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I. INTRODUÇÃO
II. BIOMATERIAIS UTILIZADOS EM SUBSTITUIÇÕES ARTICULARES PROTÉTICAS
A. Propriedades Mecânicas
1. Conceitos Gerais 2. Propriedades Mecânicas e Modelo Protético
3. Avaliação Experimental dos Esforços Periprotéticos.
B. Estrutura e Composição
1. Materiais Metálicos : a) Aço Inoxidável b) Ligas de Cromo-Cobalto c) Ligas de Titânio
d) Tântalo e outros materiais Metálicos
2. Materiais Poliméricos: a) Polietileno de Peso Molecular Ultra-alto b) Polimetacrilato de
Metila (PMMA)
3. Materiais Cerâmicos
4. Compósitos
C. Propriedades Tribológicas dos Implantes Protéticos
II. RESPOSTA ORGÂNICA AOS BIOMATERIAIS
I. INTRODUÇÃO
tar os esforços oriundos da contração muscular, de
Considera-se como Biomaterial toda substância forças inerciais, do suporte de carga estática e cíclica e
(à exceção de drogas) ou combinação de substâncias, ainda resistir ao desgaste das diversas interfaces,
de origem sintética ou natural, que durante um período assim como não devem provocar reações adversas ao
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de tempo indeterminado é empregada como um todo, organismo . Porém não há até o momento um
ou parte integrante de um sistema para tratamento, material que atenda, simultaneamente, a todas as
ampliação ou substituição de quaisquer tecidos, órgãos exigências mecânicas, metalúrgicas, funcionais e
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ou funções corporais . De uma forma mais ampla, biológicas necessárias para um implante protético
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como a sugerida por Park , os biomateriais podem ser perfeito.
entendidos como tudo aquilo que de modo contínuo ou Cada biomaterial apresenta uma combinação
intermitente, entra em contato com fluidos corpóreos, de propriedades particulares, determinadas por sua
mesmo que esteja localizado fora do organismo. estrutura, composição e processamento, benéficas em
Quanto à sua interação com os tecidos adja- algumas situações, porém com possíveis limitações em
centes, podemos distinguir os materiais biotoleráveis outras condições específicas. Estas limitações torna-
como os que provocam uma reação orgânica de ram-se patentes com a realização da artroplastia em
encapsulamento fibroso, onde pode se notar a pacientes mais jovens, nos quais as situações de maior
presença de numerosos macrófagos e células solicitação funcional e maior tempo em serviço dos
fagocitárias, que dominam o quadro histológico; os implantes são requeridas.
bioinertes que têm uma interação biológica mínima A evolução tecnológica, desde a década de 60,
com os tecidos adjacentes e assim a presença do permitiu a introdução de novos materiais e modelos
encapsulamento fibroso é, muitas vezes, bastante protéticos, que aliados aos refinamentos da técnica
reduzida; os materiais bioativos que interagem cirúrgica buscavam maior longevidade da reconstrução
ativamente com o organismo incorporando-se aos articular protética. Embora grandes progressos tenham
tecidos adjacentes sem a formação de membrana de sido observados, como os conceitos de fixação bioló-
interface, através de verdadeiras ligações químicas; e gica e de superfícies articulares alternativas, muitas
os materiais bioabsorvíveis ou reabsorvíveis que, após inovações, longe de representar avanços, resultaram
um tempo variável em serviço, são degradados, em falhas precoces e resultados desalentadores. Tais
solubilizados ou fagocitados pelo organismo. insucessos foram ocasionados, em grande parte, pela
Especificamente na área ortopédica, os não compreensão da cinemática e da biomecânica
biomateriais foram responsáveis pelo grande avanço na articular, assim como pelo restrito conhecimento dos
cirurgia reconstrutora das articulações. Se considerar- mecanismos de falhas in vivo dos implantes e de suas
mos a substituição articular protética do quadril, os implicações na concepção e utilização racional de
implantes utilizados neste procedimento devem supor- novos modelos protéticos e biomateriais.
II. BIOMATERIAIS UTILIZADOS EM
SUBSTITUIÇÕES ARTICULARES PROTÉTICAS
B4. Compósitos
Metal/Metal* 0.40
Art. Sinovial s/ Lubrificação 0.20
Metal/PE Convencional 0.10
Cerâmica/Metal 0.05
Fig.13.20. Regimes de lubrificação da articulação sinovial. (A) O
Cerâmica/Cerâmica** 0.04 regime hidrostático ocorre durante o suporte de carga sem
Art. Sinovial c/ Lubrificação 0.005- 0.02 movimento significativo, enquanto o hidrodinâmico (B) aumenta
com a velocidade entre as superfícies. (C) Quando o carregamento
*Liga de Cromo-Cobalto. PE: Polietileno tende a aproximar as superfícies articulares, as tribonectinas tem um
** Alumina (Al2O3)
papel importante na lubrificação marginal ou de superfície.
Lubrificação: Para que o atrito seja diminuído é impor-
tante que não haja contato direto entre as superfícies Quando substituímos a articulação natural pela
articulares durante o movimento e o suporte de carga, articulação protética, devemos reconhecer algumas
papel este que pode ser exercido pela interposição de desvantagens principalmente no que diz respeito à
um filme líquido. lubrificação. Primeiramente a fenda articular
(clearance) deve ser o suficiente para permitir a Desgaste: A conseqüência inevitável do movimento
formação de um filme fluido que impeça o contato entre duas superfícies opostas é a remoção de material
direto entre as superfícies, e assim possa proporcionar devido à ação mecânica (desgaste), que pode gerar
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uma lubrificação hidrodinâmica . milhares de partículas nos tecidos adjacentes a cada
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Neste caso a espessura do filme fluido deve ciclo de marcha .
ser maior que a rugosidade das superfícies. Contudo, Na articulação protética o desgaste é
quando a espessura do filme é menor que a altura da determinado por diferentes mecanismos, em função do
rugosidade e o contato direto é inevitável, a presença atrito, da lubrificação e do meio adjacente.
das tribonectinas adsorvidas pelas superfícies protéti-
cas pode diminuir o atrito, pela baixa resistência destas
proteínas ao cisalhamento
Entre as superfícies protéticas o regime de
lubrificação pode ser hidrodinâmico, marginal ou misto
(intermediário entre os 2 regimes citados), na depen-
dência da espessura do filme fluido. Esta espessura,
que depende não só das propriedades dos biomateriais
constituintes do par tribológico, mas também de seu
design e tecnologia de fabricação, pode ser expressa
em função da viscosidade do liquido, da velocidade
relativa entre as superfícies e de sua rugosidade.
O simples fato de umedecer a superfície protética
pode diminuir o atrito, e assim materiais que permitam
um maior molhamento (medido pelo ângulo de contato)
de sua superfície têm melhor desempenho tribológico,
como a cerâmica, pois a maior dispersão do liquido
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promove melhor lubrificação (Fig.13.21A,B) . Fig.13.22. Regimes de lubrificação de superfícies articulares
protéticas. (A) Materiais mais rígidos não se deformam com o
carregamento, permitindo o contato polar, e assim que se man-
tenha uma fenda articular adequada (setas brancas) à lubrificação
hidrodinâmica. (B): Materiais mais dúcteis e elásticos (como o
polietileno) permitem a deformação que ocasiona um contato
equatorial, sem fenda articular. (Fonte Gomes, LSM25 Modificado de
Mischler26 )
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