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SUMÁRiO:

80LETiM na .EDiTDRiAL
• mulhsr' trabalhadora
GRUPO DA MULHER • se'Jlual idodQ
NO'J/DfZ .18 DA A.A.C.• • cultural
• tn ulhel'eS nO mundo
.p/antfJmenfo família,.
.nDticiaS
editorial
o GRUPO DA MULHER DA AAC luta de uma sociedade leta, pa -
p a.1 os d ire i tos da ~1ul her (tr aba triarcal e capitalista. ~ A LU-
lhadora, estudante, dona de ca~ TA CONTRA ESTE SISTEMA QUE OPÕE
sa), luta pala emancipação da HOME NS A OUTROS HOME NS E A RA -
Mulher, oprimida por uma socie- ZÃO DA LUTA DAS MULHERES.
dade machista e de classes. Falar da Mulher d falar de c~
Queremos divulgar os nossos da uma de nós, dos muitos pro -
problemas, calados durante adcu ble n, as que temos no trabalho ,em
los, as nossas lutas; queremos- casa, na rua, todos os dias, e
d~nunciar a violêDcia, a repre~
fazermos algu ma coisa para os
sao e discriminaçao a que as Mu resolver.
lheres estão sujeitas nesta so~ Não somos um grupo que "fala
ciedade que, se a todos os tra- de si" - falamos de todas nós.
balhadores oprime, a nós f~-lo Sabemos que 'se não fore m as
duplamente. Mu lheres a fazê-lo, a lutar,nin
Falando enquanto Mulheres, a- gu~m o fará no nosso lugar. Re-
cusarnos-ão alguns de "falar con cusamo-nos pois a ficar ~ espi
tra os homens" 6nicamente. Isso- ra, de braços cru zados . -
não ~ por~m ass~m. Sabemos que CO NTAMOS COM G TEU APO IO PA
muitos homens sao, eles tamb~m í-\ ~ A CR I AÇÃO DE U~lf\ FOR TE SEC
explorados. Ambos somos vitimas ÇA O DA MULHER NA ASSOCIAÇÃO ~
C AOrr'lI CA.

II
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2
I 1
AS NO SSAS REU NIÕES:
A NOSSA LIVRARIA:
s ão todas as 4ªs feiras és 1
17, 3 0 na sala 4(15 do edifi- I Funciona na sala 4/15 da AAC. I
I
cio da Associaçao. Nelas dis Podes encontrar livros que te
cutimos muitas soisas, tais interessam, consulté-los ou
como: intervençao no traba - cO ffi prá~los, co m l U~ de descon
lho de planeamento fa rll iliar, to. - i
e m_ Coirnbrajaborto, contrace- Está aberta todos os dias du
rante a t a rde, das 17,3 0 ~s
J'
~ç ao e sexyalidade da Mulher;
problemas especIficas da Mu- I 1 9 hor a s.
~------------------------~--------------
lher trabalhadora; discrimi-
~aç ão cultural e na educação; ,------------------------- - - - -- ---- - -- -
" c om e;rcialização d o c o r po da Contamus com a tua colduora-
r'1 u 1 h e r II j o r i g e m d a o p r e s são ção para continuar com as reu-
da Mu lher e ligação das s uas niões semanais, pa ra particip~
lutas a outras lutas sociais. res no Boletim, conta mos con t l
E , evidentemente, te ma s que go nas actividades -co16~ui os ,
cada uma de nós queira ver d i s fil n, e s e debates - que se rea-
cutidos. lizarem r
~-------------------------- -------------
Al ~m d isso planeamos n as r e
un iões relizações a l ev a r a
ca bo; prepara r,; os e d iscuti mos
os Go letins. I HJ F C; R~1A- T c: ! r
._ _ _ _ _ _ _--~J
H ; SCrl EV i::. - TE :,; 0 C~Ur' O ! I
/\ :1 I VIDAc)[ S !
I
--- - ----- - ------ ~- ... -- --_._--_ ._-_.- .- ." _•.. _- - _.-
mu/he r traba/haJo1t9

Uw'i~J>'H(Ú~ /uMd.iaJ tl/f..aci{).c~ ~ - 0-1


F1cM.e.w.WJ J~ (iuúll,w, !J?O-e~~Q.~'M
,\RtA./-t'l.) cod.Dt,vo MI (~'".. ('iJ cd-z ~'o) a.ln.:>'~tõ
:;[<wjO-<;a~' do rLl/r éJ da ef0al!A;;,)-

~~~::i~:;';r,~At~r\ii'·d~ ,;;:~,.,;:·,··<:~1;W~(·· · · ·
-
recçao do sindicato dos T~x1eis, Lani
ficios e Vestuários do Centro. Ela f~
lou-nos sobre a Conferência Sindical
sobre os problemas da í; ulher Trabalh~
dora, sobre problemas que se col2 cam
~ mtUher t ~xtil e s obre a situaçao da
~ ulher na sociedade actual.

CM- Uma pr i ri, e ira co isa q ue quer ia fi :os


perguntar - te é quais os objectivos des
ta Conferência S indical s o bre os pro =
bleii.as da ,l ulh e r Trabalhadora.
IV- r pa ra a~r u fun da r os p robl em as qus
se colocam ~ Mulher Trab~lhad o ra no se
u conte x to politico~social, definindo
a s suas reivindicaçoes es ~ec 1fi~ os e
os asp e ctos'organizétivos,contribuin
do para o reforço daparticfpação das
;w l her es no Olq V ü ' ento s ind ical. Como
contributo i mpo rtante para a Confsrên
cia d a Organização , os te r;, as a discu
t ir são: tarefa e' partic ipação das f"iu -
e
-.~
'- -
lheres no Portugal de Abril, tqrefa
partiCipação da Mulher no trabalho e
nos sindicatos, participação das Mulhe
res na luta pela Paz & progresso, soci
ale
f
CM-Olha, tens alguma ideia 1 a nível do 'l .

país, qual o n~merode mulheres que a


inda não usufrui desal~ri o igual pa=
ra trabalho iguai. Esse vai ser con -
certeza um do~ te mas tratado ~o Encon
tro, não?
I.V.-Em relação ao sector têxtil ' não
se coloca muito esse p'roblema, porque
o nosso contrato prevê 2ara .trabalho
igual, salério igual, nao h~vendo dis
criminação ~as categorias entre home~~
e mulheres. Mas h~ uma boa percentagem
de contratos em ue essa discriminação
ainda se nota, embora se tenda hoje a mulher trabalhadora e em particular ,
~cabar com isso. Mesmo assim, o patro- para as trabaLhadoras têxteis?
nato ainda n~o cumpre isso, fazendo a I • V- P a r a a 1 é m da d i s c r i [li i na ç ã o sal a-
discriril inação entre o trabalho realiz~
rial, um dos proble ~:, as maiores que se
do por homens e por mulheres. E me~mo coloca é a falta de creches, de canti
há fábricas em que coloca as questoes
nas e de lavandarias colectivas, por~
desta maneira, por' exemplo numa e[ il pD~
que_ainda hoje se nota que a partici-
sa do nosso sector em Castelo Branco:
,,~ homem, tem que ganhar mais, ~ mu -
paçao das mulheres tanto na vida poli
lher- n~o precisa de ganhar tanto, e tica corno sindical 6 muito reduzida.-
n~o ~agam o salário que a trabalhado-
Se contarmos que so mos 30l OCO traba-
lhadores t~xteis e 10 sindicatos têx-
ra devia çanhar. teis e s6 existem 44 mulheres dirigen
Gfvl- V~ n, muitas trabalhadoras partici- tes (JU delegadas sindicais (tlomens e-:
par desses casos ao sindicato? O que xistem 92). ~1uitas mulheres s~o impe-
~ que voc~s fazem quando surge um pr~ didas de modificar a situação devido
bler.ia desses nur"a empresa? aos lIafazeres dom~sticos" - lembremo-
-nos que e mbora a constituição aponte
I .V- Se h~ tr<:..ibulhadoras qU8 vê i., colo riiGutro sentido, o govorno ainda nada
car essa qu es tão, uil1 as t~m medo e pe- fez para libertar 2:S íoi ulheres das ta-
ue l" par á não dizer gue foi ela que v.§: refas dDm~stic8s- n~ _ criou creches ,
ia at~ cá. Outras nao. Querem que 58 e cantinas nem laVandarias culectivas,
cUfiíp rá o que diz o contrato. Então nós qU8seriam um passo ei.; frente nesse se
va mo s ~ 8 ;" p r es a, convocamos plenóri.os tido. Outro grande p roblema está relaci
e t e nt<.:': I1,cs discutir isso CO I,.' os trab~ onado co m as f a ltas que as trabalhado:
lha do res. í:asu incJa hoje I"uitos homens ras dão e os contratos a ~razo, que per
nã o vêm i ss o co ~ bons olhos 8 contlnU- mitern aos p atrões reinarem de Ui:, a manei
am sempre a d izer_a ;"esm a coi s a:"nao ra I;iuito especial: é) :n ite Ui;.a trabalhadG
senhor, que e la na ~ te m nada qu e g a ra ror 6 mesBs~ não tem encargos, n~ü -
-
nhar tanto co mo o homem, dev e Ga nh a r o
que c pa trao lhe dó." Quando nao se r~
~
paga f~rias, nao sindicaliza, se for
preciso e ao fim de ss e te mp o elas estão
solve a situação fo r_ c sta via, o ", indl el;: casa e os patr; c s r~ o c ern admi t ir ou -
C2tO cha ma a insp ec çao de trabalho que tras, ü que os livra de encargos. Este
a u t oa, a tr a balhadora ~ ~ ss a pe ra a ca- decreto foi publicado pelo governo e s~
te ~o ria d2vida e o pa trao ~ ~ ultado. veio agradar ao patronato e prejuuicar
Cf'l- LC r.lb r c.!s -tE de 21 g ur,; C 2 ,,~ 0 e ~ , que o os trab a lhadores. Por outro lado, os p2
t r õ e sem 9 e r aI n ã [) a c e i t a ri, mu 1 h e r e s c "2
~ indicat o tenh a intarv id~?
sa~as, porque se ~ undo o contrato, elas-
I.V- L\T, 76, estáv é:i ,GS nu m plené'!rio em têm direito a 3 meses de parto, direito
Cas telo Branco, nu ma 8 mpresa d e cDnfe~ a um certo te mpo p dr a prestar assist~n­
ç;es, discutia mos 8 nt;o as teses para cia em case de_doença, ~ fa~ilia, a ir
o encontro da nu lhei' Trabalhad rHa- 9, ao_m~dico, entao CC Li O s U dizia, os pa-
ás tantas, h~ um alfaiate, que sai de troes evitam empregar mulheres casadas,
l~ e diz o _seguinte: "i'\qui nest,2 e;npr~ o q ue cor ~, o v ~s ~ Uí~ gr ano e pr obl ema que
5 3 6 que nac, aqui 6 que elas na~ g8 - impede as 1"ulh e r8s de entrarem no I; ;undo
nha m ma i s do qu e n6s, a gente havemos do trabalho. Outro ~ roblem2 i mportante,
se !"p re de ganhar mais d o que ebas." D~ é o desemprego e os despedimentos - se
re is eu vi m a saber que G patrao tinha a trabalhadora tem um parto, o nosso co
r:: i r] a d::; o s h c I:i e n s no s e n t i d o d e o s v i - trato prevê os tais 3 i; eses e que a tra i
rar c o ntra as I:: ulh c res- 6 dividir para balhadora possa estar c m casaat~ ao fi~
reinar- para al~m de qu e se n~ o pagas- lho ter um ano de idade, sendo de segui
se o salário d3vido, ~5 mu lheres, lhe da admitida Ca i;: salário actualizado '8 '1

entr a v a mais dinheir o a o b~lso. ~a al- as mesmas regalias dos outros trabalha-
tura, uma trabalhadora q ueixou-se di - dores. O patrão então, ~s vezea despede
zendo-"Este senhor aqui, está a con - -as ou tenta adrütir mulheres viúvas alj
tri buir p a re: que n6s nã o g anhemos_tan- solteiras, e quando elas casam lá vêm
to co ~ : o ele. fi assa altura, o r'atrao fe outra vez os proble mas.
i obrigado a p agar ~ trabalhadora a a-
trasado que lhe devia desde que ela es GM- Ligado com esse problema, o ex-mi-
tava naquela categoria. nistro Gonelha falou aqui ~ uns telllpos
GM- Olha, outra questão: qual é a per- na televisão, dizendo que "cama o lu -
centagem de trabalhadoras no sector? gar da fI,ulher era o lar, se compreendi
a que ela fosse a primeira a ser despã
I.V- r muito grande. No nosso sindic~ dida, para não prejudicar o homem, quã
t2, que tem 12 Oe L trabalhadores, 93% esse era o chefe de familia". Falou-se
sao mulheres. na altura que um dos sectores que mais
GM- Quais os problemas que neste mo - seria atingido por essa politica seria
mento tu vês COiil 0 fundamentais para a o Têxtil, onde há uma maioria de mulhe
re
I.V- Temos tido alguns despedimentos co- rem os seus problemas específicos?
lecitivos, ~mpresas que fecham e apresen- I.V- O problema que ainda hoje se co-
tam inviabilidade econ6mica, embora n~ loca é que a causa dessa sitoação ~,
maioria dos casos isso não passe de men- por um lado a sociedade capitalista
tira do patEão, e nesses casos, as mais am que vivemos e que oprime a ~ulher,
atingidas sao as mulheres. e_por outro penso que a mulher ainda
GM- Faláste há pouco que u ~ dos proble- nao se convenceu que tem que se liber
mas fundamentais era o das creches, que tare
na 8 sã o garantidas pelo governo nem pe- Na minha e mpresa, onde há cerca de 180
lo patronato, e que dificultava que uma mulheres e 20 homens, a "Fernandes Ri-
\i, ulher com filhos se empregasse e que , b~iro"e m eoselhas, as mulheres ainda
nomeadamente, depois de estar e~pregada hoje encar~m mal por exemplo a minha
possa continuar a trabalhar. Há algun ia participaçao no sindicato e a forma co
f~brica aqui na zona que tenha tido al- mo eu conjugava esta participação com
gu m processo de luta pela criacção de o trabalho em casa, diziam:" Ela para
creches e G tenha conseguido? fazer uma coisa, concerteza que deixa
I.V- No distrito de C01mDra temos, a a outEa por fazer", e eu aqui coloco 2
gora na zona de Coimbra, não. Temos- que s t o e s: p o r u fi] 1 a do, P o r que e s s as mu
na Figueira a Sidney, que te ~ um in- lheres ainda se sente r:: realizadas co;'
fantário e assist~ncia m~dica aos tra "casa/emprego, emprego/casa", por ou-
balhadores. O nosso contrato prev~ re tro. lado, porque os maridos "mandam ,
al n,ente que os p atrões construam cre:: querem e podem", e elas fazem aquilo
ches e isso não tem sido assim muito que "ele" ma nda e quer. r~ão vão ~s re-
levado a peito, lá i s so ~ verdade. uni;es po rque os ma ridrs não quere ~ .
GM- Ouve, o sector têxtil ~ U i :', dos s. Eu penso que no fundo isto tudo tem
ct o res onde há r:: aior ex p lonação de a ver co m a libertação da mulher, por-
f, \ao de obra jove m, c m pa rticular de que muitas íll ulheres ainda não pensam
f!i U 1 he r es. L embr a r: c -nos de um c as o de por si, não querem s air da casqui n ha,
U'n8 Fábrica e ,;1 Vila :lova de Gaia, de libertar-se. Eu ~esma tenho tido p ro-
me ies "Catalan a ", onde a n~ ~dia de 10a blemas, ma s tenho lutado contra eles,
de s Jas ra pa ri ga s que lá trabalha n ~ p e nso que as o utr as ji, ulheres dev e ri êlm
de 15 e 1 6 anos e o salário é baixis- f a zer o lil esmo.
simo. O p atrao não lhes paga o salário GM- Isso est~ relaciOnado com a Comis-
rli i n i n1o, e 1 as n'8 o e s t 8 8 a o - a b r i 9 o do
c ontrato ner;] si ndic a lizadas; Aqui no são de Mu lher es que, segundo parece, e
Ce ntro há Guitas cusos desses. xis te no v osso s indicato O que ~ qu~
R

vocês pen s a m f 2l zer para"remar c on tr a a


I.V- O nosso contr at o p revê que n ae é l i, ar~"?

d e a d '" i t i r r 8 s s o a 1 c o m rTi e nos d 8 1 6 a-


I. V- Nós temos u;" Depa rta mento na nos-
nos de i dad e. No Porto há essa fábri-
ca e hé mais! Aind a a se r,;2na passada , so Sindica to 2 a r d ~ ulheres e jov ens .
tiveGos um caso de s s e s a li em Castelo Pen s o que nao s6 d eve~Qs mobilizar
Oranc o . ~s vez es o sindicato vai lá e a s mu lheres par a Encontros, mas duran-
dep ar a-s e c O í,: as tr abal hado r a s que não te todo o ano, at6 para que ne ssas al-
se que r e ;" s i n d i c a 1 i z a r, c o~ , me d o e r 0.E. turas tenhamos as lil ulheres mobil izadas.
que querem g ar a ntir o e fi,p rego e tudo o Eu tenho urna experiência grand e do En
",ai s . contra da Mulh e r Tr abu lhadora em 76, e;
que todas n6s lá estivemos, discuti mos
GM- Qual ~ a parti c ipação das ~ ulheres a aprovámos, e no ,entanto, na prática,
na vid a sindical e na s estruturas de nada se fez. f:'enso que foi Ui: 1 pou::o p er
dir'ecção? der o trabalho, quand o podiamos chegar-
I.V- N6s temos na direcção, de p ois da a uma altura destas e ter as ffiulheres
fusão dos 3 sindicatos: Têxteis, lani mobilizadas_e esclarecidas, fazer-lhes
ficios e V8 stuário, 4 n,ulher e s, 2 nos ver quais sao os p roblemas que as afe-
corpos gerentes; fi ctirecção t1 cO fl' P9s- cta m e como nos podemos libertar.
ta de 28 elemen t ~s, os restantes sao
homens. En, relaça :J a os 12 COO traba - GM- Uma das dlti mas questões que te q u e
lhadores que . temos e aOs 93 )~ de fll ulha ria rn o~
por est~ relacionada com apre ::
res, é, COíil O vês, uma percentagem mu} paraçao do ~ncontro: qual foi o proces- I
to reduzida. so de elei~ao das delegadas e qual a
participaçao do conjunto das trabalha -
GM- E o sindicato pensa fazer alguma doras na discussão das teses?
coisa no sentido de aumentar a parti-
cipação das mulheres na vida sindical ? I.V~ A discussão das teses foi feita em
Tem havido discussões nas empresas con1 empresas, na maioria das sect o r es . Nou-
as mulheres? Tentou-se criar comissõe5 tros sectores, cam o o Com~rcio e Escri-
'dê mulheres nas empresas para discuti t6rios, em qu e por vezes há 2 ou 3 tra-
balhado~es em cada local de trabalho, a greja também já a te~ há muito tempo
discussao foi feita em plen~rios geraia no entanto, parece que as estruturas
Houve ainda muito reduzida participa- d9 movimento !indical, em particular e
ção das mulheres. Os pln~rios foram visto que estao mais directa mente liga
realizados aos Domingos, e, claro, as dos ao problema, os Departamentos femi
mulheres que trabalham, geralmente g!:! ninos, nio têm dado a devida importan=
ardam o Domingo para fazer alguma coi cia a este problema, na maioria dos ca
sa em casa ou dar um passeio. sos nem se têm pronunciado bcerca deli.
Como mulher, trabalhadora e d~rigen­
GM- Qual ~ a diferença vundamental em te sindical, qual ~ a tua posiçaoa es
relação ao modo de eleição das deleg~ te reépeito? . -
das a este encontro e ao de 76? No ~º
parece que qualquer ~elegada sindical I.V- Eu penso que devia ser aprovada u
tinha direito a participar e a votar nia lei que considerasse o aborto LegaI.
as tes es? não te parece Uina forma mai l Se tivermos em sonta que ainda hoje,
d8mocr~tica de eleição ~ que permiti
muitas mulheres nao tê~ hipótese de a
r.!a uma maior partisipaçao e mobiliz~ ele Decorrer, já que se teHI que pagar,
çao da s Ii. ulheres ? rJao te par ece que o quando nao é mais, á roda de 6000l0 U ,
m~todo de eleição utilizado este ano, o que uma trabalhadora ganha num mês
~ bastante limitativo?
de trabalho, penso que realmente ~ ur-
gente que essa medida seja tomada; ain
I.V- H~ dois anos, a eleição não foi da hoje a 1;lulher que se quer empreg.ôr-
real mente assim. Cada sindicato acei e tem um rancho de filhos, e ~u tenho
tava inscrições de d e le gadas a partI exe~plos no sector e e m relaçao ~ cole
cipar no Encontro. ~essa altura foi ga3 minhas que têm o 2º filho e j~ nãõ
r e al mente U l. i Crande Encontro, as sa- voltam a i~ trabalhar. Se pudessem ter
l as estav a m ch e ias, a abarrotar, e fe i to um abor to, tinha li l-no fe i to, se
i s so dificultou o trabalho. conhecessem a 80ntracepção, tinham-na
GM- ~ ent~o um proble ~ a de se encon- utilizado. Por outro lado . há e xp eri~n­
tr a r um edificio maior,Isabel? cias niuito tristes em relaçã c ao abor-
to que é praticado na clandistinidade.
I.V- Em relação ~ os m ~t o dos, eu par~ 1'lu i tas muI heres que o fazem são cr i t i-
ce-me qu e este a no ele não ~ mau ••• cadas por vezes pelas pr6prias cole gas
há do is anos houve realmente maior ,que, muitas delas j~ fizeram ta~b~ m a
particip a ção, mas o trabalho dilui - bortos, embora, quando eu as s ista a ei
-se um pouco. Parece-me que assim, o s as discussões, tente esclarecer as -
tr a ba lho pode render mais. que actuam assi m. Por outro lado, dev!
GM- Mas olha, se fos s em todas as de- d o ~ campanha reaccionária da Igreja ,
le gadas sind~cai~, o eroblema de se está ainda divulgada a ideia de que o
dilui r a discus s a o, n a o pensas que aborte é "matar", etc, e muitas mulhe-
podi a ser re s olvido S8 se elegesse , res nao discutem ainda este pr Gblema
no pr 6pr ia Encontro, r e al izado e n, bo Com sinceridade entre elas, porque t6m
as intal a çõ e s, Comi s sões que se enc~ medo de ser presas, acusadas, e tUDO o
rregassem de levar ~ pr~tica ~s te -
ses votadas e a sua divulgaçao?
mais. I!: reall~ ente triste, lembro-me a-
gora, porexemplo, de d uas amigas minhas
I
que tanto esconder a ~, que estiveram mes 1
I.V- As decisões quando vieram há de mo ~ morte. Portanto penso que isso e--
is anos, per dera r:!-se um pouco, embo-= ra uma coisa a ser aprovada, e feito
ra e m algumas empresas se tivessem realmente em sItios onde a gente pudes
d iscut ido e l" plenár ios de trabal ha- se ter segurança e hi g iene, p ortanto ~
dores posteriores ao Encontro. em hospitais.
Aqui no noss o sector, pensamos, a Em reLação ao adiamento da discussão
seguir ao enc o ntro divulgar as reso- na A.R., penso que isso ~ agravar ain-
luçõ~s na s e mpresas, co m a ideia de da mais o problema, contribuin~o para
criar Departamentos por empresa no que a exploração que as parteiras nos
sentido de essas decisões serem leva fazem contiuue por mais tempo - chega-
das ~ pr~tica .. mos ali, damos uma data de dinheiro,e~
tamos sujeitas a he morragias,_a ir p~
GM- Olha, UI.l a outra questão que de cer rar ao hospital, a más condiçoes, a
ta for ma está ligada a tudo o que o~s­ semos tratadas da pior esp~cie. LembrQ
sémos at~ agora. U~ a questão que para - me de ter ido a uma maternidade levar
nós é muito i;" portante · e foi assim que uma amiga que por causa de um aborto
o GM/ AAC lhe dedicou uma campanha no ~ mal feito estava quase ~ ficar-se, e e
no passado e pensa voltar a fazê-lo es la l~ a desmaiar, e o mádico não a qu~
te ano :0 aborto. Legislação que vai - ria tratar, dizendo que quem o tinha
ser di s cutida na Assemblaia da Rep~bli feito que a tratasse, porque ele ali á
ca. V~rias organizações de mulheres to que não a tratava. Ora isto assim nio
mara ~ já p osição em relação a ela, a I pode continar. Nio podemos deixar que
isto continue desta forma.
GM- Ora, isto est~ ligado evidentemen- SAUDAÇ~O DO GRUPO DA MULHER DA ASSO-
te ~ contracepção, como mei~ de uma CIAÇ~O ACADrMICA DE COIMBRA a CON FE-
ril ulher ev i tar uma grav idez nao dese ja- Re NCIA SINDICAL SOB RE OS PROBLEMAS
da. Da tua experiência, achas que no DA MULHER TRABALHADORA.
seio das mulheres trabalhadoras aqui
da zona a contracepção ~ pouco conhecl
da?
I.V- H~ um certo cbnhecimento da con
trac epç ão, mas colocam-se muitos pro -
ble rn as: ou ~ ir ao m~dico e o r; : ~dico
nao p assar a receita ou ~ de ~s vezes
-
"Nada temos a perder senao as nossas
cadeias,
as mul her e s não se dare m be m CO II! es se
con t race pt ivo (ou en gordarem, e m agrec~ te fli os o mun do a g a nhar!"
rem o u se ntir e ,., - s G mal) e aI. os m~di -
cos proi be ré-nos d 8 v o ltar a to r:. ar con-
tr a ce p tiv os , se r: nos dar hip6tese de
escolher o utro melhor~ e n6s na maiorl
a dos ca sos ta mb ~ m nao conhece ílo s ou-
tr os para d izer que os quere mo s usar. O grupo da Mulher d a A A C \ sa~d a c a·
H~ po is que f a zer um e sclarecimento lorosa mente a C o nfer~ncia S indical
gra nd e e e ducar as mulheres para lhes sobre os problema s d a mulher traba-
dar a conh e cer os m ~tLdcs contracepti- lhadora e atrav~s doIa toda s a s Mu-
vo s , p o I' que a i n d Cl h o j e ~ o d i a e r;: que lheres trab a lhad o ras portugu es as.
s e ho uve muito boa C]e nte d iz e r:" f\ h!, Estamos c o n s cientes de que e la S8
se e u co n hece s s e aquilo qu e haje e x is- rá ur il p a ss o im po rt a nte pa ra o av a n::
t e , eu c á não tinh a t ido t a nto s filhos" ço das lutas da Mulher trab a lhad o ra
!='o r isso d~ re,-ü !, e nte a id e i a de que pela resolução dos se us proble mas
a s p~sso a s a i nda n;o conhe ~e m a contr a e s pe cific os e p a ra a s u a organiza-
c e ;l ç:ao . çã o ind epe n den te dent ro dos s in d ica
to s , at rav~ s d :, Duoa rt a;,l entos eCo::
GN- Olha, isso está li ga do a uma expe- missões de i'; ulher c ~, 6nica forma de
riêacia, que se fez_ em Lisboa e que lev ':Jr o conjunto do l:lOvirn e nto sidi-
c o nsistiu numa li ga çao efectiva da A~ czl e do s tr abu lhadores a to ma r nas
sociação de Planea ~e nto Famili a r aos maos, co~o parce inte o r an te da 3 u a
loc a is d e t rab a l ho , em particul a r ao . I luta, a lut a pela e<Tia~c i pLiç ão da iiu
sector t~ ~ til, no me adame nte através l he r.
d ~ cursos de mo nitores de pl a neamento As I"ul he r es po rtu g u es as, as i;w lhe
FamU iar a be rtos a d e legadas ~indicais. I re s tr élD <:; l hador as ;,i U i to e,n es p ec ial
Aq ui em Coi mb r a , a Associaç a o de p l~ I saberã G juntar a J u a lut a ~ lut a d as
nea me nto, p a rec e -nos q~e tem ti d o ba~ - I í'lulh e r es e ,n to do o :;l un do , á lut a de
ta nte s de b ilid zdes e nao te m consegul~ todos os explorados e oprimido s con
du uma grand e divulga ç ão do planea men- tra a socieda de patriarcal e c ap itã
to na zona. Pen s as que seria positivo lista, pelo Soci a lismo, conscientes
av a r~ça rmo s CO in este ti p:J ce trabalho? d~ que se ~ ver d ade que a e ma ncipa-

I,V- Eu ap oiti essa ini~iativa e parec~ çao da f-i ul he r -s6 sor j conseouida no
- me ~ uit o im o ortante. ~m cont~cto q~e So cialis mo, ta mb ~ m 6 v e rd 3d~ q u e não
tive C Ci ; uma' ami';J 3 d o sindicato t~ x til haverá constru ç ão do ~) ü ci c li slil 0 s em
00 Su l, ela r o feriu-se a es sa experiê~ a li be rtação d~ i-; ulh c r,
ci~ e d iz q u e f o i mu i to rica. Parece -
- me i r:;p8 rtan~e C;!JC ~c av;:m ç3 com esse
t r a j alho , C O í. sGss'Ges do ;=; l a n eaíl sr t:J
n as 8'1 p re Sas, L'o i ;] :1 Ui-; 3 fpr ma c:e :J cl
vulgar de fac to e d e cha ma r mais mulhe
re s ~ discussão desse problema. -
Se isso for para a frente, o sindic~ Viva a Conferência 3 indical Nacional
to T~ x til d~ todo o seu apoio. sobre o s problemas da ii ulher
Trab a lh ado ra!
Viva a luta das Mulheres pela sua
Libertação!
I Viva a Revolução Socialista Mundial!

j 5/11/78

g
- - - - - -_ ..._ - - ._ -- -

Se o Encontro Sindical foi um passo

\ ~
importante para a análize da situação
da Mulher Tiabalhadora e para o impu!
so de futuras mobilizaç~es, temos que
'Rbo,to & Cont(~ctlPG.o II dizer tamb~m, sob pena de calarmasa~

,
I.J.MI\o. ·,t.A.e)tão \A.WG. ~u suntos importantes que
a ver com a Mulher Trabalhadora, a
t~m igualmente
s~

a sadde e oa seuS direitDs, que o mes


ad ia do....II mo n~o se passou na discuss~o e toma-
da de posiç~o sobre o planea mento fa-
miliar e o aborto.

Poder-se-i a a r g ur.ie ntar que estas gue st~e s são ~Qr g inais, pouco importantls
ou dificeis de discutir. Mas isso nao ~ de facto assim.
A mulher, em ge ral, e as mulher es trabaihadoras em partigular, v~m a s~a
vida, a sua lib e rda de e os seus direitos ameaçados por toda uma legislaçao
que, co mo no caso do aborto, leva à morte cerca de ~OO O mulheres por ano, e~ .
tre os 1 80 000 aoortos que se praticam, a maior parte d as quais trabalhado -
ras, qu e n~o pod al;1 pa~ar clínic as c a ras no estrangeiro.
As mulheres, a mulh e r trab a lhadora em pa rticular, sentem diáriamente a pro
iúição que soure si pes a, proibi~~o de control a rem o seu próprlo corpo, es s~
as vidas, e sa De líl os t o da s nó s quao dificil ~ falar de li be rtaçao da mulher,
da sua própri a p il rti c ipação no movime nto s i nd lc a l, qu a ndo o controle do seu
pr6p rio co r p o e da sua sadde , o direito mais funda mental e elementar, lhes ~
negado.
A I. ul her , a i,iulher trabalhadora e m particular, sabe da s c a nseiras, traba -
lhos e do r q ue sou r e ela pe s a p or ess as dir e itos lhe s er em negado s e substi-
tuidos p e l a pol i tlca do "v enh a ma i s um filho que c~ se há-de ar r an j a r",do"s!2.
ri ,a e segueI!, d o "í16 - de cri a r- se ".
A mu l he r tr a oalhadora sent e po i s In ais do que ninguém a necessidade de en -
c on tr aI' uma sa í da pa r a esta situ a ç~o, a necessidade de um Plane ame nto Famili
ar que saiba utllizGr e que con trole.
E ~ De rll verdade que , ;::e jé1 muitas mu lh ere s come ça m a v e r no di a a d ia quais
as causas d~ su~ op r essa o, a mulhe r traoalhadora v~-o em p a r t icul a r e de for
l.iâ ma i s cI dr a , no t a a ll estran ha co incid ~nc i Q "d e s erem os seus pa tr~es, os ex -
plorad ores e os p3 rti uo s reaccioné1rios quem :nais ataca oss es direitos e m no-
me . de uma féüsa If ij :roi:ecç~o ~ vid a ".
Mu ita s mu l heres t ra ua lh ado r as Gspe rav ~m ~ ois deste Encontro, como o espera
ra ill já dos se us p~ rtidos n ~ Asse i" blaia d a R ep~blica, a re so lu ; ~o des te p r o
bl ema e a to mad a da pos i ç ~ es claras, que o s eu ad iâm ent o, sa bem os, cust a a
=
vi da de mil hilres de :"ulhe r es e recai di3riamente sobre todas n6s~

roi ent ã o co m entusiasmo que vi mo s ap~ d~s a s norma s de aborto desde que a pe
I i
- d~d .~ da.Mul her e incluídas no s esquem~ s
rec er na Sessao de ence rr amento (uue du do .
~urv~ço Naci o nal de Sa ~ d8 . Foi cam
r a n te os rest antes I~ Dn t os d isso n~o s~ en t~ · s lasmo e aplausos que muitas d e le_
dfalou- 1 e mesmo o Sindicato dos Têxteis - , gaço es acolher am esta intervenç -2o, de-
o ~u , que iC!clu ira Gs tu quest~o nas Illo ntrando o contenta me nto p or se ter
a lt e rnativas as tes e s da Comissao Naci lev a ntado uma quest~o que parecia ter
anal Gr ; anizajora, inexplicável men t e - fica~o esguecida ao lon go do Encontro.
ret irou -a s) , q ue ouvi mos , di ziau Gs, a Fo~ entao que um cQ i arada da Uni~o
~a rla An t6nia Fiadeiro, de l eg ada ao En dos Sindicatos de Leiri~ interviu no
i c(ontro P 8lo Sin d ic ato do s jornalistas~ s entido de criticar que de tal quest~o
ex d ~rector a da antiga revi sta Mulh e r ali . s~.tiv8sse falaSo f declarando que
e int e rven i e nte ac t iv a n a Ass ocia ~~o a ~~f~lta e a reacçao ~ que iria apro-
de Planeamento Faniliar de Lisb o a)a p re ve~tar Com isso (estranha posiç~o esta
I se~ t a r co mo adenda ao caderno Reivindl e grave porque vinda de um activista
i ca ~vo no ponto da Sa ~d~, a e~ i g ência sindical, quando as mulheres trabalha-

~
. de Ul i, Pl anea~8n t o F am ~l ~ar e f .t caz e a dor as sabem, e esse camarada tamb~m o
desp e naliza ça o e re gu la me nta ça
. o de to '""'e v erla
,~
. sa b er, ue ~A recisament __ d
~
- - - - -- - -- . - _ __ __ _ _ _ _~_ _ _ _ __ L
__ --'-=-_~~:....::...:::...::.=..:=.::..:..'_"'_'''-- ~~-'"
acç~o e a direita quem, com o apoio da mas e da necessidade de que, mesmo que
hierarquia da Igreja, mais ferozmente ali não fosse nada votado, a discussão
se tem batido contra o Planeamento Fa- sobre cont~acepção e aborto fosse lev~
miliar, a despenalização do aborto, _e da a todos os locais çle trabalho,assi!!,
os direitos da Mulher, que ~ a reacçao timos a uma intervençao da Mesa do [n-
e a direita quem lucra e_se serve a s~ c o ntra a reforçar a posição do camara-
u bel prazer da legislaçao em vigor p~ da de Leiria, fazendo-a coincidir com
ra Eprimir a Mulher, como o faz em r~ a sua e a da CGTP/lN, e para maioi es-
laçao a todo o povo trabalhador)QE fez panto resolve a mesa por então ~ vota-
então este camarada um apelo a que tal ç ão em al ternativa, e' não como adenda,
proposta de adenda ali fosse recusada. a proposta da M~ Ant6ni a Fiadeira e O
Pela primeira vez na hist6ria do mo- caderno reivindicativo co mpleto que fs
vimento operário e sindical port~quês cava as princip a is reivindica ç ões da -
assistimos a uma tomada de posiçao so- Mulher Trabalhadota.
bre este problema ( o que seria extra- Ficarão as ~ ulheres trabalh a dora s á
l ordináriamente positivo se viesse no e spera de mais um Encontro (que será
i sentido de o resolver),_mas, o que é feito d aqui a qUento te mp o? ) p a ra ~er
i grave ~ que ~ uma posiçao desfavorável os seus sindicat os to ~a r uma posiçao
l aos direitos elementares da Mulher, ao sobre um problema ~ uo tanto as afli ge?
I P!aneamento Familiar e ~ despenali~a - Aqui d eixa mo s ~ fiS! Ant6nia Fiadeiro e
, çao do aborto e favorável ~s posiçoes ~s delegad os que intervieram apoiando
I que a reacção, a direita e a hierarqul a sua proposta, a nbssa solidariedade.
I
, a da Igreja sempre têm defendido.
~ m2sa do Encontro, a o camarada de Le~
Se m ter n, os percebl.do, como decerto
os delegados, qual a 16gica de tal m~ ria, o apelo a uma refl s xão profunda ,
todo de votação, pois dispostas a aP2 que bem nece s sari a ~, sobre as consequ
iar sinceramente todo o caderno rei - ências grave s d 2 po s ição qu~ tomara m.-
vindicativo, queriamos apenas ver-lhe Oe qualquer forma, agora que o Enco,!:!
acrescentada a tal adenda,vimos a di~ tro j~ lá vai, ~ preciso levar a todos
cussão ser encerrada sem mais. o s locais de tra ba lho, ao conjunt~ das
Depois de uma interv e nçao de uma ca- mulher e s t rab a lha do ras, a discu s sao que
marada de Av e iro que falou dos obstác_ a li não foi feita.
los incorrectos que e ;:::istem no (i ovi I1l 8,!:!
1

to sin d ical ~ d~scussa o destes proble-


p p p p

De entre as Re ivindic3ç~es a p rovadas -Garantia de trabalho at~ um ano ap6 s


pela Conf e renci a Sindic a l ~ aci o nal s~ o pa rte.
bre os p roble i.c.s da ;, ulher Tr2:lbalh a d2 - Direito de pref e rência na s coloca-
ra, que tev e a p res ~ nça de 80 0 deleg~ ções para as trab :ühadoras cor,; res -
dos, e que teve lug ~ r nos dias 4 e 5 p onsa b ilidades f a ;,; ili 8 res.
de i'J ovembro na Voz do operário e fi l L is
b8 a, conta m-se: - Pela actualiza ç ~o dos sal~rios co~
tr a o a ume n t o d o custo de vida.
Direito ao trabalho- contra os desp ~ ~ AhA TRAB ALH O I GU AL/SALkRI J IG UAL
dim e ntos. - Pelo direito ao e nsino, se i" diseri,
- uma politica de desenvolvi mento eco- minações. Por uma r e de nacional de
r:1 61l. ico e social e de defesa das con alfabetiZa ç ão. Pela criação de cen -
quistas da rev L luç~ o , nomeadamen~e a tros de orientação e scolar e r- rofis-
Flefor ni a Agrária, 3S :Jacionalizaçoes e sional.
o controlo operário. - Pela igualdade no acesso ~ for mação
p rofissional.
- A abertura de novos postos de traba-
lho, no sentido de uma maior participa - Pela igualdade de oportunidpdes e
ção da mulher no trabalho produtivo. - tratamento. Pelo acesso da mulher a
-_Contra as descri m inaç~es nas coloca- trabalhos qualificados / igualdade
çoes. na participação em orgãos de direcção.
- Revisão da lei dos despedimentos(que - Direito ~ protecção ~ maternidade e
tem cardo com peso particular sobre as ao pI a i ,eamento Faml.l iar. L icença si
mulheres trabalhadoras) e dos contra - vencimento para as trabalhadoras, até
•0 tos 8 . prazo. 3 anos ap6s o parto •
- Pelo direito ~ srig~r a nça social, a- Esteva presente na intervenção de to
lar ga do ~s : t}:'àh~ ha dorê!,s dom~sticas. das as delgadas ~ Conferência a ne -
- Pela ~~,~.~~~ ;~~:· infraestruturas so- cess idade de, depois de apr.o.v,ado es-
te caderno re iv indf;catívo , s'e l~n 'çar
ciais de " àpoià':. br'lação de crech es e u m debate em todo s os locais de tra-
c a ntinas e m .er.lpre sas c orll li iais de 50 lho no sentido da mobilização cres-
trabalhadores. Funcionamento das cre- cente dos trabalhadores, em particu-
ches c.cons oa nte os h o rários de traba- 1 ar das mulheres em sua de fe s a ., ~n i-
lho. cá garantia de que ele seja: de facto
l e vado ~ pr~tica e não rest~ letra
morta no papel. Este cader~b ~eivin­
dicativ6 vai ainda se r apres~ntado ~
Assembleia da Repdblica.

(
//

._- - - - - - - - - - - _.-_./
I
, / ~'-D--u-m-a -IT-1U-I-he
- r-V
-i r-t-u-os-a-e-' a-co- r-o-a-d-e-s-e-u-m-a-r-
i d-O-,-m-a-s-a-q-ue
- I-
a-q-u-
e-o-e-n-v-er-g-O-n-ha-é-c-o-m-o-a-c-a-'r-iu-----, I
.l / n os seus ossos. I
I I Antigo Testamento I
fo~ ). { TJ I
'·· · "'; ,f
. ~-~~y. k /
O As vossas mulheres são para vocês como uma terra lavrada; ide, como quiserdes, à vos.~,. a \
,,/f~~.l~~I
rIJ ~.( . lavoura Mahomet _ Corão
/ .'1i' f~\ ,·' ~
i t ' " ) -1 D
III
f, '." .' /,("":~\:~~
.'j_~':'~ ~\ . Há um princi pio bom que criou a or dem, à luz e o homem e um principio mau que criou o
r
.i
~.. . 'W \ caos, a escu ridão e a mulher.
i
{
; .J ' \ \\ . .;, Pitágoras
:L, .,,- í:\/ \
.~\ .~;J!;;.;<
I}
'' \ p-;: ,,'lJ \
D ' A fêmea é lê'1lBdevido a uma ce rt a falta de qualidades
Aristóteles

."·'<J.~
~\
<ll l '
. 'ii.. . I)i;:
o As mul heres correm atrás dos loucos; fogem dos sensatos co mo de animais venenosos.
. 'Erasmo
k.' \ "':.' / \' ; 1
\~~
.<,~t\ D En tre o sim e o não de uma mu lher não há es pac o para um alfi net e
CerVantes'
"\ \t\\.'/../ \/;
'j
I'
\ '~J ~> . h:.·.~ :/
: ,,\ \ '\..\' D A natureza quis que as mulheres fossem nossas escravas .. pertencem"nos, tal como a
' ", . árvo re que dá frutos perten ce ao agricultor .. él mulher não é mais do que uma máquina · de
\ pr oduzir filh os ."
Napoleão Bonaparte

I o Deus só cr iou as mulheres para aprisiona r os homens:


Vohaire

o El a f lutua, ela hesita , numa pal avra ela é mulher.


Racine

o Dona de casa ou cortesã - eis a questão .


Prodheau

11 . ..
}

sexualid"de o··r

Sentimo-nos ainda pouco à vontade para falar abertarliente sobre a nosa.


sexualidade. N~o a costumamos avaliar senio através do olhar dos homens,
e isso reprecute-se na nossa vida sexual. O prazer do hOi.leij, .estava acima
do nosso, o acto sexual tornava~se o ~nico fi ~ - ascar!cias restavam co i
mo "apêndice". Entio pusérao-nos à escuta do nosso própr ia dese jo e ddmo':'
-nos co~ta de que tinhamos as nossas próprias nscessidades sexuais. Que~
I
remos exprimi-las. Compreendemos que a nossa sexualidade t§ cOliiplexa pois I
â' intervêm factores psicológicos, afectivos e políticos.
Começarmos a f alar de tudo isto é já uma forliia de nos libertarmos um p0l! I
CO. Este primeiro texto foi extraído do livro "NOTTRE CORPS, NOUS MtMES;
editado per um colectivo de mulheres em França. Achar..os import.ante cont!
n~ar com este tema nos pr~ximos Boletins e falar entre outras coisas de: I
condicionamentos culturais, sensualidade, a educação sexual na inr~ncia, ,
.. ' I
j

na adulescAncia, a masturbaçio, a ~irgindade, os fan~asmas sexuais, fa-


zer alilor, as dif iculdades na relaçao sexual. Es tas sao algumas ideias
que nos ocorrem. é erovável que tu tenhas outras, e que que~ras CEntri-
buir para ~ discussao de todas as que focámos. Para que a dlscussao se-
ja viva tem que partir das nossas experiOncias, das tuas.

! r---..+--- - -
: i
·-·-·- - -·- ·-- ·- - -··--·---·-·--·-·-·-··- -·· -·-- ------ - -----------..-. -.... -.---.. . -..--...---... ..--. .
. UM C ~N DICIONAME N TO CULTU RAL
.
• !
,
: I
! I
; I
i i Somas todas de tal forma oprimidas por imagens, receitas e tabus, que nos
! j

~ ! • pr4cticári.ente impossível pensar a séxualidade -fora de critdrios de "con -


•i quist."~u "derrota". A revoluçio sexual e os seus"deveres"- o orgasmo . a to
· ,i do Q custo, o amor com vários, a hO ffi ossexualidade- fizeram-nos crer que da:
; ; viamos .~er cap~zes de ter obrigatóriamente váEias rel2ç~es sexuais, sem an-
i :
·I siedade, ~Q importa com quem e em que condiçoes. Senao era-se u...a "purita-
na- ,. '&~a ;éxigência aliena-nos tanto canlO o puritanismo victoriano que tão
· ,i firrilE~ménte .rejeitamos. Robin f'lorgan diz (e n6s com ele):
!
,~ " Adeus á cul tuta hippy e à "di ta" revolução sexual que
jogou no que respeita b emancipaçaa da mulher o mesmo
papel que a reconstrução para a emancipação dos anti-
gos escravos- reintroduzindo a opress~o sob um outro
nome."
Encontramo-nos presas entre dois fogos: a li.ensagem que ve ':. dos pais, da
Igreja e da Escola - segundo a qual o sexo é sujo, e é preciso salvaguardar
a nossa pureza por aQor à vida-, e outra, contradict6ria, veiculaca por re-
vistas tais como"Pla~-8oy", "Lui", etc, de quase toda a imprensa "feminina~
publlcidade, televisao e lilais ••• propondo-nos que sejamos "sofisticadas e
sensuais mulherz~nhas libertadas".
· I
Trata-se então para nós de recusar 8sta modelo, e de atacar bem fundo o
!t i preconceito da desigualdade s!!xual !ntre homens e .,.ulhere:s. A "frigidez" ou
i I
a "falt~ ce jeito" na a ama, nao estao desligadas das rgalidades sociais que
vivemos quotidianamente. Se nos sentimos inferiores a "todos" nada menos
III
t '
I
surpreendente do que reproduzirxos essa "inferioridade". ~ evidente que um
hOil.em não pode sentir sen~o d"esprezo por uma mnlher que não ccnsidera como
I I
I,
· ! sua iguell
i Esta cultura masculina mantem-nos nesta situação e perguntamo-nos corno •
I
que este sentimento de inferioridade poderia desaparecer mágicamente debai-
II xo dos lençcSis!
----------
1 :~---- A SENSUAL IDADE
i
iI As pessoas têm em geral problemas sexuais porque fazem uma distinçio en -
tre a sexualidade e as outras formas de sensualidaae. De facto, a emoção se
xual ~ como a c6lera, como o [" edo, invade-nos: o coração pulsa, o peito di-=-
I
i
lata, o est~mago contrai. A alegria ~ como um formigueiro e o corpo inteiro I
I fica banhado num doce calor. QuandQ experimentas estas sensações ou outras
I ~ impor tante senti-las no corpo. Nao as julgues, fica sóroente à escuta, o~j
contacto contigo própria tornar-se-~ mais forte.

iI olho a li:inha filha. Esta dentro do seu corpo de r---


: fi ,anhã á noite. QU2ndo corre, dá-se inteiramente,
i quando ri ou chora, cada mdsculo est~ em movi -
Iffi ento. quando acaricia a vagina,fá~lo muito na-
: tu~almente. Ela sente prazer e exprime-a sem h~
s itação. Ela sabe . quando guer que lhe toquem ou
a deixem sossegada. Ela nao pensa nisso - ~ uma
sim p les resposta aos des e jos fisicos. r extrao~
din~rio estar com ela. Penso ~s voze s que ~ mais
u;rl ,nod81o para ~, i í., dó que eu p a ra ela. 8S vezes
: torno-me inv e jo s a da fr e scura e m que ela vive
: consigo_própria. Gostava de volt a r a s~r crian-
ça. ~ tao d ificil redescobrir a sensa ç ao do cor
i po que "habitemos".
E dificil mn s pa s siveI. Alqumas terapêutica s
actuais baseiam-se na redescoberta das se nsa ç ~eg
I
1
fi s icas. I
·1
" ~_ao
foi 3imples para íi, im apreciar a energia
\ sexual do meu corpo."Quere s dizer que não ~ sujo,
: desavero c nhado, que é bc; ;,, ?"pergunta em mim uma
I pequena voz a u,::a outra. {\ outra voz responde-lhe
i " fJ ão, ~ a g rad~vel, ~ sentires-te a ti p r.ópria " .
i Ajudada por outras ["ulheres consegui enculltrar
l esta e n8r ~ la que me pert8nçe. _
i Falta-me agora aprender a ~esP:ltar esta t e nsão
I do meu corpo quando se manlfes~a.
i
Con tinuo ainda a querer escondê-l a e ["and ~-1 a
i embor a.
I
~'l as ac ho que a1 g Ul:la s ve zes o íll e u c o rp o r~
.
l age bem melh o r do que o c!r e bro.
i Aconteceu sentJr a rol inha vagina contraid c: , fech_
l aoa.rentei entao ignor~-lo e esforçar-me por o ue _
! rer ser penetrada~ Sentia-me aterrorizada com 'a-
I ideia de ser "fri r; ida~ (-las compreendi que nesse
i momento tinha medo de ser penetreda. não o queria
i o fi,eu corpo ,sabia-o e ~eagiu _contra o r;1 9 U . c~rebro
que querla lmpor-se. Alnda nao consigo respeitar
r, totalmen~e o que expr ime o meu corpo.
Estou tao habituada a "forçar-me" que ~ dificil
I
I de encontrar o r:;eu ritr~l o e escutar-me".
L

Deseffibaraçemo-nos dos velhos crit~rios. Recusemo-nos a ver as relações


sexuais como um "exame" d. aptidio sexual.
No próximo Goletim falaremos sobre:~educaçio sexual na inf~ncia e ado-
lesc~ncia 8~virgindade~
13
C ON T RA CE PÇ ~ O , AB OR TO E CON TR A A ESTERILI ZAÇ~ J FCRÇA DA . AS f ~U LH ERES QU E DECIDA M!

Pub lic a mos aqu i o Ma nif e sto da Campanha per~ç~o e a ~ant~-~a ~o ~. o u ~a exp eri-
~ncla aterraoora e cul pab iliz an te.
Internacio~al pe lo d ir o ito ao atcrt~ ,
.Em pa~ses co r.o os C::U A, França It~-
c ontr a c epça o e c ont ra a esterilizaçao . lla, Gra Bret a nh a , l e i s ma i s li~ erais
f~rçada. A c a mpanha redne j~ organiza-
f c ~aQ! ace it es , no en t an to re se rva r. , r e s
ço e s de . ~ ulheres~ de Pl a neamento Fam i - tr~ çoes ~e ver as no d ir e it o de esc o lha-
li a r e J iver sas or s anizaçõ es politca s , t a~ ..., ~ - co i·, I O.• l 'l r~: 1· t e rd e t e [ii p o , e x c 1 u s -a o ,
e tc,., de v~ri0 s pe 1ses. Foi j~ reali- de s se direitc ~s menores e h ab it a ntes
zada u ma reuni~~ : ntern 2 cional 8~ 9ru- d~ outra::; cid 2C;OS e claúsulas "de cen"
xe l a~ pa r a prepGraç~o da ca mpan ha e u-
clência" que tornar.l "le g i t i ma " a · reeu:-
~ a s e D un d ~ reuni~o t o r~ lu g ar no dia 9
sa dos ffi~ dic os 8G a s s i st ir os abo rto s ~
d e J o z8mb:ç:J ~ ;;c 1-3r i3; J Gr upo da f:ulh '? r
se be m que n ao tenha po~ i do ~s t a r p re- Segundo tais lei s , as ~u lh e r 8 s t 8 r~0
se nte n a anter ior reuni oo , dar~ t Gdo o ~U8, ale g ~ r 8 u Gr p rova", de , vi o la ç ão,
s eu a ro io 3 ~ ' sb:-: c3r;Jp a nha, c ont ri bu i n - ~r s~abl ll dade mon t al ou g rav a s ri s cos
d O p a r a que ela se j a u m ~ x i to t a~b 1 m d e saúde p ar CJ lh es s e r p e r i iti do abo r-
em f ú::..'tu ]a l • . tar. ;:a ",2 i c r ;:::a r te dos pa I s3s , a buro
A camp a nh a Int2rnacional pelo d ir e i- cf: aci a mÉdicCl ~ q~ e m ccr, t:r ;.:: l a :::l u e c i :-
to ao ~bort6 (I n te rn a c i ona l :amra i gn ,-"'. a (j • Lr S t 23 .i.,c,..1 .:3 n CJ e 0 ar a not e r· ne r:·, p r o'J i
for abo r t i on ; i~ hts ) o r a pã e - te que
~, -
p e 1 e s u C> I l\ .1 _T E: ~\ ; I~ C I J f-Jl~ L U[ ;\ C ç iI, C , em
-.!
Jenci2m as facil~ dQd~s nscessjri as n a:-
I'<J a sua ar li c 2 ç a G.

31 de r·: ar ço uo l :.; '() . Ped im o s -te qu e é}- C ~.) 2 s t 2bc2':cci :.. erl tGS ri. (dic G~'; c o ntr c. -
ç o i e s i n ~ssJ L x i G ~ n ci ~ q u a nt9 a os d i - l a~ es tes S2 rlJ :: çc s CO· r·CCli resi s t~r.ci a
r ei t o s d a ~ u l her ~ contraC 8 Qç aO e 3D 2 ~ Gr a tuicid a d e D 03 t t eç os 5; 0 t~G e l e I
b o r to ~ cbntra a _ estcriliz Q~ ~O For ça - v ado s quóJ as , u2.h e r ::J s p obres s~o obri:-
Ja - ~8 ivj nd ito ç cas ~ u nd i ais . g a das a _r e c o rrer ao a b e rto c l~ n dDst i no . 1
r:a C r~- J r et ,j rh a , o r: de 'os c u i d a c.i ús rn 6
E: ::1 P é} r t e a 1. C; u r i a d i : u 1 h e r c e ; , o d i r e i
t o absoluto 2 cQntr c l ~ r a sua Fe rtili-
-
d ic ~ s sao ur a tuit c s , o a borto 6 n a p r~
t.. 1C Q u ,',. Q e xcs rJe a o , C G;. :Il 2: i s d e 5 :=1 . -
~ .

dade , o d ir o it o a~sDluto da d e ci d ir se f e i t u se!. , c 1 f n 'i ~ :: ::; p 2 r t i c u 1 a r e sme i "3 n 'd


quer cu n~ ~ ter filhos o u f2cili ~ ades t e p 8 g 8l:lsn t o .
" ~,,
:,ús ~ . ~
LU" , unGe S U 1 ,S," dc s hosp i tais
par a a sua r 821 cscG lha •••
_ ~ ' ·l·lhõ e "
I, ~ . C" , ·,I' lh or8 " 3 '- fr o c í;lutil a -
'J ~ ~ _ ~ ~ ~ .
p ú b li ~cs f 8 zEm a bo r tos e o se ~ ur o m6 di
çoes e [i; Orr em po r c: u E: :::; dir e i t2 à s~ ú­ co pa r ~ c ab o r te r 6 i retirado; 8l:lbora-
Je , abc rt o l eg a l e co ntr acepçao , nao ~ s~ p ague ::l ~lG , J de, cust o d a est '? ril i Z3 -
p 8 r ~ it i do ~ e l o o ~ t Qd o, p el a hir a r q u~2 çao.
d a 19 r 2 ja e ;Jc1 ::: 1 ei . P. s li .u lh e res s~c Em n uitcs. pa , ! s e s· n~ -o há d i r e ito ao a I
jul gada s ~ o r . ab~rt8s clan~e3 ti nos , ~s b o r t o e e Xl ste l:l pu nl ç oes s e v e r a s pa r a I
v e z e s p re s as G GSElpr e hu, ilh a, :a s po r- ~ ~, ; ~lh~ ~ es.~~ : ~ ~ f a ç él ~n . f!o w~r o s r:-o f ~ I
que e~i S 3m ess e ~ ir e itD. s_" o s Ulr O lt..u~ f u ram atrlbu l0 0S e n a l S
Po r · exe:nplo, as mulher 8s p ortugue - tG r C8 retirado ,,- o E:1:l Is r ae l, [:.' o r ex or.CJ L :, II
S 3S , eS 0 anh c l as , irlan d e sas , s~ o obri
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o a o \_ r t.. ü e s ""C ~l r c s t r i n :;; i d ü ~ S I. . uI h e r 2 s


I
9 adas a fazer via gens ~ uito caras a que c orrem r l SCDS ciG vi d a e na ::OVê Le
o u t r os ra ! s e~ p a r a c c ns e ç uir um abor- l~ndia, U;·.éJ n .~ v b l e i p c r r~ i te o ab e rto: I
, b.í er.l c c nJi ç o e s sat isfat6ri as . Um la!:. n ~ enta nt e ~ u it o r es trito , qu e na o i n - I
go nú ;,. e r o d e ;,iL.:lheres morrem to dos o s c~u i os cu s o s d o vi o l a ç ão . I
anos 8 1, consec;u~ncia de abortús clan- I' ;ul her es p rLi o n ~ ir a s e vi :.; la d a s pe -
destinos, q u a ndo S 8 s ab e bem que o a - l os c 2rc e r c iro s n o Chi le, estão p r o i b i I
bú rto 6 Uil,a op era çã o Ji, Ui to S ü lfê l e s qu das de ab c rta r, d ov i do a u ~ a n ov a l e i~ I
anjo f e i ta e m b oau condiç3 e s. - da Junta Milit a r de Pi n ochet , que c on - i
Ü " a l g uns paIsGs co mo a S uiça, Hol a.Q ce de "dir e ito s hUi,.a n o s " ao feto. I
da, Alemanha O cid8~tal e 2 ~l g ica, o ~ ~ ~ ~~rG p a de Le ste , considera-se que i
borto ai nd a ~ ile ga l, ~a s to leradG na o ,-,lr81to oe es c o lh a da f'~ ulher ~ sec u n I
pr~ctica. Essas mulher e s, mesmo assi m déri J , .rela tiv am e n te b pop~ l ação e ~;
ainda n~o t~m direito a controlare m a nec e s s ldad e s econ6ml cas do e s tado. ~ a I
natalidade, enquanto estas restrições R ? ~6n i a.e na H~ n ~] ri a ,.~ d ificil de o I'

f o ~ rn ais leva m a a ume ntar o preço da o bter nl810S COfl1.:rc::ce p tlvCJs e o aborta I
14 -
,Programas de controle da populaçao ,.. sao '"
As mulheres não estão s6zinhas para
I feitos e ril zon as da í'\ii l ~rica Latina, A- enfrentar os seus proble ~ as. Por tQ
I frica, India, entre mi norias o p rimidas do o lii undo as mulheres lutar,] pelo di-
i e mulheres pobres nos Es1ados Unidos, reito de controlaren o se u corpo, em
j pa ra ob~er a_est~ril~zaçao forçada. Em condições se g uros e de decidiren, se e
I Porto R ~co, .:>5, " a a s I;;ulheres fora m e~ quando querem t er filhos.
teriuizadas na inf~ncia e ~ -lh 8s dita A luta pelo direito ao aborto le -
a mentira de qu e a sua pobreza ~ devi gal e seguro, te~ sido levada a cabo
da c.: ur;, e xce s so de p opulação e que a: p el o ["lovirnento de libertação das r·íu -
aju~a e c o n6 mica de o utr os pa f ses i mpo em lhere s ; Mas e sta lut a en globa todos
I u ~ a redução pop ul a cion a l. os movi mentos e indi.viduos que lutar; ,
11' Em mu itos paf ses ~ ma i s pedido aos m~ pelos direitos d Of iocrc1ticos e pela ju~
, d i cas para este rilizare m d o que ~ara t iça S :J C ial.
I dar inf o r maç;es sobre contr a c epç~o . A re~vindic aç;':.: da ; ulher pelo di-
I E!ll toca a pa rte, a estcrili za ça o for reito a contr o lar o seu cor~o- cor. -
I çada 6 sinal de r aci s mc r- Glitic o e do~ trac8~ç~0, abcr~o e recu sa da es teri
I i:, in açd O i ::l;Je ri ali sta . lizaçao Co !"e ul s iva, t c rn a r arl -s o 2;,
reivin di caço es po litic a~ internacio~
I ,fl., in fGrL ação e o ~J CC::':s o ~j ccn t rac8 - nai s , f c rranJo a o deba t e 8 c c n f r o nt a
pção ~ r.: uita .:i vez::;:..; LI , p r evi 16 C] i o dos çã o pe r t~do o I. ;undo. -
r i c os . r- e s c: II i ~ as q u C! c ,~ n c.u z a n a r" ~ t :J - As for cas contr~rias a estes direi-
oosl"ai s s ;::u r os (~ :.:; co ntr aCJf)ç3 0, não tos da ; ulh er s~o ~o davosas. El as in
são oe r r ic. i do:,; do vi d:: 00 c c ntr Ci l c: cia:.:.. c 1 u e rii 9 o ver nos , I ';J r ,~ j as , a b u r o c r a cI
rult in ac i onais f 3 rm~c~ u t i cas q ue co l c - Q m6 d~ca, pa rtid os r c li ti cos e c rga-
ca i. , as s ua -o p ri o ri o.,~ ci8S e lucr o s 8 Ci: c~ nizaço es a f1 ti- abo r t o, a s qua i s for -
tri Fnto das ,-,ec ''')s:.; idad (cõs d êS :, '....: ~h 8I'eS , I çam as ~, ulhsr s s ~J sofrs r e 'a I, or rer,
Je ac o r do C~ i ~ ~ u8 · 1hes r ende ~ ais di I e l;l n cr.:e do ["o r :::;l i d~:~~ .
I! O su rgimento d ~ sta lu ta p ara , derrQ
us e f e i tu,:) S ? C :.J n ~ ~ l.: i LJ ..3 d us e LJ n o:: r 3 c8 - ta r es tas f e rç c:s , ter~ U I .. i mpacto e::
pt iv os sãs ,u it 23 ~scon~i.~0ti , da~
uJ ~r i ~ e .- : ~1 1:..: '_1 n s
V CZGS
c ~ sos L12 J os:: ç 2 ~ r~
I toda s à S lut as pelos direitos bc1si -
21 S cos do conju r. t o ~ ~ Hu ~an idade.
ves . l; USu ':":e c ~ ntr· :;cer=,t iI,JC3 ~ u r i : C:-:Q -
re s .:1 bas t;'::Jn~ e c; _; =cr . r:~!"'Z".i ~ 2 LJO 8 2;i ~ ; .;u i­
Lb ~;) f s ~ s h~ ~rií , ci,:: iJ S ri :_i.;j,j~ C0 n -
Lrc a inf~ r : :: G :~ ' : O :: : :' Ln l ic i~ a:.., õ 3C ;]~- ', D r::O R Uí'lA
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ne~;~j! ~ ~ ~ ~9~: ;~ ~~~~ui=i~~~b~~h: ~i~ ~ =


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DE ESCO LH ,ll. C/I i,~ L H:r; ! II i
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La i s ~ at i tude3 c on tra ~ ulher8s, a f2
c C2í.. na ínt8 :~ r 2 :J. SU'Õ:: ::;;ex u ,Jl idad e e re
~!'::G U C ;o . P, i no Ll ;1 j 6 !J il i, . e[,t~ a~ç; tJ :,18 nt a
:".... '-", C-;"J, c', u-- '-'.: _ ",'l/l'- r "'-' "'-' , '~....., '-'
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...~ cO~Ij. r~ri o dos - t I,." __

h U t.. e n s , né~O c.: ~~~\.'e i .. ~ef_ c~ t a r a StJ~ SEX Uê! -


li G~ J G ~a r ~~rotu ç~ o ._ ~ c r 2x9~plu , em II
a l ~ un ~ ~ (] f ::; (~:... , GS ~, r '~J'~luS ~ C'l XU2i.S d3S
réljJ3ri :: uinh3 c sã .::. ;~, util(~L ~JS ~, ü r ~lito­ I'
r E:ctG í.. i a , ce t ê:l ; .C ~ O ~ u :: qU -.JnoCJ 2.d.J l - '- - --,- . _ - - - - - -_____~I
Lu~ cl ~3 n~G -.J i,lt~:n qU01Cj u c:r p r 2=~r::' r n _~
i " .J ..'c::.; ;;uo l.
s~<pe ri ~ f1 ci 3
~ 6 =o nsi J a r ~J~ 3n~ r ~a l ,
l e5b i anis m ~
e o 3Gsass ini o de V i~ V2S "infi e is" fl20
6 cor1s1derdciv co , o ta l, ê lClS SÜ : CÚ i" C) TO í) ,-", ,~ C::; f~ :: E-= Pc_ :":): ~ : C I A J E: t./ I: SCFI
" c r i I~ e d e h o n r a ". L e i s ma t r i mo n i a i s a- GJVIADA P ~R/l, :
c e i t a 'r; a v i o 1 o ç Qonu cc.'. s a 'TI c n t O c o i i , o n o .E.
ma l. [ L, õ l çuns ;, ,,, 1S2 5 , o abo r to s~ ~
l eS 01 se ur"LJ i ,uI heI' cas ada tenha COITJ8- I.C.A.R. Coordination
ticic adult~rio. 374 Grays Inn noad,
~ r',IU L HE R f~ AC c: P E FI , ~ IT I DO E XP R H 'i I R L I- L o n d o n, ~; . C .1 ,
V R EME ~ TE
A SUA SEXUALID ADE E ~QUAN TO
BRITAHJ
VIVE R E~ SOCIED ADE3 QUE PE NALIZEM O
SEXO E O f'~ ,'\= CI íi E f'JTO FC;::n DO C AS M1E!i
TO.
- - - - - - -- 15
.- .- . - -- .. - -- ---' ----------~--------------------'-----'---.:~_J
cu/tutal
a em Eue chegava a correspondência a t~
lev.isao e em que pelo menos 10 cartas a
d:.h3d'_;avam de morte e centenas de outras
~~d.. traziam testemunhos de muiheres, homens
também, de apoio, amizade, ou simples -
0~ d~é7c-' Sei~ mente documentos vivos de problemas vi-
vidos no dia a dia.(lembramo-nos n6s a-
qui das "Cartas à Cornélia", u~a peque-
na parte, e s egundo a Maria Joao, nem a
Nova programaçao - na RTP. O semanário mais rica, dQ que foi essa experiência)
SETE traz na capa: "3 novas caras para E uma coisa que esse tempo trouxe tam -
b~m, foi U:l conbecimento maior da soli -
tornar a TV menos chata-Joaquim letria dao, Uli ,a solidao a s sustadora, em que a
Raul Solnado e f'1aria João Seixas." maioria das ~ ulheres está, da violência
E'o "E AGORA í·; Af\IA?" chegou at~ nós
Domingo às 8 e meia em ponto, não tan- fisica e psico16gi c a a que está sujei-
to para chatear menos (que alguns há a ta e de que s6 conhecemos uma pequeni-
quem o progra~a vai chatear ••• se vai!) na parte, violêocia protegida, calada,
mas sobretcdo para, como diz a Maria pelas instituiçoes, que, verdade se d~
João, lançar o desafio a muitos milha- ga, pesam bem mais do que todas as le-
res de Marias, desafio a construir uma is (e m que avanços importantes foram
vida nova, que, como canta a Sheile~pa já dados).
ra pior já bc::sta assim". E o programa- E é exactamente a abertura de um es-
já deu que falar - muito curto para a! paço que s irva para quebrar com essa
guns, para n6s todas suponho, que isto solidão, denunciar essa violência, q~e
de 3L minutos p3ra falar dos milhares se ,pretende com e st e pro grama. r entao
de problemas que a mulher tem durante muito importante a lin guagem gue se u-
todo o dia, que vem tendo há s~culos , tiliza, para que o programa nao se _ toE
~ r eal mente mu i Lo pouco. 1"las a r"lar ia ne chato, denso e sirva a sua funç ôo
João diz-Ilos que est~ dpostada em que de diálogo, ue se d iri gi r à s mulheres,
a meia hora sé alon9ue daqui a uns te~ de quebrar a rotina can sat i va e mon6to
pos, se 8sse te ,',.po for total ri. ente con- na do seu dia a dia.
seguido. _ " Eu que r o", diz a i ': a r i a J o ã o, " c o m o
Cartas, criticas e opinioes começam a EAGORA MARIA?, ~ o s trar a muitas mulh~­
ehegar, assim co~o novas ideias. Maria res a enorme criatividade e ima g inaçao
João fala-nos disso. Da Corn~lia, aonde que te mos em n6s, e o programa é para
foi parar "por acaso lf , até ao E AG OR A fazer pensar, reflectir sobre proble -
"'1ARIA?, ",uita coisa se passou, sobretu- mas fundamentais, mas tambdm e s~bret~
do muitas experiências e um melhor co- do para divertir - um espaço alegre que
nhecimento de uma realidade - a da Mu- apeteça ver - está aqui então, por e -
lher na Sociedade. De lá até cá uma von xcmplo a irolportancia de o prograli,a te!.
tade crescente de "nunca mais me desli:- minar CO ai qualquer coisa musical, di -
gar disto, de - a~rbveitar ~o máximo o e~ vertida".
paço que criei na televisao : com todas Entre os diversos temas que o progra
as desvantagens que tem já nao poder se;1 ma já tratou ou v ~ i tratar contam-se ~
uflla cara desconhecida entre muitas ou- com a Ivone Silva liA f"1ulher e o teatro
tras na rua - mas já quelfascendi" a fi-i de Revista", em que se procura falar
yura pdblica, ag o ra h~ que tirar provei de alguma coisa que escapou, sempre que
to disso e não parar lf • E é verdade que se entrevistou mulheres do teatro: ana
por detrás da "si l.,patia pelo sorriso",e lizar a linguagem, a atmosfera de espi
bem mais importante do que isso, está o ctáculo em que a ~ulher to r. ,a parte a -
facto de muitas mulheres terem encontra ctiva - em oposiçao ao pa p el passivo
do na intervenç~o da João na Corn~lia ~ que desempenha cá fora- analizar o si-
um espelho_das_seus ~roblemas- e por i~ gnificado da adesão do p~blico femini-
so a quest~o nao á tau "pessoal" copo PO! no ao teatro de Revis~a, da existGncia
sa aparecer á primeira vista. A Joao co! de uma certa cUillplicidade entre mulh~
ta algumas experiências dessa altura,má~ res, no palco u n a ~13teia, mu!heres
algumas, mas contrabalan~adas por uma que quebram um pouco a proibiçao do rl,
granee dose de compensaçoes. lembra o di so do sem dia a dia. Falar-se-á tambám,
no programa seguinte de "A Mulher e a maneiras, mulheres de diversos estratos
Rua" - a rua que não nos pertence, que sociais - professora, mulher a dias, ca
nos está vedada, em que nos sentimos es beleireira, deputada, operária. Depois-
tranhas 8 s6s - Mulheres teste mun harão- de alguns programas começaremos a ver a
da sua relação com a "rua", falarão das quilo que tantos testemunhos têm em co~ ,
"bocas", "piro p os" agressões e violaçõe~ mum, as suas diferenças tamb~m.
Está-58 a tentar obter d ec larações de Re p ortagens, noticias que têm a ver
membros da PolIcia, ~cerca do número de connosco serão passadas no TELE-MARIA -
q~eixas qu e di ~ riamente lhes chega ~s um pequeno telejornal feito por n6s, e
maos, a maior1a ficando fechada nas g~ ~s mulheres essencialmente dirigido. Po
vetas - que n a o ~ p or a c a so q8e a P. S.P , exemplo, neste TELE-MARIA de domingo pa
publica em Julho "norm as e conselhos" sou uma reportagem sobre o Encontro da
para as mulheres que andam s6z~nhas nas Mulher Trabalhadora, notícia do espanca
ruas - leve a s ua mal a do lado tal, uti menta ~ortal de uma mulher numa terra -
lize o guarda-chuva, as chaves, evite - do pais, entre outras coisas. r um tele
ir do lado de fora do passeio, etc.etc. jornal aberto ~ participação de todos,
- queremos saber do Indice de queixas e aliás como o conjunto do programa.
denunciar esta violência. C interessante verificar que Portugal
E o programa dará a ir,1;J orta.ncia devi- ~ o único país da Europa (parece que
da ao planeamento f am iliar, a problemas França constitui também excepção desde
tão i mp ortantes como a contracepç~o e o há pouco tempo) com duas emissões tele
aborto, p roblemas para os quais, t enho visivas dedicadas especialmente ~ Mu--
a certeza, a p opulação está se nsibiliz a lher, o que reflecte segundo a Maria
da - sensibilizada não rara s vez es por João u m§ sensibilização dos meios de co
más vias - a Igreja tem aqui um grande munic a çao_para este problema, não s6 põ
peso. Falare mos com a int ençã o de aca- uma questao de "estar na moda falar de
bar delicadamente com tod a u ma infini- libertação da mulher" ou de "o público
dade de fant a smas que existem e q ue não consumir bem este ti ~ o de programa",
podel. ,os i 'gnorar, com a pre ocupação de mas porque ex iste defacto uma nova rea-
ganhar larg os sectores de mulheres e da li d ade: a da crescente mobilização das
população Eara e s ta discus sã o - que a mulheres para o pQr em causa de uma so
contracepçao ~ hoje ainda desconhecida, ciedade que nos oprime - realidade a -
calada, ignorada, apesar das tentativas que os meios de comunicaç~o s~o ta~bdm
das associações d e p l a ne amen to familiar. evidentemente sensiveis.
Vamos pas s ar p or exempl o, t a nt as vezes E p or outro lado este espaço que se
quantas fOr preciso, um peq u eno do c ume~ abri u, tem que se~ vir p ara i mpulsionar
tário sobre planea mento fa milia r, de 5 a crescente tomada de consciência e par
minutos, que já passou es te d o min~o. ticipação na resolução dos seus proble~
Enfim, insistire mos permanenteme nte mas. por parte das mulheres ~
sobre estes problemas, aprov ei t a ndo o ~ este o desafio que o programa lança
espaço que nos está aberto. a to d a s nós: pass ar de 1/ s irnpl eSfllente ~l~
Uma parte i ~p ort an te do programa ~ a r i as" a r'l AR I AS DE P L U JCJ l) I RE I TO!
" r'l aria no dia a di a " - fal a:cã o p a ra a
ca mara diferentes mulheres, de diversas

11
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M .p..I/Vna-o

~ ~'$-tn .
a.. t.RjCt- ~ coM~
t1C\;U~a iúdo ~~
.,t M C1 01 Cr ~ck.u-
,,

planeamento Jami/iar
Tal como no conjunto dos países sabilidade moral por parte dos pais , que contra tais forças, novos .grupOs
ocidentais, também em Portugal se face ao s filhos . O resültado ·de tal ati - põem já a questão em termos renova-
equaciona re gulamentação da natali- tude é bem patente em modos de vida' dos. Grupos esses para quem a ques-
familiar em que a falta de atenção, de tão do planeamento do número de fi-
dade com planeamento familiar. Quer
carinho e de cuidados 'se traduzem lhos diz essencialmente nespeito a
dizer, pressupõe-se que a regulamen-
numa negligência educacional inadmis- uma nova concepção do acto sexual,
tação do número de filhos do casal-
sível. Qualquer educador sabe das di- do novo papel da mulher na sociedade
e, portanto, o acto sexual - ap enas
ficulda<les de qem educar uma criónça, e do que poderão ser as novas rela-
cabe ao quadro da instituição famil iar . ções entre os sexos.
quanto mais muitas ao mesmo tempo .
Todavia . se em princípio tal pressu - Vejamos sucintamente em que se
Mas convém reconhece r que grande I
posto assenta numa realidade de facto , parte das forças instituciona :s, que de- traduz esta nova concepção . Feliz-
é urgente neconhecer também que fendem tal concepção da vida. são as mente , cada vez maior número de ca-
contracepçã o e fJlaneamento familiar mesmas que nunca falaram senão sais, principalmente jovens, aprecia o
são duas realidades distintas . Na ver- teoricamente contra as guerras, que acto sexual como a expressão senso-
dade, qualquer mãe solteira poderá têm sido incapazes de contribuir efec- rial da afectividade e, daí, desligando-o
planificar e ter o número de filhos que tivamente para a diminuição da alta da procriação · Depois, a população
deseja. mortalidade infantil em alguns países portuquesa pratica na verdade o pla-
Depois, o acto sexual é prioritaria- catól icos, e c uja missão pretensa- neamento familiar. Áreas há do país,
mente visto - ou foi visto até aqu i - mente educad o ra terá que falhar pois em que o número médio de filhos por
como um facto tendente a reproduzir está por demai s afastada dos proble- casal é apenas dois, e certamente tais
espécie . O prazer da relação sexual mas reais . E é reconfortante verificar casais não usam apenas o «coitus
cons iderado pecaminoso e portanto interruptus» . Concomitantemente, o
o seu sentido deverá advir apenas da grande número de abortos ilegais, por
reprodução. Pretende-se, pois, justifi- todos conhecido, revela um d esejo de
car a prática de uma função biológico- regulação dos nascimentos. Tal ati-
-afect iva com qualquer coisa que tude, embora em parte resultado de
eventu almente a transcende , problemá- pressões de carácter económico, que
tica q ue tem legitimado a ideia de que não são de desprezar, resultam tam.-
a mulher deverá ter relações sexuais bém do novo papel que a mulher rem
apenas no seu período mensal infertil . desempenhado na força de trabalho ·
Ta l quadro c ultural é bem c o nh e- Mas re sulta aind a do novo sentido
cido Assim , segundo el e, a soc iedade de responsabilidade dos pais - do pai
dev erá ser constituída pela célula fa- e da mãe - perante os filhos e da
mili ar , c omposta pe lo pa i - o pater c ompreensão do papel fundamental de
famíl ias - detentor da autoridade fa- ambos na sua educação.
miliar. pe la m ãe. como força reprodu- Reconhecer o debate nos rermos
tora tanto da espécie como das atitu- aqui propost·os é um acto cívico que
des cu lturais , dominantes, e do con - qualquer cidadão terá que enfrentar.
junto dos herde iros - os fi lhos que A. questão não é um dilema de vida
adv irão de tal união legal. v ersus morte , que a herança cultural
Raros não são os casos em que tal legou e ainda hoje nos pretende im-
tipo de família esconde uma enorme fJingi r. lO . sim , um reconhecimento de
in co nsc iênc ia ou hip.ocris ia social. No- que no mundo moderno , que todos de -
rTl ca damente no que diz respeito ao sej am o s ma is humano . a responsabili-
tema que aqui debatemos - a 'regula- dade de se r mãe o u pai é um acto
mentação da natal idade - tal esquama dema siadamente sér io para ser dei-
deu origem a um falso dilema que xado ao ac aso. E a co nstat ação de que
co nvém dete c t ar - o direito potencial a psico log ;a infantil é uma aquisição
dos filhos à vida, versus a sua conde- científica moderna que deverá ser le-
nação à morte por parte dos pais Na vada em conta na educação dos filhos .
real idade, a dual idade do esquema E ainda um desejo consciente por parte
vida/ morte é' central à tradição cristã dos pa is de confrontar os filhos não
e constitui a espinha dorsal de toda a com um mundo de miséria física e
problemática católica . É bem .c onhecido moral mas com um lugar de realização
o papel central da natividade e morte pessoal e co lectiva .
de Jesus em toda a li.turgia re ligiosa . Assim, o que é preciso é uma at i-
A aceitação desta dualidade no pJano tude de militânci·a que. consciente e
do dia-a -dia por grande parte 'da popu- colectivamente, derrube os mitos an -
lação tem tido no passado- - 'e -tem cestrais que já não servem e que ins-
ainda hoje - consequências desastro- titucionalize os mecanismos jurídicos
sas . Em primeiro lugar legitima .so- e de saúde que permitam uma ampla
cialmente a aceitação de filhos inde- divulgação de todos os métodos de
sejados , com todos os problemas emo - cz'766 y D é-?;c6cu-ct.o - d f contracepção. Só tal atitude poderá
cionais que daí podem advir. Depois, '-.J favorecer uma maternidade e uma ·pa-
pode traduzir- se numa total irrespon- 'J?&v";:(/Cf.«7/J:.?,dé'Y J Õ. ._veLtf~ ternidade autêntica, consciente e plena .

( /é'? :1 jSet_ :;8)


19
L
o Grupo da Mulher da Associação Ac~­ I
No ambito das actividades pro gramadas
dámica de Coimbra, no seguimento de vá
rias discussões_acerca da necess~dade­ pela sua delegaçio regional de Lisboa .
de uma divulgaçao efectiva da.contrace a Associação para o Planeamento da F~
pçio a nfv~l do paIs e no distrito di
Coimbra, vai brevomente começar a cola OIilia organiza urna s~rie de c:J16quios
borar nas actividades da Associaçio de subordinados ao tema:"Planeamento Fa-
Planeamento Familiar de Coimbra. Em miliar -opção consciente", na Escola
breve a sede da Associaçio terá telefo
ne, permanência durante algumas hqras- de Enfermagem Psiquiátrica - Rua Jos~
por dia, por forma a estar aberta a to
dos os que queiram informar-se, cala
borar com os trabulhos da Associaçao e
= Carlos dos Sa ntDs, nº7~1º, Lisbo a (em
frente ~ Feira ~opular), pelas 21 e
receber consultas. 3 0 horas.
Vai esta Associaçio organizar em De-
zembro um curso de Planeamento para ... dia 16 de f~ ovombro- " As exual idade no
profissionais (enfermeiras, assisten - ciclo vital"
tes sociais, professores, etc,) no sen
t~do de preparar t6cnicos especiliza
dos neste assunto.
= 1- dia
I
21 de :·io vc r,Tbro- " Proble" a 0 da
sexualidade" (CCl í - a pa rtici pação do
Entretanto o grupo da Mulher respon- ::l I'. AlI en Comos).
sabilizou-se pela formaçio de um grupo
de sócios calabaradores para o gual s~ - dia 29 de Nove mbro - " Abo rto- aspe
rá efectuado um curso de formaçao de cEos sociais, ~ oliticES e psic0 16 g i~
L, onitores de planeamento, e que teré c os" (c o fi1 a c o 1 Q b o r a ç ao Dr ;) I· , a r i a de
co mo finalidade o trabalho directo de J esus 38 10).
informaç~o junto da populaçio, bairros,
f6bric2s, etc. dia 6 de
- ~e z eíi1b ro- "Plan ea men to . Fa I
I l a r - as p e c t o ~ s o c i a is, cu 1 t u r a i s e I
ri, l
I religiosos"(coLi a colab ~ ra ção de r.; a r i al
1

CONSULTAS DE PLANEAMENTO FAMILIAR I Ant6ni a riad ei ro).


Ui COH'lBRA:
Maternidade dos Hospitais Universitá-
rios (antiga cllnica de Stª Teres9) -
. 3 vezes por semana

Hospitais da Universidade de Coimbra-


3~, 4ªas~s 9h da manhã.
Instituto Maternal

Centro de Sa6de~(ao p~ da Cruz de Celas)

Junto com a Associação de Pl.aneamen-


to Familiar de Coimbra, o G~upo da Mu-
lher da AAC apoiará a criaçao de uma
consulta de planeamento Familiar inse-
rida nos Serviços Sociais.

Saiu o lº n6mero do Boletim da Asso-


ciação para o Planeamento da Fam!tia ,
pUblicaçio trimestral. Podes encontrá-
-lo ~ venda na sala do grupo da Mulher
da AAC.
noticias
Vai -s e-=-:r:------- -===-
dia lO ~e e~tuar em COimbr - --
Concelh o ezembro Um [ . a, no
r 1 ~o de MUlhe _ncontro
I sOci Ug 2r pelas 15 ~es, qUe te=:
açao de S oras na A
artist ocorros M' s-
as de COimbra ( otuos dos
Bibli
~~teca Municipal ao lado da

No seguimento da realizaç;o da Confer~ncia Nacional Sindical sobre os pr~­


blemas da Mulher Trabalhadora, formou-se uma Comiss;o Feminina na Seldex ,
f&brica metalúrgica da Amadora (Lisboa). A Comiss;o formou-se Com base em
estatutos que consideram n;o ser uma estrutura paralela ao movimento sin-
d~cal, mas sim parte ~ntegrante dele, tendo como objectivo a defesa das
rei~indicaç5es especifica~ da Mulher ' Trabalhadora. Como actividade próxi-
ma, está já programado um colóquio, para o qual irá convidar Mulheres co-
mo Maria Antónia Fiadeiro, Marta Jo;o Seixas, etc.
11
,

L /

DiVLJL6A a nOLETiM!

./ I

~
iNSCREVE · TE no GRUPO!
________________ ~v
'
GA ~

GRUPO DA MULHER DA A.A.G.


AggOGiAçÃo ACADÉMicA SALA
4! PiSD 4-15

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