Você está na página 1de 8

ESPECIAL

Tecnologia na Construção
São Paulo, 22 de março de 2018

BIM: inovação e tecnologia


modernizam indústria da construção
Seminário realizado em Brasília pela CBIC, em correalização com o Senai Nacional, discutiu como disseminar esse conjunto de processos e transformar o mercado

O
mercado da construção
do Brasil, visando ganhar
competividade, encontrou
na inovação uma saída
para aumentar a qualidade dos seus
produtos, reduzir custos e melhorar
a transparência dos projetos ligados
ao setor público. A aposta é no BIM,
sigla em inglês para Building Informa-
tion Modeling (ou Modelagem de In-
formações da Construção), tecnologia
que possibilita a criação de modelos
virtuais em 3D e organiza as informa-
ções referentes às obras de maneira
automatizada e precisa, viabilizando
controle e gestão mais eficientes do
que as plataformas usadas até hoje.
Para expor a importância e os be-
nefícios do uso dessa tecnologia, a Câ-
mara Brasileira da Indústria da Cons-
trução (CBIC), em correalização com o
Senai Nacional, promoveu no último
dia 15 o seminário BIM: Oportunidade
para Inovar a Indústria da Construção
e Aumentar a Transparência das Com-
pras Públicas. O evento foi realizado no
hotel Royal Tulip, em Brasília, e reuniu Bilal Succar, professor
cerca de 130 pessoas, em sua maioria da Newcastle
representantes do setor público. University (Austrália)
Entre os palestrantes, estavam em-
presários da construção, gestores pú-
Théo Lima

blicos, executivos do setor privado, Paulo Sanchez, Cel. Moura Lüke,


educadores e acadêmicos, todos com- sócio da Sinco e líder do Departamento
partilhando suas experiências com o do projeto BIM de Engenharia e
BIM e suas impressões de como a pla- na CBIC Construção (DEC)
taforma pode qualificar o ambiente de do Exército
negócios, reduzir o desperdício e a cor-
rupção e trazer melhores perspectivas
para o futuro do setor. Transmitido ao
vivo pela internet, o seminário alcançou
mais de 8 mil pessoas em todo o País.
Na abertura do evento, o presidente
da CBIC, José Carlos Martins, colocou
a universalização e a democratização
do BIM como “questão de honra” para
a entidade, e defendeu que o governo
exerça seu poder de compra para disse-
minar a sua utilização. Martins afirmou
ainda que a CBIC incluiu o BIM entre
os itens da pauta a ser levada aos can-
didatos à Presidência na eleição deste Para ele, não há uma única resposta. mapeado de maneira integrada e ágil,
ano. “Ele não é uma mera ferramenta De acordo com seus estudos, alguns o Opus hoje é usado não apenas no
de gestão, é uma estratégia de posicio- países viram o BIM ser disseminado a controle de obras, mas também em
namento do setor perante a socieda- partir de pequenas empresas, influen- operações de logística e mobilização
de”, disse Martins. ciando o resto do mercado com base de pessoal.
em bons resultados. Em outros, o go- “A ideia foi simples. Quando se
FERRAMENTA CONTRA verno é fundamental, dando incentivos criou o Opus, não conhecíamos o
A CORRUPÇÃO O presidente da Comissão de Ma- des nessa tecnologia no mundo. – inclusive benefícios fiscais – para que conceito de BIM, apenas queríamos
Presidente da frente parlamentar do teriais, Tecnologia, Qualidade e Pro- Nascido no Líbano e radicado na Aus- as empresas o implementem. “Há um algo geolocalizado. Foi depois que
BIM na Câmara dos Deputados, Júlio dutividade (COMAT) da CBIC, Antonio trália, Succar trabalha com esse conjun- papel para todos: governo, construto- descobrimos que o Opus poderia ser
Lopes (PP-RJ) defendeu que a discus- Martins, lembrou, durante a abertura to de processos há quase 20 anos. Ele já ras, desenvolvedores de tecnologia. É integrado ao BIM”, disse Lüke.
são sobre esses processos se torne do seminário, que a entidade faz des- deu treinamentos, mas hoje é consultor, importante que os responsáveis pelas O planejamento em BIM também é
pública, levando a políticas de gover- de 2015 um trabalho sistemático de professor e pesquisador, e ajuda na ela- políticas identifiquem os tópicos ne- necessário na capacitação, segundo o
no que promovam o seu uso, como sensibilização da indústria da constru- boração de políticas públicas para o BIM cessários, para se chegar aos objetivos terceiro participante do painel, João
ocorre em outros países. “É uma me- ção para a adoção do BIM. “Queremos pelo mundo, desenvolvendo métricas mais rápido e melhor”, concluiu Succar. Alberto Gaspar, da TILab, empresa que
dida mais salutar contra a corrupção, aproximar todos os elos da cadeia na para avaliar a adoção dessa tecnologia. dá treinamentos na área de arquite-
a ineficiência e a incapacidade do que discussão de desafios e oportunidades O professor abriu o primeiro painel PIONEIRISMO NO EXÉRCITO tura e engenharia. Para ele, deve ser
qualquer outra coisa que a gente pos- envolvendo essa inovação”, afirmou. do evento, intitulado “Educação e Ca- Uma das primeiras instituições públi- dada atenção ao conteúdo específico
sa conceber”, disse o deputado. pacitação”, tratando da “macroadoção” cas a usar a tecnologia no Brasil foi o destinado a cada integrante da cadeia
Já a superintendente da Confedera- CADA MERCADO DEVE do BIM, ou seja, de como disseminá-lo Exército. No mesmo painel, o cel. Wa- da construção, sejam estudantes, pro-
ção Nacional da Indústria (CNI), Gianna TER ESTRATÉGIA PRÓPRIA, em todo um mercado ou país. Segundo shington de Moura Lüke, do Departa- fissionais ou professores.
Cardoso Sagazio, destacou a impor- DIZ ESPECIALISTA Succar, há três perguntas que devem mento de Engenharia e Construção Segundo Gaspar, é fundamental que
tância da contribuição do setor para O BIM é fundamental para o setor da ser respondidas quando se cria uma es- (DEC), falou sobre o Opus, um sistema todos na cadeia de decisão aprendam
a geração de riquezas no Brasil, ainda construção, mas cada mercado deve tratégia para a tecnologia: é possível gis criado há dez anos, para que o Co- sobre o BIM para depois disseminar o
mais em um momento em que a parti- traçar a estratégia mais adequada para copiar a estratégia de outro mercado? mando tivesse uma atualização rápida conhecimento. “Se quem está no topo
cipação da indústria de transformação sua adoção. A opinião é de Bilal Suc- É necessário impor o uso desse proces- sobre o status das obras nas mais de da cadeia não tem um aprendizado bá-
perde espaço no produto interno bruto car, professor da Newcastle University so? E quem é responsável por liderar os 700 unidades do Exército no País. sico, não vai saber conferir o que foi pe-
(PIB). “É preciso ousar e avançar”, disse. (Austrália) e uma das maiores autorida- esforços pela sua adoção? Tendo todo o território brasileiro dido e cobrar o que foi feito”, afirmou.

CBIC e Senai Nacional Eficiência, controle de Comitê estratégico Empresários contam como Para presidente da CBIC,
trabalham em parceria para custos e transparência interministerial trabalha a tecnologia trouxe uma momento é ideal para
informar e orientar setor justificam uso da tecnologia em uma política de adoção revolução na maneira implementar a plataforma
da construção sobre BIM. em obras públicas. do BIM no Brasil de fazer negócios na cadeia da construção

pág pág pág pág pág


.03 .04 .05 .06 .08

Este material
Esteé produzido
material épelo
produzido
Media Lab
peloEstadão
Media Lab
comEstadão.
patrocínio da CBIC.
ESPECIAL Tecnologia na Construção 2

ficar olhando e ver o que acontece.


Outra é ser ativo, dar oportunidade
para educar as pessoas. É o que está
acontecendo.”

MENOS FRAUDES
O professor também considera o
Brasil bem posicionado em termos
de pesquisa sobre BIM. Nessa via-
gem, ele visitou pesquisadores da
Universidade de São Paulo (USP), da
Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e da Universidade Federal
do Ceará (UFCE), e se impressionou
com o que viu. “A USP e a Unicamp
não lideram só localmente; elas são
universidades de nível internacional,
fazem um grande trabalho.”
Na opinião de Succar, o evento
dá um sinal de maturidade sobre o
tema no País. “É impressionante ver
a CBIC enxergando o futuro com cla-
reza e decidindo se engajar em vez
de só sentar no meio-fio e não fazer
nada.”, disse.
No Brasil e em outros países, o
BIM é visto como uma arma contra
a prática de corrupção em obras no
setor público. Como esse conjunto
de processos permite maior visibi-
lidade e um compartilhamento de
dados mais ágil, ela dificulta fraudes
e aumenta a transparência dos pro-

iStock
jetos. O pesquisador concorda, e cita

Para Succar,
a Itália como exemplo: lá, o governo
incentivou o uso do BIM fazendo
menção explícita à necessidade de
reduzir os desvios em obras públicas.

são notáveis os RISCO DE INAÇÃO


Entidades como a CBIC lutam para
democratizar e universalizar o uso

avanços no Brasil
do BIM, e uma das barreiras para isso
são os custos envolvidos na aquisi-
ção dos programas e no treinamento
de equipes, que levam empresas a
resistir à implantação desse proces-
Pesquisador radicado na Austrália elogia engajamento so. O professor entende essas preo-
de entidades, governo e empresas cupações, mas lembra que, se uma

A
empresa não muda, um concorrente
adoção do BIM está ama- Civil do Estado de São Paulo (Sindus- vai acabar ocupando esse espaço.
durecendo no setor da con-SP), época em que as discussões “O empresário costuma pensa no
construção no Brasil, com sobre esse tema estavam apenas sur- ROI [return on investment, ou retorno
uma atuação importante gindo no País. sobre o investimento], mas não foca
de entidades, empresas, governo e “A tomada de consciência aumen- em outro ROI, o risk of inaction [risco
universidades para disseminar esse tou muito. A dúvida deixou de ser ‘de- da inação], e isso é mais importante.
processo, afirma o professor e pes- vemos fazer?’, ou ‘vão me pagar mais É melhor mudar pela sua própria for-
quisador Bilal Succar, da Newcastle para trabalhar com BIM?’ e se tornou ça do que ser levado pelo governo
University (Austrália), que abriu o ‘devemos fazer desse jeito ou daque- ou pela concorrência.”
primeiro painel do seminário BIM: le?’, ou ‘vamos priorizar esse passo Além da resistência aos valores e
Oportunidade para Inovar a Indústria ou aquele?’. Não parece muito, mas à mudança, outro desafio que Suc-
da Construção e Aumentar a Transpa- isso é uma grande conquista”, diz o car vê na disseminação do BIM – não
rência das Compras Públicas, iniciati- especialista. somente no Brasil, mas no mundo
va da CBIC, em correalização com o Ele crê que a crise econômica ini- – é a defasagem tecnológica. Ele
Senai Nacional, na cidade de Brasília. ciada em 2015 tenha desacelerado faz referência a hardwares, estrutu-
Essa foi a segunda visita de Succar a disseminação do BIM, mas aprova ras de redes e banda larga, que, se
Théo Lima

ao Brasil. Na primeira, em 2013, este- o nível de envolvimento do poder apresentarem problemas, impedem
ve em um encontro promovido pelo público nesse sentido. “O governo a colaboração e a integração dentro
Sindicato da Indústria da Construção tem algumas opções. Uma delas é só O pesquisador Bilal Succar, da Newcastle University da cadeia da construção.

Processos inovadores já mudam desempenho


de empresas brasileiras
O BIM já está trazendo mudanças para por esse conjunto de processos, seu José Eugênio Gizzi, do três subsolos, em que o cliente
várias empresas do setor da constru- preço foi mais competitivo. “Segun- sócio da Itaúba colocou o prazo de execução pra-
ção que estão adotando a tecnologia do os nossos concorrentes, a nossa ticamente junto com a entrega das
no Brasil. As experiências comparti- proposta técnica foi a melhor, e a fi- unidades. A obra, contratada para 18
lhadas por empresários evidenciam a nanceira deve ter sido a mais baixa, meses, ficou pronta no prazo. “Só a
diferença que o uso desses processos porque fomos contratados”, afirmou fundação levou quase nove meses”,
pode fazer quando se torna parte da Gizzi. A obra começou recentemente, disse. “Mas o BIM foi importante para
estratégia das companhias. com prazo de entrega de oito meses. enxergarmos os gargalos que tería-
José Eugênio Gizzi, sócio da Itaúba Para o empresário, o detalhamento mos na execução.”
Incorporadora e Construtora, sedia- e a precisão gerados pelos processos
da em Curitiba, afirmou, no painel BIM também fazem a diferença para
“Implementação na Indústria da evidenciar itens do projeto que possam
Construção”, que foi apresentado à dificultar a sua execução, o que pode,
plataforma em um evento da CBIC no limite, levar à desistência de uma
em 2013. Segundo ele, os processos empresa em participar de licitações.
foram vistos como uma solução ideal
para buscar eficiência e precisão no MAIS ADERÊNCIA,
planejamento. Ela começou a ser uti- MAIS NEGÓCIOS Quando se
Théo Lima

lizada pela Itaúba em 2016, na cons-


trução de uma ponte de 200 metros
A Sinco Engenharia, com sede em
São Paulo, começou a adotar o BIM
planeja, é preciso
sobre o rio Andrada, no interior do em 2011, com a criação de um depar- controlar, saber
Paraná. Gizzi não tem dúvida de que tamento dedicado ao tema e com a chez, sócio da Sinco e líder do projeto ele destacou a agilidade para gerar
ganhou a licitação devido ao uso execução de duas obras. Seis anos BIM na CBIC, que também participou documentação de operação e ma- mês a mês se
do BIM, pois a proposta técnica foi
apresentada à empresa contratan-
depois, todas as propostas técnicas
entregues pela empresa têm o pla-
do painel.
De acordo com Sanchez, a aderên-
nutenção da edificação e a facilidade
para modelar as instalações prediais.
a obra está
te já modelada, ou seja, foi possível nejamento feito com a ferramenta. cia ao prazo de execução e ao custo Como exemplo da importância estra- aderente
visualizar com clareza a divisão das O resultado: sucesso em quase 40% da obra é um grande diferencial da tégica, Sanchez citou a obra de um
tarefas e as etapas da obra. das licitações de que participaram. “O tecnologia. Sanchez estima que a re- prédio feita pela Sinco, em São Paulo, PAULO SANCHEZ ,
Além disso, ele acredita que, com BIM faz o cliente enxergar o que está dução de gastos fique de 3% a 5% do contratada por uma empresa portu- sócio da Sinco e líder
o melhor planejamento possibilitado sendo construído”, disse Paulo San- orçamento. Além dessas vantagens, guesa: um projeto complexo, preven- do projeto BIM na CBIC

Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.


3
Divulgação

BIM permite
criar modelos
virtuais em 3D

Parceria é caminho para


otimizar obras no Brasil
CBIC e Senai Nacional trabalham juntos para informar e orientar a indústria da construção e fomentar o uso da nova tecnologia

A
Câmara Brasileira da In- entre outros dados, de acordo com esse conjunto de processos. “Precisá- conjunto de processos é um investi- tivar o uso da tecnologia no País.
dústria da Construção a necessidade dos envolvidos, os vamos introduzir um trabalho prático mento. “Construir e projetar com mais “O BIM só vai ganhar força no Bra-
(CBIC) e o Serviço Nacio- objetivos de uso da informação e em inovação, e escolhemos o BIM qualidade torna as empresas mais sil, como vimos no Reino Unido, na
nal da Indústria (Senai) a fase referente ao ciclo de vida do porque, além de possuir característi- competitivas, e quando você passa por França e no Chile, no momento em
trabalham em uma parceria para empreendimento. cas afins, já estava sendo utilizado em um surto de crescimento, como o que que mais pessoas saibam utilizar a
disseminar o uso do BIM no Brasil algumas organizações pioneiras”, diz estamos projetando com o uso dessa ferramenta, e quando o governo
– conjunto de processos de contro- DO COMEÇO AO FIM Dionyzio Klavdianos, presidente da tecnologia, você só tem a lucrar”, diz. usar sua força no setor de construção
le e gestão de obras já em uso no O conjunto de processos que podem COMAT/CBIC. Ele acredita que o poder público contratando empresas que utilizem
exterior, e que tem o potencial de ser integrados, e até acompanhados Depois da publicação e divulgação será peça fundamental para incen- a tecnologia”, afirmou.
revolucionar o ramo da construção online, dá suporte ao projeto ao longo da coletânea, a CBIC e o Senai Nacio- “Ele pode ser custoso em um pri-
civil no País, mudando a cultura de de todas as suas fases, mesmo depois nal realizaram em 2017 um roadshow meiro momento, mas muda a dinâ-
toda a cadeia produtiva do setor e de seu fim, e a inteligência gerada pelo Brasil, mostrando o BIM em 14 mica das empresas. A parceria entre
trazendo novos parâmetros de qua- leva a melhores análise e controle. cidades e a cerca de 2 mil pessoas. Senai Nacional e a CBIC pode ajudar
lidade e eficiência aos projetos. Além disso, a construção se torna Klavdianos diz que foi necessário muito, pois traz incentivos para dimi-
O BIM permite criar modelos virtu- mais sustentável, já que se pode me- explicar as vantagens e diferenças do nuir o custo do treinamento, demo-
ais em 3D, combinando objetos tri-
dimensionais que correspondem aos
dir sua eficiência energética e avaliar
os materiais a serem empregados, de-
BIM em relação a outros processos.
“Muitos acham que é só uma evolu-
Essa iniciativa cratizando o conhecimento”, afirma
Klavdianos, da CBIC.
componentes que serão utilizados cisões que levam à redução de custos ção do projeto 3D, mas ele tem toda ajudará as A parceria entre o Senai Nacio-
nas obras e facilitando a adequação e ao menor desperdício. uma inteligência por trás, vai além de nal e CBIC existe há oito anos, e um
das informações aos A CBIC, vendo o poten- uma mera evolução”, afirma. empresas do de seus objetivos é potencializar a
projetos.
Esses modelos,
cial transformador dessa
tecnologia na indústria MUDANÇA DE CULTURA
segmento a prestação de serviços à indústria da
construção por meio dos Institutos
além de conterem da construção, começou Um desafio a ser enfrentado para a enfrentar os Senai de Tecnologia e dos Institutos
as medidas e a re- em 2014 um projeto vi- disseminação do BIM no Brasil é a Senai de Inovação.
presentação geo- sando à sua dissemina- mudança na cultura da cadeia pro- desafios do Marcelo Prim, gerente-executivo
métrica e gráfica dos
materiais de que são
ção no Brasil. Em 2016, a
entidade lançou, em cor-
dutiva da construção. A utilização
dessa tecnologia requer novos méto-
atual ambiente de Tecnologia e Inovação do Senai,
acredita que a parceria com a CBIC
compostos, podem realização com o Senai dos de trabalho e de relacionamento econômico vai democratizar a informação e
ter também especi- Nacional, uma coletânea entre engenheiros, arquitetos, pro- melhorar o ambiente de negócios
ficações, datas, pra- Coletânea BIM- publicação sobre o BIM, compilando jetistas, consultores, contratantes e MARCELO PRIM , da construção civil no País. “Essa
zo de garantia, nome traz informações uma série de informações construtores. gerente-executivo iniciativa ajudará as empresas do
da empresa respon- completas sobre fundamentais para os Para Paulo Sanchez, líder do proje- de Tecnologia e segmento a enfrentar os desafios do
sável pela instalação, a plataforma interessados em adotar to BIM na COMAT/CBIC, apostar nesse Inovação do SENAI atual ambiente econômico”, afirma.

Novo padrão em si mesmo, mas é um caminho


obrigatório para as organizações
que desejam inovar e evoluir rumo
cado e na escolha em função das
especificidades e objetivos de
cada empresa. Outra dica é con-
tecnológico à digitalização da engenharia e da
construção”, diz.
tratar o BIM por meio de grupos
de empresas, o que deve baratear
O BIM vai se tornar o “padrão tecno- Para adotar esse conjunto de custos e viabilizar sua aquisição
lógico” da indústria da construção, processos no Brasil, a empresa deve por empresas médias e pequenas.
assim como, no passado, o CAD (si- contratar um consultor que a au- A CBIC tem recebido um bom
gla para computer-aided design, ou xilie na definição de um plano de feedback de parte do público-alvo.
design auxiliado por computador) implementação do BIM, ajustado “Os ganhos envolvendo transpa-
substituiu os documentos feitos à às suas estratégias e aos seus mé- rência, controle, desempenho, pro-
mão. Essa é a opinião de Wilton Ca- todos de trabalho. Também será dutividade e sustentabilidade são
telani, consultor da CBIC e autor da necessário adquirir softwares BIM, inquestionáveis”, diz Klavdianos.
coletânea sobre a plataforma publi- cujos valores variam de acordo com A estimativa da CBIC é de uma
iStock

cada pela entidade em correalização as diferentes necessidades e utili- redução média de 3% a 5% dos
com o Senai Nacional. dades. De acordo com Dyonizio An- custos das obras que utilizam a
No entanto, segundo ele, o “de- podemos realizar coisas novas, que A possibilidade de melhor visuali- tonio Martins Klavdianos, a parceria plataforma. Alguns mercados es-
grau tecnológico” é muito maior ago- eram impossíveis e impensáveis, como zação do projeto, a coerência da do- da CBIC com o Senai Nacional ser- tão mais avançados na adoção da
ra. “No CAD, os processos não mu- simulações de desempenho de consu- cumentação e a extração automática virá para fomentar o aculturamento tecnologia, como São Paulo, que
daram, eles continuaram baseados mo de energia, comportamento estru- de dados representam uma evolu- dos profissionais quanto às opções teria entre 30% e 35% das constru-
em desenhos e projetos. Com o BIM, tural, sombreamento etc.”, afirma. ção gigantesca. “O BIM não é um fim de ferramentas disponíveis no mer- ções usando o BIM.

Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.


ESPECIAL Tecnologia na Construção 4

Ivo Mainardi,

Théo Lima
supervisor BIM do
Metrô de São Paulo

Os desafios impostos lhor a plataforma. Depois de uma série


de palestras e atividades, 122 servido-
res, todos de áreas impactadas, inte-
tal visualizar a plataforma como par-
te da transformação digital da em-
presa; transformação essa que, por

à gestão pública
graram-se ao projeto, com diferentes sua vez, é parte de algo ainda maior,
níveis de responsabilidade. que é a busca pela sustentabilidade.
A Companhia Paulista de Trens Me-
COMPREENSÃO tropolitanos (CPTM) é outra empresa
E EFICIÊNCIA pública que busca uma solução para
Com o objetivo de alcançar um en- ter mais eficiência. A companhia criou
Custos mais racionais duas frentes. A primeira, iniciada em encontrar soluções coordenadas e volvimento efetivo das pessoas, os em 2017 um departamento específico
e maior transparência 2013 junto à Gerência de Projetos livres de problemas construtivos. gestores do programa buscaram voltado para a qualidade de projetos,
Básicos Civis (GPR), já levou a duas O desafio é maior na construção compreender como o BIM poderia no qual o BIM é fundamental. Depois
justificam o uso pelo obras: uma foi a Estação Ponte Gran- da Estação Ipiranga, que ainda está influenciar nas suas rotinas e dentro de fazer pilotos com base em modelos
poder público de, na Linha 2-Verde, entregue em em execução. Com 32 modelos no das especificidades das suas funções, existentes, uma equipe interna usou os

O
2015; a outra é a Estação Ipiranga, projeto, envolvendo diversas disci- ouvindo os funcionários em vez de processos para criar cinco projetos de
BIM, processo que re- da futura Linha 15-Prata, que estará plinas, a coordenação para integrá- implementar políticas de cima para acessibilidade de estações, dos quais
voluciona a maneira de interligada ao Aeroporto de Guaru- -los é difícil, mas, segundo Mainardi, baixo. Como resultado, os metroviá- três foram desenvolvidos por equipes
criar, projetar, construir lhos por monotrilho. está trazendo bons resultados. rios que participam do projeto acei- multidisciplinares em uma “sala BIM”,
e manter construções, é No painel “Oportunidades do BIM A segunda frente do BIM no Metrô é taram bem a inovação, aumentando uma espécie de laboratório onde são
uma solução estratégica para levar em Contas Públicas”, o supervisor BIM um projeto corporativo chamado ino- sensivelmente o conhecimento so- desenvolvidos projetos usando a tec-
eficiência, redução de custos e maior do Metrô, Ivo Mainardi, disse que seus vAçãoBIM: ele pretende fazer com que bre o BIM entre o início e o fim de nologia. Duas obras estão começando
transparência às obras públicas do benefícios ficaram claros na definição o processo seja assimilado por todas 2017. Além disso, integrou o plano a ser executadas.
Brasil. Algumas iniciativas expostas do projeto no caso da Estação Ponte as áreas em que tenha algum impacto. de negócios de 2018 da estatal: das “Um dos benefícios de desenvol-
no seminário da CBIC mostram que Grande, mais detalhado que o usual, “O BIM é sobre pessoas, e não tecno- 50 metas indicadas para a compa- ver isso internamente foi capacitar a
isso já é uma realidade, enquanto ampliando as suas possibilidades de logia”, disse Mainardi. “Ele precisa es- nhia no ano, ele está presente em 17. equipe, já que alguns funcionários
outras evidenciam os desafios que o análise. Além disso, foram obtidos tar não só na mente de todos, mas no Mainardi considera importante dar tinham pouca experiência em fazer
setor público enfrenta. avanços na compatibilização, ou seja, coração.” Para isso, foi feito, a partir de ao BIM a devida importância, tirando projeto”, disse Eduardo Tavares de
O Metrô de São Paulo trabalha na sobreposição entre os diferentes 2017, um trabalho junto a funcionários um pouco do peso da sua suposta Lima, líder do departamento, no se-
com esse conjunto de processos em projetos que compõem a obra para do Metrô para que conhecessem me- complexidade. Para ele, é fundamen- minário da CBIC.

Pioneira em busca
de transparência
Santa Catarina foi o primeiro estado ção, o setor público tem característi-
a usar o BIM na gestão pública, a par- cas que aumentam o desafio de ado-
tir do diagnóstico de que a inovação tar processos como o BIM. Uma delas
seria um instrumento importante no é a lógica da carreira do funcionalis-
planejamento e no controle de obras, mo, que faz com que muitos órgãos
reduzindo atrasos e erros de projetos mantenham um quadro de profissio-
e diminuindo custos. nais quase inalterado por anos, ou até
Em 2014, o estado abriu licitação, mesmo décadas, tornando mais difícil
elaborada com base nesse processo, a introdução de novas culturas.
para a construção do Instituto de Car- É o caso da Fundação para o Desen-
diologia em Florianópolis. Ela estabe- volvimento da Educação de São Paulo
leceu um nível de detalhamento inédi- (FDE), que pretende usar o BIM para
to, com 37 itens a serem verificados na manutenção e preservação de 5,4 mil
fase de análise de modelos. Com isso, escolas em todo o estado. De acordo
a busca por empresas foi bem mais com Ricardo Grisólia Esteves, arquite-
rigorosa do que o normal. to da FDE, o quadro de servidores da
“Foi ousado, mas pensamos na efe- fundação tem pelo menos 30 anos de
tividade que iríamos conseguir”, disse casa, o que traz dificuldades na assimi-
o coordenador de Projetos Especiais da lação de novos processos.
Secretaria de Planejamento de Santa Esteves disse que já houve impor-
Catarina, Rafael Fernandes, no painel tantes avanços em termos do BIM
sobre gastos públicos. “Possivelmen- dentro da FDE, e que as diretorias
te afastamos muitos ‘aventureiros’, e já sabem dos seus benefícios. “Mas
iStock

trouxemos empresas capacitadas.” No não temos uma política que obrigue


fim, o projeto do Instituto de Cardio- à sua implementação, nem uma co-
logia – que aguarda recursos para sua missão estruturada com poderes
execução – teve uma redução de 17% para introduzir demandas reais nas
O BIM é sobre pessoas, e não tecnologia. Ele precisa nos aditivos graças ao uso do BIM. áreas. Ou seja, os técnicos têm de
estar não só na mente de todos, mas no coração RENOVAÇÃO
convencer a todos de que o BIM é
algo positivo”, afirmou o arquiteto
IVO MAINARDI, supervisor do BIM do Metrô Mesmo com a necessidade de inova- no evento da CBIC.

Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.


5

Mais qualidade e transparência


em obras públicas
Governo federal caminha para a adoção do BIM

A
ampla adoção do BIM no um Grupo de Apoio Técnico (GAT)
Brasil é vista pelo governo para dar suporte às decisões toma-
federal como estratégia das. Abaixo do GAT, ainda há seis
fundamental para aumen- grupos com temas e tarefas específi-
tar a qualidade e a transparência nas cas: Regulamentação e Normatização;
obras públicas, além de ser um instru- Plataforma BIM; Capacitação de Re-
mento para colaborar com a revitali- cursos Humanos; Compras Governa-
zação do setor da construção. Esse foi mentais; Infraestrutura e Tecnologia;
o recado do diretor do Ministério da e Comunicação.
Indústria, Comércio Exterior e Serviços
(MDIC) e representante do Comitê Es- GANHOS COLETIVOS
tratégico de Implementação do BIM, E PRIVADOS
Nizar Lambert Raad, durante seminá- Segundo Raad, o governo federal tem
rio realizado pela CBIC. acompanhado de perto as melhorias
O Comitê Estratégico foi criado em que o BIM pode trazer, como maior
junho de 2017 por meio de decreto qualidade nas obras públicas, redu-
presidencial, com o objetivo de pro- ção de desperdícios, ganho na sus-
por, no âmbito do governo federal, tentabilidade e mais transparência
iStock

uma estratégia nacional de dissemi- nas compras.


nação do BIM. Esse grupo de alto nível Além disso, o representante do gru-
formado por secretários de governo po destacou a ênfase em planejamen- O Comitê Estratégico não está aten- hídricos e energéticos; redução dos
tem caráter deliberativo, ou seja, pode to mais preciso, maior confiabilidade to apenas aos benefícios ao setor pú- riscos e desperdícios; e aumento da
traçar e determinar políticas públicas nas estimativas de custos e no cumpri- blico: ele também tem consciência dos rentabilidade.
para o uso dessa gama de processos. mento de prazos, menor incidência de ganhos para a iniciativa privada, como “Essa estratégia compartilhada co-
Compõem essa equipe o Ministé- imprevistos nas obras e redução dos aumento da produtividade; melhores munica efetivamente o comprometi-
rio da Indústria, Comércio Exterior e aditivos de contrato, um dos maiores condições para dimensionar fatores mento do governo com o BIM”, disse
Serviços (MDIC); a Casa Civil e a Se- causadores de “estouros” de orçamen- de produção, como equipes de traba- Raad no encerramento do seminário
cretaria-Geral da Presidência da Re- to nas obras públicas do Brasil. lho, materiais de construção e recursos da CBIC.
pública; o Ministério da Ciência, Tec-
nologia, Inovações e Comunicações; o
Ministério das Cidades; o Ministério da
Defesa (representado pelo Exército); o
Ministério do Planejamento, Desen-
Essa estratégia compartilhada comunica efetivamente
volvimento e Gestão; e a Secretaria- o comprometimento do governo com o BIM Théo Lima
-Geral da Presidência da República.
Subordinado ao comitê, foi criado NIZAR LAMBERT RAAD, diretor do MDIC

IMPRIMIR UMA CASA

A OBRA TODA NO COMPUTADOR


CONSTRUIR NO GALPÃO, MONTAR NO CANTEIRO

ZERO RESÍDUO, ZERO DESPERDÍCIO

#'ff# ,

CONSTRUIR NAO SERA COMO ANTES

A CBIC e o SENAI unem esforços para disseminar inovação e tecnologia que


proporcionem a evolução da indústria da construção brasileira, induzindo,
=����==��� assim, um novo ciclo de desenvolvimento, alinhado às mudanças que já estão aí. ���

,. . ,. , ,. ,
ESPECIAL Tecnologia na Construção 6

Trimble (Tekla Structures)


Autodesk
Autodesk

Nemetschek (Vectorworks)
Projetos executados com o BIM

Inovação traz impacto


positivo nos negócios
Empresários da A Contier Arquitetura, de São Pau- O diretor da Itaúba Incorporações e proposta. Dessa forma, ganha-se mais do mais informações. Digamos que
construção relatam lo, foi a pioneira no uso da plataforma Construções, José Eugênio Gizzi, afirma precisão no preço, podendo determinar o fato de eu não reter trabalho possa
no País, em 2002. O diretor da em- que o planejamento sempre foi um as- melhor a sua margem de lucro”, diz o ser um lucro”, afirma Contier.
melhorias após o uso presa, Luiz Contier, diz que o maior pecto importante na cultura da sua em- diretor da Itaúba. Gizzi afirma ainda que, O diretor da Itaúba diz que, com
do BIM problema na adoção de processos tão presa antes de adotar o BIM, em 2016. com os negócios obtidos recentemente, os negócios obtidos recentemente,

M
arrojados está na mudança de fluxo Segundo ele, isso foi fundamental para o investimento se pagou por inteiro. o investimento se pagou por inteiro.
udança de cultura in- de trabalho, principalmente em re- que a equipe assimilasse os processos “O BIM deve sempre ser visto como
terna, valores altos lação a outros participantes, como sem maiores traumas. Gizzi lembra que, RETORNO GARANTIDO investimento”, ressalta.
para aquisição de equi- empreendedores, contratantes ou antes da utilização do BIM, era mais di- Os empresários do setor da construção “O BIM é o presente, é a reali-
pamentos e progra- projetistas, e não nas relações inter- fícil apresentar uma proposta técnica que abraçaram a tecnologia são unâ- dade”, diz Paulo Sanchez, da Sinco.
mas e ainda dificuldade da equipe nas, com a própria equipe. com um detalhamento razoável. “Isso nimes em dizer que ela trouxe mais “Quem não souber projetar com ele
na absorção dos novos processos. Para o empresário, 2011 foi ano de melhora a produtividade e otimiza os negócios e lucro às suas empresas. vai ficar fora do mercado muito rapi-
Todos esses são fatores que podem um marco no Brasil, quando a Petro- seus recursos, sejam eles humanos, se- “Tenho projetos com menos erros, damente, e os contratantes já estão
ser enfrentados por quem resolve bras fez a primeira licitação que exigia jam equipamentos, para o bem da sua que geram menos trabalho, conten- percebendo a diferença.”
adotar o BIM no setor da constru- BIM, para a obra da sede da estatal em
ção. No entanto, empresários que Santos (SP). A Contier ganhou essa
abraçaram a inovação relatam que, licitação, deixando público, a partir
depois dessa virada, seus negócios
nunca mais foram os mesmos.
daquele momento, que existia um
processo de disseminação da tecno- Por dentro • Os modelos gerados são • É possível acompanhar
logia no Brasil, e que o escritório tinha
experiência na sua utilização. da nova em 3D, combinando objetos
que correspondem aos
passos e etapas de uma obra
ao longo da sua execução,

MAIS SATISFAÇÃO
E VISIBILIDADE
tecnologia componentes usados na obra
real e permitindo a visualização
de cada etapa, como se fosse
além de gerar documentos
de manutenção para serem
usados depois do seu
O BIM é o A visibilidade do que é feito nas obras uma “construção virtual”. término.
é o principal impacto para os clientes, • BIM é a sigla para Building
presente, é segundo Paulo Sanchez, que também Information Modeling, ou • Esses objetos virtuais • As atividades feitas com
a realidade. vê um aumento claro na satisfação de
quem contrata sua empresa, a Sinco.
Modelagem de Informações
da Construção, um conjunto
(como, por exemplo, portas,
janelas e colunas) incluem
o BIM são colaborativas
e compartilhadas entre
Quem não “Antes entregávamos apenas o pré- de tecnologias, processos medidas, especificações e as partes envolvidas
dio construído, agora entregamos e políticas que permite materiais constituintes, e se no projeto ­­­— sejam
souber projetar virtualmente construído. Então você projetar, construir e operar autoajustam ao ambiente em construtores, contratantes
com ele vai sabe mês a mês as atividades que vão
ser executadas”, afirma.
uma edificação ou instalação
desde o seu planejamento até
que estão inseridos. ou fornecedores.

ficar fora do A maior transparência na realização o pós-entrega. • Os dados estruturados • As obras tornam-se mais
das atividades é outro aspecto que, podem ser visualizados sustentáveis, pois o seu
mercado muito para o diretor da Sinco, marcou uma • Vários softwares compõem de várias maneiras, planejamento é detalhado,
rapidamente diferença entre antes e depois da im-
plementação dos processos BIM. Para
a sua lógica, atendendo às
diferentes necessidades
sejam desenhos (plantas,
cortes, fachadas), listas de
evitando desperdício de
material e trazendo maior
Sanchez, essa percepção por parte dos ligadas ao setor da quantidades ou imagens economia e precisão para
PAULO SANCHEZ , clientes foi determinante para a con- construção. renderizadas. executar orçamentos.
presidente da Sinco quista de mercado da empresa.

Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.


7

CBIC defende adoção do BIM


como política de Estado
Entidade prepara pauta
a ser entregue aos Martins fala na abertura do
seminário da CBIC, ao lado de
presidenciáveis
Dionyzio Klavdianos, Gianna

U
Sagazio e do deputado Júlio Lopes
ma gama de processos
(da esquerda para a direita)
essenciais para a moder-
nização do setor da cons-
trução, o BIM não deve ser
adotado apenas por um governo ou
grupo de empresas, mas se tornar
uma política de Estado. Essa foi a
posição defendida pelo presidente
da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC), José Carlos Mar-
tins, ao fim do seminário organizado
pela entidade, em correalização com
o Senai Nacional, visando divulgar o
BIM junto ao setor público e à indús-
tria da construção.
No evento realizado no último dia
15, em Brasília, Martins afirmou que o
BIM será consolidado como parte de
uma pauta. A CBIC pretende solidifi-
car sua ideia de disseminar e demo-
cratizar a adoção desses processos,
durante o 90º Encontro Nacional da
Indústria da Construção (ENIC), em
Florianópolis (SC). “Não podemos fi-
Théo Lima

car sujeitos à troca de governo, quan-


do o foco muda e se abandona o que
foi feito, começando tudo de novo”,
disse o presidente da CBIC. “Temos ESTRATÉGIA INTEGRADA opinião de Martins, o momento atual como pessoas, como famílias, como metida em fazer essas ações trabalha-
que colocar isso na pauta dos presi- “Temos defendido há tempos essa pro- da economia brasileira exige a retoma- cidadãos”, afirmou. rem em coalizão. “Já que a mudança
denciáveis. Precisamos transformar posta de um comitê estratégico inter- da do investimento, que sempre fica re- O presidente da CBIC vê no Brasil é inevitável, você quer ser refém ou
em política de Estado o que hoje é ministerial. Hoje se fazem obras em 29 legado ao segundo plano, segundo ele, muitas ações no sentido de adoção protagonista? A CBIC optou por ser
opção de um governo”, afirmou ele, ministérios e um não fala com o outro, em períodos de ajuste macroeconômi- universal do BIM, mas, segundo ele, protagonista, para que não chegue
em referência à criação, no ano pas- cada um tem seu manual de controle, co. “Temos que entrar em um ciclo de essas iniciativas ainda não estão con- um novo governo, seja prefeitura,
sado, do Comitê Estratégico de Im- não existem diretrizes básicas”, afirmou investimento baseado em tecnologia, vergindo, o que, em sua opinião, é seja governo estadual ou a Presidên-
plementação do BIM, por meio de ele às mais de 130 pessoas presentes em coisas bem-feitas, transparência, um desperdício de energia. Martins cia, e mude o foco de novo, e tudo
decreto presidencial. no auditório do hotel Royal Tulip. Na seriedade, esses princípios que temos afirmou que a entidade está compro- que se tem feito se perca”, disse.
ESPECIAL Tecnologia na Construção

BIM é aposta para a retomada


do setor da construção
Presidente da CBIC, José Carlos Martins, afirma que momento é ideal para começar implementação da plataforma em toda a cadeia

O
BIM, conjunto de processos
tecnológicos que oferece Como fazer com que toda a
ao usuário o acompanha- cadeia da construção no Brasil
mento online de todas as entenda a importância dessa
etapas da execução de um empreen- ferramenta para seus negócios?
dimento na construção civil, com visu- É preciso trabalhar ao longo do
alização em 3D e mais inteligente que tempo, em um processo evolutivo,
outras plataformas, pode ser a gran- para que nessa cadeia não faltem
de saída para a crise do mercado da elos. Logicamente isso é muito
construção no Brasil, pela eficiência e difícil no início, mas é importante
inovação que ele agrega aos projetos. verticalizar os fornecedores, ou
É no que acredita José Carlos Mar- seja, todos têm que estar bem
tins, presidente da Câmara Brasileira adaptados: o seu fornecedor de
da Indústria da Construção (CBIC). material, o seu projetista, a pessoa
Para ele, é fundamental garantir que que faz o controle. Não adianta eu
toda a cadeia do setor esteja adap- querer projetar em BIM se o meu
tada aos processos BIM, e não so- fornecedor de portas não tem na
mente as construtoras. “Não adianta sua biblioteca um modelo que eu
eu querer projetar em BIM se o meu possa encaixar no meu projeto.
fornecedor de portas não tem um
modelo que eu possa encaixar no O Brasil ainda enfrenta os efeitos
meu projeto”, afirma. da crise que começou em 2015,
Engenheiro civil formado pela Uni- mesmo que a situação já esteja
versidade Federal do Paraná e mem- melhorando. O senhor acredita
bro do Conselho de Desenvolvimento que esse seja o momento para
Econômico e Social (CDES) da Presi- investir no País?
dência da República, o presidente da Não tenho dúvida. A retomada
CBIC diz ainda que o País vive o mo- do investimento, dentro do
mento ideal para buscar a capacitação nosso modelo econômico, vai
de profissionais e a mudança de cul- ter algumas características. Uma
tura das empresas, no sentido de im- delas é a concorrência acirrada, e
plementar novas tecnologias e buscar quem estiver mais bem preparado
maior competitividade. Acompanhe José Carlos Martins, tecnologicamente terá mais
os principais trechos da entrevista. presidente da CBIC espaço para trabalhar. Mas você
  não consegue colocar essas novas
Por que a CBIC aposta tanto no tecnologias em funcionamento do
sucesso do BIM no Brasil? Quais as principais necessidades ele faz é trabalhar as informações que ainda há essa resistência do dia para a noite. Elas demandam
Porque é uma ferramenta que da construção civil do relacionadas à obra de maneira mercado brasileiro? capacitação, mudança de cultura
melhora a gestão, que dá mais mercado brasileiro? que outras ferramentas menos É aquela questão: se não tem das empresas, melhoria de
transparência e eficiência no A qualidade dos projetos e a melhoria inovadoras não conseguem. mercado, não tem profissional; processos, e fazer isso é mais fácil
controle da obra. Isso diminui de gestão da obra, principalmente. O resultado disso é a melhor se não tem profissional, não tem quando a atividade econômica está
custos, o que é bom para todo Como se trata de um processo que qualidade do projeto, da mercado. Nós entendemos que, mais devagar do que quando ela
mundo. Em alguns países, estima-se integra custo, tempo, manutenção fiscalização e do produto final. nesse momento, é necessário criar está em pleno vapor. Então essa é a
que o custo dos empreendimentos e compatibilidade dos vários tipos um mercado em que as empresas hora de investir, de aprender a lidar
com a implantação do processo BIM de projetos, é possível melhorar Uma das principais resistências busquem a capacitação de seus com essas novas ferramentas, essas
possa diminuir em até 20%. Além muitíssimo o resultado final e também em usar essa tecnologia, funcionários, fazendo com que novas tecnologias. 
disso, ao aperfeiçoar a qualidade o preço do seu produto com o BIM. segundo arquitetos, é que muitos fornecedores e muitos
dos projetos, consequentemente poucos profissionais usam profissionais trabalhem com Como o BIM pode
a qualidade do produto também A plataforma é capaz de melhorar a plataforma, o que acaba o BIM. Por isso, a CBIC está tão ajudar na questão da
aumenta. Com a indústria sozinha a eficiência de uma obra? impactando na compatibilização envolvida e mobilizada em transparência das Parcerias
da construção cada vez mais Logicamente o BIM não pode vir de projetos (ou seja, a análise que se democratize e se dissemine Público-Privadas (PPPs)?
preocupada com isso, a aposta é sozinho. Ele é um conjunto de que sobrepõe os diferentes essa tecnologia. E temos tido no Ele é importantíssimo no aspecto
que essa seja a grande plataforma processos, e sobre ele você aplica projetos que compõem uma obra Senai Nacional o parceiro ideal da transparência, porque deixa
de modernização do setor.  várias outras tecnologias. O que para encontrar soluções). Por para esse objetivo. muito explícito quando um projeto
está mal feito, ou seja, quando
ele abre espaço para problemas
futuros, como aditivos de contratos,
algo que tanto se critica nas obras
públicas no Brasil.
Dia desses eu visitei o dono de
Como se trata de uma ferramenta uma empresa de construção, e ele
que integra custo, tempo, manutenção me contou que, ao utilizar o BIM a
partir de uma determinada etapa
e compatibilidade dos vários tipos da obra, ficou evidente que a viga
havia sido colocada antes do pilar,
de projetos, é possível melhorar um erro que não existiria se ele
muitíssimo o resultado final tivesse sido utilizado desde o início.
Esse é um exemplo de que,
e também o preço do seu produto quando você vai modelando e
estudando sua obra por meio
JOSÉ CARLOS MARTINS, presidente da CBIC do BIM desde o início, você tem
a certeza de que o processo de
construção está sendo feito da
maneira correta.
iStock

É possível dizer que


o BIM pode tornar uma
obra mais sustentável?
Certamente. Quando se fala em
sustentabilidade, há dois tipos
de problemas: um deles são os
resíduos, que sobram de uma
construção, e o outro são as perdas
decorrentes da obra mal feita –
por exemplo, quando uma parede
é mal compatibilizada com uma
viga e alguém usa reboco para
ajustá-la. Quando você utiliza o
BIM, a sua obra fica mais precisa
e a quantidade de erros diminui,
colocando em prática o conceito
de lean construction (“construção
enxuta”, em inglês) e melhorando
enormemente as práticas
de sustentabilidade.

Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.

Você também pode gostar