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Por Francisco Mirialdo
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01. Introdução
As organizações fazem parte das nossas vidas desde os princípios da humanidade. Atuamos
universidade, um templo religioso, uma equipe esportiva, uma escola, uma banda de música,
Stoner & Freeman (1999) definem organização como a combinação de duas ou mais pessoas
exemplo, uma empresa varejista tem como objetivo conquistar os consumidores finais dos
produtos que comercializa. Já uma instituição religiosa busca atrair mais fiéis para sua
doutrinação.
Em cada uma dessas organizações, o diferencial do sucesso será uma administração eficaz.
Chiavenato (1997) salienta que numa época de complexidades e incertezas como a que
através das pessoas, como afirmou Mary Parket Follet. Podemos afirmar que a administração é
zelador.
para alcançar objetivos estabelecidos. (STONER & FREEMAN, 1999, CHIAVENATO, 1997). A
administradas progridem, pela simples razão de saber usar a inteligência humana e sua força
Peter Druker , autor bem-sucedido da ciência da administração, já afirmara que não existem
países desenvolvidos e subdesenvolvidos, mas sim países que sabem administrar a tecnologia
existente e seus recursos disponíveis e potenciais e países que ainda não sabem.
entendermos que contribui para a otimização do fator humano dentro das organizações,
A liderança tem um forte apelo tanto aos que dirigem, como aqueles que são dirigidos, como
afirma Bergamini (1994). Muitas vezes ele leva a conotação de “dom” mágico responsável por
uma espécie de atração inexplicável que certas pessoas exercem sobre as outras. Esta
colocação enfatiza a polêmica a respeito do líder: ele nasce feito ou é formado através do
nos achados de Chiavenato (1997) e Kwasnicka (1989). É importante para entendermos como
tem em sua natureza que precisam ser satisfeitas através de esforços organizacionais.
psicólogos, matemáticos, estatísticos, e outros até mesmo empresários que, no decorrer dos
tempos, foram cada qual no seu campo de atividades, desenvolvendo e divulgando as suas
obras e teorias.
A história da administração tem sua origem no antigo Egito. Vários indícios na história antiga
mostram-nos que devem ter existido planos formais, organizações de trabalho, liderança e
por exemplo, indicam uma prática eficiente das funções administrativas. Quando lemos o livro
Outra civilização antiga que aplicava as funções da administração foi a Babilônia. O Código de
Hamurábi, governador da Babilônia no período de 2000 a 1700 a.C., constitui um texto de leis
que orientou o povo no princípio de trabalho; instituiu o princípio da paga mínima, contratos de
morte de Hamurábi, cuja capacidade de liderança e organização foi notável, o país ficou 150
anos sem conhecer outro administrador que pudesse levar o país ao desenvolvimento.
A administração recebeu enorme influência da filosofia grega. Sócrates (470 a.C.-399 a.C.),
Platão (429 a.C.-347 a.C.), Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) ficaram marcados na história da
humanidade e nos primórdios das funções administrativas. Sócrates, em sua discussão com
Nicomaquides, expõe o seu ponto de vista sobre a administração como uma habilidade pessoal
obra A República, expõe o seu ponto de vista sobre a forma democrática de governo e de
administração dos negócios públicos. Aristóteles, discípulo de Platão, em seu livro Política,
Thomas Hobbes defendia o governo absoluto por causa de sua visão pessimista da
Em sua obra-prima Leviatã, assinala que o povo renuncia seus direitos naturais em favor de um
governo que, investido de poder, imponha a ordem, organize a vida social e garanta a paz.
acordo de vontades. Para Marx e Engels, o surgimento do poder político e do Estado nada
Comunista, eles afirmam que a história da humanidade sempre foi a história de luta de classes
Dentre os acontecimentos da época moderna, a Revolução Industrial, foi a que mais influenciou
por James Watt (1736-1819) e a sua posterior aplicação à produção, uma nova concepção de
profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social que, num lapso de
célebre dos economistas liberais foi Adam Smith (1723-1790), considerado o fundador da
princípio da divisão do trabalho aparecem em seu livro Da Riqueza das Nações, publicado em
1776. James Mill (1773-1836), outro economista liberal, sugeria em seu livro Elementos de
Economia Política, publicada em 1826, uma série de medidas relacionadas com os estudos de
tempos de movimentos. Em 1817, David Ricardo (1772-1823) publica o seu livro Princípios de
Economia Política e Tributação, no qual aborda o trabalho, o capital, salário, renda, produção,
preços e mercados.
clássica de Henry Fayol, logo depois o movimento das relações humanas, do comportamento
3. A Teoria da Administração
Neste capítulo 3 faremos uma síntese das principais teorias administrativas que surgiram no
século XX (STONER & FREEMAN, 1999; CHIAVENATO, 1997; KWASNICKA, 1989). Este
A Teoria da Administração Científica surgiu entre 1890 e 1930 nos Estados Unidos, e é uma
abordagem à administração, formulada por Frederick W. Taylor (1856-1915), que buscava
características são: análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos, estudo da fadiga
de base à administração eficaz. O trabalho dessa teoria está focalizado em catorze princípios:
A Teoria das Relações Humanas surgiu nos Estados Unidos na década de 30 do século XX,
desenvolvida por Elton Mayo (1880-1949) e seus colaboradores. Seu surgimento só foi
da iluminação na produtividade, mas seus efeitos foram diferentes. O trabalhador que recebia
atenção especial teve uma produtividade melhor, e não as condições de iluminação que
ênfase nas relações humanas, confiança nas pessoas, dinâmica grupal e interpessoal.
A Teoria Neoclássica da Administração, proposta por Peter Drucker, Ernest Dale, Harold
Koontz, Cyril O´Donnell, Morris Hurley, entre outros, na década de 50, caracteriza-se por uma
forte ênfase nos aspectos práticos da administração, pelo pragmatismo e pela busca de
resultados concretos e palpáveis, retomando grande parte do material desenvolvido pela Teoria
dando-lhe uma configuração mais ampla e flexível. Outros pontos importantes: princípios da
A Teoria da Burocracia desenvolveu-se dentro da administração por volta dos anos 40, e está
fundamentada nos princípios desenvolvidos pelo economista e sociólogo, Max Weber (1864-
1920). A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto
é, na adequação dos meios aos objetivos pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência
possível no alcance desses objetivos. Principais características, segundo Weber: caráter legal
das normas e regulamentos, caráter formal das comunicações, caráter racional e divisão do
A Teoria Estruturalista, desenvolvida em meado dos anos 40, veio representar um verdadeiro
desdobramento da Teoria da Burocracia e uma leve aproximação em direção à Teoria das
constituição do todo. A totalidade, a interdependência das partes e o fato de que o todo é maior
principais figuras são: James D. Thompson, Victor A. Thompson, Amitai Etzioni, Peter M. Blau,
entre outros. Principais aspectos estudados: estrutura interna da organização e sua interação
salariais.
veio significar uma nova direção e um novo enfoque dentro da teoria administrativa: a
das teorias anteriores (Teoria Clássica, Teoria das Relações Humanas e Teoria da Burocracia)
dentro de um contexto organizacional. Herbert Alexander Simon foi o maior expoente dessa
teoria. Outros autores importantes: Chester Barnard (1886-1961), Douglas McGregor, Rensis
Likert, Chris Argyris, Abraham Maslow, Frederick Herzberg e David McClelland. Pontos
estudados: hierarquia das necessidades de Maslow, teoria dos dois fatores de Herzberg –
A Teoria do Desenvolvimento Organizacional (D.O.) surgiu a partir de 1962, não com um único
processo decisório e procura tratá-lo de modo lógico e racional, através de uma abordagem
proporcionar, aos que controlam o sistema, soluções ótimas para o problema em foco . As
principais técnicas de P.O. aplicadas na administração são: teoria dos jogos, teoria da decisão,
A Teoria Geral de Sistemas (TGS) surgiu com os trabalhos do biólogo alemão Ludwig Von
Bertalanffy, publicados entre 1950 e 1968. A TGS afirma que as propriedades dos sistemas
funções de um sistema dependem de sua estrutura. Outros autores importantes: Katz e Kahn,
Tavistock.
A Teoria da Contingência, por fazer parte substancial do trabalho, será discutida no próximo
4. Teoria da Contingência
Nos próximos capítulos descreveremos sobre liderança baseada nos pressupostos dessa
abordagem.
Chiavenato (1997) diz que a palavra contingência significa algo incerto ou eventual, que pode
suceder ou não. A abordagem contingencial salienta que não se atinge os objetivos de forma
Outro aspecto que sintetiza os pressupostos da Teoria da Contingência, é que ela recebe
contribuição das várias outras teorias, como a Administração Científica, Teoria Clássica, Teoria
das Relações Humanas, Teoria da Burocracia, Teoria Estruturalista, Teoria Neoclássica, Teoria
Comportamental, Teoria Matemática e Teoria de Sistemas. O que vai determinar qual a melhor
será o momento, a circunstância atual, ou seja, não existe uma melhor ou pior, e sim a que é
mais adequada para os objetivos que se quer alcançar no momento.
que desenvolveu a ética situacional dos anos 60. Para a utilização razoável da abordagem
Stoner & Freeman (1999) conceituam abordagem contingencial como a concepção de que a
técnica de administração que melhor contribui para o alcance dos objetivos organizacionais
administração. Para Chiavenato (1997), a abordagem contingencial explica que existe uma
As origens da Teoria da Contingência são explicadas através de uma série de pesquisas para
As pesquisas foram desenvolvidas por Chandler, Burns & Stalker, Lawrence e Lorsch, Joan
Woodward.
a relação existente entre as práticas administrativas e o ambiente externo das indústrias. Eles
classificaram as indústrias pesquisadas em dois tipos: organizações “mecanicistas”, com
lateral, maior confiança nas comunicações, ênfase nos princípios da Teoria das Relações
Humanas.
A pesquisa de Lawrence e Lorsch, realizada em 1972, foi a que mais repercutiu para o
Preocupados com as características que devem ter as empresas para enfrentar com eficiência
procura explicar que não há nada de absoluto nos princípios de organização. Os aspectos
universais e normativos devem ser substituídos pelo critério de ajuste entre organização e
ambiente e tecnologia.
pelas várias teorias administrativas correlacionavam-se com êxito do negócio quando postos
pela tecnologia utilizada pela organização; há uma forte correlação entre estrutura
específica empregada.
operacional.
recompensas.
5. Liderança
Neste capítulo 5 faremos uma introdução sobre liderança, enfocando seu conceito, sua
A literatura sobre liderança mostra diversos conceitos sobre o tema. Bittel (1982) define
liderança como o artifício de fazer com que outras pessoas o sigam e façam voluntariamente
aquilo que você deseja que elas façam. Para Rouch & Behling (1984) apud Bergamini (1994), é
humano para projetarmos a importância da pessoa do líder nos dias de hoje. Bergamini (1994)
citou em seu livro “Liderança: administração do sentido” um estudo feito por John K. Clemns e
Douglas F. Mayer, em 1987, no qual as perspectivas sobre liderança são encontradas em Rei
Lear (de Shakespeare), Homens Ilustres (de Plutarco), e que os problemas centrais para uma
últimos 3.000 anos. Esses mesmos problemas foram enfrentados pelos egípcios quando
construíram as pirâmides, por Alexandre quando criou seu império e pelos gregos quando
Os líderes precisam de certas qualidades essenciais para o desempenho de seus papéis. Bittel
(1982) afirma serem indispensáveis os seguintes atributos para uma boa liderança: senso de
consideração o que já foi previamente determinado pela organização. Dessa forma, a relação é
2. Dar forma institucional ao objetivo: construir uma estrutura social e definir políticas.
aceitar as ordens do líder, os membros do grupo ajudam a definir o status do líder e tornam
Segundo, a liderança envolve uma distribuição desigual de poder ente os líderes e os membros
de um grupo. O líder geralmente tem mais poder. O poder significa a capacidade de mudar as
E o terceiro aspecto está relacionado à capacidade do líder de usar diferentes formas de poder
6. Estilos de Liderança
Estilos de liderança significam, segundo Stoner & Freeman (1999), os vários padrões de
trabalhadores.
Chiavenato (1997) e Bittel (1982) mostram que os principais estilos de liderança são: liderança
1. Liderança autocrática: o líder toma as decisões e exigir obediência por parte das pessoas
discernimentos para realizar as coisas, e dessa forma mantém pouco controle, atuando como
centro de informação.
3. Liderança democrática: o líder discute, consulta, colhe idéias das pessoas lideradas e
permite que elas participem e ajudem a estabelecer políticas, contribuindo assim para o forte
espírito de equipe.
pesquisadores e estudiosos, como Hersey & Blanchard, Fiedler, Yetton & Vroom-Jago. Vamos
dar ênfase aos aspectos da Teoria da Contingência relacionados com a maneira de liderar
pessoas.
amplo, de que não existe um único estilo ou modelo de liderança válida para toda e qualquer
circunstância ou situação. Pelo contrário, cada tipo de situação requer um tipo de liderança
A teoria da liderança situacional gerou interesse porque recomenda uma liderança mais
subordinados podem ser constantemente avaliadas para determinar que combinação de estilos
é mais apropriada sob condições flexíveis e mutáveis. (STONER & FREEMAN 1999)
• Exigências da tarefa;
Abaixo, veremos quatro das mais recentes e bem conhecidos modelos de liderança
Esta teoria é considerada uma das principais abordagens contingenciais à liderança. Paul
Hersey & Kenneth H. Blanchard afirmam que o estilo mais eficaz de liderança varia de acordo
com a “maturidade” dos subordinados. Eles definem maturidade não como idade ou
de liderança.
passa por quatro fases à medida que os subordinados se desenvolvem. Na primeira fase –
tarefa pelo gerente. Na segunda fase, o gerente pode decidir iniciar comportamentos
continuados.
apoio e consideração aos subordinados a fim de que eles mantenham o interesse por mais
responsabilidade. À medida que os subordinados se tornam gradualmente mais confiantes,
encorajamento. Nessa quarta fase, os subordinados não mais necessitam nem esperam um
Fred E. Fiedler identificou três “situações de liderança” que ajudam a determinar que estilo de
liderança será eficaz: as relações entre líderes e os membros, a estrutura do trabalho e o poder
do cargo do líder.
Estrutura do trabalho: a variável da situação de trabalho que, de acordo com Fiedler, ajuda a
Poder do cargo: de acordo com Fiedler, é o poder inerente ao cargo ou posição formal que o
líder ocupa. Este poder pode ser grande ou pequeno, dependendo da natureza do cargo.
variáveis que ajudam a determinar o estilo de liderança mais eficaz: as características pessoais
subordinados são: natureza das tarefas dos subordinados, o sistema de autoridade formal da
explicar por que determinado estilo de liderança é mais eficaz numa situação do que em outra
como desejável.
problema específico. Esse modelo isolou cinco estilos de liderança que representam um
continuum que vai das abordagens autoritárias, passa por abordagens consultativas, até
Vroom e Yetton chamam esse conjunto adequado de “conjunto viável de alternativas”. Onde
existiam alternativas viáveis, o administrador pode escolher livremente entre elas porque tanto
Vroom e Jago expandiram esse modelo levantando a hipótese de que a eficácia das decisões
depende de sua qualidade, do comprometimento com elas e do tempo gasto para se tomar as
decisões. Eles também acreditam que a eficácia geral da liderança é uma função da eficácia
das decisões menos o custo da tomada de decisão mais o valor obtido do desenvolvimento das
Vroom de Jago argumentaram que os estilos de liderança podem ser determinados pelo tempo
8. Considerações Finais
A administração, como ciência social, é complexa, porque envolve pessoas, cada uma
diferente das outras, com valores, expectativas, necessidades e desejos que nem sempre são
procuraram cientificamente mostrar que não existe um estilo único, verdadeiro correto e
A Teoria da Contingência, desenvolvida nos anos 50 do Século XX, aborda justamente essas
9. Bibliografia
Bergamini, Cecília Whitaker. Liderança: administração do sentido – São Paulo: Atlas, 1994.
Chiavenato, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 5 ed. São Paulo: Makron
Books, 1997.
Kwasnicka, Eunice Lacava. Teoria geral da administração: uma síntese. 2 ed. São Paulo: Atlas,
1989.
Stoner, James A. F.; Freeman, R. Edward – Administração – 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.