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SUMÁRIO
Seus dois primeiros artigos dão destaque, sobretudo, a aspectos teóricos relativos ao tema,
enquanto, nos demais, os autores analisam cases de sucesso da EAD nas corporações onde atuam
ou atuaram.
A seguir, sob forma de entrevista, Maria Tereza L. Fleury, diretora da Eaesp e professora da
FEA/USP, apresenta o conceito de global mindset, e expõe a necessidade de desenvolver os
atributos que o integram no profissional que hoje atua em cargos de liderança e sobre o modo
como a EAD pode contribuir para o desenvolvimento do global mindset na cultura de uma
empresa. A entrevista foi concedida a Juliana Alvim de Oliveira.
O artigo seguinte, elaborado por Antonio Augusto dos Santos, Alexandre Marino, Marcos Tanure,
Rafael Moré e Fabrício Foganhole, professores, pesquisadores e, em sua maioria, profissionais
ligados à Universidade Corporativa do Banco do Brasil (UniBB), mostra a contribuição da UniBB na
gestão e no financiamento do projeto-piloto da Universidade Aberta do Brasil e o papel
desempenhado pela EAD na metodologia de ensino do mesmo projeto.
Por fim, a jornalista e professora do FGV Online Cristina Massari apresenta a resenha da obra The
next generation of corporate universities, que reúne uma seleção de artigos organizados por Mark
Allen, com abordagens inovadoras para o desenvolvimento de pessoas e para expandir as
capacidades organizacionais. A resenha se concentra no desafiador texto Splendid learning: why
ank, que questiona a valorização excessiva dos recursos
tecnológicos no e-learning em detrimento do aprendizado.
Explorando a complementaridade dos temas expostos, convidamos você não só a participar deste
canal de difusão do conhecimento acadêmico como leitor, mas também como autor. A Revista
FGV Online está aberta a sua contribuição e suas sugestões. Com edições temáticas semestrais,
nosso próximo número versará sobre Práticas inovadoras em Ensino a Distância.
Boa leitura!
Universidades Corporativas: as trilhas em meio a novos caminhos
Resumo
Palavras-chave
Abstract
Considering the rising of a new scenery in which knowledge management and the new
information and communication technologies play striking role in corporate education
nowadays, this article intends to explore the possibilities of the so-called corporate universities
facing the new challenges presented to the organizational learning processes, with a real and
immediate possibility of adding value and creating competitive edge to the organizations.
Keywords
Tempo de mudanças
O primeiro deles refere-se ao fato de o conhecimento estar voltado para o futuro. Isso
significa que o conhecimento possibilita, ainda que de forma indireta, a entrega de valor ao
cliente, que usufrui dos benefícios decorrentes do uso desses produtos e serviços aos quais o
conhecimento agregou inovação e melhorias.
1
CARBONE, 2005.
construção e na reconstrução contínua de conhecimento, buscando alimentar um ciclo perene
de inovação, o que constitui hoje o grande desafio da educação corporativa.
momento social e econômico. O mundo vive hoje uma nova economia, a da Sociedade do
Conhecimento, em que o fator imprescindível é a manutenção da competitividade.
Hoje, no mundo, existem Universidades Corporativas que vão desde aquelas que
possuem vocação para a uniformização, como a UC da Motorola, que padronizou os mínimos
detalhes de todas as suas unidades de treinamento, até aquelas radicalmente descentralizadas
2
RENAUD-COULON, 2008.
como a GDF-Suez, cuja sede, em Paris, pode simplesmente influenciar e não impor programas
locais em seus campi ao redor do mundo.
Vemos UCs que começaram há pouco seus investimentos e não são unidades
autônomas de negócios como muitas ainda hoje no Brasil e UCs, como a Infosys Global
Education Center, em Delhi, que já investiram em sua UC mais de 120 milhões de dólares,
com previsão de expansão com investimentos de mais 150 milhões.
Importa dizer que o crescimento das UCs está intrinsicamente ligado a um cenário em
que a explicitação e a sistematização da gestão do conhecimento e do aprendizado
organizacional impõem-nos hoje o desafio da atuação conjunta, em novas frentes, visando ao
desenvolvimento, à alavancagem e à proteção do capital intelectual das empresas, porque, a
cada dia, o fluxo da criação e da utilização do conhecimento torna-se mais importante para
empresas que se dedicam a entregar valor aos clientes e se diferenciar da concorrência.
Uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company3 mostrou que, nos países em
desenvolvimento, apenas 25% de novos engenheiros, apenas 15% de novos profissionais na
área de finanças e apenas 10% da totalidade dos outros profissionais recém-formados estão
adequadamente preparados para trabalhar em empresas multinacionais. Ou seja, existe uma
distância algumas vezes como mostram os números um abismo entre a formação regular e
a empregabilidade, e um dos papéis da educação corporativa é justamente corrigir essa
distância. Segundo o Prof. Vijay Govindarajan, da Tuck School of Management, Darthmouth:
3
MARGOLIS, 2010.
4
Ibidem idem.
Aprendizado organizacional: os novos desafios
Nesse contexto, a noção de aprendizagem também não poderia mais ser a mesma do
contexto dos antigos departamentos de treinamento. As seguintes palavras de Pedro Demo
expressam muito bem o que nós precisamos buscar nesses novos processos de aprendizagem:
prender é profundamente competência de desenhar o destino próprio, de inventar um
5
Demo nos lembra que o processo de aprendizagem deve estar comprometido com a
formação da competência humana para a autonomia solidária, um processo em que a aula
presencial ou virtual acaba tornando-se um expediente secundário e onde, ainda, a aula
meramente reprodutiva é capaz de assassinar a autonomia. Nesse sentido, o que importa nos
processos de aprendizagem é o compromisso com a gestão da autonomia do sujeito.
Desse modo, nossa influência, não importam os meios, deve almejar que os
participantes desse processo sejam capazes de lidar crítica e criativamente com o
conhecimento, indo
competência humana para viver em ambientes abertos, desenhando futuros que não se
6
O que nos mostra nossa prática docente hoje? Ela nos mostra que nossos cursos de
graduação e pós-graduação deslizam muito facilmente para o acúmulo linear de informação e
que eles também são facilmente aprisionados na rigidez de currículos anacrônicos, de
experiências burocráticas e tecnicistas, o que dificulta, cada vez mais, a preparação das
pessoas para atuação pronta e eficaz no mercado de trabalho. Na verdade, é preciso acreditar
que todos nós devemos esperar e oferecer mais.
5
DEMO, 2000.
6
Ibidem idem.
No processo de aprendizagem corporativa, devemos acreditar que o participante
interessado em saber pensar, em desenvolver competências de seu ambiente de negócios em
lugar apenas de atualizar qualificações técnicas, depois de já ter experimentado os limites,
deseja os desafios, quer o esboço para o futuro...
Desenvolvimento de competências
7
-se por competência profissional a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e
da
Resolução CNE/CEB N° 04/99)
Competência é muito mais do que isso. Competência é a capacidade de apresentar
soluções amparadas pelos conhecimentos adquiridos. Competência é um conjunto de
atributos, que estão articulados a conhecimentos, valores, habilidades, atitudes, história de
vida, experiências, crenças que se trançam na rede que expressa o desempenho possível de
cada pessoa. Portanto, a competência não pode ser reduzida a know-how específico, pois ela
envolve história de vida, socialização, formação educacional, experiência profissional. São elas:
O segundo é aprender a fazer, uma vez que conhecer e fazer são, em larga medida,
indissociáveis. Em economias crescentemente tecnificadas, em que a economia informal é
constante, deixa-se a noção relativamente simples de qualificação profissional e passa-se para
outra noção, mais ampla e sofisticada, de competências, capaz de tornar as pessoas aptas a
enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe.
O quarto é aprender a ser: a Comissão reafirmou que a educação deve contribuir para
o desenvolvimento total da pessoa. Desse modo, cabe à educação preparar não para a
sociedade do presente, mas criar um referencial de valores e de meios para compreender e
atuar em sociedades que dificilmente imaginamos como serão.
8
DELORS, 1996.
Outra injunção possível, que também se encontra alinhada com os quatro pilares de
educação da Unesco, é a proposta dos níveis de domínio de desempenho em estratégias de
aprendizado, de Marc Rosenberg.9 Segundo o autor, muitas organizações estão descobrindo
que o modo como as pessoas aprendem frequentemente varia em função de seus níveis de
expertise, que ele lista como quatro: novato, competente, experiente e especialista.
No primeiro nível, segundo ele, o trabalhador mais novo e que ainda conhece pouco,
geralmente, precisa de soluções de aprendizagem mais formais e estruturadas, porque sua
estratégia principal de aprendizagem é mostre-me como.
9
ROSENBERG, 2006.
iniciante conhecedor experiente especialista
O que é interessante nessa proposição de Rosenberg é que, conforme um profissional
vai adquirindo mais expertise, a ele devem direcionar-se estratégias de aprendizagem mais
informais, mais personalizadas em função das especificidades de suas funções e mais
adequadas a suas necessidades individuais de aprendizagem. Além disso, um profissional pode
ser um iniciante em uma determinada área de seu trabalho, mas experiente em uma outra, por
exemplo, o que acrescenta mais um problematizador nas ofertas de aprendizagem de uma UC.
Como cada trilha de aprendizagem sinaliza os caminhos que devem ser percorridos,
sua estrutura deve ser ágil e flexível, de modo a responder às mudanças que desafiam o
mundo do trabalho. Para dar conta desse movimento, as organizações devem descrever suas
áreas, bem como conhecer e reconhecer as ações nelas geradas. Tal conhecimento possibilita
configurar os itinerários formativos, ou seja, os caminhos que cada colaborador deve percorrer
em seu processo de formação, capacitação e atualização.
Desse modo, a trilha de aprendizagem é um instrumento que possibilita:
incentivar e divulgar a cultura do autodesenvolvimento;
aumentar os padrões de desempenho e qualidade;
estabelecer a gestão do conhecimento;
dispor permanentemente de profissionais capacitados;
oferecer treinamentos direcionados aos negócios da empresa;
proporcionar a educação continuada.
Além disso, a trilha de desenvolvimento deve ser flexível e apresentar aos colabores da
Universidade Corporativa um mapa de opções capaz de responder às seguintes questões:
Como? Por quem? e Quem?, utilizando-se de diversas formas de aprendizagem. A navegação
pelas trilhas pode ser livre ou possuir elementos obrigatórios e sequenciais. Seu foco,
entretanto, em qualquer circunstância é sempre o autodesenvolvimento de seus usuários.
As fontes geradoras de conteúdo para as trilhas são várias. Dentre elas destacam-se:
os especialistas internos da organização;
especialistas externos à organização;
direcionamento estratégico da organização;
os planos de acompanhamento de desempenho individual;
inventários interno e externo à organização;
disciplinas de possíveis parceiros.
Modelagem e gestão de UCs no FGV Online
Interface acadêmico-organizacional
Podemos utilizar a seguinte metáfora para explicar essa relação: a organização é uma
grande tela de tapeçaria em branco, em que o mapeamento de competências e a atuação dos
especialistas constroem o desenho, as linhas e as cores desse esboço de tapeçaria na superfície
da tela; o especialista acadêmico é a linha que acrescenta densidade e corpo a essa tapeçaria,
preenchendo os espaços vazios da tela, mas o desenho instrucional é a agulha que combina a
linha nos espaços certos do traçado da tela, selecionando o melhor tipo de ponto para o
desenho esboçado e a linha selecionada.
Desenho final
ALLEN, Mark. The corporate university handbook: designing, managing, and growing a
successful program. New York: AMACOM, 2002.
______. The next generation of corporate universities: innovative approaches for developing
people and expanding organizational capabilities [Pfeiffer Essential Resources for Training and
HR Professionals]. San Francisco: John Wiley & Sons, 2007.
CARBONE, Pedro Paulo et alii. Gestão por competências e gestão do conhecimento. Rio de
Janeiro: FGV, 2005.
DEMO, Pedro. Conhecer e aprender: sabedoria dos limites e desafios. Porto Alegre: ARTMED,
2000.
LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos (Org.). Educação a distância: o estado da arte. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
MARGOLIS, Marc. Corporate learning. Newsweek, september, 20, 2010, New York.
O uso corrente do conceito de global mindset é o agir local, mas com um pensar global, e tem
a ver justamente com a capacidade de se pensar um mundo complexo, um mundo com
culturas diferentes, e como se movimentar, agir e interagir nesse cenário tão diverso e tão
complexo.
Certamente. Porque, inclusive, diferenciam-se dois aspectos desse conceito de global mindset.
Há um aspecto mais estratégico, daquele líder, do gestor que é capaz de pensar um mercado
diferente, observar oportunidades, observar chances de expandir ou de posicionar,
diferentemente, o negócio ou o produto de sua empresa. Mas há também outra dimensão,
que é a dimensão cultural, daquele gestor, daquele líder que é capaz de olhar uma cultura
diferente, compreender, pensar e ter um nível de interação completamente diferente da pessoa
que tem uma cabeça que olha mais para o local. Esse tipo de profissional terá uma chance
muito maior de ascender em sua organização.
Essa é uma pergunta interessante, porque ela tem uma dimensão histórica que deve ser levada
em consideração. O Brasil teve uma economia muito fechada até os anos 90. As nossas
empresas se preocupavam, fundamentalmente, com o mercado interno, quer fossem empresas
nacionais, estatais, multinacionais... Então, o pensar global, para o gestor brasileiro, para o
profissional brasileiro, era uma realidade muito distante. Poucos eram expatriados, poucos
tinham essa vivência global. Entretanto, com toda a abertura que houve nos anos 90, a
reestruturação da economia, as privatizações, a chegada de outras empresas e
internacionalização das empresas brasileiras, essa questão passou a ser extremamente
relevante. Ou seja, o desenvolver desse global mindset virou uma prioridade para as nossas
empresas, quer sejam, novamente, empresas privadas, multinacionais ou públicas.
A educação formal ajuda, e muito. É possível que uma pessoa se desenvolva por meio da
participação em cursos em que se verifica a convivência com pessoas de nacionalidades
diferentes, já que, nesse sentido, ela também se prepara para entender culturas diversificadas.
Mas ainda há a questão da vivência pessoal. Entendo que é preciso combinar educação formal
com a vivência e, fundamentalmente, uma que seja adotada uma atitude de abertura. Há
pessoas que são curiosas, interessadas, que estão se expondo sempre a outras realidades, e
pessoas que preferem ficar em sua zona de conforto. Penso que seja necessário ter esse tipo
de atitude (de abertura).
Sim. Principalmente as empresas que estão competindo numa arena internacional. Elas
valorizam e veem a dificuldade, no seu corpo de profissionais, de contar com esse gestor. Elas
recorrem às escolas de negócios, numa tentativa de desenvolver esse tipo de mentalidade
global (buscando como pode ser desenvolvido esse tipo de mentalidade global). As pessoas (os
profissionais) que, realmente, já desenvolveram o global mindset são muito valorizadas e têm
um cacife muito maior no mercado de trabalho.
Sim. As empresas estão se mostrando preocupadas com isso e elas, então, nos procuram para
esse tipo de projeto. Querem, primeiro, identificar quem são os líderes que apresentam esse
potencial. Elas querem atrelar, inclusive, uma experiência internacional ao projeto de
desenvolvimento, ao plano de carreira desse profissional. Elas incentivam os seus funcionários
não só a se formarem e a procurarem as universidades, as escolas, para esse tipo de formação,
como a vivenciarem esse tipo de experiência até com projetos de expatriação, que podem ser
projetos de curta duração ou mais longos. É algo bastante diferente do que se observava até
algumas décadas atrás. Vejo por minha experiência pessoal. Sou de uma geração em que se
estudava fora e se procurava ter esse tipo de experiência, de residir, de viver no exterior.
Depois, houve toda uma geração que foi muito mais, digamos, acomodada, que se acomodou
também aqueles
profissionais de meio de carreira buscando esse tipo de formação e esse tipo de experiência.
6. Como as escolas de negócios e, mais especificamente, a educação a distância podem
desenvolver o global mindset em seus alunos e preparar líderes do futuro?
Eu acho que é preciso ter programas direcionados para isso. Nós temos, por exemplo, dentro
da FGV/EAESP, um programa que é, justamente, em Gestão Internacional, que é para o aluno
recém-formado. No curso, o aluno passa um ano fora e um ano aqui, e fica com um duplo
diploma, da FGV e de uma universidade estrangeira. Nós temos outros cursos em que os
alunos têm, justamente, o aprendizado de Cross Cultural Management, para se formarem
nessa direção. E temos experiências muito interessantes de programas em que são aliadas
tanto ao ensino a distância quanto ao aprendizado presencial. Por exemplo, temos o
programa One MBA, que é um MBA global, com cinco escolas parceiras, em que os alunos
alternam parte do curso na própria escola, residências em países nas Américas, na Europa e na
Ásia, e um trabalho que é feito usando, justamente, a educação a distância nos intervalos.
Esses trabalhos são feitos por equipes multidisciplinares. Essa é uma experiência fantástica,
porque a pessoa começa a aprender, justamente, a desenvolver projetos com pessoas que
estão em países diferentes, que têm uma mentalidade diferente, que vêm de culturas
diferentes, mas que têm de chegar a um resultado comum. Isso é um treino, em termos
profissionais e de vida, muito interessante. Então, a educação a distância pode prover,
justamente, por meio desses tipos de cursos voltados para essas questões e de atividades que
promovam a interação entre profissionais de diferentes regiões do mundo, uma experiência
muito rica. É claro que é preciso, depois, complementar com o presencial e com a vivência
daquela situação, mas eu acho que a experiência com a EAD já traz um ganho fantástico.
7. Indo um pouco mais além, de que forma a EAD pode contribuir para o
desenvolvimento do global mindset na cultura de uma empresa?
Ela contribui, justamente, na hora em que se promovem cursos específicos sobre o tema,
como, por exemplo, Cross Cultural Management, e também na hora em que a EAD consegue
promover a interação entre pessoas que estão em unidades diferentes, preferencialmente em
regiões e países diferentes, ou até em continentes diferentes. Esse tipo de interação, quando
objetiva o desenvolvimento de um conteúdo técnico, traz ainda uma riqueza de vivências
culturais que é muito positiva. Aprender a trabalhar com um time diverso culturamente e
conseguir, com esse time, dar um resultado positivo é uma experiência muito rica. E a EAD
pode contribuir muito também desenvolvendo competências e desenvolvendo essa
mentalidade global.
UNIVERSIDADE CORPORATIVA DO BANCO DO BRASIL:
RESUMO
A Universidade Corporativa do Banco do Brasil, em conjunto com o Ministério da Educação
(MEC) e de Instituições de Educação Superior (IES), em 2005, resolve apoiar e investir o
projeto-piloto da Universidade Aberta do Brasil. Nesse contexto, é apresentado o projeto-
piloto da Universidade Aberta do Brasil, caracterizando-se a Universidade Corporativa do
Banco do Brasil (UniBB), entidade parceira dessa importante iniciativa de acesso e inclusão da
população à educação superior. A metodologia aplicada ao trabalho se caracteriza como
sendo de pesquisa qualitativa, descritiva e aplicada, onde será apresentado o caso do projeto-
piloto da Universidade Aberta do Brasil, em especial a participação da Universidade
Corporativa do BB. Os resultados da pesquisa demonstram que a Universidade Corporativa do
BB desempenhou importantes papéis na gestão e no financiamento do projeto-piloto,
promovendo diversas articulações com municípios, estados, MEC e estatais brasileiras,
viabilizando, assim, o projeto.
INTRODUÇÃO
virtual), sua finalidade é criar uma força de trabalho de primeira qualidade por meio de
sistematização e organização de informações e experiências de aprendizagem para o
desenvolvimento humano.
Nesse contexto da UC, diversos segmentos da sociedade, a exemplos de bancos
públicos, empresas estatais, autarquias, universidades estaduais, federais e privadas, Ministério
integrantes do segmento da
Educação, buscam firmar parcerias visando à maximização de demanda para a realização de
projetos e a redução de custos. É a partir dessa conscientização que nasce o projeto-piloto da
Universidade Aberta do Brasil (UAB).
O Projeto-piloto representa os primeiros passos na criação e consolidação do Sistema
Universidade Aberta do Brasil, que tem seus esforços atuais na oferta de cursos de licenciatura
para a formação docente, sendo que a parceria do BB pode ser considerada primordial para o
início da UAB, seja por meio de seu financiamento ou ainda por seu conhecimento como UC
na oferta de curso.
Em relação à educação a distância modalidade de ensino que, em razão do uso
intenso e organizado de tecnologias e ferramentas educativas, busca otimizar os processos e
viabilizar a oferta de cursos; e quando aplicada a uma UC, caracteriza-se como modalidade
estratégica para gestores organizacionais no lançamento de cursos , sua utilização pode ser
determinante na viabilização de cursos.
Após breve contextualização do projeto-piloto da Universidade Aberta do Brasil assim
como da participação do BB em sua criação, este artigo tem como objeto de pesquisa o
curso-piloto da UAB. Sendo assim, serão caracterizadas: a Universidade Corporativa do Banco
do Brasil (UniBB), entidade parceira na criação da UAB; e a UAB, uma importante iniciativa de
acesso e de inclusão populacional à educação superior.
Nos capítulos seguintes, pretende-se abordar uma fundamentação teórica que dê
suporte às análises a serem realizadas no decorrer dessa pesquisa além de aproximar o leitor
ao tema. Para que este capítulo seja apresentado de forma clara, decidiu-se separá-lo em duas
seções: Universidade Corporativa e Educação a Distância.
ABM, ABIPTI, ABRAMGE, Abril, Accor, Alcatel, Alcoa Leader Magazine, Light, Lojas Renner, Losango.
Alumínio, Algar, ALL-Logística, AMESP, Amil, AON, Marcopolo, Marinha do Brasil, Martins, Mcdonalds,
ARBRAS, ASSOCIL. Metrô-SP, Microsiga, Monsanto, Motorola.
Banco Central, Banco do Brasil, Banco Real, Bank Natura, Nestlé, Novartis. Oracle, Orbitall, Origem,
Boston, BASF, Bematech, Beneficiência Portuguesa, Oxiteno, Perdigão, Pernambucanas, Petrobrás,
BIC, BNDES, Bompreço, BOSCH, Brasil Telecom/Oi, Piccadilly. Redebahia, Redecard, Rede Globo,
Braskem, Bristol. Renner, Rhodia, Roche.
Sabesp, Sadia, Secretaria de
Carrefour, Caterpillar, CEF, CEPEL, Citigroup, Coca-
Administração/Fazenda/Saúde do Estado da Bahia,
Cola, CONFEA, Correios (ECT), CNI-IEL, Credicard,
Santander, Santista, SEBRAERS, Serasa, SECOVI,
Cruzeiro Esporte Clube, Coelba.Dana, Datasul,
SEMCO, SEPRO, SESI, Siemens, Softway, Souza
DPaschoal.
Cruz, Syngenta.
Elektro, Eletronorte, Eletropaulo, Elevar, Elma
Chips, EMBASA, Embraer, Embratel, Ericson, TAM, Telemar, Telemig Celular, Tigre,
Facchini, FIEC-CE, FIESC-SC, Fischer América, Transportadora América, Tupy Fundições, TV-Bahia
Fleury, Ford. Gessy Lever, Globo, GM, GVT
É importante destacar que uma UC pode ter estrutura física própria ou se utilizar de
espaços da IES conveniadas, aumentando, assim, a dependência da organização em relação às
instituições. Tal decisão implica na redução do custo inicial de investimento em estrutura
física, porém aumenta o custo de utilização da infraestrutura da IES, especialmente quando
para formação de um grande contingente de pessoal. Por fim, destaca-se a formação de
pessoal na modalidade a distância, que pode apresentar benefícios quanto à redução de
custos na utilização de infraestrutura física, seja da própria organização ou das conveniadas.
Apresentada a UC como importante iniciativa de formação de desenvolvimento
humano, principalmente no ambiente organizacional, serão expostos preceitos da educação a
distância no contexto do processo de aprendizagem.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia representa o caminho do pensamento e a prática exercida na
bordagem (o
método), os instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade
MINAYO, 2008, p. 14). Dessa forma, para atingir o objetivo do trabalho, é necessária a
apresentação metodológica da pesquisa.
Este trabalho é considerado eminentemente qualitativo, por não se tratar de um
instrumental estatístico para análise do problema de pesquisa. Além disso, não visa enumerar
ou medir unidades ou categorias homogêneas, conforme orientação de Richardson (2007).
Essa abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados, a partir de uma
realidade não visível, que precisa ser exposta e interpretada, em primeira instância, pelos
próprios pesquisados (DESLANDES e MINAYO, 2008).
A pesquisa científica é dimensionada em três aspectos: histórica, descritiva e
experimental (BEST, 1972 apud MARCONI e LAKATOS, 2007). Esses autores afirmam ainda
que a pesquisa descritiva esteja baseada em processos de descrição, registro, análise e
interpretação de fenômenos atuais, objetivando seu funcionamento no presente. Sendo assim,
o estudo pode ser considerado descritivo, visto que analisa o projeto-piloto da Universidade
Aberta do Brasil e a participação da Universidade Corporativa do Banco do Brasil na criação e
no desenvolvimento desse projeto.
Esse estudo é classificado ainda como exploratório, pois se buscou alcançar os
objetivos previstos, sondar diversos assuntos relacionados com o tema da pesquisa para que,
dessa forma, os conhecimentos adquiridos auxiliassem na construção do trabalho e na
recomendação de futuras pesquisas.
Por fim, diante da taxionomia apresentada por Vergara (2009, p.41), a pesquisa é
bibliográfica, documental e estudo de caso. A pesquisa é bibliográfica quando são feitos
estudos sistematizadas sobre o tema, com uso de material bibliográfico disponível para o
público. É documental quando as fontes consultadas são documentos registros pessoais e
outros. O estudo de caso possibilita, segundo Tull (1976), a análise em profundidade de uma
situação em particular, identificando variáveis e suas inter-relações que, de outra forma,
poderiam não ser percebidas. Esse autor ressalta ainda que a profundidade e o detalhamento
de informações obtidas pelo estudo de caso são praticamente impossíveis de serem alcançados
por meio de outro método de pesquisa. Nesse trabalho, o estudo de caso é adequado quando
se pretende investigar o projeto-piloto da UAB, mais precisamente, da participação da
Universidade Corporativa do Banco do Brasil.
Por fim, pode-se destacar que, no sistema UAB, são direcionadas várias ações de
consolidação na ampliação do acesso dos estudantes à educação superior pública e de
qualidade, ampliando-se os limites geográficos, físicos e financeiros. O governo deverá
oferecer, nos próximos anos, maior apoio à formação de professores, de modo a atender à
demanda apresentada na análise das pré-inscrições realizadas na Plataforma Freire, instituída
pelo governo federal e pelos professores brasileiros. Além desse apoio, a UAB poderá atender a
demanda social por vagas públicas de nível superior.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 jun. 2004.
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Treinamento e Desenvolvimento (ABTD). São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1981.
BRANCO, Alessandra Rosa. O Perfil das universidades corporativas no Brasil. RAM Revista de
Administração Mackenzie. v. 7, n. 4, p. 99-120, 2006.
CAON, Korine Dekker de. Fatores determinantes da evolução de educação corporativa : de T&D
para UC. Tese (Doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-
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DESLANDES, Suely Ferreira; MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: Teoria, método
e criatividade. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
EBOLI, Marisa. Educação corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Editora Gente,
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FERREIRA, Paulo Pinto. Administração de pessoal: relações industriais. São Paulo: Fundação
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LITWIN, Edith. Educação a distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa.
Porto Alegre: Artmed, 2001.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 6. ed. 3. reimpr.
São Paulo: Atlas, 2007.
MOORE, Michael G. e KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão integrada. Tradução
de Roberto Galman. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
TULL, D. S. Marketing research: meaning, measurement, and method. New York: Macmillan
Publishing Company Inc., 1976.
Resumo
Este artigo apresenta a Universidade Corporativa SEBRAE, criada em 2008, cuja missão é
promover ações educacionais para o desenvolvimento de competências de seus colaboradores
internos e externos, contribuindo para o alcance dos resultados do SEBRAE junto às micro e
pequenas empresas. Apoiada em uma estrutura virtual, a UCSEBRAE criou ações interativas e
comunicativas destinadas a promover a educação continuada. Suas Trilhas de Aprendizagem
constituem um mapa de opções com ampla diversidade de recursos, servindo de guia ao
treinando e possibilitando a construção de um caminho autônomo que o conduzirá a seus
objetivos.
Abstract
This article presents the SEBRAE Corporate University, founded in 2008, which mission is to
promote educational activities to develop the skills of its internal and external collaborators,
contributing to the achievement of results in SEBRAE along with micro and small businesses.
Supported by a virtual structure, the UCSEBRAE created interactive and communicative
activities to encourage continuing education. Its trails of learning is based on a map of
options with a wide range of resources, serving as a guide for training and the construction of
an autonomous path that will lead to your goals.
Palavras-chave
Key words
Para cada público da UCSEBRAE, são desenhados conteúdos sob medida, tendo em
vista atender a diferentes necessidades e expectativas. Optou-se em disponibilizar as ofertas
de conteúdos gradativamente, iniciando-se pelo público de colaboradores, em setembro de
2008, expandindo-se, um ano depois, para os conselheiros e dirigentes, e, posteriormente, em
março de 2010, para os credenciados, um público total estimado em 14.000 pessoas.
AS TRILHAS DE APRENDIZAGEM
Da mesma forma, a partir de um ponto de partida que pode ser o resultado de sua
avaliação de competências, suas expectativas de desenvolvimento, suas motivações de
crescimento na carreira, seus anseios de diversificar suas experiências, o profissional escolhe o
caminho a ser percorrido e seu ponto de chegada, recorrendo como apoio a um mapa de
opções de aprendizagem previamente elaborado para lhe servir de guia na caminhada.
Como base para a construção desse processo, foi utilizado o Sistema de Avaliação de
Competências, parte integrante do Sistema de Gestão de Pessoas SGP , implantado na
instituição em 2002, no qual estão descritas as competências genéricas, por espaço
ocupacional, específicas e gerenciais requeridas aos colaboradores da instituição.
Acrescenta-se ainda que foram utilizadas, como eixo de sustentação para essa
construção, as competências essenciais do SEBRAE e suas diretrizes estratégicas.
Ainda que a descrição das competências tenha sido utilizada como referência, as
Trilhas de Aprendizagem extrapolaram os limites dos espaços ocupacionais, pois remetem à
ideia de liberdade, de autonomia para construir seu próprio caminho, e são voltadas para o
desempenho de papéis mais amplos.
Vale ressaltar que esse guia de opções não teve a intenção de ser exaustivo, devendo
ser renovado a cada circunstância, sempre refletindo a realidade, aderente às necessidades e
expectativas de desenvolvimento das pessoas, oferecendo um diferencial no cumprimento da
missão do SEBRAE.
Livro - A contribuição das Micro e Pequenas Empresas para a redução da pobreza no Brasil
Livro - Espírito Santo empreendedor - Histórias de quem constrói o nosso estado - vol 1
Livro - Espírito Santo empreendedor - Histórias de quem constrói o nosso estado - vol 2
Artigo online - Duas faces da mesma moeda - Má distribuição de renda e baixo faturamento
das MPE
Artigo online - Micro e Pequenas Empresas vendem R$ 2,6 bilhões ao Governo Federal
Artigos on-line
O treinando inscrito na solução educacional terá até o final do ciclo anual para
concluí-la. Cabe a ele escolher o melhor momento para navegar pelo conteúdo on-line, fazer
as avaliações (testes presentes dentro do próprio conteúdo) quando achar conveniente e
concluir a ação. O que vale é a capacidade de gerenciamento de sua aprendizagem. Os cursos
on-line apresentam, referencialmente, um pré e um pós-teste ou, obrigatoriamente, uma
avaliação final do aprendizado.
Cursos presenciais
Desafio investigativo
Essa opção parte da descrição de um problema que deverá ser solucionado pelo
treinando. Um desafio bem concebido é factível e motivador, e exige dos treinandos um
pensar que vai além da compreensão baseada em memorização. Portanto, a descrição do
problema/desafio traz embutidos seus objetivos instrucionais.
A busca da solução para o problema será conseguida pela pesquisa orientada em
recursos selecionados acerca do assunto (manuais, normas, procedimentos, etc.) disponíveis na
intranet/internet (ou mesmo por meio do acesso a outros materiais como livros, vídeos, etc.).
Além desses recursos, o desafio investigativo poderá incluir como estratégias a interação
colaborativa com outros treinandos ou facilitadores/tutores. Essa busca/pesquisa de
informações deverá ser compilada e sintetizada pelos treinandos (por meio de tabelas,
formulários, bloco de anotações, etc.).
Disciplina on-line
Dicas on-line
São uma análise de situações do dia a dia com apresentação de solução, e podem ser
desenvolvidos individualmente ou em grupo. Todo estudo de caso está vinculado a um
conceito que deve ser apresentado no final da atividade e estar relacionado a uma área do
conhecimento identificada quando da elaboração dos objetivos de aprendizagem.
Livros
Palestra presencial/on-line
Políticas e procedimentos
Treinamento expresso
Vídeo
Após dois anos de experiência, a UCSEBRAE constatou que parte dos alunos ainda
não consegue administrar sua carga horária de trabalho de forma a dedicar tempo à
atualização profissional, ainda que a distância, sendo essa a principal justificativa para a
evasão e o cancelamento das disciplinas on-line. Outra parte dos alunos resiste ao ensino
virtual e insiste em aprender no formato exclusivo do ensino presencial. Esse perfil ignora
todas as ofertas no padrão a distância, autoestudo e mesmo a aprendizagem como fruto da
interação diária. Há ainda uma terceira parte desse público, a geração Google, que cresceu
com a internet em suas casas e que, por isso, acompanha e participa exigindo cada vez mais
interatividade.
REFERÊNCIAS
FREITAS, Isa Aparecida; BRANDÃO, Hugo Pena. Trilhas de aprendizagem como estratégia para
desenvolvimento de competências. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE
PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 29., 2005, Brasília. Anais... Brasília:
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, 2005, p. 7.
Resumo
Abstract
Learning evaluation is a frequent debate topic among education theorists, and with the
advent of distance learning, especially within a corporate context, the discussion is ongoing.
Today there are still very few companies that have managed to implement a process that
aligns learning evaluation to the analysis of the impact level that a distance learning-based
corporate education program will have on their business. In this context, starting with an
analysis of the case of Claro Telecommunications, this article investigates the problem of
evaluating corporate distance learning, observing how Claro evaluates the results of the
training courses that are administered to their collaborators via e-learning and analyzing this
methodology. In other words, a meta-evaluation is carried out.
Key words: DL (distance learning), corporate DL, e-learning, evaluation, ROI in T&D.
Introdução
A partir do surgimento das redes informáticas, e, principalmente, após o advento da
internet, ocorreram transformações econômicas, políticas, sociais e culturais que resultaram
em um novo modelo de sociedade, baseado na informação, no conhecimento e na
aprendizagem. Essa nova sociedade, totalmente globalizada e em rede,10 é o resultado de uma
mutação civilizacional que afetou a forma como as pessoas se relacionam, alterou as relações
de tempo e espaço, e estabeleceu novos formatos de produção, preservação e distribuição do
conhecimento.
10
é utilizada por Castells (1999) para ilustrar a dinâmica econômica e
social da era da informação.
a ótica do processo de ensino-aprendizagem e de suas relações com os resultados
operacionais das empresas.
É nesta lacuna que este trabalho pretende atuar delimitado ao estudo de caso da
empresa multinacional de telecomunicações Claro , buscando responder às seguintes
questões: Como a Claro avalia os resultados dos cursos e treinamentos, ministrados via e-
learning, a seus colaboradores? Que meios podem ser sugeridos para analisar de forma
sistemática, crítica e imparcial este modelo de avaliação?
O objetivo principal é descrever a metodologia de avaliação aplicada aos cursos e
treinamentos, ministrados via e-learning, pela Claro a seus colaboradores e analisar essa
metodologia. Em outras palavras, realizar uma meta-avaliação. Além disso, sendo a educação
corporativa uma das áreas de atuação do FGV Online, a análise do caso Claro pretende, ainda,
colaborar para a reflexão sobre o processo de avaliação de resultados, contribuindo para o
aprimoramento das ferramentas de avaliação próprias do FGV online, fator crítico de sucesso
para que a instituição fortaleça e consolide sua presença nessa área.
Para tanto, foi realizada uma pesquisa descritiva e exploratória. A metodologia
empregada foi qualitativa, baseada em entrevistas não estruturadas com a equipe de
Educação e Treinamento da Claro, para coletar informações sobre o modelo de Educação
Corporativa da empresa, com foco nas ferramentas e-learning e blended learning e a
respectiva metodologia de avaliação.
Foram entrevistados, em junho de 2009, o Gerente de Educação e Treinamento da
Claro, Eduardo Aparecido Silva; a especialista de Educação e Treinamento, Midori Oriashi; e a
especialista em Educação Corporativa Marga Guimarães.
Como observa Ricardo (2005), algumas ações preliminares devem ser tomadas para a
implementação de um programa de EAD, das quais destacam-se três: análise e diagnóstico
das necessidades iniciais, avaliação da viabilidade técnica e orçamentária e, finalmente,
adequação às diretrizes estratégicas da empresa. A partir daí, serão definidos: as modalidades
do processo educacional a distância (e-learning) ou semipresencial (blended learning) e as
abordagens pedagógicas/andragógicas,12 que, como sugere Filatro (2008), determinarão as
ferramentas tecnológicas a serem utilizadas distributivas, interativas ou colaborativas , os
tipos de ferramentas comunicacionais síncronas ou assíncronas , os modelos de
aprendizado (informacional, suplementar, essencial, colaborativo ou imersivo) e Design
Instrucional (DI), e, finalmente, o modelo de avaliação de aprendizagem e desempenho. Ou
seja, ao término de qualquer programa de treinamento ou gestão do conhecimento, o que
toda empresa quer saber é se é possível correlacionar o que as pessoas estão aprendendo com
os resultados da corporação. O objetivo final, portanto, é transformar competências
empresariais em desempenho e em ativos reais de negócios.
Entre os autores que discutem avaliação em EAD, observa-se quase uma unanimidade
na defesa de abordagens mais construtivistas no processo avaliativo dos Ambientes Virtuais de
Aprendizagem
(AVAs), priorizando a avaliação colaborativa e mediadora, com processos educativos
que visam ao entendimento e objetivam encorajar e orientar os alu
saber qualitativamente superior, pelo aprofundamento às questões propostas, pela
oportunização de novas vivências, leituras ou quaisquer procedimentos enriquecedores ao
tema e
11
(eletrônicas e não eletrônicas) que facilita tanto o aprendizado e o apoio formal como informal no local
12
O termo andragogia remete a um conceito de educação voltada para o adulto, em contraposição à
pedagogia, que se refere à educação de crianças.
O custo total de um programa de treinamento é composto por custos diversos e o
retorno de investimento em treinamento (ROI em T&D em %) é uma medida que auxilia a
verificação da eficácia desses programas. O ROI em T&D pode ser medido a partir da fórmula
a seguir (Palmeira, 2008; p. 101):
Os métodos disponíveis na literatura atual para medir ROI em T&D aliado à avaliação de
aprendizagem são muitos e se adaptam às diversas realidades corporativas. A metodologia
clássica e que deu origem às publicações posteriores é a de Donald Kirkpatrick, com quatro
escalas dos níveis de avaliação: Nível 1 Reação ou Satisfação; Nível 2 Aprendizagem; Nível
3 Mudança de Comportamento; Nível 4 Resultados.
A partir das escalas de Donald Kirkpatrick e Jack Phillips, Palmeira (2008) elaborou um
modelo de avaliação que, entende-se, como sugere a própria autora, estar adaptado à
realidade das corporações brasileiras. Este modelo apresenta quatro níveis de avaliação,
conforme a figura 1 abaixo:
Nível 1 Reação
Avalia se os participantes gostaram do treinamento, colocando em cheque a
continuidade ou não do programa. Este tipo de avaliação é conhecido e realizado pela maioria
das empresas que hoje ministram programas de treinamento.
Nível 2 Aprendizagem
Nível 3 Impacto
O caso Claro
O e-learning na Claro
A Claro aparece como a segunda empresa do ranking de telefonia móvel no país, com
mais de 50 milhões de clientes no Brasil, com 150 Lojas Próprias de varejo e 3.000 agentes
autorizados,13 atuando também no mercado corporativo. Ao todo, possui, aproximadamente,
55 mil colaboradores, entre associados e parceiros.14
O mercado de telefonia móvel é um dos que mais cresceu no país nos últimos anos.
Primeiro, em função da demanda reprimida por esses serviços em todas as classes econômicas;
segundo, pelos investimentos realizados por parte das prestadoras e empresas do setor com
foco na expansão, modernização e melhoria da qualidade dos produtos e serviços ofertados ao
consumidor. É também um dos segmentos mais agressivos, dinâmicos e competitivos, o que
está relacionado, principalmente, a dois fatores:
Mercado jovem, com entrada tardia de empresas privadas no setor, a partir do final
da década de 1990, quando o Governo Federal privatizou o Sistema Telebrás.
Indústria em constante inovação, com novas tecnologias de transmissão de dados e
voz que emergem rapidamente no país, uma vez que o controle acionário das
empresas está nas mãos de gigantes da indústria de telefonia móvel no mundo.
13
Informações fornecidas pela empresa, referentes ao ano de 2009.
14
Termos que a Claro utiliza para designar, respectivamente, seus funcionários e terceiros.
O cenário dinâmico e de constantes alterações do mercado onde as vantagens
competitivas tornam-se rapidamente commodities, bem como a consequente necessidade de
manter em permanente atualização uma equipe de vendas vasta e distribuída por todo o
território nacional constituíram-se nos principais fatores de motivação para o
desenvolvimento, há cerca de cinco anos, de um projeto de educação a distância na Claro. A
demanda foi para desenvolver um modelo de Educação Corporativa (EC) capaz de unir
conhecimento, aprendizagem, desempenho organizacional e desenvolvimento de talentos,
com o objetivo final de buscar a liderança de mercado, com foco inicial nas equipes de linha
de frente, compostas por associados das lojas próprias.
Além disso, o diagnóstico inicial apontou outras necessidades, que foram consideradas e
trabalhadas na nova proposta:
Nível 1 Formação
Nível 2 Treinamento
Nível 3 Desenvolvimento
a
informativos, foi utilizada a modalidade e-learning. Para os treinamentos com foco em
capacitação de habilidades específicas, o blended learning foi a modalidade selecionada.
e-learning
transformado em um portal completo de educação corporativa, embasado em um modelo de
arquitetura de aprendizado e desempenho com foco na Gestão do Conhecimento.
Para o associado, com a proposta de que ele deve ser o próprio gestor de sua carreira,
n
planejar a trajetória profissional, além de fóruns, artigos e links para inscrições nos workshops
virtuais e presenciais.
Avaliação de resultados
Do total de cursos disponíveis nesses níveis, 98% apresentam algum tipo de avaliação.
Os que não dispõem de nenhuma ferramenta avaliativa são, em geral, aqueles que visam à
divulgação de campanhas de endomarketing ou informações internas da empresa.
Dois tipos de avaliação são aplicados aos cursos da Claro, visando, principalmente, a
uma análise do aprendizado no domínio cognitivo:
15
a) Avaliação de conteúdo
Aplicada ao final de cada curso, a avaliação de conteúdo é obrigatória e apresenta entre
cinco e 12 perguntas de múltipla escolha que são randômicas, ou seja, variam para cada aluno
que acessa o curso. O percentual de acerto mínimo para aprovação é de 80%. (Exemplo
disponível no Anexo 5)
Logo após o lançamento dos cursos na modalidade blended learning, a fim de aferir
resultados de aprendizado e satisfação, e avaliar o sucesso do modelo educacional
implementado, a Claro desenvolveu um piloto com quatro turmas de vendedores de lojas
próprias, recém-contratados, que foram assim treinados:
Avaliação de conteúdo
blended,
adas
na modalidade presencial, como aponta o gráfico a seguir:
Avaliação de Reação
atisfação foi, na
média, 4,8, um resultado que indica 96% de satisfação.
Desde o primeiro curso lançado, em 2006, até o primeiro trimestre de 2009, foram
consolidadas 1.167.371 participações em cursos de e-learning na Claro. Isso
significa que os 40 mil associados e parceiros elegíveis já fizeram uma média de 29
cursos, cada um, com uma média de nove cursos por ano.
O custo por dia/aluno de um treinamento presencial, na Claro, é de R$ 56,00. Na
modalidade blended, esse custo cai para R$ 30,00, ou seja, uma economia de 46%.
A redução do deslocamento dos profissionais de seus postos de trabalho foi de
50%.
De 2008 para 2009, houve um crescimento de 32% nos treinamentos virtuais.
Em relação a 2008, houve um aumento de 28% no lançamento de novos cursos.
16
Taxa de rotatividade dos funcionários.
Considerações Finais
No que diz respeito à avaliação, tema a que este trabalho se propõe analisar, é possível
observar pontos fortes e fracos no modelo escolhido pela Claro.
Como a maioria das empresas que utilizam o e-learning, atualmente, em seu modelo de
EC, a Claro não possui uma métrica para mensurar resultados de negócios associados a
resultados de aprendizagem.
No caso da Claro, a análise de ROI de T&D poderia ser iniciada em um projeto piloto,
delimitado a uma das áreas da empresa que são beneficiadas pelo e-learning. O objetivo deste
piloto seria apontar os impactos e fatores críticos relacionados a este modelo de avaliação de
resultados para posterior adequação e expansão para o restante da empresa.
andragógica precisa ser distinta, bem como a metodologia de avaliação utilizada, que deverá
englobar ferramentas colaborativas e de rede, já que objetivam a formação para um
aprendizado mais autêntico, combinando reflexão à ação.
Bibliografia
CASTELLS, M. Internet e sociedade em rede. In: MORAES, D. (Org.). Por uma outra
comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. Rio de Janeiro: Record, 2003, pp. 255-
288.
FILATRO, Andrea. Design instrucional na prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2008.
HOFFMAN, Jussara. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. Porto Alegre:
Mediação, 2005.
LUCENA, Carlos; FUKS, Hugo. Professores e aprendizes na Web: educação na era da internet.
Ed. e org. Nilton Santos. Rio de Janeiro: Clube do Futuro, 2000.
PINTO, André Luís de S. Alves. Eduardo e Mônica. In: RICARDO, Eleonora Jorge (Org.).
Educação corporativa e educação a distância. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
RICARDO, Eleonora Jorge. Educação corporativa a distância: algumas reflexões. In: _____.
Educação corporativa e educação a distância. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
Sites consultados:
Organizado por temas e divido em módulos, o livro permite ao leitor a leitura salteada dos
artigos, conforme a área de interesse. A edição contém quatro segmentos: universidades
corporativas como parceiras estratégicas do negócio; as funções internas das universidades
corporativas; cenários diferenciados para universidades corporativas; funções das universidades
corporativas da próxima geração. Direcionando o foco para a aplicação de métodos de ensino
Ao apresentar o artigo de Schank, o editor Mark Allen chama atenção para a relevância do
tema abordado ao questionar o fato de taxas de conclusão, em torno de 60% para os cursos
de e-learning, serem consideradas satisfatórias. Em seu artigo, Schank diz que os modelos
atuais de gestão de cursos corporativos a distância têm-se mostrado mais concentrados no
e learning -se priorizado o emprego da tecnologia,
sem se dar conta de que o real objetivo desses programas, na verdade, o aprendizado, não
deve ser negligenciado.
Professor de ciência da computação por 35 anos, Schank dirige o Institute for the Learning
Sciences. Por seu histórico, mais comum seria pensar que escreveria sobre tecnologia, mas o
autor preferiu direcionar em seu artigo a discussão em torno do e-learning, usando exemplos
splendid learning
em que se pode dispor de avançados recursos de tecnologia, a serviço de modelos de
construções de situações que se aproximam do dia a dia da rotina corporativa.
tem- ma combinação
blended
learning -se palavras de ordem.
Segundo Schank, a tecnologia já não importa tanto, sendo fundamental garantir que as
pessoas estejam aprendendo e assimilando as coisas certas. As preocupações sobre a forma
como esses conteúdos devem ser entregues deve vir em seguida e como uma consequência
dos programas de aprendizagem. Para o autor, não se deve discutir tecnologia, mas o
aprendizado. Por isso, expõe questões inerentes ao desafio de transformar os treinamentos
corporativos nos moldes em que estes vinham sendo regularmente desenvolvidos em algo que
passou a ser transmitido eletronicamente.
Por trás de uma adesão massiva das empresas ao e-learning, estariam as finanças. O
treinamento corporativo eletrônico possibilitaria a economia de toneladas de papel impresso,
mesmo que o investimento em tecnologia fosse vultoso. O autor acrescenta que, de início, a
imposição não agradou totalmente, causou desconfianças. Era preciso treinar os treinadores, e
os investimentos foram significativos. Mas, na prática, verificou-se que era preciso mais do que
simplesmente transpor o conteúdo impresso no papel para uma nova plataforma que se
apresenta multimídia e tem ferramentas que precisam ser exploradas e, sobretudo, dominadas
para a construção do conhecimento.
blended learning
que mais do que combinar métodos de e-learning a técnicas tradicionais presenciais que não
podem ser transpostas ao mundo virtual ou digital, chega-se à conclusão de que nem tudo
deve (ou é adequado para) ser disponibilizado no meio on-line. Entre as soluções de blended
learning identificadas pelo autor, e
treinamento baseado em web
participante por um período de três semanas (ou mais ou menos). O autor passa, então, a
splendid learning mo um caminho possível.
formatos on-line e off-line, e a internet, usada nos dois casos para distribuição de tarefas,
roteiros, etc...
Splendid learnig significa que, seja qual for o conteúdo entregue, será o mesmo on-line ou
off-line
autênticas experiências de aprendizado pela prática, orientadas por monitores e com o maior
grau de realismo que se possa reunir.
Existem alguns elementos básicos para despertar esse desejo de engajamento, diz Schank:
fascinação, curiosidade, diversão, determinação, confusão, identificação emocional,
antecipação, estímulo, excitação. Não por acaso, são as sensações que um bom filme ou um
bom livro são capazes de despertar no espectador:
-
sentencia o autor em seu artigo, acrescentando que é necessário que se faça uma revisão de
currículos, para transformar um conteúdo inicialmente pouco interessante para o receptor em
algo que cative seu engajamento.
Ao constatar que, de uma forma geral, os estudantes não costumam ser ouvidos sobre o que
gostariam de aprender no momento de preparação dos currículos dos cursos, Schank defende,
de certa forma, uma aproximação entre emissor e receptor para que se possa estabelecer uma
afinidade ou, ao menos, uma sintonia de interesses.
Para Schank, engana-se quem parte do princípio de que um curso on-line passa a ser pré-
requisito para que o participante atinja determinado nível de conhecimento, e pressupõe-se
que o aluno fará o que estiver a seu alcance para cumpri-lo. Mas isso não é verdade, pois o
curso está fadado a ser preterido assim que o aluno tiver sua atenção desviada para algo que
considere mais interessante. O grande desafio desses programas passa a ser, então, o de ter de
obter seus resultados por seus próprios méritos, enfrentando a concorrência, seja ela virtual ou
presencial. Sendo, muitas vezes, acessado remotamente, em geral, no domicílio do receptor, o
ensino a distância por meios eletrônicos tem, entre seus principais concorrentes, um filme, um
programa de TV, ou outra opção de lazer que ocupe o tempo de um livro de seu público-alvo.
É por isso que os cursos on-line precisam prender a atenção do participante, para que não
sejam abandonados no meio do caminho.
aprendizado, e esse tipo de aluno tem atitude. É preciso estar preparado para lidar com eles,
porque eles esperam que o ens
o autor.
Para Schank, torna-se claro, então, a necessidade de mudar o ponto de vista, mirando o
interesse de seu público-alvo, no processo de elaboração dos conteúdos dos programas de e-
learning, tendo o estudante como foco. Afinal, é para ele que o curso está sendo desenhado.
E, acrescenta, não é apenas o e-learning que precisa caminhar nesse sentido, mas a educação
em geral.
A identificação emocional é outra característica apontada como importamte. Para criar essa
identificação emocional com o receptor, o e-learning terá que parecer real em um primeiro
momento, apresentando situações que tenham relação com preocupações autênticas, em um
mundo que se aproxime do real. Não pode ser também um jogo de guerra. Essa não é a
realidade da rotina de trabalho. O que se vê no dia a dia do trabalho? Discussões, frustrações,
decisões que precisam ser tomadas sob pressão, conflitos entre integrantes da equipe, etc. Em
um programa de e-learning, situações realísticas devem aparecer visualmente permitindo criar
story centered curriculum
histórias): projetos e missões que permitam ao aluno vivenciar o objeto de estudo (sendo este
de seu interesse). A leitura de apoio deve ajudar nessa missão. Para concluir seu artigo, Schank
dá exemplos de como a tecnologia foi usada como suporte para desenvolvimento de
programas e projetos com resultados positivos.
Mark Allen. Editora Pfeiffer (432 páginas. ISBN: 978-0-7879-8655-1. US$ 80.
www.pfeiffer.com).