Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Neste artigo são apresentados os resultados da análise por elementos finitos em 2D do campo de
temperatura da Caixa Espiral da UHE Batalha, localizada no rio São Marcos, na divisa entre Goiás e Minas
Gerais, Brasil. No programa experimental foi considerada a caracterização das propriedades térmicas,
inclusive a elevação adiabática de temperatura. Nos cálculos térmicos foi admitida a construção em
subcamadas de 20cm simulando a velocidade de lançamento da 1a. camada desta estrutura. O resultado
da simulação computacional foi comparado ao resultado experimental do monitoramento da estrutura por
meio de sensores do tipo Carlson, que além de medirem a temperatura, medem também as deformações de
origem térmica. Foram determinadas as temperaturas e as deformações provenientes dos gradientes
térmicos atuantes na estrutura, para posterior comparação com a resistência do concreto. A consideração
do acoplamento termoquímico a partir do ensaio de elevação adiabática de temperatura foi importante para
a determinação precisa do campo de temperaturas, requisito importante na análise das tensões
provenientes dos gradientes térmicos e, por conseguinte, na análise da segurança contra a fissuração de
origem térmica.
.
Palavra-Chave: Concreto Massa. Temperatura..
Abstract
In this article we presents the results of finite element analysis of 2D temperature field of Spiral Case of the
hydroelectric power plant Batalha, located in the river São Marcos, on the border between Goiás and Minas
Gerais, Brazil. The experimental program was considered to characterize the thermal properties, including
the adiabatic temperature rise.. In the thermal calculations was admitted the construction in sub-layers of
20cm to simulate the speed of release of the first. The result of computer simulation was compared to the
experimental result of the monitoring framework through Carlson types sensors, which in addition to
measuring the temperature, also measure the deformation of thermal origin. Temperatures and
deformations were determined, as well the thermal gradients acting on the structure, for later comparison
with the strength of concrete. Consideration of the thermochemical coupling from the test adiabatic
temperature rise was important for the accurate determination of the temperature field, a condition in the
analysis of the stresses from the thermal gradients and therefore the analysis of safety against cracking of
thermal origin.
Keyword: Mass Concrete. Temperature.
1.1 Introdução
Estruturas de concreto de dimensões suficientemente grandes ou com restritas condições
de dissipação de calor, estão particularmente sujeitas à fissuração nas primeiras idades.
Atualmente, cada vez mais estruturas estão sujeitas a este tipo de fissuração, devido ao
aumento do consumo de cimento utilizado nos concretos (resistências mais altas,
limitação da relação água/cimento, concretos reodinâmicos, etc). O presente trabalho tem
por objetivo o estudo do comportamento do concreto nas primeiras idades, considerando
“primeiras idades” (early ages) o período em que suas propriedades variam rapidamente.
Nesse período, as mudanças significativas em sua microestrutura devido ao avanço da
hidratação são percebidas macroscopicamente por meio da variação das propriedades
com o tempo. Enquanto as propriedades se desenvolvem, principalmente as relacionadas
ao endurecimento e à impermeabilidade, a matriz cimentícia apresenta variações de
volume de diferentes origens. As reações de hidratação do cimento com a água produzem
uma massa de hidratos que ocupam menor volume que os reagentes, ocasionando
retração autógena. A perda de água não hidratada que ocupa os poros capilares de
diferentes tamanhos provoca retração plástica ou de secagem, sendo influenciada pela
temperatura do meio externo, velocidade do vento e condições da superfície. As
variações de temperatura, principalmente devido à exotermia das reações de hidratação,
provocam deformações, de dilatação e contração, que em certos casos podem ser a
principal causa de fissuração do concreto jovem (GOMES, 2011).
Portanto, não é sem motivo que os primeiros estudos sobre a fissuração do concreto
jovem se desenvolveram em função dos problemas observados durante a construção de
ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 2
barragens decorrentes de tensões de origem térmica (FAIRBAIRN et al., 2007). Desde a
década de 30 já se estudava a adição de material pozolânico para reduzir a geração
interna de calor, sendo histórico o exemplo da barragem de Hoover, onde foram utilizadas
pela primeira vez serpentinas para pós-refrigeração do concreto e cimento de baixo calor
de hidratação como medida para mitigar os efeitos indesejáveis do aumento de
temperatura no interior da estrutura (GOMES, 2011).
em que:
ρ , c, k são a massa específica, calor específico e condutividade térmica, respectivamente;
são em geral considerados constantes do material e independentes da temperatura.
T , T& : temperatura no ponto e taxa de variação da temperatura, respectivamente.
Q& : taxa de variação da geração interna de calor no ponto.
1
Particularizada para material isotrópico. É a equação do balanço de energia em termos de taxa, ou seja, derivada em
relação ao tempo.
∆Tad∞
processo qualquer
T0
tempo
GERAÇÃO INTERNA DE CALOR:
Q(t ) = ρc ∆T ad (t ) = Q∞ ξ (t ) (2)
2
Equação citada pelo nome de “função Hill” em FARIA (2003) [3]
Este raciocínio foi apresentado de maneira didática por IURA e BREUGEL (2001) apud
AZENHA (2004), e resulta na seguinte equação diferencial em termos do grau de
hidratação, segundo GOMES (2011):
Ea
ξ& = f (ξ ) exp
1 1
−
(7)
R ∆T∞ ξ + T0 + 273.15 T + 273.15
ad
Se a elevação adiabática obtida experimentalmente for substituída então por uma função
do tipo “Hill”, a equação diferencial em termos do grau de hidratação fica particularizada,
resultando em:
c
(1 − ξ )1+ c ξ 1− c exp Ea ad 1 1
1 1
ξ& = −
(8)
a ref R ∆T∞ ξ + T0 + 273.15 T + 273.15
3
Mais detalhes em GOMES (2011)
z1.05 t 1.86
E0 ( z ) = 34.9 ∆T (t ) = 28.1
ad
4. RESULTADOS
A caixa espiral da UHE Batalha pode ser vista na Figura 4.1, bem como a geometria da
caixa espiral em planta e em corte, conforme as Figuras 4.2 e 4.3.
EC 4
EC 3
EC 6 EC 1
EC 5 EC 2
Nos nós correspondentes ao arco de caracol foi considerada uma temperatura fixa de
36 °C. Em ulterior análise, será modelada a água dentro do caracol, que não sofre
reposição nem circulação.
Lançamento (h) 0.0 1.0 1.9 2.7 3.5 4.3 5.0 5.6 6.2 6.7 7.2 7.7 8.1
0h 7h
10h 14h
20h 30h
80h 100h
150h 400h
O histórico de temperaturas versus tempo obtido da modelagem para cada ponto onde
foram situados os extensômetros pode ser visualizado comparativamente aos dados
obtidos do monitoramento com extensômetros Carlson.
FAIRBAIRN, E.M.R.; TOLEDO, R.D.; RIBEIRO, F.L.B.; SILVOSO, M.M.; GUERRA, E.A.;
FERREIRA, I.A. Modelagem do concreto a poucas idades com aplicações em
barragens: Novos paradigmas e novas soluções. Relatório Final. 2007. Parceria
FURNAS/COPPETEC (não publicado).