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Como Utilizar Tecnologias Na Escola
Como Utilizar Tecnologias Na Escola
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As tecnologias nos ajudam a encontrar o que está consolidado e a organizar o que está
confuso, caótico, disperso. Por isso é tão importante dominar ferramentas de busca da informação e
saber interpretar o que se escolhe, adaptá-lo ao contexto pessoal e regional e situar cada
informação dentro do universo de referências pessoais.
Muitos se satisfazem com os primeiros resultados de uma pesquisa. Pensam que basta ler para
compreender. A pesquisa é um primeiro passo para entender, comparar, escolher, avaliar,
contextualizar, aplicar de alguma forma.
Cada vez temos mais informação e não necessariamente mais conhecimento. Quanto mais fácil
é achar o que queremos, mais tendemos a acomodar-nos na preguiça dos primeiros resultados, na
leitura superficial de alguns tópicos, na dispersão das muitas janelas que abrimos simultaneamente.
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Hoje consumimos muita informação Não quer dizer que conheçamos mais e que tenhamos mais
sabedoria - que é o conhecimento vivenciado com ética, praticado. Pela educação de qualidade
avançamos mais rapidamente da informação para o conhecimento e pela aprendizagem continuada e
profunda chegamos à sabedoria.
O educador continua sendo importante, não como informador nem como papagaio repetidor de
informações prontas, mas como mediador e organizador de processos. O professor é um pesquisador
– junto com os alunos – e articulador de aprendizagens ativas, um conselheiro de pessoas
diferentes, um avaliador dos resultados. O papel dele é mais nobre, menos repetitivo e mais criativo
do que na escola convencional.
A variedade de informações sobre qualquer assunto, num primeiro momento, fascina, mas, ao
mesmo tempo, traz inúmeros novos problemas: O que pesquisar? O que vale a pena acessar? Como
avaliar o que tem valor e o que deve ser descartado?. Essa facilidade costuma favorecer a preguiça
do aluno, a busca do resultado pronto, fácil, imediato, chegando até à apropriação do texto do outro.
Além da facilidade de “copiar e colar”, o aluno costuma ler só algumas frases mais importantes e
algumas palavras selecionadas, dificilmente lê um texto completo.
Jakob Nielsen e John Morkes constaram em uma pesquisa que 79 % dos usuários de Internet
sempre lêem palavras ou trechos escolhidos, através de títulos atrativos, enquanto somente 16 %
se detêm na leitura do texto completo [2] .Na França: 85% dos alunos de ensino fundamental (8ª
série) se contentam com os resultados trazidos pelo primeiro site de busca consultados e somente
lêem rapidamente os primeiros três resultados trazidos. Isto quer dizer que a maior parte dos alunos
procura o que é mais fácil, o imediato e o lê de forma fragmentada, superficial. E quanto mais
possibilidades de informação, mais rapidamente tendemos a navegar, a ler pedaços de informação, a
passear por muitas telas de forma superficial.
Por isso, é importante que alunos e professores levantem as principais questões relacionadas
com a pesquisa: Qual é o objetivo da pesquisa e o nível de profundidade da pesquisa desejado?
Quais são as “fontes confiáveis” para obter as informações? Como apresentar as informações
pesquisadas e indicar as fontes de pesquisa nas referências bibliográficas? Como avaliar se a
pesquisa foi realmente feita ou apenas copiada?
Umas das formas de analisar a credibilidade do conteúdo da sua pesquisa é verificar se ele
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está dentro de um portal educacional, no site de uma universidade ou em qualquer outro espaço já
reconhecido. E verificar também a autoria do artigo ou da reportagem.
Pensando mais nos usuários jovens e adultos, Nilsen e Morkes propõem algumas características
que uma página da WEB precisa apresentar para ser efetivamente lida e pesquisada:
- palavras-chave realçadas (links de hipertexto, tipo de fonte e cor funcionam como realce);
- listas indexadas;
- uma informação por parágrafo (os usuários provavelmente pularão informações adicionais, caso
não sejam atraídos pelas palavras iniciais de um parágrafo);
Os usuários não valorizam as afirmações exageradas e subjetivas (tais como "o mais vendido")
tão predominante na WEB hoje em dia. Os leitores preferem dados precisos. Além disso, a
credibilidade é afetada quando os usuários conseguem perceber o exagero.
Além do acesso aos grandes portais de busca e de referência na educação, uma das formas
mais interessantes de desenvolver pesquisa em grupo na Internet é o webquest .
O conceito de Webquest foi criado em 1995, por Bernie Dodge, professor da universidade
estadual da Califórnia, EUA, como proposta metodológica para usar a Internet de forma criativa [3] .
Dodge a define assim a Webquest: "É uma atividade investigativa em que alguma ou toda a
informação com que os alunos interagem provém da Internet." Em geral, uma Webquest é elaborada
pelo professor, para ser solucionada pelos alunos, reunidos em grupos. [4]
A Webquest sempre parte de um tema e propõe uma tarefa, que envolve consultar fontes de
informação especialmente selecionadas pelo professor. Essas fontes (também chamadas de recursos)
podem ser livros, vídeos, e mesmo pessoas a entrevistar, mas normalmente são sites ou páginas na
WEB. É comum que a tarefa exija dos alunos a representação de papéis para promover o contraste
de pontos de vista ou a união de esforços em torno de um objetivo.
Bernie Dodge divide a Webquest em dois tipos, ligados à duração do projeto e à dimensão de
aprendizagem envolvida:
Webquest curta - leva de uma a três aulas para ser explorada pelos alunos e tem como
objetivo a aquisição e integração de conhecimentos.
Webquest longa - leva de uma semana a um mês para ser explorada pelos alunos, em sala
de aula, e tem como objetivo a extensão e o refinamento de conhecimentos.
A webquest propicia a socialização da informação: por estar disponível na Internet, pode ser
utilizada, compartilhada e até reelaborada por alunos e professores de diferentes par tes do mundo.
O problema da pesquisa não está na Internet, mas na maior importância que a escola dá ao
conteúdo programático do que à pesquisa como eixo fundamental da aprendizagem.
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A escola, com as redes eletrônicas, abre-se para o mundo; o aluno e o professor se expõem,
divulgam seus projetos e pesquisas, são avaliados por terceiros, positiva e negativamente. A escola
contribui para divulgar as melhores práticas, ajudando outras escolas a encontrar seus caminhos. A
divulgação hoje faz com que o conhecimento compartilhado acelere as mudanças necessárias e
agilize as trocas entre alunos, professores, instituições. A escola sai do seu casulo, do seu mundinho
e se torna uma instituição onde a comunidade pode aprender contínua e flexivelmente.
Quando focamos mais a aprendizagem dos alunos do que o ensino, a publicação da produção
deles se torna fundamental. Recursos como o portfólio, em que os alunos organizam o que produzem
e o colocam à disposição para consultas, é cada vez mais utilizado. Os blogs, fotologs e videologs são
recursos muito interativos de publicação, com possibilidade de fácil atualização e de participação de
terceiros. São páginas na Internet, fáceis de se desenvolver, e que permitem a participação de
outras pessoas. Começaram no “modo texto”, depois evoluíram para a apresentação de fotos,
desenhos e outras imagens e, atualmente, estão na fase do vídeo. Professores e alunos podem
gravar vídeos curtos, com câmeras digitais, e disponibilizá-los como ilustração de um evento ou
pesquisa.
Os blogs, flogs (fotologs ou videologs) são utilizados mais pelos alunos do que pelos
professores, principalmente como espaço de divulgação pessoal, de mostrar a identidade, onde se
misturam narcisismo e exibicionismo, em diversos graus. Atualmente, há um uso crescente dos
blogs por professores dos vários níveis de ensino, incluindo o universitário. Eles permitem a
atualização constante da informação, pelo professor e pelos alunos, favorecem a construção de
projetos e pesquisas individuais e em grupo, e a divulgação de trabalhos. Com a crescente utilização
de imagens, sons e vídeos, os flogs têm tudo para explodir na educação e se integrarem com outras
ferramentas tecnológicas de gestão pedagógica. As grandes plataformas de educação à distância
ainda não descobriram e incorporaram o potencial dos blogs e flogs.
"Os weblogs abrem espaço para a consolidação de novos papéis para alunos e professores no
processo de ensino-aprendizagem, com uma atuação menos diretiva destes e mais participante de
todos." A professora Gutiérrez lembra que os blogs registram a concepção do projeto e os detalhes
de todas as suas fases, o que incentiva e facilita os trabalhos interdisciplinares e transdisciplinares.
"Pode-se assim, dar alternativas interativas e suporte a projetos que envolvam a escola e até
famílias e comunidade." [6] Os blogs também são importantes para aprender a pesquisar juntos e a
publicar os resultados.
A Internet tem hoje inúmeros recursos que combinam publicação e interação, por meio de
listas, fóruns, chats, blogs. Existem portais de publicação mediados, em que há algum tipo de
controle, e outros abertos, baseados na colaboração de voluntários. O site www.wikipedia.org/
apresenta um dos esforços mais notáveis, no mundo inteiro, de divulgação do conhecimento.
Milhares de pessoas contribuem para a elaboração de enciclopédias sobre todos os temas, em várias
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línguas. Qualquer indivíduo pode publicar e editar o que as outras pessoas escreveram. Só em
português foram divulgados mais de 30 mil artigos na wikipedia. Com todos os problemas
envolvidos, a idéia de que o conhecimento pode ser co-produzido e divulgado é revolucionária e
nunca antes havia sido tentada da mesma forma e em grande escala. Aqui, contudo, professores e
alunos precisam validar a fonte, pois algumas vezes há informações incorretas.
São muitas as possibilidades de utilização dos blogs na escola. Primeiro, pela facilidade de
publicação, que não exige nenhum tipo de conhecimento tecnológico dos usuários, e segundo, pelo
grande atrativo que estas páginas exercem sobre os jovens. "É preciso apenas que os professores se
apropriem dessa linguagem e explorem com seus alunos as várias possibilidades deste novo
ambiente de aprendizagem. O professor não pode ficar fora desse contexto, deste mundo virtual que
seus alunos dominam. Mas cabe a ele direcionar suas aulas, aproveitando o que a internet pode
oferecer de melhor", afirma a educadora Gládis Leal dos Santos. [10]
Palloff e Pratt [11] afirmam que as chaves para a obtenção de uma aprendizagem em
comunidade, bem como uma facilitação on-line bem sucedida, são simples, tais como: honestidade,
correspondência, pertinência, respeito, franqueza e autonomia, elementos sem os quais não há
possibilidade de se atingir os objetivos de ensino propostos.
[*] Este texto faz parte do meu livro A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá
(4ª ed, Papirus, 2009, p. 101-111)
[3] Uma das formas de organizar pesquisas em grupos de forma colaborativa é utilizando o Webquest, criado por Bernie Dodge, da
Universidade de São Diego. Páginas interessantes sobre o essa metodologia estão em www.webquest.futuro.usp.br, webquest.sp.senac.br/ e
www.sgci.mec.es/br/cv/webquest.
[5] Vale a pena ler o capítulo "Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente" do livro Novas tecnologias e mediação
pedagógica de José Manuel MORAN, Marcos MASETTO e Marilda BEHRENS. 12ª ed.Campinas: Papirus, 2006. Também é interessante o livro de
Goéry Delacôte, Enseñar y aprender com nuevos métodos. Barcelona, Gedisa editorial, 1996.
[6] Priscilla Brossi GUTIERREZ. Blogs na sala de aula; Cresce o uso pedagógico da ferram enta de publicação de textos na Internet. In
http://www.educarede.org.br/educa/revista_educarede/especiais.cfm?id_especial=221
[8] http://pt.wikipedia.org/wiki/Wiki
[9] Através de um arquivo RSS os autores desses programas de rádio caseiros disponibilizam aos seus "ouvintes" possibilidade de ouvir ou
baixar os novos "programas", utilizando softwares como o Ipodder é possível baixar os novos programas automaticamente, até mesmo sem
precisar acessar o site do autor, podendo gravá-los depois em aparelhos de mp3, CDs ou DVDs e ouvir quando quiser.
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