Revista Brasil Mineral - 428

anos
Ano XL
Abril de 2023
No 428
MINERAÇÃO - METALURGIA - SIDERURGIA ISSN 0102-4728
MINERAIS ESTRATÉGICOS
ESTÁ NASCENDO O VALE DO LÍTIO?
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DIAGNÓSTICOS
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EDITORIAL
PERDEREMOS A CORRIDA?
E
m abril de 2023, com o início de produção da Do ponto de vista ambiental, o Brasil conseguiu,
Sigma Lithium, o Brasil entrou para o rol dos graças ao esforço da Sigma, desenvolver uma rota
países produtores de lítio grau bateria, hoje com tecnológica que, além de não utilizar produtos quí-
predomínio da Austrália, Chile e China. É claro micos para a produção do concentrado de lítio grau
que o Brasil inicia sua produção de forma modesta, bateria, permite a produção com empilhamento a
pelo menos em termos quantitativos se comparado seco de rejeitos, portanto prescindindo de barra-
com o que se produz nesses outros países. Mas é gens, que têm sido uma espécie de calcanhar de
um começo. Aquiles do setor mineral nos últimos anos. Além
Em maio, em evento na Nasdaq, a bolsa de tecno- disso, o lítio contido nos rejeitos é comercializado
logia americana, o Jequitinhonha, uma das regi es como produto, gerando receita.
õ
mais pobres do território mineiro, onde se encon- No aspecto social, o fato dessas reservas estarem
tram os principais depósitos de lítio já identificados localizadas em regiões carentes, com popula ões
no País, está sendo lançado como o Lithium Valley
ç
desassistidas, possibilita aos empreendedores con-
Brazil (Vale do Lítio no Brasil), um projeto que visa
tribuir para efetivamente mudar a realidade social
canalizar investimentos para a cadeia de valor das
dessas regiões. E, em tempos quando o ESG passa
baterias de lítio. Segundo os autores da ideia, com um
a ser mandat rio para qualquer empreendimento,
ambiente de negócios marcado pela previsibilidade
ó
e boa logística, o Lithium Valley Brazil será uma al- esse diferencial pesa muito.
ternativa sólida para o investidor global, alavancando Mas tem um ponto em que o Brasil sai perdendo
desenvolvimento econômico, social e ambiental. na corrida, que é a falta de incentivo governamental
De fato, neste momento o lítio representa uma às iniciativas que visam aumentar a produção interna
oportunidade importante para o Brasil, inclusive não só de lítio, mas também de outros minerais que
porque os depósitos até agora identificados estão são julgados essenciais para a transição energética que
localizados nas regi es mais pobres do País, como o mundo busca. O Canadá, nosso concorrente nessa
õ
o Jequitinhonha, parte do Ceará, Rio Grande do corrida, acaba de aprovar em seu orçamento recursos
Norte e outros locais onde há predominância de no valor de 10 bilh es de dólares (ao longo de dez
õ
pegmatitos. anos) para apoiar projetos de desenvolvimento de
Porém, é preciso ter claro que a coisa não será tecnologias limpas, onde evidentemente se incluem
muito fácil. Primeiramente, porque o tamanho os chamados minerais críticos. No Brasil, por en-
das reservas brasileiras, quando comparadas às de quanto não temos nada nesse sentido. Claro que não
outras partes do mundo, é bastante modesto. Há somos ricos como o Canadá e não podemos ter tal
reservas infinitamente maiores em outros locais montante num orçamento combalido que, primeiro,
como, além dos países já mencionados anteriormen- precisa matar a fome de miseráveis. Mas se não te-
te, Bolívia, Argentina, Índia, Afeganistão e outros. mos recursos financeiros, que pelo menos adotemos
Portanto, na corrida pelo lítio o Brasil tem que ser políticas que incentivem aqueles
competitivo por outros fatores que não o quantita- que estão se esforçando para
tivo de suas reservas, como bem mostra a CEO da colocar o Brasil entre os países
Sigma Lithium. Dentre esses fatores, além de um que produzem os minerais que
ambiente de negócios amigável aos investimentos a humanidade precisa e precisará
de risco, destaca-se a questão da sustentabilidade ainda mais no futuro. ☐
ambiental e social, que podem realmente ser grandes
diferenciais nessa disputa. Francisco Alves, Editor
BRASIL MINERAL - nº 428 - ABRIL DE 2023 3

ÍNDICE
MINERAIS ESTRATÉGICOS ESG

Sigma Lithium está transformando O ESG na formação de recursos humanos
o Jequitinhonha no Vale do Lítio ..................................................... 6 para o setor mineral – Parte II ...................................................... 34
.
.
OURO EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS ..................................48
PCRO: uma plataforma de fomento para
.
a cadeia de valor de ouro responsável ........................................... 20
.
PDAC INFORME ABIROCHAS #14 .............................. 44
.
Nota Sobre o The Prospectors and Developers
Association of Canada – PDAC – 2023 .......................................... 28 Foto da Capa: SIGMA LITHIUM
.
EXPEDIENTE
ISSN 0102-4728
Produtor Gráfico/Capa
Alexandre Paes Dias
Diretor Editorial armazemdecriativos@gmail.com
Francisco E. Alves
franalves@signuseditora.com.br Publicidade e Redação
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Rodrigo Gabai

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4 BRASIL MINERAL - nº 428 - ABRIL DE 2023
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Mineral constituiu o seu Conselho Consultivo, integrado João Luiz Nogueira de Carvalho
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Joel Weisz
tência. Esclarecemos que estes profissionais participam
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Engenheiro Geólogo
Hildebrando Hermann Vicente Lôbo
Advogado Engenheiro de Minas
Homero Delboni Jr. Virgínia Ciminelli
Engenheiro Engenheira

Planta da Sigma Lítio no projeto Grota do Cirilo
SIGMA LITHIUM ESTÁ TRANSFORMANDO

O JEQUITINHONHA NO VALE DO LÍTIO
Francisco Alves
A
pós dez anos de intenso trabalho e Jequitinhonha, uma das regiões de mais
um investimento da ordem de R$ 3 baixo IDH (Índice de Desenvolvimento
bilhões, a Sigma Lithium iniciou a Humano) do estado de Minas Gerais e do
produção do que ela denomina Lítio Verde Brasil, em referência mundial na produção
em seu projeto Grota do Cirilo, localizado de Lítio Verde, ou seja, produzido de for-
nos municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale ma ambiental e socialmente responsável.
do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Na Atualmente, segundo Ana Cabral, CEO e
Fase 1, o empreendimento deve produzir co-presidente da Sigma Lithium, o Vale do
270 mil toneladas/ano de concentrado de Jequitinhonha já é conhecido lá fora como
lítio grau bateria, capacidade que deve ser Lithium Valley ou Vale do Lítio. É que, além
atingida em julho de 2023. da Sigma, várias outras empresas estão re-
O projeto coloca o Brasil na rota de alizando atividades de prospecção mineral
produção de lítio para baterias e abre a na região visando o dimensionamento
possibilidade de transformar o Vale do de outros depósitos de espodumênio, o

minério descoberto pelo também mineiro
(nascido em Barbacena) José Bonifácio de
Andrada e Silva, em 1800, na ilha sueca de
Uto e que contém lítio. Na realidade, o lítio
contido no minério espodumênio já é extra-
ído na região do Jequitinhonha há mais de
três décadas, mas de grau químico, para ou-
tras finalidades e não para uso em baterias,
como é o lítio produzido agora pela Sigma
Lithium. Portanto, o grande mérito da em-
presa é viabilizar o aproveitamento daquele
minério para produção de lítio grau bateria,
utilizando uma rota de processamento iné-
dita, desenvolvida pela própria companhia
Ana Cabral, CEO da Sigma
e de forma ambiental e socialmente susten-
tável, o que atraiu para o empreendimento Mas até que começasse a produzir, o
investidores internacionais de peso, como empreendimento demandou muito esforço
os fundo de investimentos BlackRock, Ja- e empenho, segundo a sua CEO. “O que as
nus Henderson e outros. Com seu projeto, pessoas não se dão conta é que foram dez
a Sigma Lithium fez grandes captações de anos de muito trabalho. E o pior é que, por
recursos financeiros na bolsa canadense ser um trabalho embaixo da terra, não é vis-
TSX e na americana Nasdaq e teve seu valor to. As pessoas iam lá e viam apenas a planta
de mercado aumentado exponencialmente. de demonstração, construída em 2018 e que
Ela começou valendo US$ 200 milhões e enviava amostras para testes de mercado lá
atualmente o valor de mercado da empresa fora. E não davam muita importância para o
é superior a US$ 3,6 bilhões. projeto. Agora, quando alguém vê a planta,

Sistemas de correias transportadoras e pilha de material
fica impressionado”, diz Ana. nacionalização da empresa, que até então

A origem do projeto data de 2012, quan- era brasileira. Assim, foi criada a Sigma
do a Magnesita e Calvyn Gardner, membro Lithium, que virou controladora, com ações
do board da Sigma, adquiriram os direitos negociadas em bolsa.
sobre a área. Durante quatro anos, até 2016, A empresa teve grande aceitação por
eles ficaram tentando viabilizar o empreen- parte dos investidores internacionais, em
dimento, até que houve o ingresso do fundo primeiro lugar pelo viés socioambiental do
de investimentos A10, que é hoje um dos projeto e em segundo porque as perspecti-
principais controladores e que investiu na vas para o mercado de lítio eram bastante
elaboração do relatório técnico 43.101, de promissoras, por seu uso em baterias de
quantificação de reservas, para atender às veículos elétricos. Porém, como observa
normas canadenses visando à listagem em a CEO, a empresa era pequena dentro do
bolsa. Naquela época, conta Ana Cabral, setor, dominado por gigantes. “Não somos
não havia nada: apenas a sede e o trabalho grandes geologicamente, em termos de
de mapeamento geológico. Nos dois anos reservas ou recursos (Chile, Austrália e
seguintes, até 2018, foi feito todo o trabalho Argentina são muito maiores e até a China
de consolidação do mapeamento geológico está ficando maior) e isso precisa ficar claro:
e quantificação das reservas conforme os o forte do nosso projeto não é produzir lítio,
padrões internacionais, para arquivamen- pois o lítio não é raro. A cada hora aparecem
to público nos mercados de capitais. Na reservas grandes em vários lugares. A Bolí-
ocasião, foi feito todo o processo de inter- via tem as maiores reservas do mundo não

exploradas. O Afeganistão também possui ro grande teste dessa convicção ambiental foi
uma das maiores reservas mundiais. Agora a preservação do Córrego Piauí”. O projeto
a Índia apareceu com reservas enormes, original da empresa previa a abertura de um
assim como o Irã”, diz ela. grande pit para extração do minério a céu
O grande separador, portanto, é o fato de aberto, o que significava que um pequeno
que muitas dessas reservas nunca vão ser córrego, que enche apenas na época de chuvas
exploradas em escala comercial grande, por- e que serve a uma pequena comunidade, teria
que estão em ambientes de negócio hostis. que ser desviado. A Sigma, então, decidiu mu-
“Portanto, uma primeira condição para se dar o projeto da cava de mineração, dividindo
produzir lítio é ter um ambiente de negócios o pit em dois e preservando o córrego. “Foi
favorável, sem restrições governamentais, sem um drama, porque a empresa era pequena,
estatização -- no caso da Bolívia o governo a capitalização de mercado era de US$ 200
obriga uma associação com a YPFB – porque milhões. Quando publicamos o estudo de
nenhum player internacional quer ser sócio de viabilidade, em novembro de 2019, passa-
governo”, acentua a dirigente. mos o ano inteiro num vai-vém, numa série
Outro problema que ela vê é o ambiente de de interações com os auditores minerais do
negócios do país em termos de segurança jurí- Canadá, discutindo se faríamos um superpit,
dica e regras minerais, celeridade de processos, que era a preferência técnica, ou se nós íamos
de regras. “Ou seja, precisa de um ambiente
adentrar por uma complexidade técnica
de negócios que seja benigno para o capital
de fazer dois pits no primeiro depósito. E a
internacional. Porque na verdade a maioria
decisão de fazer dois pits foi ambiental. Isso
dos países do Terceiro Mundo não têm o
funding interno necessário para desenvolver
um projeto dessa envergadura. Nós gastamos
três bilhões de reais. É um número grande. E
de onde sai esse dinheiro? De mercados de
capitais globais, que exigem serem respeitados
como investidores, querem retorno desse ca-
pital. No nosso caso, não saiu ainda nenhum
dólar de retorno. Olha a confiança depositada
em nosso país por essa estirpe de primeira
linha de investidores internacionais. E temos
aqui a nobreza do capital de investimentos”.
O terceiro ponto importante no projeto da
Sigma Lithium, que o torna especial, são os
princípios socioambientais através dos quais
os ativos foram desenvolvidos. “Desde o início
trabalhamos para não deixar o projeto com
qualquer contingência ambiental. E o primei- Detalhe do minério na correia

Silo de material
criou uma complexidade técnica para o time, de que haveria minério para mais oito cavas,
que eles resolveram, mas era hercúlea a tarefa embora não pudesse informar isso para o
de viabilizar dois pits versus o trabalho fácil mercado, já que, no caso de empresas lista-
de fazer o superpit e desviar o córrego. Mas das no mercado de capitais canadense, só
para nós havia toda uma mensagem socioam- valem as informações contidas no relatório
biental, que era ter o respeito à comunidade, 43.101, que é a norma adotada para informe
preservando essa água sazonal para eles e um de recursos e reservas. “Hoje, que a empresa
comprometimento financeiro da empresa tem um valor presente muito grande, fica
alinhado com o discurso ambiental”, narra a óbvio que a decisão era correta. Mas na
executiva. época, não. E sofremos muitas críticas. Eu,
Para ela, é muito fácil se falar de ESG, mas particularmente, por ser de fora do setor,
fica difícil quando se tem que abrir mão de por ser mulher e outsider, ganhei o apelido
um valor de US$ 500 milhões. Foi isto que de CEO hippie. E também tivemos muita
aconteceu quando a empresa optou por fazer resistência interna do time técnico. Todo
dois pits, ao invés de um, para preservar o mundo que vinha do Canadá e Austrália
córrego, já que o seu valor de mercado po- defendia o superpit e nós dissemos que
deria ter passado de US$ 200 milhões para não, porque tem um elemento comunitário,
US$ 700 milhões. Com a decisão, cerca de populacional, importante. São 35 famílias
25% das reservas foram esterilizadas, isto é, córrego abaixo, que nós abraçamos. E nada
deixariam de ser lavradas. No entanto, demais valioso do que mostrar que tínhamos
vido ao trabalho de geologia feito de 2012 a feito um comprometimento financeiro, que
2016, o board da empresa tinha consciência custou muito, para que eles tivessem aquela

água durante três meses do ano de estação utilização de produtos químicos nocivos.
úmida, porque o que acontece é que eles Assim, ao invés de usar produtos químicos
usam essa água do córrego nos três meses e nocivos, é utilizado um processo de sepa-
armazenam em cisternas para usar durante ração por meio denso. E depois da rota de
resto do ano”, salienta Ana Cabral. Além separação, purificação e concentração, fo-
de preservar o córrego, a empresa fez um ram acrescentados os circuitos ambientais
convênio com o Child Fund, que tem uma de última geração para fazer a secagem do
parceria com a Procter & Gamble, para dis- rejeito e direcionamento da água de volta
tribuição de sachês de despoluição de água, para a planta úmida. Portanto, trata-se de
a fim de que as pessoas pudessem consumir um processo que possibilita o reaproveita-
sem problemas. mento de 100% da água e não utiliza pro-
dutos químicos. Além disso, todo o rejeito
Tecnologias verdes no processo é empilhado a seco, incluindo os ultrafinos,
Outro grande diferencial do projeto é que têm só 12% de umidade. E tudo isso
que, na planta de processamento de miné- é feito com energia limpa, adquirida no
rio para obtenção do lítio, a Sigma Lithium sistema elétrico.
introduziu tecnologias verdes para o pro- Durante o desenvolvimento do processo
cesso de separação e purificação do lítio houve uma surpresa desagradável, porque
que não existiam. Essas tecnologias verdes descobriu-se que a água captada do rio tam-
permitiam fazer o processo de separação, bém precisava de um circuito ambiental,
purificação e concentração do lítio sem a porque tinha que passar por um processo
Todo o rejeito é secado. Não há barragem de rejeito

Layout das instalações do projeto

de tratamento de esgotos. Isto também en- de um circuito ambiental junto com o for-
trou na conta ambiental, porque era preciso necedor. E fizemos um circuito pioneiro,
remover os dejetos sólidos fecais da água. já que somos a única empresa de lítio e da
“Então, não só preservamos o Córrego Piauí cadeia de baterias no mundo com 100% de
como usamos água de esgoto, pois o rio rejeitos a seco”, enfatiza.
Jequitinhonha tem água de qualidade de O problema dessa tecnologia é não ser
esgoto. E tivemos que implantar todo um tão eficiente quanto a flotação na recu-
sistema de tratamento de esgotos na entrada peração do lítio. E esse lítio não recupe-
da planta, que recebe a água do rio, trata, rado vai para o rejeito empilhado a seco.
encaminha para o processo e também trata Portanto, a escolha tecnológica implicava
a água que é recirculada”. em uma perda econômica. Era a segunda
Ana Cabral explica que, quando a empre- perda econômica do projeto: a primeira,
sa optou por essa tecnologia de separação, em 2019, quando abdicou de 25% das
purificação e concentração, a mesma não reservas; e a segunda, por optar por uma
era recomendada para o lítio, além de ser tecnologia que só recuperava 60% do lítio,
uma temeridade utilizá-la isoladamente, ao invés dos 85% previstos no estudo de
já que, tipicamente, ela era utilizada em viabilidade.
conjunto com uma planta de flotação. “E Mas o corpo técnico da empresa traba-
nós abdicamos da planta de flotação, por lhou mais o desenvolvimento da tecnolo-
conta desse imperativo de ter certeza de que gia da planta e chegou a um processo que
conseguiríamos empilhar o rejeito a seco. elevava a recuperação do lítio para 72%.
Aprendemos que, de qualquer maneira, Mesmo assim ainda havia a perda do lítio
teríamos que ser cobaias do circuito. En- que ia para o rejeito empilhado a seco. E aí
tão optamos por uma rota tecnológica de surgiu o que se chama de bônus ambiental:
separação, purificação e concentração que o rejeito empilhado a seco contém o lítio
trazia a possibilidade de desenvolvimento grau químico que, recuperado, se tornou

valioso. Assim, a empresa passou a comer- nos controles. “Tudo é totalmente automá-
cializar o rejeito contendo lítio, passando tico e digital e a planta pode ser operada
a ter rejeito zero. “Conseguimos criar uma remotamente, via internet ou satélite, de
economia circular, um círculo completo, qualquer lugar”.
em função de um bônus ambiental que foi O projeto da Sigma Lithium também foi
decidido como perda. Transformamos uma favorecido por uma mudança de mercado
perda econômica em um bônus ambiental, no que se refere à especificação base usada,
usando tecnologias verdes. Pegamos um que caiu de 6% para 5,5%. Como a empresa
limão e fizemos uma limonada”, comemora já havia desenvolvido o processo para um
Ana Cabral, acrescentando que isso não foi produto com 6% de Li2O, isso aumentou
por acaso, mas fruto de muito investimento muito a recuperação, o que permitiu elevar
na tecnologia de recuperação. “Gastamos a capacidade da planta de 240 mil para 277
muito tempo e dinheiro para desenvolver mil t/ano. Ou seja, a Sigma teve um bônus
o circuito de empilhamento a seco”. Um tecnológico.
outro aspecto importante é que o processo
está todo digitalizado, porque a empresa Ampliação já começou
não quer depender do operador da planta No momento em que está iniciando a
nem correr o risco de algum erro humano operação da Fase 1, a empresa já está avan-

Planta Greentech e infraestrutura prevendo expansão

çando na engenharia de detalhe de Fase 2, Segundo Ana, a empresa aprendeu que
aproveitando os aprendizados da primeira tem a vantagem competitiva ambiental do
fase. “Agora, é basicamente utilizar as lições seu produto, o lítio verde, e a ideia é “nave-
aprendidas e triplicar a capacidade, que é gar” nessa vantagem tecnológica competiti-
função de mercado”, diz Ana, acrescentando va até que outros repliquem. Ela considera
que, como a empresa já cruzou a barreira que a Sigma tem um a dois anos de van-
tecnológica com o primeiro investimento, tagem até que alguém consiga replicar. As
agora é simplesmente replicar. Assim, ao operações hoje existentes não vão conseguir
invés de apenas dobrar a capacidade, resol- replicar, porque têm o legado da barragem
veu triplicar. A engenharia de detalhe para de rejeitos, mas as novas operações vão
a triplicação já foi iniciada e vai demorar replicar, mundo afora. Os australianos, que
um terço do tempo que demorou na fase estão bem na frente na corrida do lítio, já
1, porque não se tem o desenvolvimento estão em cima do fornecedor para tentar
tecnológico acoplado, já que o trabalho de replicar isso. “Mas nisso a gente desponta,
seis meses com o fornecedor do circuito de porque o social vai estar sempre ganhando.
empilhamento a seco já foi feito. Portanto, O Brasil tem que entender isso. É sair cor-
basta replicar a rota tecnológica de pro- rendo agora. Podem replicar o ambiental,
cessamento que existia. Serão construídas mas o social não. Por isso a importância de
mais duas plantas e a engenharia deve ser se trabalhar direito. A nota do S no ESG vai
concluída até junho de 2023, quando de- ser mais alta durante um tempo ainda se to-
verá ser tomada a decisão sobre o início da dos estiverem com esse mesmo propósito”,
terraplenagem. pontua Ana.

Ela quer aproveitar os diferenciais ofere- cujo objetivo vai ser trazer tecnologia so-
cidos pelo produto da Sigma. “Lítio tem em cial, expandir tudo o que estamos fazendo
todo lugar. Mas lítio verde só tem aqui. É socialmente para que outras empresas do
igual a vinho tinto: tem em qualquer lugar. território façam aderência a isso”.
Mas vinho Bordeaux só tem naquela região
da França. Então fazemos o Bordeaux do Monetizar habilidades culturais
lítio, que é o Lítio Verde. E queremos tra- Dentre as iniciativas sociais desenvolvi-
balhar com o BNDES uma parceria tecno- das pela Sigma, ela destaca o programa mi-
lógica no sentido de preservar o território crocrédito, o de captura de água de chuva e
e trabalhar para que ambientalmente o ter- o programa de caixas d’água. “Tem três pro-
ritório seja reconhecido. Não queremos ser gramas que chamamos de base de inclusão
a única empresa sustentável. A ideia é que social: o das mulheres, com o Microcrédito,
todo mundo seja sustentável. Então, esta- e dos agricultores familiares, que é o Seca
mos abrindo para todo mundo: os códigos, Zero, que visa garantir a perenidade da água
o framework social. Queremos trabalhar via cisternas de captura de água para o ano
socialmente com nossos vizinhos, porque inteiro, para o agricultor familiar, que não
a ideia é expandir essa tecnologia socioam- tem dinheiro para irrigação; e o Água para
biental para todos, no sentido de que todo Todos, que é o programa de caixas d’água
mundo vai fazer Lítio Verde. Sem barragem para as comunidades rurais do entorno”.
de rejeitos, sem químicos, recuperando a Ela enfatiza muito o programa de inclu-
água”, propõe. são social, que visa incluir economicamente
Ela acrescenta que, hoje, se consegue
vender todas as gramas de lítio brasileiro
que tiver antes do concorrente, porque
“esse bônus verde não é prêmio de preço,
é grátis. Então, se uma empresa de carro
pode ter um lítio verde ao invés de um lí-
tio marrom, qual ela quer colocar no carro
verde? E nós já estamos trabalhando isso. É
todo um trabalho de marketing comercial
que estamos fazendo, muito focado nas
montadoras, no cliente final, que é quem se
importa, porque está ligado ao consumidor,
que é quem se importa nesse sentido. Aí o
território inteiro – tem três empresas muito
boas na vizinhança – pegaria uma carona
nesse processo. Claro que apenas os que
estiverem também fazendo o lítio verde.
Estamos planejando o Instituto Lítio Verde, Material para britagem

Mulheres que participam do programa social da Sigma

as mulheres oferecendo microcrédito e recurso mineral. E nisso, vamos para recantos
monetizando as habilidades culturais que do Brasil aonde ninguém vai. A indústria não
elas têm. “Essas mulheres não estão apren- vai. Mas nós, ao irmos, levamos a indústria
dendo nada de novo, mas simplesmente para esses lugares”.
ganhando dinheiro com o que elas sabem Ela ressalta também o programa Volta ao
fazer. O que elas aprenderam quando me- Lar, que visa trazer de volta as pessoas que
ninas no Jequitinhonha, que é um lugar tinham saído do Vale do Jequitinhonha, em
extremamente rico. A riqueza cultural do busca de oportunidades. “Nós repatriamos
Jequitinhonha está sendo monetizada por essas pessoas para que estejam juntos com
quem tem toda essa riqueza cultural, que suas famílias e tenham emprego digno em sua
são as mulheres. E o que é essa riqueza? A cidade de origem. Hoje, de um contingente de
costura, o artesanato, a culinária e agora os 1 mil pessoas que estão trabalhando na área,
serviços de beleza. A mulher do Vale é mui- cerca de 40% são da região”. Ela informa que
to vaidosa, então tem todo um potencial de na operação da mina e planta estão engajados
serviços de beleza que elas estão explorando 700 trabalhadores e esse contingente aumen-
comercialmente”. tará para 1.500, se a empresa for operar as três
Para Ana Cabral, um dos pontos fortes da cavas, como está previsto.
mineração é que se trata de uma atividade que Para maximizar o programa Volta ao Lar,
tem o poder de transformação de territórios, a empresa fez uma engenharia reversa na
desde que trabalhe direito. “Não temos esco- mina. “Aprendemos que o índice de aprovei-
lha para onde vamos. Temos que ir onde está o tamento da mão de obra da repatriação era

muito grande para funções como operador a região. Qual é o nosso sonho? Que as 10
de caminhão de mina, por exemplo. Então, mil mulheres que estamos apoiando daqui
o que fizemos? Diminuímos o tamanho dos a cinco anos tenham 100 empresas viáveis,
caminhões. Enquanto uma operação na Aus- empregando mais gente. É 1%, um número
trália usa caminhões de 80 a 100 toneladas, totalmente factível. Se conseguirmos isso,
nós optamos por modelos de 40 toneladas, teremos cumprido nossa missão, porque
que podem ser operados por motoristas de contribuímos para criar uma atividade
caminhão de estrada. Porque queríamos perene. É capital de risco social investido
empregar o máximo possível de pessoas. E em empreendimentos de cunho social.
cerca de 90% do pessoal de mina é local, do Queremos mostrar para as pessoas que isso
programa Volta ao Lar”, afirma a dirigente. é possível. Tanto que grandes bancos de fo-
Esta estratégia evitou que ocorresse o mento nacionais já estão todos interessados
que é comum em comunidades onde se no programa”, diz ela.
implantam projetos de mineração em que
vem muita gente de fora, contribuindo Voto de confiança no Brasil
para inflacionar os preços de moradias. Com o seu projeto, a Sigma Lithium está
Como se trata de gente da região que ha- dando “um tremendo voto de confiança
via migrado, eles estão voltando para suas na segurança jurídica brasileira”, segundo
próprias casas. “Além de não gerar inflação, Ana, ao ter decidido realizar um investi-
estamos contribuindo para reconstruir mento dessa monta num período em que
o tecido social: é o filho que volta para a ninguém estava investindo. Ela acrescenta
mãe, que está lá, sozinha; o companheiro
que volta para a mulher; o jovem que volta
para a namorada. Remendamos o tecido
social que estava rasgado! Afora os em-
pregos diretos, geramos 13 mil empregos
indiretos nos diversos setores. Além disso,
com o programa Microcrédito, estamos
tentando criar mais atividades econômicas
fora da órbita da mineração e da indústria.
Estamos indo para o mundo da costura, do
vestuário, da culinária, da gastronomia, do
artesanato, dos produtos de beleza. Estamos
fazendo investimento de anjo inverso em
atividades econômicas de microempreen-
dedorismo, em setores que não têm nada
a ver com a mineração. Assim, estamos
exponenciando o potencial que esta em-
presa tem de desenvolver economicamente Projeto preservou água

Minério de espodumênio para britagem

que a empresa tem “um alinhamento ideo- CFEM a preço de mercado. Ou seja, esta-
lógico com o novo governo muito grande, mos pagando com base em 7 mil dólares
no sentido social e ambiental. Nós acredita- a tonelada, enquanto o nosso produto mi-
mos que o mercado, hoje, está pronto para neral seria 100 dólares a tonelada. Estamos
trabalhar com esse alinhamento ideológico, pagando 70 vezes mais CFEM. Chamamos
que por sua vez alinha com o governo atu- isso de imposto voluntário para a comu-
al, que é fazer o capitalismo social. Somos nidade, porque temos consciência de que
o maior exemplo de capitalismo social não se consegue ser bemsucedido no setor
bem-sucedido, em que todos prosperam. de recursos naturais se as comunidades no
Queremos usar esse projeto como exemplo entorno não prosperam junto. E nos tor-
de como se consegue unir o país. É um namos um exemplo global: somos estudo
capitalismo social, de inclusão, porque es- de caso na ONU há três anos. Portanto,
tamos abrindo mão de retornos financeiros deixem o setor privado trabalhar, que
grandes em função de colocar a inclusão ele vai entregar. O segmento mineral que
social como prioridade da empresa. Além mais cresce é o de minerais para baterias
disso, estamos voluntariamente recolhen- de veículos elétricos, o que inclui níquel,
do CFEM (Contribuição Financeira pela cobalto, nióbio, lítio, manganês. A Sigma
Exploração Mineral) máxima. Como não virou um novo paradigma de ESG”, pon-
temos trading company, estamos pagando dera a executiva.

Um outro ponto importante, nesse sen- segurança jurídica permanecem. Para o
tido, segundo ela, foi a decisão de instalar a lítio. É a oportunidade do século para o
planta no Vale do Jequitinhonha. “Em 2019, Vale do Jequitinhonha, porque a região
uma decisão chave foi: não vamos exportar não tem agricultura, nem pecuária. Não
minério, matéria prima. Hoje todo mundo existe atividade econômica lá. Então esta-
quer essas plantas. Somos cortejados pelo mos fazendo uma revolução, porque é um
Texas, pela Arábia Saudita, pelo Canadá, o ambiente de negócios para todas as regiões
mundo inteiro quer que a gente trabalhe
do Brasil onde tenha lítio. Porque o lítio só
lá. Mas dizemos aos nossos investidores
existe em regiões secas: Solonópole (CE),
que escolhemos o Vale do Jequitinhonha
Salinas (MG), Vale do Jequitinhonha (MG),
como o nosso lar. O Brasil é a nossa casa.
Então a ideia é a gente construir junto com Rio Grande do Norte. São locais que não
o Brasil, com o governo do Brasil. Porque são alvo de investimentos. Temos a elite
acreditamos que a possibilidade de fazer mundial de investidores ESG nos apoiando
impacto social transformacional no Bra- inequivocamente. Isso nos dá muito orgu-
sil é gigantesca. E foi uma decisão difícil. lho. Do ponto de vista tecnológico, temos
Nos comprometemos com o Brasil, nessa um time top. E a tecnologia é nossa, porque
crença de que o ambiente de negócios e ela não existia”, finaliza Ana Cabral. ☐
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OURO
Planta de extração de ouro no Mato Grosso
PCRO: UMA PLATAFORMA DE FOMENTO PARA

A CADEIA DE VALOR DE OURO RESPONSÁVEL
*Oswaldo S. M. Nico; Carlos Henrique X. Araújo; Deborah Goldemberg; Giorgio de Tomi
O
ouro é um ativo amplamente comer- O desafio da rastreabilidade da produção
cializado e consumido em todo o de ouro e da aplicabilidade de ferramentas
mundo, com uma grande variedade de blockchain é um tema de várias inicia-
de partes interessadas, incluindo o mercado tivas de pesquisa científica e tecnológica
financeiro, joalherias, engenharia biomé- por diversos centros internacionais de
dica e indústria eletrônica, entre outros. pesquisa e inovação, conforme discutido
Além disso, o ouro tem um papel crítico por BALZAROVA et al. (2022) e FINLAY
na transição energética para tecnologias (2020). Associado a esse desafio, os critérios
limpas programada para este século. Cada de comercialização de ouro com o padrão
vez mais, nota-se uma tendência global de Fair Trade estão sendo amplamente discu-
privilegiar a cadeia de valor de ouro produ- tidos pelo setor, conforme reportado por
zido de forma responsável em todas as suas HILSON et al. (2018). As iniciativas de ino-
aplicações atuais e futuras. vação tecnológica para fazer frente a esses

desafios incluem também o mapeamento e da Fundação para o Desenvolvimento
da assinatura específica do ouro conforme Tecnológico da Engenharia (FDTE), além
sua origem geográfica, como por exemplo de empresas de mineração e de entidades do
os projetos de mapeamento do “DNA” do terceiro setor que também apoiaram o pro-
ouro (METALOR, 2023). jeto. O resultado desse esforço foi o desen-
No entanto, um elemento essencial para volvimento de uma ferramenta inovadora
que as cadeias de blockchain possam ras- que tem como objetivo dar poder de decisão
trear a produção de ouro responsável é o de compra responsável ao interessado e
registro da origem da produção. Trata-se orientar o produtor de ouro no sentido da
do primeiro elo da cadeia de valor, onde o produção responsável. A plataforma PCRO
ouro produzido como substância mineral é hospedada na nuvem com infraestrutura
é comercializado para tornar-se ativo fi- dedicada e permite o acesso por meio de
nanceiro. Essa transação marca o início da navegadores comerciais dentro dos atuais
cadeia de valor que necessita da validação padrões do mercado.
da originação do ouro produzido de forma Para o comprador de ouro, a plataforma
responsável. proporciona, por meio de uma análise au-
Para enfrentar o desafio de validar a origi- tomática de aptidão aos critérios mínimos
nação do ouro responsável em sua primeira do PCRO, a verificação eficaz do risco de
transação comercial na cadeia de valor, foi não conformidade do ouro que pretende
estabelecido um projeto de inovação para adquirir. Além disso, a ferramenta oferece
o desenvolvimento de uma plataforma também a alternativa de solicitar aos técni-
de comercialização de ouro responsável cos da plataforma análises mais completas
(PCRO). Esse consórcio tem a participação para os demais níveis de conformidade.
da Universidade de São Paulo, por meio do Já para o produtor de ouro, a plataforma
Núcleo de Pesquisa para a Pequena Mine- permite a definição clara de um caminho
ração Responsável (NAP.Mineração/USP) a ser seguido para uma extração mineral

OURO
responsável. A ferramenta colabora com o cia, há uma interação online, automática
produtor, evidenciando operações respon- e imediata entre o usuário e a plataforma,
sáveis de extração ou mesmo permitindo onde o dado de entrada é o número do
uma análise e direcionamento técnico para processo ANM de onde está sendo extraído
aumentar seu potencial de conformidade o ouro que se deseja comprar. A platafor-
com o PCRO. Por outro lado, o técnico que ma, por meio de algoritmos inteligentes de
opera a plataforma tem uma definição clara busca, localiza os dados relevantes a esse
e objetiva de dados relevantes para análise processo em outras plataformas públicas
de risco de não conformidade da produção (ANM, Receita federal, shapes de unidades
de ouro, centralizando o acesso instantâneo de restrição) devolvendo um relatório de
a todos os dados essenciais de análise numa conformidade prévia (Figura 1). Os dados
única plataforma, incluindo informações analisados no primeiro pacote PCRO in-
dos processos ANM, imagens de satélite, cluem:
tributação, licenciamento e informações • Fase adequada para mineração
geográficas, todas em um só lugar. • Situação adequada para mineração
• Poligonal fora de Terra indígena
Como funciona? • Poligonal fora de Unidade de conser-
O processo de análise da plataforma vação
funciona em 3 fases chamadas de “Pacotes • Licenciamento ambiental protocolado
PCRO”. No primeiro pacote PCRO, corres- • Pagamento tributário obrigatório
pondente ao pacote mínimo de transparên- (CFEM)
Figura 1: Critérios de análise de conformidade do primeiro pacote PCRO

O produto da análise de conformidade Novamente, o acesso ao terceiro pacote
do primeiro pacote PCRO é um relatório de verificação PCRO somente é liberado
contendo os resultados da análise de con- caso todos os critérios de conformidade
formidade aos critérios de conformidade do segundo pacote anterior tenham sido
da plataforma, que pode ser compartilhado atendidos. Nesta terceira etapa de análi-
com as partes interessadas no processo de se, ocorre a interação entre o técnico do
compra de ouro. PCRO e o produtor de ouro titular do pro-
O acesso ao segundo pacote de verifica- cesso analisado. Inicialmente, o produtor
ção PCRO somente é liberado caso todos os é informado sobre a lista de documentos
requisitos do primeiro pacote tenham sido necessária para a elaboração da análise.
considerados como estando em conformi- A cada documento solicitado e entregue
dade com os critérios PCRO. Nesta etapa pelo produtor gera-se uma pontuação de
há uma interação do técnico do PCRO com conformidade. De acordo com a adequação
os dados do primeiro pacote, principal- dos documentos apresentados e de sua con-
mente com o acesso a imagens de satélite formidade com os critérios estabelecidos na
atualizadas da área do processo em análise. plataforma, o técnico do PCRO realiza uma
Utilizando estas informações e os demais série de análises, pontuando a conformida-
critérios estabelecidos pela plataforma, de de cada critério. Os critérios analisados
desenvolve-se um novo procedimento de utilizados no terceiro pacote de verificação
análise de conformidade onde os critérios PCRO incluem:
analisados incluem: • Análise do Relatório Anual de Lavra
• Poligonal sem transbordamento de área (RAL)
• Poligonal fora de territórios tradicionais • Análise das condicionantes ambientais
• Poligonal fora de zona de amorteci- em relação à licença de operação
mento • Análise de tratamentos dos rejeitos
• Ausência de lavra fantasma • Análise da proximidade de comunida-
Após a análise do técnico PCRO, o redes locais
sultado da análise de conformidade do • Análise do Plano de Recuperação de
segundo pacote produz para o usuário um Áreas Degradadas (PRAD)
relatório conciso mostrando a situação de • Ocorrência de operações potencial-
conformidade aos critérios da plataforma. mente irregulares nas proximidades
No caso de ocorrência de não conformida-
des, o relatório do segundo pacote também Quais os resultados?
inclui o detalhamento dos motivos das não O relatório do terceiro pacote de análise
conformidades detectadas pela plataforma, PCRO inclui uma escala do potencial de
oferecendo assim ao produtor as orientações conformidade do processo analisado. Essa
necessárias para que sua operação possa escala é graduada de 0 a 100 e é apresentada
adequar-se aos critérios de conformidade em conjunto com os resultados da análise
da plataforma. de conformidade com os critérios do ter-

OURO
ceiro pacote PCRO (Figura 2). Com isso, A ferramenta disponibiliza também uma
o comprador tem acesso a todos os dados serie de filtros, poligonais e camadas de
necessários para a decisão de compra, visualização que permitem observar, por
enquanto o produtor tem as orientações meio das imagens atualizadas de satélite,
necessárias para que sua operação possa eventuais áreas de restrição como, por
se adequar aos critérios de análise da pla- exemplo, limites de territórios indígenas,
taforma, permitindo assim que o produtor poligonais de unidade de proteção inte-
possa futuramente aprimorar sua pontua- gral, áreas de unidades de uso sustentável,
ção PCRO. limites da faixa de fronteira, entre outros
Figura 2: Exemplo de pontuação para o terceiro pacote de análise PCRO.
Figura 3: Exemplo de visualização de processos e sua localização em relação a diferentes áreas de restrição.

(Figura 3). Isso permite que o usuário, A Figura 5 apresenta os resultados do
seja ele comprador de ouro, produtor ou potencial de conformidade PCRO para 6
técnico, observe com clareza e rapidez a processos minerais escolhidos aleatoria-
localização da área analisada e sua relação mente e analisados no terceiro pacote do
com eventuais áreas de restrição, incluindo PCRO. O potencial de conformidade é um
a localização georreferenciada do processo valor percentual resultante da análise de
e a distância entre as diferente áreas e uni- cada processo.
dades de interesse. Os resultados dessa fase de testes permi-
Através do apoio de empresas e entidades tiram a identificação e o registro de diversas
que atuam na compra de ouro responsável, situações particulares no procedimento de
foi realizada uma ampla série de testes so- compra de ouro responsável. Segundo os
bre diversos processos minerais ativos. A usuários que tiveram acesso à plataforma
Figura 4 resume os resultados da análise de durante a fase de testes de comissionamen-
31 processos que apresentaram interesse em to, a ferramenta PCRO permite comprovar
comercializar produção de ouro e que foram que a procedência do ouro adquirido está
avaliados por meio da plataforma PCRO. associada a uma operação responsável,
validada por uma fonte independente de
informações. Além disso, para os produ-
tores, as análises resultantes da plataforma
PCRO fornecem orientações claras e obje-
tivas para nortear as ações necessárias para
assegurar a produção responsável de ouro,
inclusive com o potencial de agregar valor
ao produto, tendo em vista que há institui-
ções internacionais dispostas a pagar uma
bonificação ao ouro produzido responsa-
velmente (SBG, 2023).
E o futuro do PCRO?
A plataforma PCRO já está comissionada
para acesso aos interessados, e um sistema
de acesso por assinatura está sendo estabe-
lecido no momento. Enquanto isso, novas
parcerias estão sendo estruturadas para
ampliar o alcance da plataforma PCRO
conforme os requisitos apresentados por
órgãos oficiais e entidades nacionais e
Figura 4: Resultados da classificação das não conformidades internacionais que têm interesse no desen-
identificadas em 31 processos analisados pela plataforma PCRO,
que geraram 38 instâncias de não conformidade. volvimento da plataforma. Esses requisitos

OURO
Figura 5: Potencial de conformidade da análise de 6 processos minerários que se interessaram na comercialização da produção de ouro.
estão relacionados a três vetores principais der de decisão de compra ao comprador,

de desenvolvimento da plataforma: incentivando-o adquirir produtos prove-
1. Incorporar ferramentas de inteligên- nientes de operações responsáveis, fomen-
cia artificial para automatizar a análise e tado, desta forma, a cadeia de valor de ouro
agilizar a emissão dos relatórios de con- responsável.
formidade;
2. Agregar outras substâncias minerais Conclusões
cujos atores da cadeia de valor se benefi- Uma nova ferramenta chamada PCRO
ciariam de informações de conformidade (Plataforma de Compra de Ouro Respon-
aos critérios da plataforma; sável) foi desenvolvida para habilitar com-
3. Ampliar a cobertura geográfica da pradores de ouro a conhecerem, de forma
plataforma, permitindo a análise de títulos transparente e imediata, a aderência das
e processos minerários em outros países, es- operações de produção de ouro que estejam
pecialmente na América do Sul e na África. aderentes aos critérios de conformidade de
A plataforma PCRO não representa um compra de ouro responsável. Os recentes
instrumento de fiscalização das operações desenvolvimentos para a rastreabilidade da
analisadas. O principal objetivo é dar po- cadeia de valor de ouro, incluindo mecanis-

REFERÊNCIAS
Balzarova, M., Dyer, C., & Falta,
M. (2022). Perceptions of blockchain
readiness for fairtrade programmes.
Technological Forecasting and So-
cial Change, 185, 122086.
Finlay, D.C. (2020). "The burden’of

traceability in gold supply chains.
Journal of Fair Trade, volume 2,
issue 1, 22-26.
Hilson, G., Gillani, A., & Kutaula,

S. (2018). Towards sustainable pro-
-poor development? A critical asses-
sment of fair trade gold. Journal of
Cleaner Production, 186, 894-904.
Minério aurífero em bateia METALOR (2023). METALOR
mos de blockchain e padrões do tipo Fair teaming up with the Universities
Trade para a comercialização de ouro, po- of Lausanne and Geneva to get a
derão se beneficiar significativamente com DNA of gold. Disponível em: https://
a inclusão do relatório de conformidade metalor.com/metalor-teaming-up-
PCRO no início da cadeia, quando ocorre -with-the-universities-of-lausanne-
a primeira etapa de validação da originação -and-geneva-to-get-a-dna-of-gold/
do ouro produzido de forma responsável. A (Consultado em 10 de março de
plataforma PCRO foi projetada para poder 2023).
ser expandida em diferentes eixos de desen-
volvimento, que incluem a incorporação de SBG (2023). Swiss Better Gold As-
ferramentas de inteligência artificial para sociation. Disponível em: https://
agilizar as análises, além de permitir a ex- www.swissbettergoldassociation.
pansão para a análise de processos e títulos ch/ (Consultado em 10 de março
minerários de outras substâncias minerais de 2023).
bem como a sua utilização em outros países
e regiões. Os resultados obtidos nos amplos * NAP.Mineração/USP, Núcleo de
testes realizados comprovam a efetividade Pesquisa para a Pequena Mineração
Responsável da Escola Politécnica da
da plataforma PCRO como um instrumen- Universidade de São Paulo www.usp.
to de disseminação das melhores práticas br/nap.mineracao
de mineração responsável de ouro. ☐

PDAC
Cerimônia de abertura do Pavilhão Brasil no PDAC 2023
NOTA SOBRE O THE PROSPECTORS AND DEVELOPERS

ASSOCIATION OF CANADA – PDAC – 2023
Maria Jose Gazzi Salum – Conselheira da Revista Brasil Mineral
Marcos André Gonçalves – Presidente do Conselho Superior da ADIMB
C
onsiderado como o maior evento da apresenta como um ambiente apropriado
mineração no mundo, a convenção, para a negociação de ativos minerais e a
que teve seu startup em 1932, foi captação de investimentos para a pros-
neste ano de 2023 realizado no Metro pecção mineral e/ou projetos em fase de
Toronto Convention Center, na cidade de startup de produção. A avaliação prelimi-
Toronto-CA entre os dias 5 e 8 de março. nar deste ano de 2023 é de que o PDAC
Além da apresentação das perspectivas recebeu mais de 25 mil pessoas de 130
mundiais do setor mineral, o evento se diferentes países.

O Brasil se fez presente, com uma de- foram presenças constantes no Pavilhão
legação de mais de 80 representantes dos Brasil, como mostrado na Foto 1.
setores público e privado, coordenada pela Ponto de encontro concorrido, o Pavilhão
ADIMB (Agência para o Desenvolvimento Brasil abrigou participantes registrados da
e Inovação do Setor Mineral Brasileiro), em delegação brasileira e também outros profis-
parceria com a ABPM (Associação Brasi- sionais brasileiros e estrangeiros, entidades
leira de Pesquisa Mineral), ANM (Agência representativas e empresas, que não fizeram
Nacional de Mineração), IBRAM (Instituto parte da delegação oficial. Esteve muito claro
Brasileiro de Mineração), o Serviço Geoló- o papel agregador do estande, assim como seu
gico do Brasil - CPRM e a CCBC (Câmara desempenho como centro de convergência
de Comércio Brasil-Canadá). Com um es- para quem de alguma maneira está vinculado
tande montado no pavilhão de exposições à mineração brasileira ou tem interesse nela.
(Pavilhão Brasil), com a apresentação de Também o Brazilian Day foi muito con-
portfólios minerais e dos avanços no ar- corrido. Com início às 9:00 h, do dia 06 de
cabouço jurídico, além da participação na março, o evento permaneceu com plateia
17ª Conferência Brasil-Canadá, promovida completa até o seu final, após o que foi
pela CCBC, o Brasil marcou positivamente servido um coquetel de confraternização.
sua presença no PDAC-2023.
A abertura do Brazilian Day, coordenado
por Marcos André Gonçalves, Presidente
Minerais estratégicos para a transição
energética e ESG dominaram as discussões
e apresentações no PDAC 2023.
Aberto oficialmente no domingo, dia 05

de março, o estande do Brasil foi muito con-
corrido em todos os dias do PDAC. Mon-
tado com uma parceria entre a ADIMB, a
ABPM, IBRAM e Ministério de Minas e
Energia (representado pela CPRM/Serviço
Geológico do Brasil e Agência Nacional
de Mineração- ANM), o estande ou Pavi-
lhão Brasil, como é chamado, contou com
infraestrutura especialmente destinada
à divulgação das principais informações
minerais do país e espaço preparado para
contatos comerciais e realização de negó-
cios. Profissionais da mineração brasileira,
bem como investidores de diferentes países Estande atraiu muitos visitantes

PDAC
do Conselho Superior da ADIMB, contou apresentação das perspectivas nacionais das
com as falas do Presidente do IBRAM, Raul riquezas do subsolo e a Agência Nacional
Jungmann, Diretor-Geral da ANM, Mauro de Mineração - ANM com a evolução das
Henrique Moreira Sousa e do presidente regulamentações que dão maior clareza e
da ABPM, Luiz Maurício Azevedo. As três segurança jurídica aos investidores. Em
falas concorreram para apresentar aos pre- síntese, o Brazilian Day mostrou aos seus
sentes as boas perspectivas nacionais para participantes porque o Brasil pode ser con-
a geração de novas minas, a construção de siderado como um dos melhores países do
uma agenda regulatória sólida e de uma mundo para investimentos em exploração
agenda positiva para a sustentabilidade da e mineração.
mineração. A construção robusta do Brazi-
lian Day contou com a apresentação de por- A AGENDA FOI DIVIDIDA EM 04 PAINÉIS:
tfólios de oportunidades/estudos de caso de “MINERAL EXPLORATION PROJECTS AS
projetos empresariais de pesquisa mineral
em variados estágios de desenvolvimento,
DRIVES FOR A LOW-CARBON ENERGY
e apresentações do Governo Federal e do TRANSITION AND AGRICULTURE
estado da Bahia. A Agenda foi dividida em PRODUCTIVITY IN BRAZIL”; “A SPOTLIGHT
04 painéis: “Mineral exploration projects as
drives for a low-carbon energy transition
ON ADVANCED-STAGE MINERAL
and agriculture productivity in Brazil”; EXPLORATION PROJECTS IN BRAZIL;
“A spotlight on advanced-stage mineral “STRATEGIC SCENARIOS FOR THE MINERAL
exploration Projects in Brazil; “Strategic
scenarios for the mineral industry develo-
INDUSTRY DEVELOPMENT IN BRAZIL: A
pment in Brazil: a government perspective”; GOVERNMENT PERSPECTIVE”;
e “Sustainability and Good Practices in E “SUSTAINABILITY AND GOOD PRACTICES
Mineral Exploration And Mining in Brazil.
Doze empresas apresentaram seus pro- IN MINERAL EXPLORATION AND MINING
jetos de prospecção mineral desde fases IN BRAZIL.
iniciais até as mais avançadas, em pré-
-operação e com operação já iniciada, en- Destaque-se a presença no PDAC 2023,
volvendo desde minerais para a transição além das médias e pequenas empresas de
energética como o lítio, níquel, vanádio, exploração mineral, de grandes empresas de
projetos já em fase avançada de cobre, mineração, como a Vale, a Nexa e a Kinross,
ouro, zinco e ferro, além de agrominerais que além de atuarem como patrocinadoras
para o setor de agricultura e apresentação dos eventos ocorridos em paralelo (PDAC
de boas práticas ESG. Empresas governa- em si e a 17ª edição da Conferência Brasil-
mentais, como a Cia. Baiana de Pesquisa -Canadá) proferiram palestras e foram pre-
Mineral – CBPM e o Serviço Geológico do senças constantes no Pavilhão Brasil e no
Brasil/CPRM também contribuíram com a Brazilian Day. Além das grandes empresas,

fornecedores de serviços e equipamentos, O 2º dia da Conferência ocorreu no dia
como a SGS/Geosol, GE21, GeoScan e 7 de março, após o Brazilian Day. A agenda
GSM, também se fizeram presentes como do 2º dia da 17ª Conferência Brasil-Canadá
patrocinadores e colaboradores do evento. mostrou em 3 painéis, divididos ao longo
A 17ª Conferencia Brasil – Canadá teve a do dia;
sua abertura no dia 05 de março, na Toronto • Aspectos do mercado financeiro,
Stock Exchange & TSX Venture Exchange. com a participação da Economic Affairs
Com as boas-vindas ao evento dada por and Climate Change at Mining Association
Frederico Marques (co- chair do BCC of Canada, da Vale, do Inter-American
Mining Committee), a cerimônia de aber- Development Bank, do IBRAM e da PAA
tura foi conduzida por Guillaume Légaré, Advisory Conseils e da Sigma Lithium;
Head – South America at Toronto Stock • Implementação de Soluções ESG,
Exchange & TSX Venture Exchange, segui- com a participação do CEO e fundador da
da por duas palestras inaugurais, proferidas Konker; do Departamento de Mineração do
pelo Vice-Ministro Adjunto do “Américas Export Development Canada, e de repre-
Global Affairs” do Canada, Michael Grant, sentantes (Co-chairs) do BCCC em Britsh
e do Vice-Presidente Executivo de Metais Columbia e Manitoba; e
Básicos da Vale, Deshnee Naidoo. • Arcabouço Regulatório – atualiza-
Ainda, a abertura do evento contou ções da legislação brasileira, com a partici-
com o “talk show” de CEOs da South Star pação dos escritórios de advocacia: Mattos
Battery Metals Corp. (Richard Pearce), da Filho e BMA Advogados.
Bravo Mining (Luiz Maurício Azevedo), Ainda, o 2º dia da Conferência contou
da G Mining Ventures (Louis-Pierre Gig- com palestra do Presidente da Federação
nac), da Ero Copper (Makko DeFilippo) e das Indústrias do Estado de Minas Gerais
da Sigma Lithium (Ana Cabral), seguido - FIEMG, Flábio Roscoe, que apresentou
pela apresentação das seguintes palestras: o amplo portfólio mineral do Estado, em
Introdução à Geopolítica dos Minerais especial para minerais estratégicos para a
na Nova Economia, proferida por Rafael transição energética.
Benke, CEO da Proactiva Results and Chair Em síntese, o PDAC 2023 cumpriu a sua
of the BCCC ESG Committee e Diversidade missão de mostrar aos investidores de todo
e Inclusão na Mineração, por Jamile Cruz, o mundo as vantagens competitivas brasi-
representante da Rio Tinto no Woman in leiras, seja pelo seu vasto potencial mineral,
Mining. O encerramento do 1º dia do even- em especial dos minerais essenciais para a
to foi feito pelo Embaixador do Canadá no transição energética, seja pela evolução do
Brasil: Emmanuel Kamarianakis. Nas suas seu quadro regulatório ou por suas ações
considerações finais o embaixador ressaltou e compromissos com uma agenda de sus-
a importância do ESG no cenário mundial tentabilidade, voltada para o ESG e para
dos investimentos em prospecção e mine- as metas de descarbonização do país e do
ração no mundo e, em especial no Brasil. setor. ☐

27 a 29 de junho de 2023
Goiania – GO
Inscreva-se em:
www.encontromedpeq.brasilmineral.com.br
PROGRAMAÇÃO
27/06 14:00hs
CRÉDITOS DE CARBONO E
09:30hs MINERAÇÃO
O NOVO CENÁRIO REGULATÓRIO Andrea Vulcanis (Secretária de Meio
DA MINERAÇÃO Ambiente de Goiás)
Luís Maurício Azevedo (ABPM) Elmer Prata (Geos)
Coordenador
Paula Hermont (AngloGold Ashanti)
Vitor Saback (SGM)
Mauro Sousa (ANM) 15:30hs
ABERTURA DO ENMPM
Raul Jungmann (IBRAM)
E BRASMIN
Reinaldo Sampaio (ABIROCHAS)
Governo do Estado de Goiás
Fernando Valverde (ANEPAC)
Vitor Saback (MME)
11:00hs Mauro Sousa (ANM)
MERCADO CONSUMIDOR DE Sandro Mabel (FIEG)
MINERAIS INDUSTRIAIS
Reinaldo Noronha (Bautek Minerais 28/06
Industriais)
Renato Ciminelli (Mercado Mineral) 9:30hs
Silvia França (CETEM) MINERAIS CRÍTICOS E
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Luis Eduardo Martins Pereira
(Consultor) Rodrigo Martins (Anglo American)
Coordenador
ALMOÇO Tasso Mendonça (ANM)
Elton Pereira (Bahia Nickel)

Vicente Lobo (Sigma) Euclides Jutkosky (ABRACAL)
Luciano Borges (SVPM) Magda Bergmann (SGB/CPRM)
11hs 11:00hs
NOVOS MECANISMOS DE A EVOLUÇÃO DO GARIMPO
FINANCIAMENTO E ATRAÇÃO DE PARA EMPRESA DE MINERAÇÃO
INVESTIMENTO NA MINERAÇÃO (Rastreabilidade, Meio Ambiente,
Miguel Nery (Invest Mining) Pesquisa Mineral, Assistência
Coordenador Técnica)
Pedro Paulo Dias Mesquita (BNDES) Antenor Silva (PAGold) Coordenador
Edson Del Moro (Hochschild) Pedro Eugenio Procopio Silva (FENIX
Ricardo Ré (Hand Bag) DTVM)
B3 Giorgio de Tomi (NAP/USP)
Gilson Camboim (FECOMIN)
14hs
Antonio João (Metamat)
ESG E TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
NA FORMAÇÃO DE 14:30
PROFISSIONAIS DE MINERAÇÃO OS PLANOS ESTADUAIS DE
Roberto Xavier (ADIMB) Coordenador MINERAÇÃO
Maria José Salum (Conselheira de Lívia Marques de Almeida Parreira
Brasil Mineral) (Goiás)
Caiuibi Emanuel Souza Kuhn (Febrageo) Juliano Jorge (Mato Grosso)
Giorgi de Tomi (ABREMI) Pedro Sena Batista (Minas Gerais)
Gilberto Calaes (SGB/CPRM) Paulo Henrique Almeida (Bahia)
29/06 PATROCINADORES
9:30hs
TRANSFORMAÇÃO DA
AGRICULTURA PELOS
REMINERALIZADORES
Dr. Éder Martins (EMBRAPA) Âncora ENTIDADES PARCEIRAS
REALIZAÇÃO
Frederico Bernardez (ABREFEN)
Moderador
Evento Associado

ESG
Figura 1 – Exemplo de situações socioambientais no entorno de uma jazida que não são legalmente proibitivas à sua exploração, mas
que podem inviabilizá-la por longos períodos pela demora em receber a competente licença ambiental para a instalação ou operação, por
ações movidas pelo Ministério Público, em atendimento a posições contrárias à sua exploração pelas comunidades do seu entorno.
O ESG NA FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

PARA O SETOR MINERAL – PARTE II
Maria José Gazzi Salum
I – Introdução des sociais e ambientais, o setor mineral

Retomando o início do artigo anterior, demanda uma grande confluência de co-
publicado na edição nº 427 de março: “por nhecimentos, expertises e, portanto, uma
sua pluralidade, fases de desenvolvimento diversidade de profissionais. Da geologia
(da pesquisa mineral ao fechamento de e engenharia de minas, bases do conheci-
mina), diversidade de porte e de processos mento mineral, aos profissionais de dife-
dos empreendimentos, responsabilida- rentes modalidades da engenharia, ciências

humanas e sociais, entre outros, todos têm da palavra sustentabilidade, passaram a ser
um papel relevante a cumprir dentro de uma variável importante na formação de
uma mineração moderna, dentro dos pila- profissionais de qualquer área do conheci-
res de um empreendimento ESG”. mento, visto que o tema é moderno e am-
Fica claro, portanto, que abordar o papel plamente aplicável.
da formação de recursos humanos voltados Para efeito deste artigo, entretanto, será
para o ESG como um importante pilar para dado foco às formações acadêmicas dos pro-
que um empreendimento de mineração fissionais diretamente vinculados ao setor,
cumpra com os requisitos ambientais, sociais mais especificamente geólogos e engenheiros
e de governança, ESG, é plural e, como tal, de minas. Os demais profissionais que atuam
um desafio. na mineração serão incorporados a uma
Como já explicitado, na Parte I deste proposta mais generalizada de formação de
artigo, o ESG é mais do que uma listagem recursos humanos em ESG para a mineração,
de ações sociais e ambientais de uma em- a ser apresentada mais à frente.
presa, de cumprimento com compromissos
anticorrupção, das legislações em vigor, de
II.1. Inserção do ESG na Formação Acadêmica
proteção à saúde e segurança ocupacional dos Profissionais de Nível Superior
dos seus trabalhadores e respeito aos direi- Diretamente Vinculados ao Setor Mineral
tos humanos. Em uma empresa ESG todos Inicialmente, é preciso reconhecer que a
esses aspectos têm que estar claramente de- inserção do ESG nos currículos acadêmicos
monstrados de forma integrada: no projeto da formação de recursos humanos direta-
técnico, na gestão administrativa e na gestão mente vinculados ao setor mineral não se
corporativa do empreendimento mineiro. fará por meio de disciplinas isoladas sobre o
Em outras palavras, para “fazer ESG” é pre- tema. O ESG requer uma visão holística da
ciso “pensar ESG”. atividade mineral, desde a pesquisa mineral
Passa-se, nesse contexto, a apresentar duas até o fechamento de mina. Logo, a primeira
das diversas possibilidades de inserção de questão a ser colocada é a necessidade de
ESG na formação de recursos humanos para que conceitos ESG, conteúdos sociais e am-
a mineração, sem que se pretenda esgotar o bientais sejam inseridos transversalmente
assunto, o que é uma boa forma de suscitar nos currículos e não como disciplina isolada.
o debate. A ineficiência do conhecimento compar-
timentalizado, sob a forma de disciplinas
II. A INSERÇÃO DO ESG NA FORMAÇÃO ACADÊMICA
isoladas, na formação de profissionais da
DE RECURSOS HUMANOS PARA O SETOR MINERAL engenharia de minas e da geologia ou de
Os conceitos gerais do ESG, bem como outras áreas do conhecimento, para que eles
de outras vertentes socioambientais e de adquiram as habilidades e competências
governança, como os Princípios do Equador, necessárias ao exercício profissional, já é
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, discutida há mais de duas décadas nos meios
entre outros, todos eles orbitando em torno acadêmicos e não seria diferente quando da

ESG
incorporação do ESG às suas formações.
Essa necessidade de integrar conhecimentos
para um aprendizado com base na aquisição “SER INTERDISCIPLINAR
E HOLÍSTICA: ENSINAR
de habilidades e competências profissional
foi reiterada pela Organização das Nações
Unidas - ONU, no documento: Década da DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DE FORMA
Educação Para o Desenvolvimento Susten-
tável: 2005 – 2014, da seguinte forma: “Ser
interdisciplinar e holística: ensinar desen- INTEGRADA EM TODO O
volvimento sustentável de forma integrada
em todo o currículo, não como disciplina a CURRÍCULO, NÃO COMO
parte”, o que coaduna perfeitamente com a DISCIPLINA A PARTE”
proposta de inserção de conteúdos ESG de
forma transversal nos currículos de geologia
e engenharia de minas.
Passa-se a seguir a uma análise da forma- ter papel-chave na elaboração do Relatório
ção acadêmica de geólogos e engenheiros de Final de Pesquisa.
minas sob a ótica do ESG. Este já é um requisito das normas in-
ternacionais dos países que integram o
Geólogo CRIRSCO (Committee for Mineral Re-
Os resultados da pesquisa mineral, uma serves International Reporting Standards)
das principais atividades dos geólogos, em para a Declaração de Recursos e Reservas,
seu Relatório Final, contemplam as infor- desde 1994, conhecidos como Fatores Mo-
mações que subsidiarão o projeto conceitual dificadores. No Brasil, atendem há muito
de um empreendimento mineiro, o qual, tempo esses critérios as empresas listadas
por sua vez, irá determinar o nível do seu em bolsas de valores no exterior. Mas, de
impacto socioambiental e as ações e pro- forma generalizada, foi apenas a partir dos
gramas que a empresa deverá desenvolver últimos anos que esse modelo foi adotado
para minimizar ou mesmo extinguir esses no país para a Declaração Pública de Re-
impactos. cursos e Reservas e no Relatório Final de
Conhecer não apenas todas as variáveis Pesquisa. O seguinte conjunto de medidas
geológicas do corpo mineralizado, mas, propiciou essa mudança:
também, as características químicas, mine- Publicação, pela Comissão Brasileira de
ralógicas e físicas do estéril e dos rejeitos a Recursos e Reservas (CBRR), do Guia para
serem gerados, bem como as características Declaração de Informações de Exploração,
da biodiversidade, das comunidades, de Recursos Minerais e Reservas Minerais que
impeditivos legais à atividade mineral, entre passou a considerar os fatores modificado-
outros fatores, existentes na área de inser- res; e Edição do decreto que regulamentou o
ção do empreendimento, passaram hoje a Código de Mineração, o Decreto Nº 9.406,

de 12 de junho de 2018, que em seu art. por situar-se em área de Mata Atlântica
9º estabelece as seguintes relações com os Primária ou próximo a terras indígenas ou
fatores modificadores: territórios quilombolas, entre outras ques-
§ 4º “A reserva mineral se classifica em tões (Figura 2), que poderão inviabilizá-la,
recursos inferido, indicado e medido e em pelo menos em curto prazo.
reservas provável e provada, conforme defini- Esse quadro de situações apresentadas
dos em Resolução da ANM, necessariamente anteriormente demonstra, claramente, que
com base em padrões internacionalmente não há mais espaço para um geólogo que,
aceitos de declaração de resultados”; mesmo que de forma competente, avalie a
§6º “A exequibilidade do aproveitamento estrutura geológica do corpo mineraliza-
econômico, objeto do relatório final de pes- do, sua dimensão e volume, entre outras
quisa a que se refere o art. 25, decorrerá do questões, não avalie o entorno do corpo
estudo econômico preliminar do empreendi- mineralizado, sob os pontos de vista social
mento mineiro baseado nos custos da pro- e ambiental.
dução, dos fretes e do mercado, nos recursos
medidos e indicados, no plano conceitual da
mina e nos fatores modificadores disponíveis
ou considerados à época da elaboração do É NESTA IMPORTANTE ETAPA
relatório, com base no fluxo de caixa simpli-
ficado do futuro empreendimento conforme DE GARANTIR O DIREITO
definido e disciplinado por Resolução da MINERÁRIO QUE SE INSERE
ANM”.
Esse arcabouço de informações que de- O ENGENHEIRO DE MINAS
vem constar do Relatório Final de Pesquisa
demanda do profissional que o executa
conhecimentos múltiplos ou equipes inte-
gradas de diferentes profissionais. Apenas Ainda, considerando que o Relatório
a título de demonstração teórica do que se Final de Pesquisa aprovado é o subsídio
está querendo dizer: um depósito mineral técnico para elaboração do Plano de Apro-
pode apresentar volume e teor de elementos veitamento Econômico – PAE, documen-
comercializáveis, lavra e beneficiamento to obrigatório para o passo seguinte do
factíveis técnica e economicamente e não procedimento mineral, o requerimento
ser considerado como uma jazida a ser de lavra ou outro título competente para
lavrada por localizar-se em território legal- a produção mineral, era de se esperar que
mente proibitivo à mineração, por exemplo: as questões sociais e ambientais levantadas
uma terra indígena ou uma unidade de fossem também incorporadas ao Plano de
conservação de proteção integral, ou: ser Aproveitamento Econômico – PAE, o que
uma jazida, mas com previsão de grande nem sempre acontece e não é uma exigência
dificuldade de licenciamento ambiental, legal.

ESG
É nesta importante etapa de garantir o cada um deles têm que ser descritos e compa-
direito minerário que se insere o engenhei- rados para justificar aquele que foi escolhido
ro de minas. pelo empreendedor. Na área mineral exige-se
apenas a apresentação de uma única propos-
Engenharia de Minas ta, aquela considerada como a melhor pelo
Atendo-se ao fato de que o Plano de empreendedor, nem sempre considerando
Aproveitamento Econômico – PAE, pela aspectos socioambientais, como já mencio-
legislação vigente, deve ser assinado por um nado. Caso não haja concordância entre o
profissional desta área, seria de se esperar PAE apresentado à ANM e aquele tido como
que ele integrasse na concepção do PAE ou o mais factível pelo órgão ambiental compe-
Plano Diretor do empreendimento todas tente, restará ao empreendedor reapresentar
as questões levantadas na fase de pesquisa à ANM um novo PAE e aguardar a sua apro-
mineral, incluindo-se aí as socioambientais. vação, uma vez que o poder decisório sobre
Entretanto, embora sucintamente apresen- a viabilidade do empreendimento estará nas
tadas, o projeto conceitual final tem como mãos do órgão ambiental, considerando que
objetivos principais demonstrar a viabilidade sem a competente licença ambiental, neste
técnica e econômica do empreendimento, caso a Licença de Instalação ou Licença de
preterindo, em um grande número de casos, Operação, o título minerário não será outor-
as questões socioambientais. gado ao minerador.
Entretanto, essas são questões que deve- Honrosa exceção é feita no caso dos em-
riam ser amplamente discutidas e apresen- preendimentos com barragem de rejeitos,
tadas em um PAE (acompanhado de um para os quais o olhar do órgão mineral é
Plano Diretor) para subsidiar a avaliação e ainda mais rígido que o do ambiental, infe-
posterior aprovação do projeto conceitual lizmente após os trágicos acidentes de 20015
do empreendimento pela Agência Nacional e 2019.
de Mineração - ANM, o que requer do en- Outro exemplo do que hoje seria muito
genheiro de minas um “pensar ESG”. bem vindo ao perfil do profissional da en-
Interessante observar que o mesmo docu- genharia de minas é a sua capacidade de
mento apresentado à ANM com a proposta atuar na minimização das emissões de CO2,
do PAE/Plano Diretor para o empreendi- contribuindo para a descarbonização das
mento é utilizado para o encaminhamento da operações mineiras. Na análise do Ciclo de
solicitação do seu licenciamento ambiental. Carbono de uma operação mineira são pon-
Há, entretanto, uma diferença sensível de tuadas questões que não se atêm apenas à su-
procedimento requerido pelos dois órgãos: o pressão de vegetação ou uso de combustível
ambiental e o minerário. No âmbito ambien- fóssil nos equipamentos. Fazem parte dessa
tal, é exigido que o empreendedor apresente análise o uso e ocupação do solo, emissões
três opções de Plano Diretor (chamado de de gases efeito estufa pelos explosivos, entre
Fatores Locacionais do Empreendimento), várias outras. Assim, o “pensar ESG” dos
nos quais os impactos sociais e ambientais de engenheiros de minas deverá se estender ao

Tabela 2 – Integração de ESG à grade curricular de cursos de engenharia de minas –
Exemplos. Fonte: https://emec.mec.gov.br/ e site de diferentes instituições de ensino.
Exemplo de Programa/Emenda
Disciplina Integração ESG
(sintetizados)
Etapas do empreendimento mineiro. Análise. Mesmo conteúdo técnico

Lavra a céu aberto: desenvolvimento, lavra em +
tiras, lavra em encosta, lavra em cava, lavra de Impactos ambientais e sociais dos
placers e lavra de rochas ornamentais. Lavra diferentes tipos de lavra
Métodos de Lavra Subterrânea: desenvolvimento primário, secundário +
e terciário. Métodos de lavra subterrânea: Câmaras Variáveis socioambientais, sob o
e Pilares, “SublevelStope”, Recalque, Corte e Aterro, ponto de vista legal e de ESG, que
“SublevelCaving”, “Longwall” e “BlockCaving”. Outros impactam na escolha do método
métodos específicos. de lavra.
Esta disciplina foi planejada para integrar as diversas

subáreas da Engenharia de Minas: os alunos devem, Conteúdo semelhante, modificado
no final do curso, apresentar um Plano de Pré- para:
Viabilidade Econômica de um Projeto Minerário, ...os alunos devem, no final
abordando desde a fase de Exploração Mineral ao do curso, apresentar um Plano
Projeto Mineiro
Fechamento da Mina. Essa disciplina é indicada para de Pré-Viabilidade Econômica
alunos que se encontram em fase avançada do curso e de Sustentabilidade
e é lecionada por 4 Professores que alternam as aulas Socioambiental de um
para abordar todos os temas de desenvolvimento de projeto minerário...
um projeto mineiro
Compressores: tipos características, dimensionamento,

custos. Princípios de perfuração mecânica. Seleção .... Controle de vibrações
de equipamentos. Acessórios. Mecânica da induzidas por explosivos,
Perfuração e fragmentação de rochas. Parâmetros e propriedades carga de explosivo X distância
Desmonte de dos explosivos. Plano de fogo. Desmontes especiais e segura. Critérios de danos
Rochas controlados. Normas de segurança para o manuseio e (ambientais e sociais,
armazenamento dos explosivos. Controle de vibrações incluindo a geração de
induzidas por explosivos, carga de explosivo X gases efeito estufa).
distância segura. Critérios de danos.

ESG
desmonte de rochas e à logística de alocação No caso em particular dos cursos de
de estéril e rejeitos, nos casos exemplificados. geologia, por sua característica de envolver
Esse é um bom exemplo para sintetizar a estudos que relacionam diferentes ambientes
complexidade que os profissionais da mine- da crosta terrestre, as questões ambientais são
ração têm que enfrentar para a incorporação direta ou indiretamente abordadas. Todos
do ESG aos empreendimentos. os cursos têm, por exemplo, de acordo com
Como já mencionado, para engenheiros suas Diretrizes Nacionais, o conteúdo de
de minas e geólogos é possível integrar o Geologia Ambiental. Entretanto, uma análise
“pensar ESG” nos seus currículos tradicio- dos currículos das principais instituições de
nais, abordando questões socioambientais ensino superior do país mostra que nos con-
nas disciplinas de conhecimento específico teúdos mais aplicados, como, por exemplo,
e em projetos. o mapeamento geológico, prospecção e ex-
ploração geológica, o olhar para o entorno da
área em estudo pouco abrange as avaliações
ambientais e sociais. Por exemplo, a escolha
ESSA PROPOSTA DE de métodos de prospecção/exploração mais
ou menos invasivos, que podem ter impac-
INSERÇÃO DE FORMA tos significativos sobre o meio ambiente e as
comunidades é pouco avaliada. Entretanto,
HORIZONTAL, INTEGRADA há exigências ambientais robustas, como
AOS CONTEÚDOS TÉCNICOS o licenciamento ambiental para pesquisa
mineral, quando ela ocorre em área de Mata
USUAIS DAS GRADES Atlântica, como é o caso de Minas Gerais.
Quanto ao conhecimento na área social,
CURRICULARES DOS eles não são, usualmente, integrados aos
CURSOS DE GEOLOGIA E conteúdos específicos dos cursos de geolo-
gia, surgindo nas grades curriculares como
ENGENHARIA DE MINAS, conteúdo à parte. Contudo, é sempre bom
lembrar que, na prática, as primeiras intera-
PODE LEVAR A MAIS DO QUE ções de um empreendimento mineiro com
O “PENSAR ESG”. NESTES
as comunidades nascem durante a fase da
exploração ou pesquisa mineral e elas podem
CASO,S SERÁ POSSÍVEL ser positivas ou negativas, marcando toda a
sua vida útil.
ACRESCENTAR O “FAZER Em relação aos currículos dos cursos de
ESG” AO “PENSAR ESG”.

engenharia de minas, o “pensar ESG” ainda
tem, no geral, abordagem mais precária que
nos de geologia. Poucos são os conteúdos
que integram aspectos socioambientais aos

conteúdos técnicos específicos. No entanto, plo do que no passado ocorreu em relação
essas relações estão profundamente interliga- às demandas da indústria por profissionais
das. A Tabela 2 apresenta algumas emendas com proficiência em língua estrangeira, que
de disciplinas de currículos de engenharia soubessem trabalhar em equipe, entre outros
de minas, de diferentes instituições, creden- quesitos. Divulgar o posicionamento do se-
ciadas e em atividade, de acordo com o site tor passa, então, a ser a mola mestra para as
do Ministério da Educação – MEC (https:// mudanças, o que pode ser feito por meio de
emec.mec.gov.br/), como são apresentadas palestras nos próprios cursos, colocar o tema
e como poderiam ser quando integradas ao em seminários, simpósios, etc.
“pensar ESG”. Passa-se a seguir à segunda proposta de
Note-se que várias instituições já ade- preparação dos recursos humanos da mine-
quaram os seus currículos à integração de ração para o ESG, mais abrangente e sob a
questões socioambientais aos conhecimentos condução das empresas do setor.
técnicos. Entretanto, ainda estamos longe de
atingir o ideal.
III. Proposta para a educação em esg com foco no
Essa proposta de inserção de forma ho- empreendimento mineiro e sua região de inserção,
rizontal, integrada aos conteúdos técnicos aplicável a todos os colaboradores da empresa
usuais das grades curriculares dos cursos de A forma mais utilizada para agregar co-
Geologia e Engenharia de Minas, pode levar nhecimentos específicos da mineração em
a mais do que o “pensar ESG”. Nestes caso,s profissionais de outras áreas do conhecimen-
será possível acrescentar o “fazer ESG” ao to é a frequência a cursos de pós-graduação
“pensar ESG”. (stricto sensu e lato senso) e a cursos de curta
Por fim, retoma-se aqui a pergunta: como duração, seja por iniciativa própria ou incen-
as empresas de mineração podem contribuir tivada e financiada pelas empresas. Todas
para que a inserção do ESG na formação essas formas de aprendizado são muito vá-
acadêmica dos profissionais diretamente vin- lidas e devem fazer parte do aprimoramento
culados ao setor se concretize? Infelizmente, constante de profissionais, em qualquer área
diferentemente do que ocorre em outros do conhecimento. Nesse tipo de modalidade
países, onde a relação empresa/universidade de ensino-aprendizado, tem sido observado
está consolidada há anos, a resposta é pouca no mercado um crescente oferecimento de
ou nenhuma. Mas, existem formas indiretas cursos de formação em ESG.
e diferentes alternativas para que as deman- O que se pretende trazer aqui, entretanto,
das do setor industrial/empresarial se façam é a possibilidade de uma forma diferente
ouvidas. das tradicionais de educação em ESG, que
Independentemente da alternativa prática, sai das modalidades convencionais acima
qualquer uma passa pelo posicionamento do relatadas, embora não as dispense. Uma pro-
setor em relação ao perfil de profissional que posta aplicável a todos, em termos de nível
ele deseja. Ao curto e médio prazo isto provo- educacional, setores de atuação e background
ca várias mudanças nos currículos, a exem- de formação dos empregados, diretos ou ter-

ESG
ceirizados, de um empreendimento mineiro.
Trata-se de uma Conscientização em ESG,
com foco nas ações e decisões corporativas A CONSCIENTIZAÇÃO EM
de práticas ESG adotadas pelo empreen-
dimento, considerando o seu território de
ESG VOLTADA PARA O
atuação. EMPREENDIMENTO PODE
Essa preparação para o ESG compreen-
deria, além da apresentação de conceitos
E DEVE SER ATUALIZADA
gerais sobre o tema, os aspectos sociais e ANUALMENTE, APRESENTANDO
ambientais da região de inserção do em-
preendimento, os impactos positivos e
AOS FUNCIONÁRIOS E
negativos trazidos pela operação ao meio COLABORADORES DA
ambiente e à sociedade, e as decisões da
organização de como ela exerce a sua go-
EMPRESA A EVOLUÇÃO E OS
vernança sobre o “E” e o “S”, ou seja: as RESULTADOS DAS PRÁTICAS
suas ações socioambientais. Considera-se
aqui que esta é a melhor forma de manter o
ADOTADAS
conjunto dos colaboradores que fazem um
empreendimento de mineração acontecer
atuando de forma uníssona no ESG. que ver relatos de práticas sustentáveis de
Este tipo de ambiente nas empresas traz empresas de mineração divulgados em di-
como consequências, entre outras situações: ferentes documentos, sem que seus próprios
• Empregados e colaboradores da empre- colaboradores as conheçam. Esquecem-se as
sa mais seguros e mais orgulhosos do seu empresas de mineração que os seus colabora-
lugar de trabalho; dores podem ser os seus maiores defensores
• Efeito multiplicador na comunicação perante a sociedade, mas que para fazê-lo
das práticas ESG da empresa feitas por seus de forma eficaz precisam estar munidos de
funcionários nas comunidades às quais conhecimento e de argumentos irrefutáveis.
pertencem; As duas propostas apresentadas em ter-
• Possibilidade de soluções inovadoras mos de formação de recursos humanos em
sobre práticas/processos ESG, vindos de ESG para a mineração não são divergentes,
dentro da própria empresa. não se superpõem e muito menos exaurem
este tema complexo. Como já mencionado,
A conscientização em ESG voltada para o a intenção foi de que elas contribuíssem
empreendimento pode e deve ser atualizada para abrir e para ampliar o debate sobre o
anualmente, apresentando aos funcionários assunto no 8º. Encontro Nacional da Mé-
e colaboradores da empresa a evolução e os dia e Pequena Mineração, que se espera
resultados das práticas adotadas. Diga-se tenha continuidade em outros fóruns do
aqui que não há nada mais desalentador do setor mineral.

IV. Conclusão de palestras e workshops de curta duração,
apresentando as ações socioambientais e
Cada vez mais, as empresas de mineração
de governança que vêm sendo conduzidas
têm que demonstrar, de forma clara, preci-
sa e coerente, ser ESG. A apresentação de para atender ao ESG, de forma contextu-
práticas ambientais que são feitas apenas alizada nos seus processos operacionais e
extramuros, com vistas a obter investi- no território onde se inserem. Esse tipo de
mentos, por exemplo, mas que apresentam capacitação, chamada aqui de “Conscien-
uma realidade interna diferente, não tem tização ESG” é aplicável a todos, de tal
mais validade e, ao contrário, tornam a forma que toda a pirâmide organizacional
empresa muito mal vista no mercado de entenda, divulgue e se sinta como parte de
capitais. Nesse contexto, torna-se crucial uma organização que “pensa e faz ESG”.
na formação de profissionais que atuam na Agradecimentos
mineração o “pensar e fazer ESG”.
Foram propostas duas formas de intro- A autora agradece à Brasil Mineral, nas
duzir o “pensar e fazer ESG” na formação pessoas do Francisco Alves e Sérgio de Oli-
de recursos humanos para a mineração, veira, e ao Luis Vessani pelas contribuições
distintas em relação à profundidade do e oportunidade. ☐
conhecimento em torno deste tema, da am-
biência em que o conhecimento se dá e da
gestão da empresa sobre este conhecimento. CADA VEZ MAIS, AS EMPRESAS
Uma delas relaciona-se à introdução
nos currículos dos cursos de profissionais
DE MINERAÇÃO TÊM QUE
diretamente vinculados ao setor: geólogos e DEMONSTRAR, DE FORMA CLARA,
engenheiros de minas, as variáveis do ESG, PRECISA E COERENTE, SER ESG.
de forma transversal nas suas grades cur-
A APRESENTAÇÃO DE PRÁTICAS
riculares, ou seja: integrado aos conteúdos
técnicos específicos, sempre que pertinente, AMBIENTAIS QUE SÃO FEITAS
e/ou integralizados em projetos. APENAS EXTRAMUROS, COM
Esta é uma proposta que não está sob o VISTAS A OBTER INVESTIMENTOS,
domínio das empresas, mas que pode ser
incentivada por elas, por meio de palestras, POR EXEMPLO, MAS QUE
de publicações em revistas especializadas, APRESENTAM UMA REALIDADE
entre outros meios de comunicação, a partir INTERNA DIFERENTE, NÃO TEM
do reconhecimento e divulgação ampla da
MAIS VALIDADE E, AO CONTRÁRIO,
importância da visão ESG para o sucesso
de um empreendimento mineiro. TORNAM A EMPRESA MUITO MAL
A outra proposta é a de uma capacitação VISTA NO MERCADO DE CAPITAIS.
dada no âmbito de cada empresa aos seus
funcionários e colaboradores, sob a forma

INFORME #14
Foto Diversidade Rochas
O GUIA DE APLICAÇÃO ELABORADO PELA ABIROCHAS –

PARTE 2
Geólogo Cid Chiodi Filho, consultor técnico da ABIROCHAS
E
xiste uma grande variedade de ro- diferenças significativas em suas caracte-
chas ornamentais e de revestimen- rísticas tecnológicas. A avaliação dessas
to oferecidas ao mercado consumi- características constitui uma importante
dor. Para fins de classificação comercial, ferramenta para seleção das rochas mais
essas rochas podem ser reunidas em três adequadas às exigências dos múltiplos
grupamentos composicionais: rochas ambientes de aplicação. No mesmo
silicáticas, carbonáticas e silicosas. Do sentido, os diferentes tipos de rochas e
ponto de vista geológico, obviamente, principalmente os diferentes ambientes
esses três grupos básicos incluem cen- de aplicação exigem adequação dos pro-
tenas de tipos litológicos diferenciados dutos de assentamento, rejuntamento e
pelo padrão cromático, textura, estru- tratamento de superfícies.
tura, mineralogia e, sobretudo, gênese No Brasil, a norma ABNT NBR
(ígneas, sedimentares e metamórficas). 15.844:2015 apresenta os requisitos exi-
Até em um mesmo grupo composicio- gidos das rochas graníticas, fornecendo
nal, as rochas podem assim apresentar valores mínimos ou máximos aceitáveis
para os seguintes ensaios de caracteri- 3. Guia de especificação integrada
zação tecnológica. para rochas de revestimento.
• Índices físicos: massa específica / den- 4. Guia dos tipos de produtos reco-
sidade aparente (kg/m3); porosidade mendados para fixação, rejuntamento
aparente (% em volume); absorção de e impermeabilização de revestimentos.
água (% em volume). 5. Guia de produtos selecionados,
• Coeficiente de dilatação térmica linear disponíveis no mercado brasileiro, para
(mm/m x °C x 103). assentamento, proteção e limpeza de
• Resistência ao congelamento e degelo. revestimentos.
• Resistência à compressão uniaxial Os guias 1, 2 e 3 são respectivamente

(MPa). entendidos como de seleção de rochas,
enquanto os de números 4 e 5 são guias
• Módulo de ruptura / flexão em três de assentamento. Esses guias contidos
apoios (MPa). no App são mais detalhadamente apre-
• Resistência à flexão / flexão em quatro sentados e discutidos no livro “Guia de
apoios (MPa). Aplicação de Rochas em Revestimentos
– 2ª edição revista, atualizada e amplia-
• Resistência ao impacto de corpo duro (m).
da”, publicado pela ABIROCHAS em
Nos quadros A, B e C são apresen- 2020.
tados os parâmetros tecnológicos de
O aplicativo encontra-se disponibi-
referência para rochas silicáticas, carbo-
lizado no site abirochas.com.br/guias/
náticas e silicosas, destacando as faixas
e através de download do App ABIRO-
de variação que tipificam cada um desses
CHAS no play store do celular. Tutoriais
grupos composicionais.
de cada um dos guias estão disponíveis
Como forma de facilitar a especifica- no YouTube nos seguintes endereços:
ção tecnológica das rochas destinadas
a revestimentos, compatibilizando-as
aos requisitos normativos existentes https://www.youtube.com/
Guia 1
e referências indicadas na literatura, watch?v=3Kh3pUdtjc8
inclusive para desgaste abrasivo pelo
teste Amsler, a ABIROCHAS elaborou https://www.youtube.com/
Guia 2
watch?v=TSnIfzaS3wE&t=38s
um aplicativo contendo três guias de
especificação e dois de assentamento,
https://www.youtube.com/
assim identificados: Guia 3
watch?v=eh_Tzt6VAEE&t=3s
1. Guia geral de qualificação das rochas
de revestimento. https://www.youtube.com/
Guia 4
watch?v=9B_zANcK4Wo
2. Guia de seleção simplificada de
rochas para revestimento de pisos con-
https://www.youtube.com/
vencionais, paredes convencionais e Guia 5
watch?v=LEZUPa-6Qls&t=8s
tampos/bancadas.
INFORME #14
Para melhor compreensão do conte- ataque químico e abrasão, devendo se

údo do App, destaca-se que as rochas observar as espessuras mínimas acei-
carbonáticas (mármores, travertinos e táveis para pisos (evitar descolamento
calcários) e ultramáficas (serpentinitos das lajotas), o espaçamento das juntas
e pedra-sabão) são menos resistentes em ambientes externos (minimizar
ao desgaste abrasivo e quimicamente riscos de escorregamento) e a escolha
mais reativas que as rochas silicáticas e de argamassas adequadas de fixação e
silicosas, exigindo rígidos pressupostos rejunte (acomodar dilatação térmica e
de manutenção se especificadas em fa- garantir aderência).
chadas, pisos e áreas de serviço. Rochas Como base geral para os usos reco-
silicáticas (granitos e pegmatitos em mendados dos diferentes materiais,
geral) e silicosas (quartzitos e quartzo) pode-se assinalar o seguinte:
são mais resistentes ao desgaste abra-
sivo e quimicamente menos reativas • Rochas silicáticas, silicosas e ardosia-
que as rochas carbonáticas, exigindo nas, do ponto de vista físico-mecânico
cuidados quanto ao manchamento mostram-se em geral superiores às car-
produzido por infiltração de líquidos, bonáticas para revestimentos externos,
sobretudo provenientes de umidade pisos em geral e áreas de serviço.
residual e excesso de água ou de ole- • Sob o mesmo prisma, as rochas
osidade nas argamassas de fixação e carbonáticas e ultramáficas seriam, por
rejunte. Rochas síltico-argilosas foliadas sua vez, idealmente especificáveis para
(ardósia) têm resistência intermediária interiores, com restrições aos pisos de
entre granitos e mármores quanto ao alto tráfego, áreas de serviço e pias de
cozinha, neste último caso quando não para fachadas e pisos devido ao ataque
protegidas por selantes hidro e óleo- do aerossol marinho, que contém ácido
-repelentes. clorídrico que agride as fachadas, e pela
abrasividade das areias de praia, que se
• Em cidades litorâneas, reforça-se a fixam no solado dos calçados e riscam
inadequação das rochas carbonáticas os pisos. 
EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS
ENGENHARIA INDUSTRIAL
PÖYRY CRESCE FORTE EM

MINERAÇÃO E SIDERURGIA
Há quase cinco décadas atuando no
Brasil, a Pöyry – empresa de engenharia de
origem finlandesa, pertencente ao Grupo
AFRY, que é referência quando se fala da
implantação de fábricas no setor de Papel e
Celulose, está registrando forte crescimento
na área de Mineração e siderurgia, que hoje
já responde por quase metade dos negócios
da companhia.
A história começou em 2011, quando a
Pöyry abriu uma unidade de negócios de
Mineração e Siderurgia em Belo Horizonte Tiago Nunes - head de Mineração da Pöyry
(MG); em 2013 a operação foi eleita como
e como perpetuar o negócio – “o desafio de
Centro de Engenharia do Grupo Pöyry
juntar o passado com o presente, olhando
para a América Latina; e, em 2015, através
de uma parceria com a Itatijuca Biotech, para o futuro. A estratégia de negócios foi
passou a oferecer a técnica de biolixiviação desenhada com base nesses pilares e nos
na área de mineração. Em 2020, a Pöyry posicionamos como novo entrante em um
contratou Tiago Affonso Ferreira Nunes, setor bem setorizado e de bastante con-
como Head de Mineração, para redesenhar corrência. Era preciso nos estabelecermos
o setor. “Vim para definir uma estratégia gerando credibilidade e tratando mineração
de negócio específica para mineração e si- e siderurgia como dois players diferentes”,
derurgia. Para identificar como estávamos prossegue Tiago. Sendo assim, a empresa
nos preparando para o futuro do setor e, começou a atuar na parte de projetos sus-
pensando como cliente, entender como taining com contratos frame, de engenharia
vencer os desafios considerando os serviços multidisciplinar, sem escopos inicialmente
oferecidos”, conta Tiago, que desenvolveu pré-definidos, mas com capacidade para
toda sua vida profissional dentro de mine- atender os clientes nos dois setores.
radoras. Márcia Mastrocola, Diretora da Área de
A primeira ação foi definir um busi- Indústrias de Processo, enfatiza que o ob-
ness completamente sob medida para os jetivo da Pöyry sempre foi o de atuar como
clientes, respeitando os Tiers 1 e 2 para a empresa parceira dos clientes de forma a
organização dos produtos e serviços e suas facilitar o dia a dia: “através do contrato
diferenças, pensando no futuro das pessoas frame é possível estar perto do cliente o
48 BRASIL MINERAL - Nº 428 - ABRIL DE 2023

Anglo American
50 Anos de Brasil
A segunda maior mineradora do Brasil completa
meio século liderando a produção nacional de
ferro-níquel e colocando-se em segundo lugar
na produção nacional de minério de ferro.
Na sua próxima edição, a revista Brasil Mineral
vai contar a história dessa jornada, que começou
pelo ouro, passou pelos fosfatos, níquel, nióbio e
minério de ferro. Fale conosco!
A sua empresa, que participou dessa trajetória, sergio@signuseditora.com.br
tem a oportunidade, nessa edição especial, de marta@signuseditora.com.br
comemorar esse feito. debora@signuseditora.com.br
Fechamento publicitário:
22 de maio
BRASIL MINERAL - Nº 428 - ABRIL DE 2023 49

pensar. Ou seja, a experiência da Pöyry em

EPCM passou a ser aplicada também em
projetos de mineração, que são em grande
parte projetos industriais. Aliado a esse
conhecimento, também contou a favor o
fato de a base da empresa estar situada na
Suécia e Finlândia, dois países precursores
em tecnologia no setor de mineração.
Tiago relata a transição de projetos recor-
rentes para conceituais, falando de tecno-
logia, de desenvolvimento de inteligência:
“estamos migrando de detalhado sustaining
para projetos com investimentos de médio e
grande porte. Criamos uma equipe de inte-
ligência no Brasil, completamente alinhada
com os hubs de inteligência internacionais,
principalmente Suécia e Finlândia, onde a
Pöyry já desenvolveu inúmeros processos
e projetos. Temos completa capacidade
Márcia Mastrocola - diretora da área de Indústrias de Processo da
de fazer isso também no Brasil, com total
Pöyry América Latina
conhecimento e suporte para a mineração,
tempo todo, entendendo suas necessidades da mina ao porto; inteligência de execução
e nos posicionando para poder atendê-lo”. de mina a céu aberto e subterrânea indo
Como cada cliente tem sua peculiaridade até a gestão logística on shore e off shore,
e necessidade específica, a Pöyry se tornou incluindo fabricação, projeto e operação, se
flexível para moldar a estrutura do serviço for o caso. Também temos capacidade de
de acordo com a demanda dos clientes. Em discutir a parte ambiental, licenciamento,
paralelo, deu sequência a seu plano de sus- infraestrutura, portos, ferrovia”. Ou seja,
tentabilidade e digitalização – “não se fala o ciclo inteiro de vida de um projeto ou
de mineração e siderurgia no futuro sem operação de mineração.
sustentabilidade. Num futuro muito pró- Márcia informa que a empresa possui
ximo isso vai ser uma necessidade linear”, atualmente 1.500 colaboradores no Brasil,
prossegue Tiago. quase o dobro do quadro que havia antes da
Outro fator que ajudou muito na ma- pandemia. O crescimento se tornou mais
nutenção do crescimento em mineração e acentuado nos últimos três anos, sendo 90%
siderurgia foi trazer a experiência interna- das novas contratações com foco na área de
cional adquirida pelo Grupo nos outros se- mineração. Dos 1500 colaboradores atuais,
tores em que atua, para “quebrar barreiras” 600 estão na área de papel e celulose, 600 na
e mostrar aos clientes uma nova forma de área de mineração e 300 em outros setores e

área administrativa. Em sua avaliação, o setor formando de recorrentes, de sustaining, em
de mineração hoje já é tão importante para projetos de capital. Isso elevou o “apetite”
a Pöyry, quanto o setor de papel e celulose. da Pöyry por mais projetos e EPCM.
O ponto principal é a sustentabilidade Márcia reforça que o código de conduta
do negócio. De acordo com Tiago, 80% dos da empresa é rigoroso e que a meta é ace-
negócios atuais são decorrentes de clientes lerar a transição para uma sociedade mais
recorrentes. Mas a entrada de novos inves- sustentável: “antes de executar um projeto,
timentos no país na parte de mineração, a empresa faz uma análise de risco para
por parte de empresas estrangeiras, tam- identificar os impactos para a sociedade.
bém está no radar da Pöyry. Neste caso, Uma questão muito sensível, principalmen-
Tiago explica que o risco é completamente te pelos acidentes recentes que ocorreram”.
diferente, especialmente quanto ao valor do Tiago completa que a sustentabilidade, em
negócio e que o “business foi adequado para todos os termos e vertentes (reúso de água,
gerar credibilidade nas grandes minerado- reciclagem, menor emissão de CO2, energia
ras, iniciando com os projetos recorrentes limpa etc), é condição básica para os proje-
e detalhados e identificando os problemas tos da Pöyry desde a etapa conceitual. Nos
nas diferentes fases, ajudando os clientes a casos de projetos básicos, a empresa procu-
encontrarem soluções”. ra mostrar aos seus clientes as possibilida-
O portfólio da Pöyry é bem distribuído des de melhoria da eficiência operacional,
entre as fases conceitual, básico e detalhado. dentro do viés financeiro-econômico.
Devido à sua expertise e ao vasto know-how A descarbonização, um tema latente,
tecnológico, no momento a empresa tem se talvez seja a maior cobrança em termos de
dedicado mais ao conceitual, onde o valor acordo mundial. No ano passado, a Pöyry
agregado é muito maior e existe possibilida- fez um road-show para apresentar suas so-
de de perpetuar as fases do negócio. O que luções, produtos e serviços no IBRAM, BN-
pode se dar também na forma de consulto- DES e Ministério de Minas e Energia. Tiago
ria. Entre seus clientes estão grandes minera- conta que o retorno foi bastante positivo e
doras e siderúrgicas, além dos investimentos que já existem alguns projetos em execu-
que vêm de fora. Os negócios são tratados ção, com métricas que indicam as possíveis
conforme suas peculiaridades técnicas, com melhorias, como maior eletrificação, menor
soluções que visam a sustentabilidade. Por uso de combustível fóssil. “Existe uma gama
exemplo: na Europa já se fala muito de green de soluções disponível ao mercado, já muito
steel, de hidrogênio verde, consumo de CO2, usadas na Europa. Alguns clientes no Brasil
entre outros aspectos. já sinalizaram com a intenção de realizar
Tiago volta a enfatizar que a estratégia estudos. As tecnologias são as mesmas,
de criar um alicerce de credibilidade com mas necessariamente os projetos devem
os clientes, mostrando o que a empresa é levar em conta a caracterização do minério,
capaz de fazer, obteve sucesso e os contratos adequando-se ao processo em uso”, pontua
com os clientes existentes foram se trans- o Head de Mineração.

O que fazer para tirar o da questão?
14 e 15 de junho de 2023
Belo Horizonte – MG
Principais assuntos (preliminar)

 Recursos naturais, Bioenergia, Descarbonização e Transição
Energética no contexto das comunidades de mineração
 Mineração &X Comunidades Tradicionais e a aplicação da

Consulta Prévia, Livre e Informada (OIT 169)
 Impactos Cumulativos e Sinérgicos entre diferentes

empreendimentos e a disputa com comunidades e pelos territórios
 Licenciamento socioambiental e suas restrições sob as novas

perspectivas regulatórias em relação às comunidades
 O engajamento e respeito às comunidades e aos direitos

humanos na cadeia de fornecedores da mineração
 Como fazer dos princípios ESG uma prática comum a todos
 Cases de destaque
Realização Coordenação Técnica e Apoio Parceria

Patrocínio Ouro
Patrocínio Ouro
Patrocínio
PatrocínioPrata
Prata
Patrocínio
PatrocínioCobre
Cobre
Apoio
ApoioInstitucional
Institucional

2 – “nessa estratégia, incluímos o viés de
Sempre perto do cliente soluções (suporte e consultoria) para os
A Pöyry começou sua mudança de estra- nossos clientes, independentemente do
tégia e de foco durante a pandemia, época porte deles. Estamos oferecendo cartas de
em que as commodities do futuro ganharam crédito de bancos nórdicos, uma forma
maior visibilidade. Seu principal escritório de buscar financiamento para os projetos
de mineração está em Belo Horizonte. Outro menores, de empresas novas. Tem muito
foi aberto em Ipatinga (MG), para atender entrante em lítio, potássio, sulfetados, ter-
siderurgia, e mais dois em Vitória (ES) e ras raras etc. e temos condições de fazer o
Itaguaí (SC), sempre com a estratégia de Taylor made para esses clientes de menor
atender o cliente o mais próximo possível – capital e maior risco. Um jeito diferente de
“havendo demanda regional, abriremos es- negociar, que requer um nível específico
critórios onde for necessário”, já avisa Tiago. de análise de projetos, nicho onde estamos
No Pará, está sendo realizado um EPCM. tendo sucesso”.
Os projetos do corredor norte (Paraopeba, Márcia reforça a flexibilidade para estar
Carajás) são executados via Belo Horizonte perto do cliente: “fora os escritórios que são
e, para ganhar maior conhecimento local, com foco em mineração, que é o caso da
a empresa está trazendo de volta para seu matriz em Belo Horizonte, temos escritório
quadro pessoas que atuaram nesses pro- em Curitiba, Porto Alegre, Vitória e Mato
jetos. No Nordeste, onde a empresa tem Grosso do Sul. Dependendo da caracterís-
clientes de menor porte em projetos de tica do projeto do cliente, temos agilidade
minério de ferro e níquel (com exceção da para montar uma estrutura local”.
Vale), já existe solicitação de demanda física
e possivelmente será o destino do próximo De olho no mercado
escritório da Pöyry. Tudo o que for para me- Ao falar sobre fertilizantes, Tiago informa
lhorar a prestação de serviços e a garantia que a Pöyry se inseriu mais fortemente nesse
da perpetuidade dos clientes, será feito. Mas setor há dois anos, com vários tipos de traba-
por enquanto a empresa está mais inserida lhos que vão do digest de operações ao care
no Sudeste, atendendo a todas as regiões. and maintenance de estruturas sucateadas,
Tiago ressalta que a Pöyry tem estrutura que precisam voltar a produzir em razão dos
para atender os megaprojetos das grandes novos negócios. Com certeza é um mercado
mineradoras, como foram Minas-Rio e foco e a Guerra da Ucrânia reforçou o fato
Onça Puma no passado, mas que hoje não de o Brasil ser multi-recursos minerais – “es-
anunciam tantos mais. Ele pontua que tamos inclusive mantendo discussões com
expansões continuam acontecendo e que alguns clientes para projetos internacionais
Vale e Anglo American estão de olho nos de off shore, em razão do conhecimento que
base metals. Também estão renascendo temos e com a vantagem do custo para eles
alguns projetos de sulfetados. Mas a maior ser em Real. A expertise que a Pöyry traz em
parte dos investimentos está vindo do Tier todos os seus projetos é enorme”.

Tirando a especificidade do negócio, uso de EPIs, acesso a áreas confinadas de
Márcia diz que a metodologia para o de- maior risco. Quando essas soluções são
senvolvimento do projeto desenvolvida em pensadas na fase de engenharia, já se en-
outras áreas pode se aplicar totalmente no contram mais estruturadas nas obras. Tiago
segmento de mineração. A empresa possui comenta que a integração de tecnologias
um time muito forte de gestão de proje- sustentáveis com os países de origem pode
tos, análise de risco, controle de custos, até levar a maior parceria com empresas
contratos, além de uma equipe de supri- de origem finlandesa, como, por exemplo,
mentos para apoiar o cliente nos EPCMs. Metso, Sandvik, FLSmidth e outras, mas
Conhecimento que se estende também esta não é uma regra para a Pöyry definir
para a parte de licenciamento, conduzida seus fornecedores.
por uma equipe de 30 especialistas. E, para Os projetos já são definidos visando re-
melhor conhecer o processo de mineração dução do consumo de água, eficiência ener-
e oferecer melhor suporte tecnológico, gética, redução de emissões atmosféricas e
a Pöyry está formando uma equipe com menor volume de emissões líquidas. Em
profissionais do Brasil e da Finlândia. Uma áreas remotas, a empresa procura pensar
verdadeira troca de experiências. “A inteli- ainda no que se pode fazer fora do site para
gência brasileira para engenharia é igual, se minimizar a necessidade de concentração
não for maior. Menor, com certeza não é. E de mão-de-obra. Tiago reforça que os for-
o conhecimento mais abrangente adquirido necedores são definidos pelo cliente – “a
em outros setores deve ser estendido aos Pöyry apresenta as soluções, mas não indica
clientes”, pontua Tiago, com orgulho. uma empresa ou outra”.
Hoje existe um setor focado em digita- De olho no mercado, a empresa vem se
lização dentro da empresa. Já aplicada no estruturando – “a base é sólida e queremos
setor de celulose, a Pöyry pretende mostrar uma fatia maior e mais diversificada, para
para os clientes do setor de mineração o poder crescer de forma responsável e estru-
quanto é importante nascer com o conceito turada. Só entramos em projetos que estão
da Indústria 4.0 desde a engenharia básica de acordo com nosso compliance, com nos-
para os benefícios futuros esperados, como sa estratégia de negócios. Não vendemos
o desenvolvimento de um aplicativo que a qualquer custo. Temos que usar nossa
conecte a operação com a manutenção ou credibilidade para crescer com os clientes
peças de reposição. “Se isso já é planejado existentes, mas também mostrar aos novos
na fase de engenharia para a obtenção nossa capacidade de trabalhar nos aspectos
desses dados, se ganha muita velocidade de sustentabilidade, digitalização, financia-
lá na frente. Um conceito inovador que a mento. Podemos ser muito atrativos para os
Pöyry vem trazendo para o setor, chama- Tiers 2 que estão entrando”, esclarece Tiago.
do de VSE”, diz Márcia, explicando que a A certeza é que a Pöyry quer crescer em
novidade abrange da fase de digitalização mineração e siderurgia no Brasil e, num
à segurança do trabalho, monitorando o futuro próximo, este setor poderá ser o

carro-chefe da empresa. Até mesmo porque
poucos segmentos têm chance de US$ 50
bilhões de investimentos nos próximos anos.
“Vamos crescer de forma orgânica no que
já existe, mas vamos mostrar aos entrantes
nossas soluções em EPCM, onde somos im-
batíveis no país”, avisa o Head de Mineração.
Posição também compartilhada por
Fábio Fonseca, presidente da empresa:
Nova peneira fabricada pela Metso
“Queremos crescer com responsabilidade
e incorporando a expertise que temos em novos recursos de fabricação de compo-
outros setores. Quando houve a baixa de nentes de fabricação para telas e peças de
investimentos do setor de mineração no peneiramento na mesma área. O valor do
Brasil, as empresas de engenharia prati- investimento é de aproximadamente três
camente desmontaram. E a Pöyry está há milhões de euros, e a unidade de fabricação
50 anos no mercado, o que mostra nosso deve estar totalmente operacional até o final
comprometimento com o país, com um de 2023. A Metso Outotec também investiu
olhar de engenharia industrial. Temos uma em uma nova prensa de injeção para painéis
musculatura muito forte para qualquer tipo de borracha de peneiramento que aumentará
de projeto”, diz ele. a capacidade de produção em 50%.
Para marcar a inauguração das novas
instalações, a Metso Outotec realizou uma
METSO OUTOTEC cerimônia no dia 13 de abril, na fábrica de
Sorocaba, que contou com a presença do
AMPLIAÇÃO EM SOROCABA DOBRA
CAPACIDADE EM PENEIRAMENTO
Com o objetivo de atender à crescente
demanda do mercado, no Brasil e América
do Sul, a Metso Outotec está investindo na
duplicação da capacidade de fabricação de
equipamentos de peneiramento em sua fá-
brica de Sorocaba (SP). Com a ampliação, a
capacidade passará de 250 para 500 unida-
des por ano, incluindo as peneiras-banana
das séries UFS e BSE, “de alto desempenho
e eficiência energética”, que fazem parte da
linha Planet Positive.
Além da nova instalação para fabricação
das peneiras, a empresa está investindo em Pekka Vauramo, presidente e CEO da Metso Outotec

crescimento entre 15 e 20% em 2023.
Marcelo Motti, por sua vez, afirmou que
o mercado está demandando produtos de
maior capacidade e que a Metso Outotec
está preparada para atender a essas neces-
sidades. Hoje, a fábrica de Sorocaba já está
capacitada a produzir peneiras de até 55 to-
neladas e equipamentos da linha HRC com
até 2 metros, que pesam até 90 toneladas.
Marcelo Motti
Eduardo Freire, VP de Produtos de Pe-
CEO mundial, Pekka Vauramo, da CFO, neiramento, Américas, disse que o investi-
Eeva Sipila, de Eduardo Nilo, presidente da mento vai “fortalecer nossa capacidade de
América do Sul, Marcelo Motti, VP de Ven- fabricação de ponta a ponta em Sorocaba,
das e Serviços para o Brasil, da embaixadora que abrange fabricação de equipamentos,
da Finlândia no Brasil, Johana Karanko, e reparos, serviços de manutenção, produção
do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, de mídia de triagem e conhecimento de
além de clientes. engenharia de produto de triagem, e nos
Pekka Vauramo, presidente e CEO da permite atender melhor nossos clientes
Metso Outotec, disse que a fábrica de So- sul-americanos e gerenciar o ciclo de vida
rocaba é a quarta maior planta da empresa completo do produto”. Ele acrescenta que a
no mundo e comemorou que em 2022 a nova instalação de peneiramento permitirá
companhia tenha dobrado seus negócios que a Metso Outotec faça manutenção e
no Brasil, acrescentando que os produtos da recondicione grandes tecnologias HPGR e
linha Planet Positive representam 50% dos HCR para atender às crescentes necessida-
negócios, o que justifica o fato da empresa des dos clientes de mineração para manu-
ter investido 100 milhões de euros no de- tenção de equipamentos pesados.
senvolvimento de tecnologias sustentáveis
para atender às necessidades dos clientes.
De acordo com Eduardo Nilo, as novas
instalações “ajudarão Sorocaba a se tornar
um centro de excelência em produtos de
peneiramento e fortalecerão nossa posição
na América do Sul, oferecendo soluções de
peneiramento sustentáveis e de alta qualida-
de para clientes com prazos competitivos de
maneira segura e com eficiência energética”.
Nilo também afirmou que a empresa regis-
trou um faturamento de 1 bilhão de euros na
América do Sul, em 2022 e que espera um Eduardo Nilo

SANDVIK COROMANT
100 ANOS DE HISTÓRIA

DO METAL DURO
Diversos períodos notáveis da história
são caracterizados pelo material da época
— a Idade da Pedra, a Idade do Ferro, e as-
sim por diante. A rotulação desses períodos
com base nos materiais das ferramentas Componentes fabricados em metal duro
demonstra o grau de importância deles
na sociedade, bem como nosso esforço metais ainda dependiam de uma grande
humano para melhorar constantemente e habilidade; artesãos altamente qualificados
encontrar melhores métodos. As aplicações usavam aços-ferramenta como matéria-
e a sofisticação das ferramentas mudaram -prima para ferramentas de corte.
significativamente ao longo dos séculos, Mas como a demanda pela produção
mas ainda são extremamente cruciais para em massa começou a aumentar, especial-
manter nosso mundo funcionando hoje. mente em setores como o automotivo, que
O desenvolvimento da primeira liga de começava a decolar, ficou claro que o aço-
aço comercial frequentemente é creditada -ferramenta não conseguiria acompanhar
a Robert Forester Mushet, que descobriu o ritmo. Sua resistência limitada ao calor
em 1868 que acrescentar tungstênio ao aço resulta no amolecimento a temperaturas
aumentava sua dureza mesmo após o res- mais altas, especialmente na superfície de
friamento ao ar. Essa descoberta formou a contato entre a ferramenta e a peça, o que
base do desenvolvimento das ligas, levando torna difícil o corte em altas velocidades.
ao uso de aços-ferramenta. No início dos Consequentemente, foi desenvolvido o
anos 1900 a conformação e a usinagem de aço-rápido que continha mais cobalto do
que aço-ferramenta. O cobalto adicional
deu ao aço-rápido uma maior dureza a
quente, permitindo o acesso a velocidades
de corte muito mais altas. O corte mais rá-
pido levou a um aumento na produtividade,
diminuindo o custo total do produto e, por
fim, foi um dos fatores que ajudou a tornar
os veículos mais acessíveis e viáveis para o
público.
O sucesso do aço-rápido fez com que a
indústria a se desenvolvesse ainda mais,
Peças da Sandvik Coromant podem ser recicladas resultando na invenção do metal duro. Em

30 de março de 1923, Karl Schröter, então râmica. A cobertura de cerâmica "Gamma
chefe da P&D em Osram, depositou a pri- Coating" melhorou muito tanto o desgaste
meira patente “Gesinterte harte Metallegie- quanto a resistência ao calor das ferramen-
rung und Verfahren zu ihrer Herstellung” tas, aumentando o desempenho da usina-
(DE420689). O material originalmente era gem em até 50%. A Coromant continuou
usado em matrizes de estiramento na in- a desenvolver sua oferta de metal duro,
dústria de lâmpadas, mas mais tarde o metal desenvolvendo novas classes e brocas para
duro foi desenvolvido e testado para ferra- diversos setores, com sua classe GC 4225
mentas de corte. Como tal, foi apresentado de metal duro se tornando a classe mais
em uma exposição em Leipzig em 1927. vendida do mundo em 2005.
Partículas finas de carboneto são cementa-
das em materiais compostos com um metal
aglutinante para produzir o metal duro. Os Materiais finitos
metais duros mais comuns incluem car- Mas e quanto ao futuro dos metais du-
boneto de tungstênio (WC), carboneto de ros? Metais como tungstênio e cobalto são
titânio (TiC) e carboneto de tântalo (TaC), essenciais para a produção de metais du-
com cobalto e níquel frequentemente usa- ros, mas esses recursos têm oferta limitada.
dos como metais aglutinantes. O cobalto, por exemplo, é um componente
Da mesma forma que a introdução do comum em baterias de íons de lítio, va-
aço-rápido revolucionou o mercado de lioso por prolongar a vida útil da bateria.
manufatura, a invenção do metal duro Mas o vertiginoso aumento da demanda
permitiu uma usinagem ainda mais rápi- combinado com os desafios da mineração
da. Velocidades de corte do aço de até 150
metros por minuto tornaram-se possíveis,
quase quatro vezes mais rápido do que o
aço-rápido.
Foi aí que a Sandvik começou a desen-
volver ferramentas de metal duro. A marca
Sandvik Coromant foi criada em 1942, com
o único objetivo de oferecer ferramentas de
corte modernas usando metal duro como
base. As primeiras ferramentas de metal
duro para usinagem da Sandvik Coromant
foram fabricadas no ano seguinte e, con-
forme a industrialização decolou nos anos
50 e 60, a demanda continuou crescendo.
Em 1969, a Sandvik Coromant se tornou
a primeira empresa no mundo a oferecer
pastilhas de metal duro cobertos com ce- Rickard Sundström

significa que poderemos enfrentar escassez rias e à medida que as aplicações mudam e
já em 2028. surgem novas, seremos sempre desafiados
Para proteger esses recursos finitos, é a encontrar soluções novas e melhores.
imprescindível que fabricantes e fornece-
(Rickard Sundström, Gerente de Departamento
dores desempenhem seu papel no trabalho
da Sandvik Coromant)
sustentável. Isso poderia ser feito através
de reparos e recondicionamento de ferra-
mentas antigas para que possam ser reuti- CORREIAS TRANSPORTADORAS
lizadas uma segunda ou até mesmo uma
terceira vez. Ferramentas completamente CONTINENTAL INVESTE EM
inutilizáveis podem ser vendidas através EXPANSÃO DE FÁBRICA
de programas de recompra e o refugo pode Empresa que desenvolve tecnologias e
ser reciclado em novo material. Aqui na serviços pioneiros em mobilidade, a Con-
Sandvik Coromant, oferecemos ambos os tinental anunciou investimento de cerca de
serviços, com nossa última linha de classes R$ 175 milhões na ampliação da produção
de torneamento de aço que contém pelo de correias transportadoras de cabos de aço,
menos 40% de material reciclado. Levar com resistência superior a 6.000 N/mm e até
em conta questões como fornecimento e 10.000 N/mm, na fábrica de Ponta Grossa
sustentabilidade desde o projeto da ferra- (PR). Com o aporte, a Continental passa a
menta também ajuda a garantir que não se ser a primeira companhia a oferecer esta tec-
use mais material do que o necessário. nologia com produção local. A unidade fabril
A disponibilidade da matéria-prima será será ampliada em mais 7.000 m2, totalizando
um fator primordial no futuro dos metais cerca de 49.000 m2 de área construída.
duros. Para a Sandvik Coromant, o foco O início das operações está previsto para
será continuar aprimorando e aproveitando o terceiro trimestre de 2024 e a expansão
ao máximo os programas de sustentabili- visa atender melhor à crescente necessidade
dade. Em particular, o aspecto de triagem das correias tecnológicas nas operações de
de nosso processo de reciclagem provavel- cargas pesadas em toda a América do Sul.
mente será uma área-chave de desenvolvi-
mento, pois ainda é um desafio em termos
dos recursos energéticos que exige.
Apesar dos grandes saltos de inovação,
materiais mais antigos de ferramentas de
corte como o aço-rápido ainda desempe-
nham um papel importante no mercado em
geral. É claro que mesmo em seu 100o ani-
versário, o metal duro ainda é um material
vital para ferramentas de corte em muitos
setores. Mas sempre há espaço para melho- Dirigentes da Continental assinam termo de compromisso

“É um mercado que tem muita demanda de correias de transmissão industriais e variado-
soluções para manuseio de matérias-primas ras de velocidade para aplicação agrícola e
como ferro e cobre, fruto da mobilidade urba- molas pneumáticas para suspensão de ônibus
nizada e elétrica”, enfatiza Frédéric Sebbagh, e caminhões. Com estes investimentos e mais
Presidente da Continental para América do o projeto de correias transportadoras pesadas,
Sul. A ampliação da fábrica foi anunciada por fica evidente o foco da companhia em nossa
Sebbagh junto ao governador do estado do cidade”, enfatiza Roberto Ferri, Diretor da
Paraná, Carlos Massa Ratinho Jr., e da prefeita planta de Ponta Grossa.
da cidade, Elizabeth Schmidt.
Para o governador Carlos Massa Ratinho SANDVIK
Jr., a expansão da unidade da Continental em
Ponta Grossa vai potencializar ainda mais a SOLUÇÕES PARA AUTOMAÇÃO DE
produção, gerar mais emprego e renda para
os paranaenses. “Com o setor industrial cada
CARREGADEIRA NA OZ MINERALS
vez mais forte, nossa economia vai prosperar A OZ Minerals acaba de adquirir o Sand-
e reforçar nossa posição no cenário nacional”, vik AutoMine® Lite e o kit onboard para atu-
reforça o governador. A prefeita Elizabeth alização da carregadeira Sandvik LH 514. A
Schmidt também destaca: “Temos tido um entrega das soluções está prevista para maio
crescimento expressivo na área industrial, deste ano e o processo de implantação prevê
consolidando nossa cidade como uma das gi- o comissionamento e suporte à operação e
gantes do país em ambiente de negócios e com manutenção do sistema.
muita expressão na arrecadação de ICMS no Com as soluções, a OZ Minerals preten-
Paraná. A Continental faz parte desta história de compor sua frota exclusivamente com
de progresso e soma no desenvolvimento de equipamentos Sandvik, além de contar
Ponta Grossa e na geração de empregos”. com o apoio da filial da Sandvik no Pará,
Inaugurada em 1999, a fábrica paranaense próxima ao complexo da mineradora.
tem quatro áreas de negócios: produção de Entre os benefícios do Sandvik AutoMi-
correias de transmissão automotivas para ne®, segundo a empresa, estão a segurança
veículos leves e pesados, fabricação de cor- do operador, já que a operação na linha de
reias industriais de transmissão com foco fogo passa a ser remota. Com o controle à
no segmento agrícola; produção de sistemas
antivibração para veículos leves e pesados; fa-
bricação de sistemas de transmissão de fluídos
para veículos leves; e produção de correias
transportadoras para os segmentos de mi-
neração e agrícola. “Em 2022, a Continental
inaugurou três novas linhas de produção: cor-
reias drapper, que auxiliam na mecanização
da colheita de grãos, como soja, feijão e trigo; Sandvik automine

distância, o operador comanda a máquina
que trabalha no subsolo com maior segu-
rança; O operador pode controlar mais de
uma máquina remotamente e há a possi-
bilidade de operação durante os horários
de trocas de turno e desmonte; A operação
pode ser transferida para novas áreas ou
níveis com baixa complexidade; o operador Mini-escavadeira com motor a oxigênio
torna-se mais analítico em relação às vari-
cenário internacional”, comentou o Chairman
áveis do equipamento e aos diagnósticos
da JCB, Lord Bamford, que lidera o projeto
preditivos; e, por último, o sistema pode
para desenvolver a tecnologia de hidrogênio.
atuar no equipamento, evitando colisões e
A JCB já vem desenvolvendo uma série de
aumentando a vida útil das peças e consu-
inovações rumo ao seu programa “Road to
míveis da carregadeira, além de assimilação Zero”, como a primeira miniescavadeira elétri-
rápida de nova interface e recursos ca a bateria do mundo e o desenvolvimento de
tecnologia elétrica para atender às demandas
TECNOLOGIA dos clientes por produtos de emissão zero de
carbono com sua linha E-TECH. Atualmente,
JCB APRESENTA SOLUÇÃO DE a JCB tem a maior linha elétrica disponível na
COMBUSTÃO A HIDROGÊNIO indústria da construção e a expertise da empre-
sa neste setor também estará presente na feira.
A JCB apresentou, durante a feira Conex- Os motores a diesel da JCB já proporciona-
po 2023, em Las Vegas, nos Estados Unidos, ram, desde 1999, redução de 97% nas emissões
como parte da Exposição Internacional de de NOx e de 98% nas partículas. Hoje, as má-
Energia Fluida (IFPE), uma tecnologia supe- quinas movidas a diesel da empresa emitem
reficiente de combustão de hidrogênio para 50% menos CO2 quando comparadas com as
o mercado norte-americano. A solução de fabricadas em 2010. A JCB também apresen-
emissão zero de carbono da empresa é voltada tou a tecnologia limpa de motores a diesel em
para equipamentos de construção e agrícolas. Las Vegas. No Brasil, a JCB oferece máquinas
“A equipe de engenharia da JCB fez enormes com zero emissão de carbono. “Em 2021, lan-
progressos em um curto espaço de tempo para çamos a mini escavadeira 19C-1E, a primeira
desenvolver um motor de combustão interna elétrica do mundo com produção em série. E
a hidrogênio, e já opera em um protótipo de no final de 2022, apresentamos ao mercado
retroescavadeira JCB e um manipulador te- nacional oito modelos de plataformas eleva-
lescópico Loadall. Como a primeira empresa tórias no formato tesoura, também elétricos.
de equipamentos de construção a desenvolver Produtos net-zero são a nossa nova fronteira
um motor de combustão totalmente funcional para e por um futuro totalmente sustentável”,
movido a hidrogênio, estou muito feliz por disse José Luis Gonçalves, CEO da JCB no
agora podermos apresentar essa tecnologia no Brasil. ☐


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