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Lista de Exercícios - Vertedores
Lista de Exercícios - Vertedores
Um canal de seção retangular, com largura de fundo b = 2,0 m e altura total de 4,0 m, tem suas
vazões calculadas em função do tirante, conforme especificado na tabela a seguir :
Deseja-se instalar um vertedor nesse canal para medir as vazões ocorrentes. Para efeito de
referência, a seção do canal onde será instalado o vertedor tem o fundo na cota 50,00 m. Para a
determinação do vertedor mais adequado, analise as opções referidas a seguir :
Referencial Teórico:
Eurico Trindade Neves. Curso de Hidráulica, capítulo IX, página 141.
Solução :
1
a ) Tirante do canal : h = 3,0 m Q = 15,66 m3/s
Ao ser instalado o vertedor no canal, o nível a montante, deste, se elevará até formar a carga H
capaz de dar passagem a 15,66 m3/s sobre a soleira. A jusante do vertedor, a água retorna ao seu
nível normal (na situação estudada: h = 3,0 m). Sem o vertedor, haveria uma folga de 1,0 m entre
o nível do canal e sua borda. A questão que se coloca é , então , se a carga H será inferior a 1,0 m.
Caso H supere 1,0 m, o canal transbordará.
0,003 H2
Q 0,405 1 0,55 2 l 2g H
3/ 2
H H P
Como se tem valores conhecidos para as variáveis , encontra-se H para a vazão especificada:
Deve-se, ainda, observar que a carga H = 2,5 m ultrapassa em muito o limite ( 0,10 < H < 0,60 m )
aconselhado pelo autor para a utilização de seu modelo matemático. É mais uma razão para a
colocação dos valores calculados sob suspeita. Para estes cálculos não se admitiu a hipótese de
depressão da lâmina vertente. Não foi considerada, também, nenhuma contração já que o vertedor
atravessa transversalmente toda a extensão do canal.
2
b ) Tirante do canal : h = 3,0 m Q = 15,66 m3/s
cota da soleira do vertedor : 52,0 m
Na tentativa de manter o nível de montante igual ou inferior a 4,0 m, reduziu-se a cota da soleira do
vertedor para 52,0 m. As alturas P e P1 serão iguais a 2,0 m. A vazão agora será calculada com
outra expressão devida a Bazin:
H H
1/ 3
H
Q 1,05 1 m l 2 g H 3/ 2
1
1
5 P1 H
onde :
H1 = 3 - 2 = 1 m submersão da soleira a jusante
P1 = 2,0 m altura da soleira a jusante
H carga sobre a soleira
m coeficiente de Bazin, determinado por :
m = ( 0,405 + 0,003/H ) [ 1 + 0,55 . H2/(H + P)2 ]
l = 2,0 m comprimento do vertedor
Observa-se que somando P + H , encontra-se : 2,0 + 1,64 = 3,64 m (< 4,0 m ). Esta solução é
possível. O vertedor, no entanto, funcionará afogado, o que nem sempre é aconselhável. Para evitar
o afogamento pode-se criar um degrau no canal de forma que P1 > P
Outra estratégia válida para manter a carga dentro dos limites previamente estabelecidos inclui o
alongamento da crista do vertedor. Vamos testar o vertedor curvo com = 15º assinalando o centro
do círculo a montante do vertedor. Segundo Wex, nessas circunstâncias, a vazão por metro do
vertedor será dada por :
q = 1,85 H3/2
onde :
q vazão calculada em m3/s, por metro de soleira
H carga sobre a soleira em metros
3
C = r .
onde :
C comprimento da soleira do vertedor, em metros
r raio que inscreve o vertedor ; r = 1,0/cos
ângulo que limita o arco C , em radianos
Então :
1,0
C 2,62 2,71 m .
cos15
Observe que l = 2 m para o vertedor reto. Ao utilizarmos C = 2,71 m temos um ganho significativo
no comprimento da soleira . A vazão no vertedor curvo será:
Para garantir uma folga entre o nível d'água e a borda do canal, tentar-se-á empregar um vertedor
oblíquo. Calcular-se-á o comprimento do vertedor para a fixação da folga desejada. Estabelecendo
uma folga de 0,20 m, encontra-se para a carga máxima :
4
Nessas condições idealiza-se um vertedor oblíquo na forma de " bico de pato" (esta forma não gera
grandes diferenças de vazão em relação ao vertedor oblíquo comum). Segundo esta disposição, cada
lado terá l/2 de comprimento, desprezando-se a extensão da concordância no vértice do vertedor.
l b/2
l = 7,7 m
2 sen 15
Retornando à equação de Boileau encontra-se uma carga: H = 1,21 m. Este valor ultrapassa em
muito o Hmáx antes estabelecido. Conclui-se dos resultados dos tipos de vertedores estudados,
que a altura da soleira do vertedor deve ser considerada com atenção para se chegar um resultado
satisfatório.
Dimensionar o vertedor de uma pequena barragem de concreto que formará um lago, parte
integrante de um projeto turístico. A vazão máxima do córrego a ser barrado é 6 m3/s. Para adaptar
a barragem à calha do rio esta foi idealizada segundo três seções típicas descritas a seguir.
5
Analise as seguintes sugestões para dimensionar o vertedor :
Referencial Teórico:
Solução :
a ) Um vertedor de soleira espessa instalado na seção central é certamente a forma mais intuitiva de
posicionar o vertedor. A vazão sangrada retornará ao leito primitivo do rio, necessitando apenas de
obras contra erosão na calha. A escolha de uma soleira espessa procura adaptar o vertedor à forma
do maciço da barragem que deve apenas receber um rebaixamento (entalhe) ao longo de três metros
de crista. Este rebaixamento foi estabelecido inicialmente em 0,5 m . A definição prévia da altura do
entalhe fixa o nível d'água mínimo a ser acumulado no reservatório e também limita a carga máxima
do vertedor em Hmáx = 0,5 m (sem previsão de folga ).
O cálculo da vazão no vertedor de soleira espessa requer o conhecimento da relação e/H, sendo e a
espessura do vertedor (e = 2 m , aproximadamente) e H a sua carga. Como H é desconhecido a
prior, deve-se fazer uma hipótese de cálculo e verificá-la. Sendo Hmáx = 0,5 m, pode-se tomá-la
como valor inicial chegando a :
Esta relação caracteriza uma autêntica soleira espessa, podendo-se adotar a expressão devida a
Lesbros :
Q 0,35 l 2 g H 3/ 2
onde :
l comprimento da soleira
H carga sobre a soleira
6
Deve-se lembrar que Hwang aconselha valores do coeficiente de vazão variando entre 0,43 e 0,30,
dependendo da rugosidade do vertedor, em lugar do 0,35 proposto por Lesbros. Neste vertedor
ainda deve-se considerar as contrações laterais já que existem ombreiras (limitações) nos dois lados.
O comprimento útil da soleira será dado então por:
l' = l - n . c' . H
onde :
l' comprimento útil da soleira
l comprimento nominal da soleira
n número de contrações
c' coeficiente de contração
H carga sobre a soleira
Este resultado mostra que a hipótese de cálculo está incorreta, uma vez que :
Indica também que o comprimento do vertedor é insuficiente, pois necessita de uma carga de 1,26
m, quando deseja-se uma carga máxima de 0,5 m.
Para aprofundar um pouco mais o conhecimento sobre o potencial desta solução, calcular-se-á o
comprimento do vertedor caso sejam mantida a hipótese de cálculo e Hmáx = 0,50 m .
1
6,0 0,35 l 2 0,5 2 9,81 0,53/ 2
10
l = 11 m
Pode-se escolher entre aumentar o comprimento da soleira até 11 m (caso seja possível), ou em
aumentar o entalhe (carga máxima) para valores superiores a 0,5 m e usar uma soleira com
comprimento inferior a 11 m. É oportuno notar que o cálculo foi realizado sem que se levasse em
conta uma possível depressão da lâmina vertente, já que , presume-se que a aeração se faça
naturalmente pelos lados da lâmina .
b ) O vertedor de crista de barragem tem por finalidade atenuar as perdas no vertedor garantindo
vazão maior apesar da manutenção da área de corte ( 0,5 . 3,0 ) . Em razão dos resultados
anteriores, é provável que não se consiga uma solução satisfatória sem alterar a área vertente.
Manter-se-á, no entanto, l e Hmáx com seus valores primitivos para viabilizar uma comparação
entre os dois tipos de vertedores. O vertedor de crista de barragem exige a adaptação do maciço à
veia líquida em toda a extensão da soleira. Não é intento deste problema construir graficamente o
perfil do maciço. Deixa-se registrado, no entanto, que esta adaptação será feita, em grande parte,
pela equação :
X n K Hd n1 Y
onde :
Hd carga de projeto
X e Y coordenadas dos pontos da curva de ajustamento
7
K e n coeficientes que dependem da forma do maciço (para o perfil vertical : K =
2,0 e n =1,85 )
Q = c . l' . He1,5
onde:
c coeficiente de vazão
l' comprimento útil do vertedor
He carga incluindo o fator velocidade
Incluindo a influência das contrações e substituindo os valores conhecidos, tem-se para a vazão
dada :
Como previsto inicialmente, a área vertente inicialmente proposta não é suficiente para passar a
vazão de 6 m3/s , mas o desempenho do vertedor melhorou. Passou-se de uma carga de 1,26 m, no
vertedor de soleira espessa, para H = 0,98 m no vertedor de crista de barragem. Neste tipo de
vertedor não cabe o conceito de depressão já que a lâmina vertente se desloca sobre o maciço deste
o topo do vertedor até sua base.
c ) A vazão sangrada no vertedor de soleira delgada será lançada distante do eixo central do rio. Faz-
se necessária a construção de um canal ao longo do pé da barragem para reconduzir as águas
sangradas à calha do seu curso normal. O vertedor será, agora, considerado de soleira delgada, uma
vez que e/H < 0,5 , mesmo havendo uma espessura e na soleira. O cálculo da vazão será efetuado
com a fórmula de Francis, uma vez admitida velocidade de aproximação nula :
Q = 1,838 . l . H3/2
onde :
l comprimento nominal da soleira
H carga sobre o vertedor
8
Acrescentando contração da veia líquida :
O vertedor delgado demonstrou um desempenho intermediário entre os dois casos anteriores, mas
ainda insuficiente. Deve-se lembrar que um maciço de forma triangular, como acontece na seção
intermediária, pode reter a água do reservatório pressionando a aresta vertical ou a aresta inclinada
do triângulo (seção transversal). Foi proposto no problema que a face a montante seria vertical, veja
a figura 7.3 (1), quando a fórmula de Francis se aplica integralmente .
Caso a face inclinada estivesse a montante, veja figura 7.3 (2), o efeito de forma faria com que a
trajetória das partículas do fluxo fosse melhor ajustada para a transposição do vertedor, aumentando
o seu desempenho com uma maior vazão. Então a fórmula de Francis deveria ser corrigida,
conforme abaixo especificado:
Q m'l ' 2 g H 3/ 2
onde :
m' = m . x
x = 1 + 0,39 º/ 180
l' = l - n . c' . H
e:
m' coeficiente de vazão corrigido
m coeficiente de vazão do vertedor de paramento vertical
H carga sobre o vertedor
n número de contrações
Então :
30
6,0 1,838 1 0,39 3 2 0,1 H 2 9,81 H 3/ 2
180
Devido à inclinação do talude, caso ela esteja a montante, o coeficiente de vazão passa para m' =
1,957
Encontra-se : H = 1,07 m
9
Verifica-se facilmente que a forma melhorou o desempenho do vertedor em quase 5%.
Como ficou claro no cálculos efetuados, a área vertente inicialmente proposta não é suficiente para
dar passagem à vazão de enchente, mas existe um arsenal de soluções possíveis para contornar esta
dificuldade. Além das propostas já ventiladas pode-se optar por :
Parte de uma barragem de concreto está construída em 60% da largura da calha de um rio. Os
trabalhos de concretagem progredirão apenas durante o período de estiagem. Durante o período de
cheia, a concretagem será interrompida e recomeçará quando as águas abaixarem novamente. Para
avaliar a capacidade de vazão da calha semi-obstruída, determine o caudal nas seguintes condições
de escoamento:
Referencial Teórico:
Eurico Trindade Neves. Curso de Hidráulica, capítulo IX, página 141
Solução :
O nível da corrente, ao ultrapassar um obstáculo que interrompe parcialmente o fluxo, pode tomar
várias formas em função da declividade longitudinal do rio e do estrangulamento da calha.
10
Habitualmente, os rios têm pequena declividade e o nível d'água toma a forma indicada na figura
8.2. Ficam evidenciados, nessa figura, os dois níveis característicos do fenômeno: o nível de
montante e o de jusante. O nível de jusante tende a ser o nível normal de escoamento do canal ou
rio natural, quando as águas correm livremente. O nível de montante é superior ao anterior e forma
uma carga hidráulica sobre o estreitamento que corresponde à diferença dos níveis referidos. No
caso em estudo, tanto o nível de montante quanto o de jusante estão abaixo da cota da concretagem.
É a condição considerada indispensável à continuidade desses trabalhos. Assim, os níveis já referidos
delimitam duas áreas onde o escoamento acontece de formas distintas. Na área superior (1) tudo se
passa semelhante aos vertedores e na área inferior (2), o escoamento se assemelha ao dos orifícios
submersos.
2 V2
3/ 2
V 2
3/ 2
Q1 c l 2 g H
3 2g 2g
onde :
2/3 c coeficiente de vazão dos vertedores (c = 0,6)
l = 4,0 m comprimento do vertedor
H = 1,0 m carga do vertedor
V velocidade de aproximação do fluxo a montante do estrangulamento.
Q1 Q2 Q1 Q 2
Vm
Am 10 2,5
2
Q1 0,6 4 2 9,81 13/ 2 7,09 m3/s
3
O cálculo da vazão na área 2 será realizado com a fórmula dos orifícios afogados com velocidade de
aproximação:
V2
Q2 c l a 2 g H
2g
onde :
c coeficiente de vazão para orifícios submersos (segundo Lesbros, seu valor varia
entre 0,50 e 0,67 )
l . a área do orifício
11
H carga sobre o orifício submerso que corresponde à diferença dos níveis
V velocidade de aproximação da corrente a montante.
Também supondo V inicialmente igual a zero :
Q1 Q2 7,09 15,95
Vm 0,92 m/s
Am 10 2,5
Este valor é baixo e pouca diferença fará nos resultados já encontrados. Apenas para efeito de
demonstração , refaremos os cálculos de Q1 e Q2 :
2 0,92 2
3/ 2
0,92 2
3/ 2
0,92 2
Q2 0,6 4 1,5 2 9,81 1 16,29 m3/s
2 9 ,81
( 2,1% superior ao resultado anterior )
A diferença para os primeiros valores é mínima, podendo-se considerar estes resultados como
definitivos.
Esta situação geralmente ocorre quando uma onda de cheia se aproxima rapidamente. O obstáculo
tende a represar a cheia, o que provoca um afastamento dos níveis de montante e jusante, pois o
nível de montante cresce mais rapidamente que o de jusante .
Nas circunstâncias descritas ficam caracterizadas três áreas distintas de escoamento :
12
As áreas 1 e 2 funcionam como vertedores e a área 3 como orifício. Observe que o nível de jusante
está abaixo da crista da barragem incompleta, mas nenhum trabalho pode ser executado sobre o
maciço que está inteiramente coberto pela água. A rigor, o escoamento nas áreas 1 e 2 são
diferentes. Na área 2 o vertedor funciona sobre a "superfície" de água formadora da área 3,
enquanto o escoamento da área 1 acontece sobre o maciço em construção, uma superfície rígida. A
razão de cálculo das duas vazões segundo a mesma metodologia será esclarecida mais adiante. Por
se tratar de vertedores, adota-se a sua fórmula geral:
2 V2
3/ 2
V 2
3/ 2
Q1 c L1 2 g H
3 2g 2g
2 V2
3/ 2 2 3/ 2
V
Q2 c L 2 g H1
3 2g 2g
onde:
H tirante sobre a soleira
H1 diferença dos níveis a montante e jusante
2
Q1 0,6 6,0 2 9,81 13/ 2 10,63 m3/s
3
2
Q2 0,6 4,0 2 9,81 1,53/ 2 13,02 m3/s
3
V2
Q3 c L a 2 g H1
2g
onde :
c coeficiente de vazão no orifício submerso
L .a área nominal do orifício
H1 diferença de níveis de montante e jusante do orifício
V velocidade da corrente a montante do orifício
13
Q1 Q2 Q3
V 1,4 m/s
10 4,0
Esta velocidade possui uma dimensão de certa forma significativa devendo ser considerada.
Recalculando Q1 , Q2 e Q3, incluindo o efeito da velocidade :
2 1,4 2
3/ 2
1,4 2
3/ 2
2 1,4 2
3/ 2
1,4 2
3/ 2
1,4 2
Q3 0,6 4,0 2,5 2 9,81 1,5 33,62 m3/s ( > 3,3% )
2 9 ,81
Para maior precisão pode-se recalcular as vazões, porém os valores já encontrados são considerados
satisfatórios.
Nesta situação, a vazão de cheia já ultrapassou a fase de represamento inicial entrando em regime
de escoamento. Estabilizado o nível de jusante encontra-se três novas áreas distintas de escoamento:
A área 1 escoa como vertedor e as áreas 2 e 3 escoam como orifícios. Volta a acontecer com a área
2 o que já foi comentado anteriormente. O escoamento sobre o maciço é diferente do escoamento
sobre as águas que passam pela área 3. Caso esta diferença recebesse tratamento diferenciado ter-se-
ía quatro áreas em vez de três. A escolha das três áreas é, portanto, uma escolha simplificadora. Na
hipótese de se preferir caracterizar quatro escoamentos diferentes, poder-se-ía calcular a vazão pela
área sobre o maciço adotando a expressão característica do escoamento sobre soleira espessa:
Qs L1 H H1 2 g H1
onde:
Qs vazão sobre a área da soleira
14
L1 comprimento transversal do vertedor
(H - H1) tirante sobre o maciço
H1 carga sobre o vertedor (diferença entre os níveis de montante e jusante do
vertedor)
Aceita a hipótese simplificadora das três áreas, encontra-se para a área 1 (vertedor):
2 V2
3/ 2
V 2
3/ 2
Q1 c L L1 2 g H1
3 2g 2g
2
Q1 0,6 4,0 6,0 2 9,81 1,53/ 2 32,55 m3/s
3
V2
Q2 c L L1 H H1 2 g H1
2g
V2
Q3 c L a 2 g H1
2g
onde :
c coeficiente de vazão para orifícios (c = 0,6)
( L + L1) . (H - H1) área do orifício 2
L . a área do orifício 3
H1 diferença dos níveis de montante e jusante (carga hidráulica)
V velocidade de aproximação na seção de montante
Considerando o efeito da velocidade, encontra-se para os três novos valores das vazões:
Q1 = 36,71 m3/s ( > 12,8% )
Q2 = 17,11 m3/s ( > 5,1% )
Q3 = 41,04 m3/s ( > 5,0% )
Dado ao fato do valor da velocidade crescer 7,3% em relação ao anterior, será prudente a realização
de uma nova iteração para que se considere o resultado satisfatório. Este cálculo não será
apresentado por ser uma mera repetição dos cálculos já efetuados.
15
PROBLEMA (4) temática: VERTEDOR
Na tentativa de evitar o efeito da contração e a depleção da veia líquida , comum nos vertedores
retangulares, pretende-se utilizar vertedores triangulares e trapezoidais. Para tornar mais
comparáveis os resultados obtidos nas várias opções disponíveis de vertedores, a carga de cálculo
será fixada em 0,5 m, a área molhada em 2 m2 e a velocidade de aproximação considerada nula.
Mantendo estes referenciais, determine as vazões dos seguintes vertedores :
a) Vertedor triangular
b) vertedor trapezoidal com ângulo /2 = 45
c) vertedor Cipoletti
d) vertedor circular
Referencial Teórico
Eurico Trindade Neves . Curso de Hidráulica , capítulo IX , pág. 141 .
Azevedo Netto . Manual de Hidráulica : Volume I , capítulo 9 , pág. 79 .
Solução : Antes do início do cálculo solicitado, convém verificar qual a vazão do vertedor
retangular com as mesmas características : H = 0,5 m ; H . l = 2,0 m2 e V = 0 m/s , segundo a
expressão de Francis :
Q = 1,838 l H3/2
onde :
l comprimento da soleira do vertedor ( l = 2/H ou l = ( 2 / 0,5 ) = 4,0 m )
H carga sobre o vertedor ( H = 0,5 m )
Caso existisse uma depleção moderada, a vazão seria cerca de 6% superior à vazão com lâmina
livre, como foi constatado por Bazin .
a ) Vertedor triangular
b = 2 H tg /2
16
A área deste triângulo será :
A = b*H / 2
8
Q c tg 2 g H 5/ 2
15 2
onde :
c coeficiente de vazão
ângulo do vértice do vertedor
H carga do vertedor
Substituindo os valores :
Estas vazão corresponde a 77% da vazão calculada para o vertedor retangular, no entanto, o
ângulo de 165,74º utilizado nesse vertedor triangular é muito superior ao habitual. O ângulo de 90º
é freqüentemente o mais encontrado. A aplicação de ângulo próximo a 180º (como um vertedor
retangular) pode lançar dúvidas sobre o resultado do modelo. Para esclarecer esta questão vai-se
utilizar quatro vertedores triangulares cuja soma das áreas molhadas sejam 2 m2 e cujas cargas
sejam iguais a 0,5 m. Admitir-se-á que um vertedor não interferirá no escoamento de outro, apesar
desta afirmativa não ser rigorosamente verdadeira. Assim :
b H 2 H tg ( / 2) H
A 0,5
2 2
Agora tem-se um valor muito mais próximo de 90º, como era pretendido . A vazão de cada vertedor
será :
8
Q 0,6 2,0 2 9,81 0,55/ 2 0,5 m3/s
15
Sendo esta a vazão de um vertedor, a vazão total dos quatros será igual a 2 m 3/s . Não ocorreu
alteração alguma pois a área neste modelo, determinada pelo ângulo , variou segundo sua
tangente e a carga permaneceu constante.
17
Neste caso , onde A = 2,0 m2 , encontra-se pela equação da área do trapézio e pela figura :
(2 (b / 2) l ) l H
A 2,0
2
onde : b = 2H*tg(/2)
2 8
Q c l 2 g H 3/ 2 c tg / 2 2 g H 5/ 2
3 15
tg (/2) = 1/ 4 = 28,06º
Da mesma forma que o vertedor trapezoidal anterior , a área será dada por :
(2 (b / 2) l ) l H
A 2,0 , área do trapézio
2
onde:
b = 2H*tg(/2)
18
Sendo = 28,06º, encontra-se : l = 3,875 m
Q 1,86 l H 3/ 2
onde :
Q = 2,548 m3/s
2 8
Q c l 2 g H 3/ 2 c tg / 2 2 g H 5/ 2
3 15
:
A área molhada do vertedor será dada por :
1
A sen D 2
8
19
A relação entre o ângulo e a carga será:
D
H 1 cos / 2
2
= 35º e D = 21,6 m
onde :
D diâmetro do vertedor
H carga do vertedor
Q = 3,648 m3/s
Observe que esse vertedor terá como soleira um arco de círculo cujo comprimento será
determinado por:
20
tornando as medidas do vertedor circular pouco precisas. Nào convém, portanto, comparar seus
resultados com os de outros tipos de vertedor.
Conclui-se dos resultados que a forma do vertedor é muito importante na determinação da vazão
efluente, para uma mesma carga e mesma área de fluxo. Os vertedores retangular e Cipoletti têm
vazões muito próximas. O vertedor retangular alia simplicidade e grande capacidade de vazão com
cargas menores.
Referencial Teórico :
Azevedo Netto . Manual de Hidráulica : Volume I , capítulo 9 , pág. 79
Solução : Nos vertedores proporcionais, a vazão varia com a primeira potência da altura da
carga hidráulica. Esses vertedores têm, portanto, uma reta chave ao invés de uma curva chave
( vazão X carga ). Em geral, os vertedores proporcionais têm uma soleira retangular e seus lados
são convergentes. A base retangular mantém uma relação entre seus lados maior e o menor
(comprimento e altura, respectivamente) que varia entre 3 e 25. Quanto maior a relação menor
será a altura do retângulo quando comparado à soleira. As relações de maior valor numérico
resultam em vazões menores, para a mesma carga. Para viabilizar uma comparação entre as vazões
desses vertedores, adotou-se as relações b/a (Sutro) e l/a ( Di Ricco ) iguais a 3 e 5, conforme
indicado no enunciado. Padronizou-se, ainda as cargas nos valores 0,05 ; 0,10 ; 0;15 e 0,20 m.
5
Q K l a H a
8
onde :
K coeficiente que varia em função da relação l/a :
K = 2,094 para l/a = 3
K = 2,064 para l/a = 5
l comprimento da soleira do vertedor
21
a altura do retângulo da base
H carga hidráulica, contada a partir da soleira
22
Os valores das vazões foram organizados na tabela mostrada a seguir. As vazões variam desde
0,5 . 10-3 m3/s ( 0,5 l/s ) a 25,9 .10 -3 m3/s ( 25,9 l/s ).
a
Q 2,74 a b H
3
onde :
b comprimento da soleira
a altura do retângulo da base
H carga do vertedor, contada a partir da soleira
Os valores das vazões foram organizados na tabela mostrada a seguir para diferentes valores de H e
b, e indicados no gráfico. Esses valores variam desde 2 . 10-3 m3/s (2 l/s) a 50 . 10-3 m3/s.
23
Para uma mesma carga, o vertedor Sutro escoa vazão muito superior ao vertedor
Di Ricco ;
A reta chave do vertedor Sutro é muito mais inclinada do que a reta chave do
vertedor Di Ricco. Resulta daí que o vertedor Sutro é mais sensível à variação de
carga.
3 7 11
Vertedores 15 e Sutro ( l/a = b/a =3 )
Di Ricco
6 14 21 29
8 19 31 43
60
9 16 40 56
0,8 1,4 2,1 2,8
50 1,8 4,5 6,5 8,4
5,7 9,2 12,7 16,2
9,8 15,2 20,5 25,9
40
Q (l/s)
30
20
10
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2
H (m )
24
0,19 l e 0,26 l, ficando respectivamente a 5,0a e 2,5a de altura, medidas a partir da soleira. Ora, é
fácil concluir sobre a dificuldade construtiva do vertedor Sutro e sobre as possíveis imprecisões
resultantes de defeitos construtivos.
Observando como estes vertedores foram projetados conclui-se, também, sobre a causa que leva ao
melhor desempenho do vertedor Sutro para uma mesma carga. As paredes curvas do vertedor Sutro
são lançadas a partir dos extremos da área base desse vertedor, enquanto no vertedor Di Ricco, o
trapézio inferior está centrado sobre sua área base, correspondendo, na sua maior dimensão
horizontal, a apenas 0,46 da soleira (menos da metade).
Em resumo, a área molhada do vertedor Sutro é maior para uma mesma carga, o que resulta em
maior vazão.
y y m x x
1 1
onde :
y 2 y1
m coeficiente angular da reta m
x 2 x1
É óbvio que, para qualquer vertedor, quando a carga é nula (H = 0), a vazão deve também ser nula.
Estas equações, no entanto, não oferecem este resultado. Concluí-se, em decorrência, que as
equações não se aplicam a cargas pequenas.
No caso tratado, as equações devem ser desconsideradas para cargas inferiores a uma fração da
altura do retângulo, base a, a ser definida, até porque abaixo desta altura o vertedor deixa de ser
proporcional e passa a ser retangular.
Exercício 6
25
Referencial Teórico:
Eurico Trindade Neves. Curso de Hidráulica, capítulos IX e XIV.
Ven Te Chow. Open-Channel Hydraulics, capítulo 12, página 340.
Comentário inicial: Ao analisar este problema deve-se estar certo que se conhece a teoria
de escoamento em canais. Não sendo o caso, deve-se deixar esta solução para outra oportunidade.
Solução : O vertedor lateral tem um funcionamento muito complexo. Frazer classificou estes
possíveis escoamentos em cinco tipos diferentes denominados : A , B ,C , D e E. Cada tipo de
escoamento está associado a uma inclinação longitudinal do canal. Os tipos A e C ocorrem quando
a declividade do canal é crítica ou aproximadamente crítica. O tipo B se verifica em canais de
pequena declividade e os tipos D e E ocorrem em canais de grande declividade. Frazer inclusive
adverte seus leitores sobre a dificuldade de se obter bons resultados no cálculo de vazões com os
escoamentos do tipo D e E uma vez que , sendo o escoamento no canal supercrítico ( I > Ic ), a
veia líquida do vertedor fará um ângulo muito pequeno com a soleira (escoamento oblíquo). Isto
inviabiliza todo o fundamento matemático disponível que prevê um ângulo próximo de 90º entre
veia líquida e soleira.
Pretende-se abordar esta questão considerando o vertedor instalado em canal de pequena declividade
( Tipo B ) que constitui a grande maioria dos casos. Nessa hipótese, o vertedor funcionará como
indicado na figura 11.2 :
26
Apenas como exemplo, mostra-se que o escoamento do Tipo A tem o seguinte perfil:
O que chama a atenção nestes dois tipos de perfis é que o perfil do tipo A segue uma trajetória
previsível, isto é , descendente ao longo da soleira do vertedor, em razão de saída de parte da vazão
do canal. O perfil do tipo B , no entanto , se desenvolve exatamente ao contrário das expectativas.
Esse comportamento aparentemente impossível tem a sua explicação, com fundamento na curva de
Koch da seção do canal onde o vertedor está instalado. Sabe-se que a curva de Koch tem o
desenvolvimento indicado na figura 11.4 :
Os tirantes são marcados no eixo vertical e as vazões no eixo das abcissas. A curva indica , assim , as
vazões a serem percorridas no canal , para cada tirante , desde que seja mantida a energia específica
constante. A altura crítica é a fronteira entre os escoamentos subcrítico e supercrítico. Tirantes
superiores a yc são associados a escoamentos subcríticos, como o caso em consideração.
27
Admite-se agora que, a montante do vertedor, o canal é percorrido pela vazão Qo, seguindo o
tirante yo. A jusante do vertedor a vazão será Q1 , sendo Q1 < Qo , passando o tirante ao
nível y1. O gráfico indica que a vazão subcrítica cresce até Qc , a vazão máxima para a
energia específica determinada. Então , a vazão Q1 < Qo só poderá ser encontrar um tirante
superior a yo . Fica assim justificado o aumento de tirante.
Dados estes esclarecimentos , irá se fazer os cálculos das vazões utilizando os vários modelos
matemáticos disponíveis. Para tornar mais evidentes as distorções causadas pelo
afastamento crescente entre Ho e H1 , vai-se adotar cinco desvios indicados no quadro.
Admitindo que H1 = 0,05 m , encontra-se os respectivos valores de Ho :
Não faz muito sentido utilizar a fórmula de Francis quando a carga é variável ao longo da
soleira. Pode-se , no entanto, substituir a carga H pela médias entre as altura Ho e H1.
Agindo desta forma :
2 H15/ 2 Ho 5/ 2
Q m l` 2 g
5 H1 Ho
28
onde :
m coeficiente de vazão nos vertedores
l’ comprimento da soleira do vertedor
Ho carga a montante do vertedor
H1 carga a jusante do vertedor
Como não há velocidade de aproximação, uma vez que a corrente do canal é perpendicular à
veia líquida, no vertedor, pode-se adotar m = 0,4. O comprimento da soleira, no entanto,
pode ser corrigido para considerar as contrações laterais.
l` = ( l - n c` H )
onde :
l : comprimento da soleira do vertedor
n número de contrações
H carga sobre o vertedor que neste caso pode ser considerada igual à média
de Ho e H1 .
c` coeficiente de contração ( c`= 0,1 )
É fácil constatar que as diferenças registradas são mínimas, porém crescem com o
distanciamento de Ho - H1. Pode-se, ainda, utilizar a fórmula de Engels :
Qe m` 2 g 3 l 5/ 2 H15
onde :
m` coeficiente de vazão (m`= 0,414)
l comprimento da soleira (sem ajuste)
H1 carga a jusante do vertedor
29
Qe 0,414 2 9,813 55/ 2 0,055 0,048 m3/s
Como esta expressão não considera valores de Ho, o valor da vazão permanecerá constante
para todos os casos de Ho - H1. Obviamente o uso deste modelo fica restrito aos casos onde
Ho e H1 são praticamente iguais. Certamente, pode-se adotar a estratégia de substituir H1
pela média aritmética destas duas alturas. Mesmo assim, o resultado obtido difere em muito
dos anteriores, já que a vazão , segundo Francis , para H = 0,05 é igual a 0,102 m3/s.
Conclui-se, então , que a expressão de Engels não se aplica aos escoamentos do tipo B e
provavelmente trará melhores resultados nos escoamentos do tipo D e E , onde a velocidade
média do canal é muito alta dificultando o extravasamento pelo vertedor lateral.
Qd s 2 g ho 3/ 2
onde :
coeficiente que varia em função da carga, espessura e forma da soleira
coeficiente que varia em função de Ho/H1
s área molhada do vertedor s = (Ho + H1).l/2
ho maior carga sobre o vertedor
Mais uma vez os resultados estão muito distantes dos encontrados pelas duas fórmulas iniciais.
Vale para a expressão de Dominguez a mesma conclusão adotada para a fórmula de Engels.
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