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1
C3 e C4
Habilidades
H17, H19, H20,
H26, H30, H36,
H37 e H41
Diversidade bacteriana e
seu impacto na saúde
KHAMKHLAI THANET/SHUTTERSTOCK
CONECTAR
A diversidade bacteriana, assim como a de outros microrganismos, ainda é pouco
conhecida. A caracterização desses organismos é melhor descrita para os grupos
que podem causar doenças em seres humanos e em animais, ou para os que
atingem plantas de interesse econômico e agrícola. Aproximadamente, 30 000
espécies já foram isoladas e formalmente nomeadas, entretanto acredita-se que
esse número seja muito maior.
Ao coletarmos e cultivarmos uma amostra biológica de um indivíduo acometido
por uma enfermidade, podemos visualizar colônias com características distintas.
Mas como podemos distinguir e identificar os diferentes tipos bacterianos?
DIVERSIDADE BACTERIANA E MICROBIOTA HUMANA
As bactérias são microrganismos unicelulares bastante abundantes e diversos – em
relação à sua morfologia –, podendo existir na forma esférica, cilíndrica e helicoidal.
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BIOMEDIC
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Diferentes formas de bactérias encontradas na
AM
PT
natureza, observadas por meio de microscopia
ON
GENE L HOSP
eletrônica e coloridas por computação. Acima,
podemos observar, à esquerda, a bactéria
RA
esférica Enterococcus faecalis, visualizada com
aumento de 30 000x; e, à sua direita, a bactéria
IT A
cilíndrica Mycobacterium leprae, em aumento
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NC
de 4 000x. Abaixo delas, a bactéria helicoidal TO
PH
O
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7
A
Pele:
espécies de Staphylococcus,
Corynebacterium e
Acinetobacter.
Intestino:
espécies de Bifidobacterium,
Bacteroidetes, Enterococcus e
Firmicutes.
Vagina:
espécies de Lactobacillus,
Prevotella e Streptococcus.
JO
de desempenharem o papel de barreira protetiva contra microrganis-
H N
DU
mos patogênicos, ajudam na produção da secreção que aprisiona e
RH
A /S
dificulta a disseminação de bactérias que poderiam causar proble-
CIEN
mas à saúde humana.
CE PHOTO LIBR
Entre os grupos de microrganismos mais estudados, os conjun-
tos de bactérias residentes no sistema genital feminino e no intestino
são os mais conhecidos. Na vagina, a microbiota residente metaboli-
ARY
za carboidratos, sendo que esse processo leva à produção de ácidos,
/FO
TO
como o ácido lático, que diminui o pH vaginal e previne a proliferação
AR
EN
A
de outras bactérias que não são espécies residentes da microbiota normal
do órgão e podem levar ao desenvolvimento de doenças.
Talvez o fato mais curioso e fascinante sobre esse assunto seja a descoberta Bactérias de forma cilíndrica
de que a microbiota pode ser herdável, ou seja, pode ser transmitida de mãe para isoladas da cavidade
filho(a). Mas como isso acontece? Por meio do parto normal (ou parto vaginal) e da amamenta- vaginal e visualizadas
ção materna. Durante o parto normal, o bebê é colonizado pelas bactérias residentes na vagina em microscópio de luz.
Aumento de 1 600x.
da mãe. E, por meio da amamentação, ele também recebe microrganismos benéficos presentes
no leite materno. Esses são os primeiros contatos que temos com microrganismos depois do
nascimento. Essas bactérias benéficas irão colonizar principalmente o intestino do recém-nas-
cido, e lá devem perpetuar durante toda a vida. Essa influência na formação da microbiota
está entre os fatores mais importantes ligados ao parto normal e à amamentação.
Por fim, o intestino, que é o órgão que abriga o maior número de espécies
KIN
bacterianas, tanto em quantidade quanto em diversidade. Nesse órgão, as bac-
SPI G
térias têm a função de auxiliar na digestão de carboidratos e na formação do
RIT I
MAGE ROOM/SHUTTER
bolo fecal. A microbiota intestinal é o foco de intensas pesquisas na área da
saúde. Os diversos estudos realizados evidenciaram que ela apresenta variadas
funções, como, por exemplo, agir na maturação do sistema imunológico, por 9
meio da estimulação da produção de anticorpos, e no controle do metabolis-
mo, influenciando na saciedade e no ganho de peso.
STO
CK
BARA RESCHIF/SHUTTERSTOCK
A amamentação é um
dos meios pelos quais
a microbiota materna é
transmitida para as crianças.
Representação
da localização
da microbiota
intestinal no
intestino grosso.
OUTROS LINKS
O biólogo e professor da Universidade de São Paulo Christian Hoffman explica, no vídeo Ciência
USP Responde: Quantas bactérias vivem em nosso corpo?, do Canal USP, como as bactérias
atuam de modo benéfico para a nossa existência. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=PPwDUqsNTsQ. Acesso em: 5 nov. 2020.
Atividade
1 Como vimos, a microbiota humana é muito importante para o funcionamento adequado de nosso organis-
10 mo, porém vários fatores podem afetar o conjunto de microrganismos que a compõe. A sua tarefa será:
▶ investigar quais medidas podemos tomar para mantermos a microbiota protegida;
▶ divulgar esses dados por meio de um mural digital da turma, em que cada um poderá postar as informa-
ções encontradas. Você pode pensar em diferentes formas de divulgar os seus resultados: vídeo, áudio,
cartilha, texto, infográfico, cartaz ou qualquer outra forma que achar interessante.
PRATICANDO
b) Cite pelo menos duas funções exercidas pela microbiota do nosso organismo que justificam a preocupação
em mantê-la saudável, como apontado na notícia.
2 É comum assistir na televisão ou ver nas redes sociais propagandas de sabonetes e outros produtos que prome-
tem eliminar uma porcentagem alta das bactérias, resultando em uma pele limpa e saudável. Com base nessa
informação e no que você aprendeu, responda.
a) Com o uso contínuo desse tipo de sabonete, seria possível eliminar a maioria das bactérias do nosso corpo?
b) Eliminar todas as bactérias presentes em nosso corpo seria algo benéfico para o organismo?
11
c) Agora é sua vez, crie uma propaganda para esses tipos de sabonetes que esteja de acordo com o que você
aprendeu. Você pode usar alguns programas de criação e edição de imagem ou utilizar as suas habilidades de
desenho. Não se esqueça de inserir um slogan e um pequeno trecho explicativo sobre como o sabonete atua.
DESAFIO
a) Como a transferência de fezes de um doador para um paciente pode ajudar no combate às bactérias
Clostridium difficile?
b) Como pode ser evitado o risco de transmissão de doenças durante o processo de transplante? Se ne-
cessário, pesquise informações adicionais para elaborar a resposta.
12
Complexo
golgiense
Ribossomos
Mitocôndria
Lisossomo
Núcleo
Nucleoide
Comparação entre a Mesossomo
organização e as estruturas Plasmídeo
Retículo
presentes em uma célula Cromossomo
endoplasmático
bacteriana (eucariótica), à
esquerda e em uma célula 0.1-10 μm 10-100 µm
eucariótica animal, à direita.
13
Membrana plasmática
Proteínas da membrana
Citosol
DESIGNUA/SHUTTERSTOCK
Membrana
externa
Peptidoglicano
Membrana
citoplasmática
Representação da parede celular de uma bactéria Gram-negativa (à esquerda) e de uma Gram-positiva (à direita).
cristal violeta com iodo, cuja carga é positiva. Esse corante liga-se aos com-
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SC
KALLAYANEE NALOKA/SHUTTERSTOCK
Cristal Solução
violeta de Iodo
Gram-negativa
Gram-positiva
Safranina Lavagem com
(contra-corante) álcool (descorar)
RD
J.
caracterização morfológica das bactérias. Na verdade, foi descoberto anos depois que
GR
E EN
essas propriedades morfológicas se correlacionam com uma divisão filogenética, ou
/SCIENCE SOURC
seja, as bactérias Gram-positivas são geneticamente mais semelhantes entre si que
com as Gram-negativas, e vice-versa. A compreensão da divergência de característi-
cas genéticas e morfológicas entre esses dois grandes grupos foi crucial para entender
E/F
como acontece a infecção, o desenvolvimento e o tratamento de doenças bacterianas,
OT
O
A
RE
como veremos nos próximos tópicos deste capítulo. NA
Microscopia de luz de
O PAPEL DAS BACTÉRIAS NAS DOENÇAS bactérias Gram-positivas
(roxo) e Gram-negativas
As bactérias surgiram em nosso planeta há milhões de anos, muito antes de nós, se- (avermelhadas). Aumento
res humanos, ou de quaisquer outros animais. Sendo assim, podemos imaginar que o ser de 2 800x.
humano sempre esteve em um contato muito próximo com esses microrganismos, resul-
tando em relações benéficas, como na formação da microbiota, e prejudiciais, como no
Os microbiologistas
Robert Koch (1843-1910)
e Alexander Fleming
(1881-1955).
Europeus utilizando máscaras como medida preventiva contra microrganismos no início dos anos 1900.
BR
LI
TO
cou Alexander Fleming, um médico escocês
HO
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que, em um dia comum de trabalho, reparou
NC
CIE
A M/ S que em uma das placas de cultivo contendo
Staphylococcus aureus – bactéria que pode
JOHN DURH
FIZKES/SHUTTERSTOCK
sintetizado pelo fungo. to na área da Microbiologia da
Saúde permitiram avanços, como
a descrição de diversas bactérias
de interesse médico. Por meio
desses conhecimentos acumu-
lados, atualmente, um médico
pode tratar um paciente com
infecção bacteriana apenas a par-
16
tir da avaliação do quadro clínico
do indivíduo, sem a necessida-
de de grandes investigações. Os
avanços nessa área permitiram Os avanços no estudo da Microbiologia permitiram um
também o desenvolvimento de grande desenvolvimento na medicina.
exames com resultados mais rápidos, além de diagnósticos mais precisos, possibilitando o
tratamento das pessoas com mais eficiência.
Entretanto, as doenças causadas por bactérias podem estar relacionadas a diversos fato-
res, e chegar a um diagnóstico preciso às vezes não é tão simples. O desenvolvimento de uma
infecção depende de complexas interações, como a suscetibilidade do hospedeiro à infecção,
o potencial de virulência da bactéria e a oportunidade para a interação entre o hospedeiro e
o agente patogênico. Sendo assim, um jovem adulto saudável pode ser mais resistente a uma
infecção bacteriana que um idoso ou uma criança, cujo sistema imune geralmente é ineficiente
ou imaturo, respectivamente. Portanto, embora os sintomas causados por uma determinada
bactéria sejam semelhantes em diferentes indivíduos, é necessário considerar os diferentes
parâmetros, como a idade, o modo de transmissão e a condição de saúde do paciente.
OUTROS LINKS
Neste capítulo iniciamos a abordagem da Microbiologia da Saúde. Os avanços nessa área
da ciência influenciam profundamente a saúde das populações. Entretanto, sabemos que as
condições de saúde de um povo apresentam causas complexas e multifatoriais. No vídeo A
história da saúde pública no Brasil – 500 anos na busca de soluções, do canal VideoSaúde
Distribuidora da Fiocruz, você encontra informações sobre a história da saúde pública no Brasil
e os fatores que influenciam a qualidade dos serviços prestados para a população. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=7ouSg6oNMe8&index=11&list=PLz0vw2G9i8v8Bx-
0tosyX1uN7ovDJE03-g. Acesso em: 5 nov. 2020.
1 Analise a imagem abaixo, que ilustra parte da parede celular e a membrana plasmática de uma bactéria.
Classifique essa bactéria como Gram-positiva ou Gram-negativa, e justifique sua resposta.
KATERYNA KON/SHUTTERSTOCK
Peptidoglicano
Membrana citoplasmática
Proteínas da membrana
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MYFAVORITETIME/SHUTTERSTOCK
para o estabelecimento de diagnósticos e para o conhe-
cimento dos microrganismos que estão sendo estudados.
Um dos meios para se fazer esse procedimento é a par-
tir de métodos de coloração que permitem diferenciar o
grupo que está sendo analisado. A coloração pode ser-
vir para uma triagem ou para o estabelecimento de um
diagnóstico final associado a outras informações. Uma
das técnicas mais utilizadas é a da coloração de Gram.
Sabendo disso, responda:
a) Essa técnica utiliza qual característica celular para a clas-
sificação diferencial bacteriana? Processo de coloração de Gram em lâmina com
I. A constituição do material genético. amostras de bactérias.
Cancro mole tem terapia rápida, mas dá para prevenir; conheça os sintomas
[...] regiões mais quentes são facilitadoras da maior ação de microrganismos causadores de doen-
ças. Este é o caso do Haemophilus ducreyi, uma bactéria típica dos trópicos capaz de causar lesões ulce-
rosas na região genital, conhecidas como cancroide ou cancro mole.
O cancroide é uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível) — a transmissão desse hemófilo se
dá por via sexual — e é classificado como uma doença do tipo ulcerativa, isso porque inicia-se com a
formação de bolhas que se rompem formando úlceras (feridas). [...]
Como é feito o diagnóstico? Na hora da consulta, o médico vai ouvir a sua queixa, conhecer seu
histórico de saúde, além de fazer o exame físico para identificar alguma lesão e a presença de íngua.
Como os sintomas desta IST se confundem com outras doenças do mesmo tipo (como a sífilis e o
herpes genital etc.), para confirmar a infecção pelo Haemophilus ducreyi poderão ser solicitados exames
laboratoriais: a coloração de Gram e a cultura dessa bactéria. [...]
ALMEIDA, Cristina. Cancro mole tem terapia rápida, mas dá para prevenir; conheça os sintomas. VivaBem, 18 fev. 2020.
Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/02/18/cancro-mole-tem-terapia-rapida-
mas-da-para-prevenir-conheca-os-sintomas.htm. Acesso em: 5 nov. 2020
a) Um profissional da saúde preparou um cultivo com a amostra biológica coletada do paciente e, ao realizar
a técnica de coloração de Gram, observou o resultado abaixo.
b) Pesquise quais outros procedimentos poderiam ser realizados para auxiliar na confirmação do diagnóstico.
SAKURRA/SHUTTERSTOCK
Cocos Bacilos Outras
Diplobacilos
Estreptococos
Vibrios
Estreptobacilo
Estafilococos
Bastonete
19
Espiroqueta
Apesar disso, para uma conclusão mais precisa, é necessária, muitas vezes, a realização
de testes moleculares que garantam a identificação da espécie bacteriana em questão, ou
mesmo o reconhecimento de uma determinada cepa, que, de modo simplificado, pode ser
entendida como uma variedade de uma mesma espécie bacteriana.
Veremos, a seguir, que um dos principais grupos de importância clínica são os cocos
Gram-positivos.
COCOS GRAM-POSITIVOS
Os cocos Gram-positivos compõem um grupo bastante heterogêneo de bactérias, no
entanto, podem ser agrupados por compartilharem características como: a forma esférica e
a reação à coloração de Gram. Dentro desse mesmo grande grupo, podemos subdividir os
diferentes gêneros em relação à capacidade ou não de produção da enzima catalase, a qual
converte peróxido de hidrogênio em água e oxigênio. Essa classificação permite um diagnósti-
co mais eficiente, já que estabelece uma divisão do grupo. O grupo catalase-positivo de maior
relevância é o dos estafilococos (Staphylococcus spp.), enquanto os catalase-negativos mais im-
portantes são os dos estreptococos (Streptococcus spp.) e dos enterococos (Enterococcus spp.).
catalase
2H2O2 ▶ 2H2O 1 O2
SM
SM
ITH
ITH
C
C
O LL
O LL
ECTIO
ECTIO
N/GADO/GE
N/GADO/GE
Microscopia eletrônica de
varredura de estafilococos
em arranjo de cacho de
TT
TT
uvas (à esquerda) e em
Y IM
Y IM
pares (à direita). Micrografias
AG
AG
ES
ES
visualizadas com aumento
de 30 000x e 80 000x,
respectivamente.
DIM
ARIO
e bacteremia. Assim como os estafilococos,
N/SHUTTERSTO
as espécies de estreptococos e enterococos
também são beneficiadas por variados me-
canismos de virulência. Na parede celular dos
CK
estreptococos estão presentes proteínas que,
Microscopia de luz de colônia
junto do ácido lipoteicoico, facilitam a ligação de estreptococos organizada
da bactéria na célula hospedeira, permitindo a em cadeia. Visualização com
esses microrganismos invadir a célula eucariótica e, aumento de 1 000x.
assim, iniciar um processo infeccioso.
LAB212
Membrana
da célula
do hospedeiro
Receptor na
célula do
hospedeiro
Ácido lipoteicóico
21
Membrana
plasmática do
Streptococcus
Parede celular
do Streptococcus
ssp. e processo de
invasão celular.
LAB212
Processo de lise de células do sangue por uma bactéria do gênero Streptococcus ssp.
local básico e muito concentrado em sais, como o cloreto de sódio e sais biliares,
M
YI
ETT
Como vimos até este ponto, já existem muitas espécies de cocos Gram-po-
SM
1 Na rotina de um laboratório de análises clínicas, é comum o uso de fluxogramas com a finalidade de estabelecer
um padrão de testes para se identificar o organismo presente em uma determinada amostra. Analise o fluxogra-
ma abaixo que esquematiza como identificar o Staphylococcus e responda.
LAB212
23
a) Um dos testes presentes no fluxograma é a prova de catalase. O que esse teste permite identificar?
O
CI
AT
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BL
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INK
IEN
1997
CE SOURCE
/SHUTTER
STO
/ FO
TO
CK
AR
E
N
A
a) O técnico seria capaz de identificar as amostras por meio do uso da coloração de Gram? Justifique.
b) Que outro procedimento o técnico poderia realizar para identificar as amostras? Justifique.
24
3 A morfologia das células bacterianas é muito importante para a diferenciação dos grupos. Essas características serão
utilizadas em diversos momentos ao longo do ano letivo. Nesta atividade, vocês devem criar materiais que facilitem
as consultas que serão realizadas pela turma ao longo do ano. Para isso, faça o que se pede nos itens a seguir.
a) Crie modelos tridimensionais que representem os diferentes grupos morfológicos bacterianos. Escolha os
materiais mais adequados e não se esqueça de identificá-los.
b) Produza placas de identificação para cada grupo morfológico, insira os principais gêneros bacterianos que
possuem essa morfologia e identifique se eles são Gram-positivos ou Gram-negativos.
AR
Y/F
OT
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EN A
BACILOS GRAM-POSITIVOS
BR
LI
nos, muitos deles de importância clínica. Diferentemente dos cocos, os bacilos apresentam
EP
PY/SCIENC
forma cilíndrica e mais semelhanças genéticas entre si que com cocos Gram-positivos. Entre
os gêneros representantes de maior importância médica, destacam-se o gênero Bacillus,
OSCO
em média 3 µm (cinco vezes maior que os cocos), e podem ser encontrados isoladamente
NK
U
K
NI
S
DE
N ou aos pares. As espécies patogênicas desse gênero podem causar infecções letais, devido à
presença de uma cápsula que inibe a fagocitose por células imunes; além disso, apresentam
Microscopia eletrônica de
bacilos do gênero Listeria
proteínas ancoradas na parede celular, o que permite a aderência aos tecidos. Uma carac-
corados artificialmente. terística comum dos bacilos é a de formar endósporos quando a bactéria se encontra em
Aumento de 3 000x. ambientes adversos. Os endósporos são uma forma modificada da bactéria, com fisiolo-
CE
SO
que permitem ao organismo resistir a extremos de tempera-
URC
E/
tura, dessecamento e escassez de nutrientes. Dessa maneira,
FOTOARENA
quando a bactéria se encontra novamente em um ambiente
favorável, como o organismo humano, ela reativa seu me- Microscopia eletrônica
tabolismo e volta ao seu estado vegetativo, que é capaz de de transmissão de
desenvolver doenças. endósporos de B.
subtilis. Visualizada em
O gênero Listeria também é formado por bacilos Gram-po- aumento de 170 000x.
sitivos causadores de doenças. Esse gênero apresenta bactérias não
produtoras de endósporos, mas que possuem a capacidade de crescer em
uma ampla faixa de temperatura (1 ºC a 45 ºC). Diferentemente dos Bacillus, apresenta vários
flagelos associados na parede celular, o que permite a locomoção da bactéria no processo
de invasão da célula hospedeira.
Agora que já sabemos algumas características impor-
KATERYNA KON/SHUTTERSTOCK
tantes das bactérias classificadas como Bacillus e Listeria, ve-
remos, a seguir, as principais espécies desses gêneros de ba-
cilos Gram-positivos patogênicos de importância médica.
Neste capítulo, já comentamos sobre o Bacillus an-
thracis, que foi a primeira bactéria patogênica descoberta
por Robert Koch. Essa espécie é a responsável pela doença
denominada antraz, que pode se manifestar na pele, nas
vias respiratórias e no trato intestinal. A contaminação por
B. anthracis desenvolve uma infecção aguda que pode ra-
pidamente levar o indivíduo à morte, devido à infecção
generalizada. O Bacillus cereus, embora bastante próximo
geneticamente do B. anthracis, ocasiona doenças menos Representação de bactérias
graves, como intoxicação alimentar e infecções oculares, das quais, com o tratamento adequa- do gênero Listeria e seus 25
do, com antibióticos, o indivíduo infectado consegue se recuperar mais facilmente. vários flagelos.
B. cereus e B. anthracis infectam humanos principalmente a partir da ingestão de ali-
mentos de origem animal ou vegetal contaminados, mas a infecção pode ocorrer, também,
quando as pessoas inspiram os esporos dessas bactérias, ou quando estes penetram a pele
através de um corte. Veja na imagem abaixo como isso ocorre.
FOTOMONTAGEM A PARTIR DE: BSIP, 06PHOTO/SHUTTERSTOCK E CDC/SCIENCE SOURCE/FOTOARENA
NOVIKOV ALEKSEY/SHUTTERSTOCK
youtube.com/wat
ch?v=u2xey4wqZIg&
t=179s. Acesso em: 3
nov. 2020.
SILAROCK/SHUTTERSTOCK
hospitalares, como em cateteres e equi-
pamentos cirúrgicos.
O grupo de bacilos não fermen-
tadores recebe essa denominação por
serem aeróbios obrigatórios, ou seja,
não realizam o processo de fermen-
tação dos carboidratos para adquirir
energia, e sim a respiração, utilizando
o oxigênio como receptor final de elé-
trons. Isso ocorre devido à ausência de
enzimas que realizam o processo de fer-
mentação e à presença de uma ampla
variedade de enzimas responsáveis pela
respiração. Veremos esses processos
com mais detalhes no próximo capítulo.
Embora os bacilos não fermenta-
dores sejam simples quanto à nutrição, esses microrganismos são bastante complexos Funcionário de limpeza
em relação à patogenicidade, exibindo um amplo repertório de fatores de virulência. hospitalar desinfetando o
chão de um centro cirúrgico.
Um exemplo é a bactéria Pseudomonas aeruginosa. Quando organismos dessa espécie
27
infectam um hospedeiro, eles produzem uma toxina conhecida como ETA (Exotoxina
A), a qual bloqueia a síntese proteica da célula eucariótica, impedindo que a célula
do hospedeiro ative mecanismos antibacterianos. Além disso, a P. aeruginosa produz
pigmentos como a pioverdina, de cor verde, e a piocianina, de cor azul fluorescente,
responsáveis pela expressão e pela atividade de diversos fatores de virulência, como,
por exemplo, proteínas que inibem a resposta imune do hospedeiro e proteases que
permitem a colonização de um órgão.
SA
SA
TON
SILAR
KRUNG
O
CK/SHUTTERSTOC
SEE/SHUTT
ERS
K
TO
CK
funcional do pulmão.
OLL
PRATICANDO
GR
28 cessos em alguns órgãos, sintomas semelhantes aos da listeriose.
EE
N/S
O médico solicitou a coleta de material biológico dos abscessos
CIENCE SOU
e a realização de testes laboratoriais para obtenção de informa-
ções que pudessem ser usadas na elaboração do diagnóstico.
RC
E/
FO
O responsável pelo exame, ao realizar a coloração de Gram da TO
AR
EN
amostra, observou, no microscópio de luz, a imagem ao lado. A
a) A partir da imagem observada, é possível estabelecer alguma Visualização em microscopia de luz do resultado
conclusão em relação à suspeita inicial do médico? da coloração de Gram. Aumento de 1 000x.
b) Para confirmar a suspeita de listeriose, como o profissional responsável pelo exame deverá enxergar a
bactéria responsável pela doença no microscópio? Faça um desenho esquemático.
Bactérias em UTI
[...] Encontrados na superfície de colchões, equipamentos médicos e celulares, microrganismos
resistem à limpeza diária [...]
As bactérias parecem estar adaptadas às Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dos hospitais,
ambiente que deveria ser praticamente livre de agentes infecciosos por causa da gravidade da saúde
de seus pacientes. Essa é a conclusão de um levantamento feito por pesquisadores do Hospital das
Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-
-USP), centro de referência no atendimento médico na região. [...]
A maioria das bactérias identificadas geralmente não causa nenhum problema de saúde em
pessoas saudáveis, mas pode gerar sérias infecções nos pacientes em UTIs [...]. O risco de infecções
microbianas é até 10 vezes maior em UTIs do que nos outros setores de um hospital, segundo a
Associação de Medicina Intensiva Brasileira. As mais comuns são as pneumonias e as infecções da
corrente sanguínea e do aparelho urinário. Esse é um problema mundial, combatido com práticas de
limpeza em permanente aprimoramento. [...]
No HC, dois gêneros de bactérias, Pseudomonas e Staphylococcus, mostraram-se disseminados e
foram encontrados em colchões, grades de cama, bombas de inalação, maçanetas e portas de armá-
rios, carros de curativos, bancada de preparo de medicamentos e computadores. [...].
FIORAVANTI, Carlos. Bactérias em UTI. Revista Fapesp. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/bacterias-em-uti/.
Acesso em: 6 nov. 2020.
a) Identifique na reportagem os principais locais da UTI onde as bactérias foram mais encontradas. Elabore
uma hipótese sobre a principal fonte de transmissão das bactérias nesses locais e uma forma de reduzir a
sua transmissão.
29
b) Explique por que bactérias que convivem em harmonia em nosso organismo podem representar um
problema para as UTIs.
c) Se você tivesse duas amostras dos principais gêneros de bactérias encontrados na UTI da matéria, como
faria para distingui-los?
d) Pesquise e cite quais são os tipos de infecções que os principais grupos de bactérias apontados na
reportagem podem causar nos pacientes da UTI.
3 Diversas bactérias colonizam o corpo humano. Algumas delas, em certas condições de desequilíbrio, podem
causar doenças; além disso, o contato com alguns grupos desses microrganismos, no meio ambiente ou por
meio da ingestão de alimentos contaminados, pode causar graves enfermidades. Pensando nisso, crie um
infográfico interativo digital sobre bactérias patogênicas. Nele, devem constar: uma imagem esquemática do
corpo humano, as espécies de bactérias que podem causar infecções em cada parte do corpo, a sua morfo-
logia e as doenças que podem ser ocasionadas.
FAMÍLIA ENTEROBACTERIACEAE
O conjunto de gêneros e espécies que compreendem a família Enterobacteriaceae
é o maior e mais heterogêneo grupo de bacilos Gram-negativos de importância médica.
Geralmente, os gêneros têm sido classificados de acordo com propriedades bioquímicas,
modificações na parede celular, organização genômica e composição proteica do conteú-
do citosólico. Embora, de modo geral, a morfologia das espécies seja de bacilos, há uma
30 ampla variação quanto ao número, ao tamanho e à presença ou não de flagelos e fímbrias
na bactéria.
ARTEMIDA-PSY/SHUTTERSTOCK
Flagelos Fímbrias
Esses microrganismos, além de ocuparem os mais diversos habitats, também são co-
muns da microbiota de muitos animais e de seres humanos. Entretanto, algumas espécies
são exclusivamente patogênicas para a nossa espécie, sendo responsáveis por mais de um
terço de todas as bacteremias e por mais de 70% das infecções intestinais, sendo alvos de
extensa pesquisa e atenção ao redor do mundo.
Todos os membros da família Enterobacteriaceae são anaeróbios facultativos, ou seja,
são capazes de produzir energia utilizando oxigênio ou não (veremos com mais detalhes no
capítulo a seguir). Além disso, apresentam necessidades nutricionais simples, que, como já
discutimos anteriormente, permitem a colonização de vários ambientes de maneira rápida.
Bactéria
Representação esquemática
de uma bactéria da família
Enterobacteriaceae utilizando
Célula eucariótica
o sistema de secreção do
tipo agulha para infectar
uma célula hospedeira.
Diarreia infantil, vômito, cólicas, náuseas e febre baixa (é mais frequente em países em
ETEC Intestino delgado
desenvolvimento).
EAEC Intestino delgado Diarreia aquosa persistente (com vômito), desidratação e febre baixa.
EIEC Intestino grosso Febre, cólicas e diarreias aquosas (é rara em países em desenvolvimento).
Elaborado com base em: MURRAY, P. R. ROSENTHAL, Ken S. PFALLER, Michael A. Microbiologia mŽdica.
8ª Ed – Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 848 p.
Typhi, causa uma doença chamada febre tifoide, comum em países pobres, que
STO
UDIO/SHUTTER
ocasiona uma elevada taxa de mortes anualmente. Essa é uma das doenças
entéricas mais graves ocasionadas por microrganismos, pois leva à infecção
de múltiplos órgãos, a começar pelo intestino. Após a ingestão da bactéria, via
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EVERETT COLLECTION/SHUTTERSTOCK
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Gram-positiva
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Gram-negativa
Diagrama representando as principais características das espécies estudadas ao longo deste capítulo.
1 Leia o trecho da notícia reproduzida abaixo e faça o que é solicitado nos itens.
a) Na matéria, são citadas cepas diferentes de uma mesma espécie. Uma cepa, de modo simplificado, é uma
variedade de uma mesma espécie. De que forma é possível identificar qual é a cepa que está infectando
a carne a ser comercializada?
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b) Quais são as principais doenças humanas causadas pela bactéria citada na reportagem? Quais são seus
meios de transmissão?
2 Ao longo do capítulo, percebemos que os seres humanos podem estabelecer diversas relações com os gru-
pos bacterianos, e que existem condições que podem afetar essas relações. Reúnam-se em grupos e elabo-
rem um podcast com o tema: relação entre seres humanos e bactérias. Para isso, sigam as etapas a seguir.
I. Elaborem um roteiro, com informações disponibilizadas no capítulo e informações adicionais obtidas por
meio de pesquisas que apontem exemplos de relações estabelecidas entre os seres humanos e as bactérias.
II. Entrevistem pesquisadores da área da Microbiologia ou profissionais da área da saúde que trabalhem com
o assunto. Investiguem de que forma eles acreditam que esses microrganismos podem afetar positiva ou
negativamente a nossa vida.
III. Gravem e editem o podcast. Lembrem-se de incluir os créditos ao final. Não se esqueçam, ainda, de inserir
efeitos sonoros e uma vinheta para tornar o podcast mais atrativo.
ILUSTRA‚ÍES: LAB212
partes do corpo em que a coleta será realizada e as hipó- 35
teses levantadas no espaço a seguir.
LAB212
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ANYAIVANOVA/SHUTTERSTOCK
transformações. Uma delas é a informatização de seus processos,
principalmente no que diz respeito à identificação dos microrganis-
mos presentes em uma amostra ou que sejam alvos de um estudo.
Na seção Mão na massa, você realizou um procedimento
para a identificação de amostras de grupos bacterianos a partir de
características já estabelecidas como padrão pela Microbiologia,
como a coloração de Gram e a morfologia bacteriana. Você já ima-
ginou se existisse um programa que, após inserir certas informações,
identificasse qual é a espécie bacteriana presente em uma amostra?
Esse é o objetivo desta atividade.
Primeiramente, reúnam-se em grupos. Vocês deverão buscar
características que nos ajudem a diferenciar espécies bacterianas e
a desenvolver um sistema que permita a identificação das espécies
a partir da inserção de informações relativas às características obser-
vadas em uma amostra. Para isso, sigam as etapas a seguir.
1a etapa: pesquisa
Na primeira etapa do projeto, vocês devem pesquisar sobre
dez espécies bacterianas. Recolham e registrem informações sobre Os laboratórios de análises clínicas
possuem técnicos capacitados e
morfologia, resultados em relação a tipos diferentes de coloração, responsáveis pelo preparo, pela análise e
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entre outros dados que geralmente são utilizados para distingui-las. pelo parecer dos exames realizados.
2a etapa: categorias de análise
Após coletar as informações, vocês devem pensar quais categorias irão utilizar para distinguir as suas
bactérias. Por exemplo:
Categoria: coloração de Gram.
Opções: Gram-positiva ou Gram-negativa.
O importante é que o número de categorias seja suficiente para que, ao final da inserção das respostas
em cada categoria, o sistema desenvolvido por vocês seja capaz de identificar qual é a espécie bacteriana
correspondente, ou seja, não pode haver sobreposição.
3a etapa: programando um sistema de identificação
Com o auxílio do professor, do técnico de informática da escola ou de um profissional especializado, vocês
devem pensar em como desenvolver um sistema que permita inserir as categorias de análise selecionadas com
a finalidade de identificar a espécie bacteriana após a inserção das respostas. Vocês podem utilizar softwares
livres ou mesmo explorar os recursos de alguns programas presentes no pacote Office.
4a etapa: teste do usuário
Após desenvolver e testar o sistema, é importante realizar testes com um grupo de usuários para verificar
questões relacionadas à usabilidade e à clareza das informações. Seu grupo pode selecionar os próprios colegas
da turma ou pedir a ajuda de profissionais da saúde. Façam um relatório sobre as experiências dos usuários e
modifiquem o que for necessário.
5a etapa: divulgação
Ao final da atividade, a turma pode organizar um evento para divulgar as diferentes soluções encontradas
pelos grupos e a importância dos trabalhos desenvolvidos ao longo do bimestre.
Habilidades da matriz
Desempenho
Habilidades específicas
Sim Parcialmente Não
H17– Aplicar os conceitos da Química, da Física e da Biologia na
compreensão de fenômenos naturais e na resolução de situações-problema
presentes nos contextos cotidianos em geral e no contexto e nas situações
característicos das Ciências da Terra e da Microbiologia.
Compreendo conceitos da Biologia, principalmente os que se referem à identificação
bacteriana e a sua relação com a saúde humana?
Sou capaz de aplicar os conceitos da Biologia trabalhados no capítulo na resolução
dos problemas propostos?
H19 – Utilizar adequadamente os microscópios adotando os procedimentos
pertinentes para a investigação de microrganismos patogênicos ou não
relacionados à saúde humana e à segurança alimentar.
FAÇA UMA SELFIE
Faça um mapa conceitual que apresente os conhecimentos que você desenvolveu e aprimorou com os
objetos de conhecimento trabalhados neste capítulo.
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