniões pessoais do
relator, pois os dados subjetivos podem gerar expectativa de falsos direitos
das partes envolvidas.
O Relatório
O relatório deve conter as seguintes informações:
• Fonte da informação: Por exemplo: De acordo com as
testemunhas..., Segundo versão dos condutores..., Pelos vestígios
encontrados no local...;
• Local de circulação dos veículos: especificação do nome da via
em que circulavam; Sentido de circulação dos veículos;
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• Descrição do acidente: Por exemplo: no cruzamento das vias


ocorreu o abalroamento..., Frente ao nº 251 ocorreu a colisão..., Na
altura do posto do INSS ocorreu o tombamento...;
• Consequências do acidente: Danos de pequena, média ou grande
monta;
• Providências tomadas: Segundo versão dos condutores, VE-1
trafegava pela Av. Anhanguera no sentido oeste-leste, VE-2
trafegava pela Alameda Progresso no sentido norte-sul. No
cruzamento das vias ocorreu o abalroamento entre os veículos que
provocou danos materiais de média monta em VE-1 e pequena
monta em VE-2 e vítima com escoriações leves, que era passageira
do VE-2. Foi feita a remoção do VE-1, através do guincho da PM,
com fundamento no art. 230, V do CTB. VE-2 liberado ao condutor
no local.

Croqui
Diagrama do acidente: também denominado croqui, é a parte mais
importante do BOAT, em que se baseiam os peritos para a reconstituição do
acidente, e de onde o julgador, nas ações cíveis e criminais, colhe elementos
para fundamentar sua convicção no momento de decidir controvérsias entre
as partes.
Na confecção deste recomenda-se:
• Desenhar o traçado viário na parte em que ocorreu o acidente;
• Identificar as vias e o respectivo sentido de circulação;
• Orientar o diagrama com a determinação dos principais pontos
cardeais: norte, sul, leste e oeste;
• Fixar o ponto de repouso dos veículos;
• Determinar o sentido de circulação dos veículos;
• Determinar a sinalização existente, tanto a horizontal como a vertical;
• Posicionar o PI (ponto de impacto);
• Determinar, se houver, fatores materiais adversos (buracos na pista,
manchas de óleo, saliência na pista, etc.);
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• Referir qualquer vestígio ou sinal decorrente do acidente (manchas de


sangue, cacos de vidro, lanternas quebradas, marcas de frenagem,
etc.).

Figura 11: Diagrama do acidente.

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