Você está na página 1de 4

ARTE E CLARIVIDÊNCIA

Aleister Crowley

Sothis Publicações
www.sothis.com.br
2004 e.v.
AR T E E CL AR I VI D Ê N CI A

Al ei s t er Cr ow l ey

A potência do clar ividente s ubs tituiu a fé impuls ionada por S ão Paula como " a
evidência das cois as não vis tas ." 'no que é compar ativamente fácil obter a vis ta
inter na.

O er r o que foi feito é que ele es per ou ver o mundo mater ial com s eus olhos as tr al;
e is to não pode s er feito a menos que o cor po as tr al for des mater ializ ado, ou s ej a,
tr az ido par a o s eu plano de or igem. S e você quis er faz er uma viagem as tr al você
pr imeir amente pr ecis a dar for ma ao cor po as tr al e par a daí então viaj ar ao lugar
des ej ado. Quando você lá es tiver , você deve encontr ar mater ial s uficiente par a
cons tr uir um cor po fís ico. As s im que es te es tiver pr onto, você poder á ver com tal
clar ez a como s e es tives s e viaj ado fis icamente par a lá. Então inver tendo o pr oces s o
você volta o s eu pr ópr io cor po com a infor mação des ej ada. Não s e pode clar amente
compr eender que o mundo as tr al é um lugar com leis pr ópr ias apenas tão r egular es
quanto aqueles que per tencem ao que nós chamamos de mundo mater ial. Na
r ealidade um é tão mater ial quanto o outr o. Há mer amente uma difer ença na
qualidade do mater ial.

Nós não podemos diz er , cons eqüentemente, que a cor e a for ma per cebida pelo
clar ividente s ão r ealmente idênticos em s ua natur ez a com aquela per cebida pelo
olho fís ico. Contudo há alguma analogia ou s imilar idade; e não há nenhuma r az ão
par ticular por que o mundo as tr al não deve s er r epr es entado de maneir a plás tica.
As tentativas de faz er is to for am feitas por clar ividentes no começo da his tór ia. O
mais bem s ucedidos têm no todo s ido de car acter es pur amente hier oglíficos ou
s imbólicos . Os tes tes padr ões geométr icos e palavr as s acr adas e númer os for am
us ados pelos melhor es videntes , inter pr etando talvez não ex atamente o que foi
vis to, mas na ver dade do que foi vis to. As tentativas de faz er uma inter pr etação
dir eta não tem s ido bem s ucedidas , mas as r az ões dis s o não for am a
impos s ibilidade da tar efa. Não foi a falta bons clar ividentes ; foi a falta de bons
ar tis tas . Nós não podemos diz er que há de todo uma incompatibilidade entr e as
duas for mas . De fato, os maior es ar tis tas pos s uír am quas e s empr e um toque de
mis ticis mo.

Podemos diz er a r es peito da palavr a que mes mo a pr ópr ia ar te é car áter mís tica,
des de dos quadr os mais r ealís ticos de pintor es aos fatos fís icos que diante de s eus
olhos r etr atam a ver dade da belez a. Um quadr o bom é s empr e r etr ata algo mais do
que o modêlo or iginal.

Numa ex ibição feita pelo S r . Enger s K ennedy, nós temos uma tentativa muito
definitiva de r etr atar o que é vis to pela vis ão es pir itual, e o r es ultado pode s er
des cr ito como ex tr emamente bem s ucedido por que o ar tis ta é um bom ar tis ta.
Es tes quadr os podem s er vis tos com pr az er do ponto de vis ta pur amente es tético.
I s to nào é um es for ço par a faz er com que as pes s oas s e inter es s em por quadr os .
Es tão em s eus pr ópr ios mér itos compr eendê- los . Mas s er ia inútil negar que de
minha par te ex is ta um inter es s e s upr emo pela r es pr es entação do car áter ou do
modo que os modêlos s ão r etr atados atr avés dos meios s imples de us ar as cor es e
as for mas s imbólicos per cebidos pelo olho es pir itual como fundo. Nós não
neces s itamos entr ar em detalhes da natur ez a do método empr egado. Es tes
quadr os devem s er vis tos par a s er apr eciados pelo s eu conteúdo. Mas é cer tamente
pos s ível pr ediz er um gr ande modis mo par a as pintur as ar tís ticas . T odos dever iam
natur almente des ej ar uma r epr es entação de for ma per manente do s eu " eu" inter no
as s im como do s eu cor po ex ter ior .
Sothis Publicações
www.sothis.com.br

Copyright © 2004 e.v. Sothis Publicações


Todos os Direitos Reservados

Você também pode gostar