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INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS I

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Semestre 2017-1
Sala 111
Prof. Marcos Natali
I - OBJETIVOS
A disciplina é uma introdução a questões fundamentais do estudo da literatura, com foco, neste
primeiro módulo, na poesia. Seu objetivo é apresentar ao aluno ferramentas e conceitos básicos da
teoria da literatura, desenvolvendo sua reflexão crítica e sua capacidade de interpretação de textos
poéticos, críticos e teóricos. Ao longo do semestre serão estudadas diferentes formas de se pensar
e abordar o texto literário, apresentando ao aluno algumas das principais correntes dos estudos
literários modernos. Além disso, dado que se parte do pressuposto de que a literatura é na verdade
uma série de relações, a disciplina discutirá a relação entre a literatura e: o ensino e a sala de aula, a
ideia de análise, a autobiografia e a “expressão”, a filosofia, a cultura, a política, o mercado e a
democracia.

II - CONTEÚDO
 Conceitos básicos: Cultura – Literatura – Poema – Obra – Autor – Destinatário – Leitura –
Análise.
 Teorias da poesia.
 Métodos de interpretação do poema.
 Correntes críticas dos estudos literários.

III - METODOLOGIA
Aulas expositivas e discussões sobre textos teóricos e literários.

IV - ATIVIDADE DISCENTE
a) Leitura dos textos indicados. (10%) Como a disciplina está organizada como uma série de
discussões sobre um conjunto de textos, a leitura dos textos antes de cada aula é fundamental
para o sucesso da disciplina e para o aproveitamento do aluno.

b) Prova escrita sobre textos estudados e questões abordadas em sala de aula. (40%) Data: 2 de maio

c) Trabalho final. (50%) Um trabalho teórico-analítico sobre uma questão teórica ou um


poema indicado pelo professor. Os trabalhos serão avaliados levando-se em conta os seguintes
critérios: a) capacidade analítica e de síntese; b) clareza e precisão da exposição; c) consistência
da argumentação; d) originalidade; e) citação correta das fontes utilizadas; f) aproveitamento das
leituras. Data de entrega: 20 de junho

d) Recuperação. Alunos com média final igual ou superior a 3,0 e inferior a 5,0 farão após o
encerramento do curso uma prova de recuperação sobre toda a matéria da disciplina. Nesse caso,
a nota final será a média das notas da primeira avaliação (a média final) e da prova de recuperação.

V - PROGRAMA
Os dados bibliográficos completos para cada texto estão na Bibliografia Básica ao final do
programa. Outros poemas a serem analisados serão apresentados ao longo do curso.

7 e 9 de março Semana de recepção aos calouros.


14 e 16 de março Apresentação da disciplina
21 e 23 de março A voz e o não-humano.
Leitura: Juliana Fausto, “Terranos e poetas: o ‘povo de Gaia’ como ‘povo que falta’”

28 e 30 de março Em torno à pergunta “O que é a poesia?”


Leituras: Jacques Derrida, “Che cos’è la poesia?”
Paulo Henriques Britto, “Biodiversidade” (de Macau)
4 e 6 de abril O que começa quando acaba um poema?
Leitura: Giorgio Agamben, “O fim do poema”

11 e 13 de abril Recesso escolar. Não haverá aula.

18 e 20 de abril Concepções de autoria (1). O que importa quem fala?


Leitura: Michel Foucault, “O que é um autor?”

25 de abril Concepções de autoria (2)


Leitura: Chacal, “Seu Madruga e eu” (de Tudo (e mais um pouco))
27 de abril Concepções de destinatário. O endereçamento como problema estrutural.
Leituras: Ana Martins Marques, “Uma carta” e “O beijo”

2 de maio Prova
4 de maio Em aberto.

9 de maio Devolução das provas


11 de maio Modos de leitura de poesia (1)
Leitura: Antonio Candido, “Comentário e interpretação literária”

16 de maio Modos de leitura de poesia (2)


Leituras: Roberto Schwarz, “O país do elefante”
Paulo Franchetti, “O ‘poema-cocteil’ e a inteligência fatigada”
18 de maio Modos de leitura de poesia (3)
Leitura: Alberto Pucheu “Danielle Magalhães: Um elogio ético e político da poesia”

23 de maio Aula sobre versificação

25 de maio A leitura, o leitor (1). A leitura como hemorragia


Leitura: R. Barthes, “Escrever a leitura” e “Da leitura”(O rumor da língua, 40-52)

30 de maio A leitura, o leitor (2). O espectro do “leitor comum”


Leitura: H.R. Jauss, História da literatura como provocação à teoria literária, 24-34

1º de junho Aula sobre o trabalho final e a escrita acadêmica


Leitura opcional: Silvina R. Lopes, “A paradoxalidade do ensino da literatura”
6 de junho A literatura e o comum. Leituras: Paulo Leminski: “eu queria tanto”;
“contranarciso”; “uma carta uma brasa através” (de Toda poesia)

8 de junho Ética e imagem poética. Carlos Drummond de Andrade, “Morte do leiteiro”


Leitura complementar: Octavio Paz, “A imagem” (de O arco e a lira)
13 de junho Escrita e trabalho (de luto). Leitura: Carlito Azevedo, “H.” (de Monodrama)

15 de junho Recesso escolar. Não haverá aula.


20 de junho O outro do poema. Leituras: Angélica Freitas, “eu durmo comigo” e “querida
angélica” (de Um útero é do tamanho de um punho)
Entrega do trabalho final
22 de junho Poesia e voz.
Leitura: Jean-Luc Nancy, “Vox Clamans in Deserto”

27 de junho Poesia e (in)gratidão


Leitura: Nicanor Parra, “Mai mai peñi (Discurso de Guadalajara)”

29 de junho Encerramento do curso.


Leitura: Roberto Bolaño, “Gómez Palacio” (de Putas assassinas)

VI - BIBLIOGRAFIA BÁSICA
AGAMBEN, Giorgio. “O fim do poema”. Trad. Sérgio Alcides. In: Cacto, n.1. S. Paulo, 2002, pp.142-148.
AZEVEDO, Carlito. “H.” In: Monodrama. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009.
BARTHES, Roland. “Escrever a leitura” e “Da leitura”. In: O Rumor da Língua. Trad. Mario Laranjeira. São Paulo: Martins
Fontes, 2004, pp. 40-52.
BOLAÑO, Roberto. “Gómez Palacio”. In: Putas assassinas. Trad. E. Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. (Em
espanhol: Putas asesinas. Barcelona: Anagrama, 2001.)BRITTO, Paulo Henriques. “Biodiversidade”. In: Macau. São
Paulo: Cia. das Letras, 2004
CANDIDO, Antonio. “Comentário e interpretação literária”. In: O Estudo Analítico do Poema. SP: Humanitas, 1996.
CHACAL, “Seu Madruga e eu”. In: Tudo (e mais um pouco): poesia reunida. São Paulo: Ed. 34, 2016, p.25-42.
DERRIDA, Jacques. “Che cos’è la poesia?” (1988). Trad. Tatiana Rios e Marcos Siscar. In: Inimigo Rumor, n.10 (maio de
2001), pp. 113-116.
DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. “Morte do leiteiro”. In: Obra completa. Rio de Janeiro, José Aguilar Editora, 1967,
p.169-171.
FAUSTO, Juliana. “Terranos e poetas: o ‘povo de Gaia’ como ‘povo que falta’”. Revista Landa. V.2, n.1 (2013), p.165-181.
Disponível em http://www.revistalanda.ufsc.br/PDFs/vol2n1/Juliana%20Fausto%20Terranos%20e%20poetas.pdf.
FOUCAULT, Michel. “O que é um autor?” In: Michel Foucault. Estética: Literatura e pintura, música e cinema. Trad. I. A.. D.
Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006, pp.264-298.
FRANCHETTI, Paulo. “O ‘poema-cocteil’ e a inteligência fatigada”. O Estado de S. Paulo (5 de novembro 2000). Disponível
em http://www.germinaliteratura.com.br/enc_pfranchetti_mar07.htm.
FREITAS, Angélica. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
JAUSS, Hans Robert. História da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: Editora Ática, 1994.
LEMINSKI, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
LOPES, Silvina Rodrigues. “A paradoxalidade do ensino da literatura”. Literatura, defesa do atrito.
MARQUES, Ana Martins. “Uma carta”. In: Gratuita, v. 1 (“Cartas para todos e para ninguém”), 2012, p.70. Disponível em
www.chaodafeira.com.
_____. “O beijo”. In: Piauí, ed.88, 2014, p.65. Disponível em http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-88/poesia-ana-
martins-marques/gatografia.
NANCY, Jean-Luc. “Vox Clamans in Deserto”. Trad. Fernanda Bernardo e Hugo Monteiro. Caderno de Leituras, n.13. Ed.
Chão da Feira, 2013. Disponível em: www.chaodafeira.com.
PARRA, Nicanor. “Mai mai peñi (Discurso de Guadalajara)”. Trad. Thadeu C. Santos. Kza1/Editora Livre, 2016. (Em
espanhol em Nicanor Parra. Poemas para combatir la calvicie: Muestra de antipoesía. Julio Ortega, org. Cidade do México:
Fondo de Cultura Económica, 1993.
PAZ, Octavio. "A imagem". In: O arco e a lira. São Paulo: Perspectiva, 1972, pp.119-138.
PUCHEU, Alberto. “Danielle Magalhães: Um elogio ético e político da poesia”. In: Revista Caliban. 2 de janeiro de 2017.
Disponível em https://caliban.pt/danielle-magalh%C3%A3es-um-elogio-%C3%A9tico-e-pol%C3%ADtico-da-
poesia-d4916f14792b#.mgusd0nx9.
SCHWARZ, Roberto. “O país do elefante”. Mais! Folha de São Paulo (10 de março 2002): 4-13.
VÂNDALOS (org.). Vinagre: uma antologia de poetas neobarracos. Edições V de Vândalo, 2013.
VII - BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ADORNO, Theodor W. “Palestra sobre lírica e Sociedade”. Trad. J. de Almeida. Notas de literatura. SP: Ed.34, 2003.
AGAMBEN, Giorgio. “Magia e felicidade”. Profanações. Trad. S. Assmann. São Paulo : Boitempo, 2007.
AGUILAR, Gonzalo. “Augusto de Campos: Rumo a uma poesia mínima”. In: Poesia concreta brasileira: As vanguardas na
encruzilhada modernista. Trad. Regina Crespo e Rodolfo Mata. São Paulo: Edusp, 2005, pp.269-280.
ANTELO, Raul, org. Declínio da Arte Ascensão da Cultura. Santa Catarina: Abralic/Letras Contemporâneas, 1998.
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BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire. Um lírico no auge do capitalismo. SP: Brasiliense, 1989.
BLANCHOT, Maurice. O livro por vir. Trad. Maria Regina Louro. Lisboa: Relógio d’Água Editores, 1984.
BORNHEIM, Gerd. “A propósito da história de uma vida: o livro”. In: Eduardo Portella, org. Reflexões sobre os caminhos do
livro. Trad. Guilherme João de Freitas. São Paulo: Unesco/Moderna, 2003.
BOSI, Alfredo. O Ser e o Tempo da Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
BOSI, Alfredo et alli. Leitura de Poesia. S.Paulo: Ática, 1996.
BOSI, V.; CAMPOS, C.; HOSSNE, A.; e RABELLO, I. O Poema: Leitores e Leituras. Cotia: Ateliê Editorial, 2001.
CANDIDO, Antonio. “Carrossel”. In: Na Sala de Aula. Caderno de Análise Literária. São Paulo: Ática, 1985.
_____. “O direito à literatura”. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995, pp.235-263.
CORNEJO POLAR, Antonio. O condor voa. Belo Horizonte: UFMG, 2000.
DELEUZE, Gilles. “A literatura e a vida”. Crítica e clínica. Trad. P.P.Pelbart. SP: Ed. 34, 2008.
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FREUD, Sigmund. A Interpretação dos sonhos. São Paulo: Imago, 2000.
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_____. “O que é poesia?” In: TOLEDO, D. (org.) Estruturalismo e semiologia. Porto Alegre: Globo, s/d.
LIMA, Luiz Costa. Intervenções. SP: Edusp, 2003.
MESCHONNIC, Henri. Linguagem: ritmo e vida. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2006.
MONTEIRO, Paulo Felipe. “As artes: várias vidas, várias mortes”. In: Raul Antelo, org. Declínio da Arte Ascensão da Cultura.
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MOREIRAS, Alberto. A exaustão da diferença: A política dos estudos culturais latino-americanos. BH: UFMG, 2001.
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RANCIÈRE, Jacques. O mestre ignorante: Trad. L. do Valle. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
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THAYER, Willy. A crise não moderna da universidade moderna. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
VALÉRY, Paul. Variedades. São Paulo: Iluminuras, 1991.
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

VIII – MANUAIS E ESTUDOS INTRODUTÓRIOS


BANDEIRA, Manuel. "A versificação em língua portuguesa". In: Seleta em prosa. RJ: Nova Fronteira, 1997.
_____. "Poesia e verso". In: Seleta em Prosa e Verso de Manuel Bandeira. RJ: José Olympio, 1975, pp.27-39.
COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: Literatura e senso comum. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2001.
CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. Trad. S. G. T. Vasconcelos. SP: Beca Produções Culturais, 1999.
EAGLETON, Terry. Teoria da Literatura: uma introdução. Trad. W. Dutra. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
_____. A ideia de cultura. Trad. Sandra Castello Branco. São Paulo: Ed.Unesp, 2005.
FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica moderna. São Paulo: Duas Cidades, 1991.
KAYSER, Wolfgang. Análise e Interpretação da Obra Literária. Coimbra: Arménio Amado Ed., 1985.
LIMA, Luiz Costa (org.). Teoria da literatura em suas fontes. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.
PROENÇA, M. Cavalcanti. Ritmo e poesia. Rio de Janeiro: Simões, 1955.
SAID ALI, M. Versificação portuguesa. São Paulo, EDUSP, 2006.
STAIGER, Emil. Conceitos fundamentais da poética. Trad. Celeste Galeão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.
WELLEK, René e WARREN, Austin. Teoria Literária. Trad. Luis Carlos Borges. São Paulo, Martins Fontes, 2003.

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