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12 e 13 de agosto de 2011

ISSN 1984-9354

EMPREENDEDOR: CARACTERÍSTICAS
E HABILIDADES

José Rogério Rodrigues Mo


(Unigranrio)

Resumo
O presente artigo, como objetivo, levar a uma análise das
características e habilidades dos indivíduos que se propõem a
empreender, abrindo o seu próprio negócio. Portanto, serão mostrados
conceitos sobre empreendedorismo, características ee habilidades. O
instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista realizada com
vários indivíduos empreendedores do segmento de restaurantes, onde
foi observado que em sua grande maioria possuem as mesmas
características expressadas pelos autores utilizados no referencial
teórico, mas, as habilidades essenciais que garantiriam a
sustentabilidade do negócio apresentam-se de maneira quase nula,
onde, os indivíduos lançam-se no mundo dos negócios sem o devido
preparo ou planejamento anteriores.

Palavras-chaves: Empreendedorismo; Necessidade; Aprendizado


VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011

1. INTRODUÇÃO

Empreendedorismo é um assunto muito falado, assim como a aquisição do


conhecimento, onde é propagado: “abra seu próprio negócio”. Certas dúvidas se apresentam
ao se falarem de regras para a formação do empreendedor e o sucesso a ser alcançado com seu
empreendimento. Existe relação entre a capacitação do indivíduo e o sucesso de seu
empreendimento? Quanto de conhecimento técnico e teórico é necessário para alcançar o
sucesso nos negócios? Que características pessoais de personalidade influem diretamente nos
resultados? Quais habilidades são necessárias para o empreendedor administrar o seu próprio
empreendimento?
O processo empreendedor pode ser assimilado e ensinado a qualquer indivíduo, mas, o
sucesso será conseqüência de elementos internos e externos ao negócio, do perfil do
empreendedor e, de como ele gerencia as adversidades que pode encontrar no seu dia-a-dia
(DORNELLAS, 2005, p. 38).
O artigo tratará da relação entre a formação teórica, o conhecimento técnico e o
resultado obtido no negócio. Para tal, compromete-se a apurar se a busca pelo conhecimento
pode proporcionar resultados satisfatórios para o empreendimento. Dornellas (2005, p. 39)
cita:
Qualquer curso de empreendedorismo deveria focar: na identificação e no
entendimento das habilidades do empreendedor; em como ocorre a inovação e o
processo empreendedor; na importância do empreendedorismo para o
desenvolvimento econômico; em como preparar e utilizar um plano de negócios; em
como identificar fontes e obter financiamento para o novo negócio; e em como
gerenciar e fazer a empresa crescer.

Dessa forma, indaga-se: quantos dos empreendedores que atuam no mercado tiveram
acesso a essas informações?
Para tanto, foram desenvolvidas entrevistas com empreendedores do segmento de
restaurantes na região do primeiro distrito do município de Duque de Caxias. Muitos abriram
seus negócios devido ao aumento de trabalhadores na região provocado pela instalação de
novas empresas na região.
O estudo, no tópico dois, apresentará uma revisão bibliográfica sobre o
empreendedorismo, enfatizando as características e habilidades necessárias do empreendedor.

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No capítulo três, abordar-se-á a metodologia aplicada ao estudo. No quarto capítulo,


será desenvolvido o estudo de caso com a análise e os resultados dos dados coletados nas
entrevistas efetuadas. No quinto tópico, apresentar-se-ão as conclusões e, no sexto, o
referencial bibliográfico.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR

Há a necessidade de se estudar o empreendedorismo e o comportamento do


empreendedor para uma melhor compreensão sobre o processo de criação de empresas e das
razões que levaram à morte prematura de seus negócios.
A cultura empreendedora vem se fortalecendo como uma alternativa ou solução à falta
de emprego formal no país. O custo gerado com um funcionário tem feito com que
empresários optem por elementos mais qualificados e agregadores para desenvolvimento de
multitarefas fazendo com que o seu plantel seja o mais enxuto possível e, por conseguinte,
não abra oportunidades para o aumento de vagas em suas organizações. Dessa forma, tem
proporcionado um aumento significativo de novos empreendimentos e, em contrapartida um
acréscimo de novos empreendedores, mas, em sua grande maioria, sem conhecimento para
abrir e gerenciar seus próprios negócios.
No que tange ao assunto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2005), descreve como as principais características do micro e pequeno empresário brasileiro
como: baixa intensidade de capital, altas taxas de natalidade e mortalidade dos
empreendimentos, postura centralizadora no processo de tomadas de decisão, registros
contáil-financeiros desorganizados, mão-de-obra não qualificada, mínimo ou nenhum
investimento em tecnologia, inabilidade e dificuldade de captação de capital de giro e, outras
de menor peso. Em sua grande maioria, essas características podem, também, ser
consideradas como dificuldades que contribuem para o alto nível de mortalidade desses
empreendimentos.
De acordo com a pesquisa promovida pelo SEBRAE e pelo Instituto Brasileiro da
Qualidade e Produtividade (IBQP) em 18 de abril de 2007, a quantidade de empresas

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constituídas no Brasil tem crescido regularmente, saltando de 7,6% em 2003 para 12,9% em
2006.
O Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2006), afirma que existem três elementos
básicos para que os empreendedores alcancem o sucesso, a saber: apoio financeiro, políticas
governamentais e educação, e treinamento. Devido às taxas serem muito altas, fica difícil para
o empreendedor obter financiamento das instituições financeiras. Também existem críticas às
políticas governamentais principalmente, pela burocracia imposta para a abertura de um
negócio. Em relação à educação e treinamento, uma pesquisa realizada pelo GEM avalia que
são consideradas as características regionais brasileiras e, suas especificidades, e, que o
sistema educacional não forma com eficiência o indivíduo para ser um empreendedor.
De acordo com um estudo publicado pelo GEM em 2006, o Brasil é considerado o
país que mais empreende no mundo e, o brasileiro um empreendedor nato.
A concorrência torna-se um empecilho cada vez maior para o sucesso de novos
empreendedores, que sem o conhecimento necessário não conseguem se desvencilhar de
problemas muitas vezes simples.
Em análise de qualquer empreendimento encontram-se dói s tipos de empreendedor: o
que empreende em relação à oportunidade e, aquele que empreende por necessidade
(DORNELLAS, 2005). Em uma pesquisa realizada pelo GEM em 2002, somente em três
países encontram-se empreendedores por necessidade: Argentina, Brasil e China. Esse
aspecto se deve às dificuldades do mercado tradicional de trabalho.
O Brasil, em 2005, estava entre os dez países com maior nível de atividade
empreendedora, dentre os trinta e cinco países participantes de uma pesquisa. Embora, a
mesma, deixa nítido que o tipo de empreendedorismo praticado no Brasil é o por necessidade
(AIDAR, 2007).
A taxa de 8,5% dos empreendedores por oportunidade em 2001 mostra um decréscimo
em 2002 para 5,8%, o que coincide com o aumento dos empreendedores por necessidade
(GEM, 2006). Estes números, neste período, apresentam-se devido a eleição presidencial,
onde o Risco-Brasil teve uma alta e o cenário político-econômico não se mostrava viável para
novos empreendimentos. Dessa forma, a classe mais favorecida no cenário político anterior
perde foco junto ao governo. Posteriormente a esse período, o cenário econômico começa a
equilibrar-se, favorecendo novos investimentos por parte dos empreendedores. O maior índice
de empreendedores por necessidade é visto, o que é demonstrado pela falta de oportunidades

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no mercado formal e, uma alta taxa de desemprego (11,7%), de acordo com Almeida (2006).
Na pesquisa GEM (2006):
A análise das constatações extraídas da pesquisa, mostra a disposição do
brasileiro para empreender, porém os que tentam por em execução essa disposição
encontram um ambiente econômico muito desfavorável e a grande maioria encerra
precocemente seus negócios.
De acordo com Brito & Wever (2004, p. 16), o empreendedor por necessidade,
importante ressaltar, não é necessariamente um indivíduo desempregado como, no geral,
muitos pensam. Destes, muitos aspiram criar seu próprio negócio.
O empreendedorismo por necessidade, segundo estudo realizado pelo GEM (2006),
mostra uma tendência a ser maior entre os países em desenvolvimento, em que as dificuldades
de inserção no mercado de trabalho impulsionam as pessoas a ir em busca de alternativas de
ocupação.
Como empreendedor por oportunidade, tem-se como exemplo, Salim Mattar, da
empresa Localiza Rent a Car, cuja percepção, há trinta anos atrás, vislumbrou o mercado de
locação de automóveis, sendo hoje, a maior locadora do país. Outro exemplo a ser citado é o
de Mariângela Bordon, da marca OX, conhecida no Brasil e exterior, conforme Britto &
Wever (2004, p. 17).
Quando se lê ou se ouve comentar sobre um empreendedor de sucesso em seu
negócio, muitas vezes dá-se a entender que se está mudando apenas os personagens mas, a
história é a mesma. Tais empreendedores apresentam algo em comum: suas habilidades no
que se refere aos seus negócios.
Dornelas (2005, p. 33-34), procura enumerar algumas características dos
empreendedores bem sucedidos, como: visionários, bons tomadores de decisões, dedicados,
líderes, assumem riscos e desafios, bons exploradores das oportunidades, determinados e
dinâmicos, criam boas relações, criam valores para a sociedade e são bons planejadores. Isso,
os leva construírem uma boa rede de contatos com clientes, fornecedores e entidades de
classe, gerarem oportunidades de emprego, a serem criativos e inovadores na busca por novas
soluções para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

2.2 ENSINANDO COMO EMPREENDER

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Não se questiona sobre a vocação empreendedora do brasileiro. Ademais, são, em


média, 15 milhões de brasileiros que se aventuram no mercado através do seu próprio
negócio (atrás apenas de Índia, com 76 milhões, e Estados Unidos, com 20 milhões),
conforme estudo realizado pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) com
apoio do SEBRAE (HUNGRIA, 2011).

Porém, durante um bom tempo, as pessoas foram levadas a acreditarem que ser
empreendedor era apenas um “dom” ou “talento” para abertura de um negócio. Acredita-se,
hoje, que empreender pode ser ensinado e entendido por qualquer pessoa que esteja disposta a
ser um empreendedor. Ao se partir desse princípio, ao se formar um número significativo de
empreendedores poderia acarretar numa expansão da economia e, por conseqüência num
bem-estar social. Para Dornelas (2005, p. 40), certamente o ensino do empreendedorismo
ajudaria na formação de melhores empreendedores, melhores empresas e numa maior geração
de riqueza para o país. Porém, o mesmo autor, afirma que o bom empreendedor deve ter
habilidades técnicas e gerenciais para tocar o seu negócio.

Para Medeiros (2011), o empreendedor deve manter-se informado e atualizado sobre o


mercado, na busca sobre novas tecnologias, que é fundamental para empreender. O que se
importante, é antecipar-se em idéias e apresenta, também, como criar negócios inovadores.

Em pesquisa feita pela GEM (2006), os cuidados em relação às orientações que os


empreendedores necessitam ter para a abertura de um negócio são destacadas no quadro
abaixo, onde mostra que tipo de orientação os empreendedores receberam antes de abrirem
seus empreendimentos.

QUADRO 1: Tipo de orientação recebida pelos empreendedores de novos


negócios no Brasil em 2006

TIPO DE ORIENTAÇÃO NOVOS EMPREENDEDORES


Experiência profissional Anterior 32,30%
Técnicas de Vendas 9,70%
Custos e Formação de Preço 6,50%
Design do Produto 4,80%
Processo de Fabricação do 4,80%
Produto/Serviço
Captação de Recursos 3,20%
Marketing 3,20%
Contabilidade 1,60%

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Procedimentos de Abertura de Empresa 1,60%


Registro de Marcas 1,60%
Outros 11,30%
Não buscou nenhum tipo de orientação 19,40%
FONTE: GEM 2006

Para Pessoa (2005 apud DOLABELA, 1999), a essência da Teoria de Filion ajuda a
entender como uma idéia de empresa se forma e, quais são os fatores de sua sustentabilidade.
Com base na Teoria de Filion, Dolabela (1999) criou metodologias para a capacitação
empreendedora de alunos começando na educação infantil, conhecida como Pedagogia
Empreendedora, até o ensino superior, a Oficina do Empreendedor.
As bases das metodologias são: o estímulo ao educando na busca do desenvolvimento
de seu empreendimento através da identificação de oportunidades, no desenvolvimento da
criatividade e na realização de atividades que simulem a prática, contribuindo na formação de
empreendedores.
Existe, também, o EMPRETEC, um programa desenvolvido pelas Nações Unidas em
34 países desenvolvido, no Brasil, pelo SEBRAE desde 1997 objetivando para que
empresários e empreendedores tenham resultados mais significativos em seus negócios, além
da geração de novas oportunidades de investimentos(SEBRAE, 2008).
O programa foca a percepção e análise das características singulares de cada
empreendedor objetivando a uma auto-avaliação e detecção de pontos fortes e fracos de seus
comportamentos e gestões. Permitindo ao empreendedor seu conhecimento e identificação
com as CCEs (CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR), assim
como:
 Busca de oportunidades e iniciativas;
 Persistência;
 Comprometimento;
 Exigência de qualidade e eficiência;
 Correr riscos calculados;
 Estabelecimentos de metas e objetivos;
 Busca de informação;
 Planejamento e monitoramento de sistema, e;
 Outras.

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O programa direciona a capacitação dos empreendedores oferecendo-lhes


ferramentas eficazes na gestão dos seus negócios. Utilizando uma metodologia que
consiste na aplicação de workshops intensivos, diluídos em 9 dias consecutivos, num
total de 80 horas onde abordam-se temas como marketing, contabilidade, recursos
humanos, administração e outros.

2.3 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

Através de pesquisa realizada pelo GEM em 2006, o Brasil surge na 10ª colocação no
ranking mundial de países empreendedores, o que mostra, no geral, que o brasileiro tende a
ter vocação para empreender.
A grande maioria das novas empresas surge por necessidade, onde o fundador perde o
emprego e as opções de retorno ao mercado de trabalho são cada vez mais difíceis. Porém,
uma boa parte destes chegam ao sucesso porque enxergam as oportunidades. Abrir
restaurantes, lanchonetes, barracas de cachorro-quente ou a fabricação de doces e salgados, na
atualidade, são segmentos empreendedores de maior interesse no Brasil. Em média, 27% dos
empreendedores iniciantes (com até três anos e meio de atividade) e 20% dos negócios
estabelecidos, que apresentam um tempo de vida superior a três anos e meio, atuam no setor
de alimentação (GEM,2006, p. 44).
Um grande esforço é feito para os empreendimentos sobrevivam. Para o SEBRAE
(2008), 60% dos negócios encerram suas atividades até o quarto ano de vida. As mais
freqüentes justificativas para o fato são as altas taxas de juros, a grande carga tributária e a
falta de habilidade do empreendedor em lidar com finanças, embora nas empresas bem-
sucedidas são fruto das qualidades do empreendedor, que são fundamentais.

2.4 O EMPREENDEDORISMO EM DUQUE DE CAXIAS

Duque de Caxias, município do Estado do Rio de Janeiro, apresenta-se como


destaque no comércio exterior. Por uma pesquisa realizada pelo Departamento de
Comércio Exterior, órgão da Câmara de Comércio e Indústria do Estado do Rio de

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Janeiro (CAERJ), em 2006, o município mostrou-se como o que mais exportou no


estado, apresentando um volume de U$ 6 bilhões em exportações, alcançando o
segundo lugar no Brasil, sendo vencido por São Paulo.
Os setores Petrolífero, Químico, de Transformação, Automotivo, Cigarros,
Alimentícios, Moveleiro e Têxtil foram o destaque nas exportações.
De acordo com o Gerente de Pesquisas Econômicas da CAERJ, Mário Augusto
Scangarelli: “... os números apresentados quantificam o município de Duque de Caxias
como o berço da indústria do petróleo, derivados e de transformação da cadeia
petroquímica, tornado-se o principal responsável pelo crescimento das exportações
fluminense e entrando de vez para o ranking dos principais municípios exportadores.
Duque de Caxias, em 10 anos, será um dos principais municípios industrializados do
país, fortalecendo a economia do Rio de Janeiro, principalmente dos investimentos
que estão sendo realizados em vários setores, não só da cadeia do petróleo.”
O município tem se tornado um dos principais alvos de empresas de diversos
segmentos da economia fluminense. De acordo com um levantamento desenvolvido
pela Prefeitura de Duque de Caxias revela que 3008 organizações se instalaram no
município entre janeiro de 2005 e junho de 2007, em uma média de 100 empresas por
mês. Neste ínterim, o município ganhou 114 indústrias, 1122 estabelecimentos
comerciais e 1772 prestadoras de serviços.
Para o Secretário de Desenvolvimento Econômico de Duque de Caxias, Jorge
Rezende, estima que, em investimentos, foram mais de U$ 3,5 bilhões e que tenham
sido gerados, em média, 50 mil oportunidades de trabalho diretas e indiretas nos
últimos 2 anos e meio. Com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, de
janeiro de 2005 a junho de 2007, foram instaladas cerca de 20 indústrias do segmento
de plástico, com uma geração de cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos. Essas
indústrias fazem parte do Pólo Gás-Químico e, recebem matéria-prima da Rio
Polímeros, empresa-mãe do referido pólo. As indústrias, em questão, representam um
acréscimo de 25% no setor, que conta com cerca de 103 indústrias (CAERJ, 2010).
No segmento de Logística, apresentando como nova vocação econômica do
município, é um dos que mais crescem em Duque de Caxias. No período entre janeiro
de 2005 e junho de 2007 foram registradas 135 novas organizações, com
aproximadamente 11 mil novas vagas de trabalho diretas e indiretas, incluindo grandes

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centros de distribuição, como o das CASAS BAHIA, CARREFOUR e do


HORTIFRUTI.
No setor automotivo, apresentou-se um destaque no período 2005/2007, onde o
município ganhou 41 novas agências de automóveis e caminhões e, 114 novas lojas de
autopeças e de serviços mecânicos, que geraram, em média, 2,5 mil novos empregos
diretos e indiretos. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico apresenta,
como estimativa, a existência, em operação, 130 agências e 740 lojas de peças,
acessórios e serviços automotivos.

3. METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA


Utilizou-se, no estudo, a pesquisa de campo e a revisão bibliográfica por estarem
adequados aos objetivos propostos.
Para Vergara (2004, p. 41), a pesquisa bibliográfica é um estudo desenvolvido baseado em
material que foi publicado em livros, revistas científicas, jornais de grande credibilidade, sites
entre outros, isto é, materiais acessíveis ao público. Propõe-se desenvolver uma relação entre
a literatura existente com a realidade pesquisada.
Quanto a metodologia, utilizou-se a pesquisa de campo que se apresenta como uma
investigação realizada no local, de forma empírica,onde dispõem de aspectos para a
elucidação do estudo (VERGARA, 2004).
O instrumento utilizado é a entrevista, abrangendo as informações em relação aos
empreendedores pesquisados e seus negócios. Verificar-se-á as principais características e
habilidades dos empreendedores e qual a maneira se atualizam, se instruem e convivem com a
gestão do seu negócio.

4. ANÁLISE DOS DADOS

Foram realizadas entrevistas com vinte empreendedores do segmento de restaurantes


localizados no 2º Distrito do município de Duque de Caxias.
É observado um crescimento da demanda pelo fornecimento de almoços na região, visto que
muitas empresas vêm se instalando no 3º Distrito em virtude da proximidade da Refinaria de

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Duque de Caxias (REDUC) e o Pólo Gás-Químico. Estas são de pequeno e médio portes, não
possuindo refeitórios em suas instalações.
Percebendo esse fato de que 27% de empreendedores iniciantes escolheram esse segmento
(GEM, 2006) no 2º Distrito, optou-se para que as entrevistas fossem realizadas.

4.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1.1 O EMPREENDEDOR E O NEGÓCIO

Motivo pelo qual abriu Entrevistados %


seu próprio negócio?
Dificuldade em conseguir 8 40
emprego.
Salário de mercado inferior 7 35
a sua realidade.
Oportunidade de ganho 5 25
maior que empregado.
Fonte: Própria 2011

Você se considera um Entrevistados %


empreendedor?
Sim 16 80
Não 4 20
Fonte:Própria 2011

Seu negócio é formal ou Entrevistados %


informal?
Formal 12 60
Informal 8 40
Fonte: Própria 2011

Que dificuldades Entrevistados %


enfrentou para abrir o
negócio?
Falta de recursos 15 75
financeiros
Burocracia 5 25
Fonte: Própria 2011

4.1.2 A GESTÃO DO NEGÓCIO

Qual a área do negócio Entrevistados %

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tem mais dificuldade de


administrar?
Gerenciar pessoas. 18 90
Gerenciar finanças. 2 10
Fonte: Própria 2011

Usa algum tipo de Entrevistados %


tecnologia da
informação?
Sim 19 95
Não 1 5
Fonte: Própria 2011

Faz uso de algum tipo de Entrevistados %


planejamento para o
futuro?
Sim 4 20
Não 16 80
Fonte: Própria 2011

Conhece seus Entrevistados %


stakeholders
(participantes do seu
negócio)?
Todos 12 60
Nenhum 5 25
Alguns 3 15
Fonte: Própria 2011

Tipo de estratégia utiliza Entrevistados %


para conquista de novos
clientes ou manter os
atuais?
Todo tipo de propaganda. 9 45
Faixas nas fachadas. 7 35
Nenhuma. 4 20
Fonte: Própria 2011

4.1.3 FORMAÇÃO DO EMPREENDEDOR

Qual nível de Entrevistados %


escolaridade?
Ensino Fundamental 9 45
Nível Médio/Superior 8 40

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Incompleto
Superior Completo 3 15
Fonte: Própria 2011

Pensa em voltar a Entrevistados %


estudar?
Sim 16 80
Não 4 20
Fonte: Própria 2011

A formação atrapalhou a Entrevistados %


conduzir o negócio?
Sim 15 75
Não 5 25
Fonte: Própria 2011

Tem habilidades de um Entrevistados %


empreendedor?
Não possui formação 12 60
empreendedora ideal.
Tem conhecimento 5 25
suficiente para o negócio.
Não reconhece o que é 3 15
formação empreendedora.
Fonte: Própria 2011

Os empreendedores entrevistados, conforme mostram os resultados, são em sua


maioria, empreendedores por necessidade e, que abriram seus negócios por falta de
oportunidades no mercado de trabalho, seja por dificuldades em se recolocarem seja por não
conseguirem salários compatíveis às suas necessidades; não mostram possuir formação
adequada para gerenciar seus negócios, porém, nesse aspecto, não os impediram de obterem
sucesso em suas empreitadas.
No que diz respeito às características (coragem, persistência, dedicação e
responsabilidade) apresentam-se de maneira comuns para a maioria dos entrevistados. Não
são detectadas as habilidades técnicas e gerenciais citadas por Dornelas para um bom
empreendedor, na questão do aprendizado, percebe-se que o empirismo se destaca em sua
grande maioria e, que alguns mostram vontade em aprender sobre a melhor maneira de
gerenciar seus negócios.
Todavia, ao reconhecerem que não possuem formação empreendedora ideal para
gerenciar seus negócios, se dizem bons formadores de equipes e bons líderes e, omitem-se

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dessas afirmativas que as características de liderança e formação de equipes estão inclusas na


personalidade de cada empreendedor.
Quando questionados sobre a gestão do negócio, em sua grande maioria, mostram total
desconhecimento das técnicas para se administrar um negócio. Ademais, a grande maioria
afirma ser um líder e um bom formador de equipes, porém, ao mesmo tempo afirmam que
suas maiores dificuldades ser justamente gerenciar seus colaboradores.

5. CONCLUSÃO

Baseado nas entrevistas feitas com os empreendedores do segmento de restaurantes e,


comparando com a revisão da literatura encontrada sobre o assunto, conclui-se que algumas
características descritas pelos autores pesquisados são encontradas na realidade dos
empreendedores.
Características como liderança, coragem, tomada de decisões são detectadas nas
pessoas que abriram seus negócios na região do 2º Distrito, do município de Duque de Caxias,
apesar de serem empreendedores por necessidade que, ao longo do tempo, desenvolveram
essas características para gerenciarem seus negócios.
A formação empreendedora necessária, quase não é percebida entre esses
empreendedores, em nenhum momento, estes fizeram uma pesquisa de mercado objetivando
verificar se haveria público para seus empreendimentos. Verificou-se também, que nenhuma
estratégia de Marketing foi implementada para atração e manutenção de clientes. A parte
contábil é terceirizada e, no que foi percebido, a questão mais preocupante é a dificuldade de
gerenciar seus colaboradores, principalmente os envolvidos diretamente com os clientes.
Numa análise geral das entrevistas efetuadas, conclui-se que enquanto houver
demanda crescente na região na busca do serviço de alimentação, principalmente na hora do
almoço, esses empreendedores manterão seus negócios em funcionamento e, quando essa
demanda se estabilizar apenas, ao longo do tempo, os que conseguirem adquirir melhor
formação empreendedora é que possivelmente irão sobreviver ante a uma concorrência
crescente, uma demanda estabilizada ou em decrescência.

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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