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VILANOVA, Welington VENTURINI, Biazotto - A Amicitia Nas Obras de Cícero PDF
VILANOVA, Welington VENTURINI, Biazotto - A Amicitia Nas Obras de Cícero PDF
Introdução
Desde o ínicio até a crise do período republicano nos finais do século I a .C., o
Senado foi o centro da vida política. Era um órgão soberano em diversos domínios e, um
órgão permanente da aristocracia romana, graças à sua organização, à sua composição e
à sua auctoritas. Seu apogeu foi o apogeu da República Romana, como nos revela a
fórmula o senado e o povo romano – senatus populusque romanus-, abreviada pela sigla
SPQR.
Para Cícero, tal mudança significou uma transformação na maneira de viver dos
cidadãos: a antiga igualdade entre os senadores foi rejeitada em favor do atendimento às
ordens do primeiro cidadão. As mudanças políticas fortaleceram os laços pessoais para
o exercício do poder em Roma.
O Conceito de amicitia
È neste contexto, que se desenvolve a amicitia, que podemos explica-la como sendo
um instrumento de ação política que sugere diversas formas de envolvimento social como
coloca R.L.B Venturini. Segundo ela, a amicita não era somente um laço de afeição, mas
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uma ligação objetiva baseada na assistência mutua e na fides, ou seja, na lealdade entre os
amici. Nas palavras de Maria Helena R. Pereira a fides é uma espécie de um juramento que
compromete ambas as partes na observância de um pacto “bem firme”.
Deste modo, a fides garante a reciprocidade entre os amicis, que podem envolver-se
com indivíduos da mesma posição social e com os mesmos objetivos políticos, ou com
parentes, ou ainda, com pessoas de ordens sociais distintas, que tem seus laços de confiança
baseado no sistema de patronagem e clientelismo. Segundo o historiador Géza Alfoldy
(1972, p.187).
Para Maria Luiza Corassin “(...) o cliente devia também prestação de jornada de
trabalho ao patrono, sinal de subordinação econômica.”( 2001, p.13)
Metodologia
Sabemos que Cícero nasceu em Arpino no ano de 106 a .C., e que sua família era
pertencente a ordem eqüestre. Marco Túlio concretizou seus estudos iniciais e ao completar
a maioridade continuou seu aprendizado sob os cuidados do senador e jurista romano
Múcio Cévola, que o conduziu ao conhecimento das leis e das instituições políticas
romanas.
Conclusão
Assim, podemos concluir que durante o período republicano, Roma passou por
inúmeras transformações que fez consolidar o poder da aristocracia. Assim, os romanos
dominaram o mediterrâneo aumentando sua zona de influência e constituíram, portanto, um
imperialismo. Nesta época, a vitória sob Cartago na Segunda Guerra Púnica, em um
aumento na quantidade de terras agrícolas, uma maior oferta de escravos, pois era a
situação na qual os prisioneiros de guerra eram submetidos, e ainda, desenvolveu-se uma
forte atividade comercial e monetária.
Essas mudanças refletiram na vida social de Roma, exemplo disso foi a constituição
de uma nova ordem, os eqüestres. Estando ligados principalmente à atividade comercial, os
membros dessa nova ordem foram adquirindo importância, embora, as famílias senatorias
constituíssem a ordem principal. Deste modo, adquirindo riquezas e também prestígio, os
eqüestres foram conquistando importantes cargos públicos e assim, inseriram-se na vida
política, como é o caso de Cícero. Portanto, os membros dessa nova camada social
necessitaram do apoio de amigos políticos para pertencerem ao círculo político, e também
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tiveram que buscar apoio de seus clientes. Fica evidente, portanto, que o envolvimento
político constituído nas relações entre os amici foi essencial para a estruturação do poder
em Roma. Este sistema possibilitou a permanência da aristocracia senatorial romana no
poder e sua grande influência na vida pública. A amicitia definida por Marco Túlio Cícero
deve ser lida no quadro de tais relações políticas.
Referências
Fonte Impressa
CÍCERO, Marco Túlio. Da Amizade. Trad. De: Gilson C.C de Souza. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
PLUTARCO – Cícero in. Vida dos Homens Ilustres – São Paulo: Atena,1956.
Bibliografia
ALFOLDY, Géza. História Social de Roma. Trad de Maria do Carmo Cary. Lisboa:
Presença,1989.
FUNARI, Pedro Paulo de Abreu. Roma: a vida política e vida privada. São Paulo:
Atual,1993.
GIARDINA, Andréa (org). O homem romano. Trad de Maria Jorge de Figueiredo. Lisboa:
Presença, 1992.
PEREIRA, Maria Helena Rocha. Estudos de história da Cultura Clássica: cultura romana.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenmk,1984 (volume 2) .