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ALGUMAS ORIENTAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRABALHOS

ACADÊMICOS

Tipos de ensaio:
1- Empírico- faz coleta de dados, estima modelos e faz inferências estatísticas a
partir de levantamentos de dados. Há também aqui os experimentos e
desenvolvimentos (teóricos), com forte conotação empírica, ou seja, inferências
(teóricas) oriundas dos dados e não da lógica
2- Teórico- são os desenvolvimentos de teorias, tratamentos abstratos, modelos e
padrões. Discutem validade e aplicabilidade de teorias, pressupostos, nível de
abstração, metodologias, problemas de adequação, etc. Sua principal
característica, ainda que não seja única, é a estrutura lógica embutida, a dialética
entrelaçada do texto e a filosofia implícita
3- Analítico- são produções rigorosas, em geral, com uma forte posição ideológica
latente ou não mencionada, a qual não raro induz o leitor a pensar que tudo o
autor diz é inteiramente verdade
4- Descritivo ou histórico- casos narrativos em que se tomam alguns dados,
modelos, comportamento ou outro elemento e se discute sobre eles.

Como iniciar o escrito de um ensaio?


Munido dos textos básicos e/ou fichas, resumos, resenhas sobre a temática a ser
abordada, além de dicionário, estabeleça mentalmente (e depois no papel) o que
pretende escrever, a quem se destina o que quer dizer, como gostaria de tratar o
problema naquele espaço textual, que brechas visualiza e cujo teor seria relevante
(istoé, identificação do problema na problemática), e qual o grau de profundidade e
abrangência do que tem a ser dito.

Como e por onde começar:


Algumas perguntas que devem ser feitas a si mesmo antes de escrever sobre um
tema:
 O que eu conheço deste assunto?
 Meu conhecimento vai além do lugar-comum ou todos só sabem o que eu sei
sobre isso?
 O que eu teria de novo para dizer sobre isto?
 Para que ou para quem estou escrevendo?
 Qual o objetivo deste trabalho escrito?
 Que “tom” deverei dar ao trabalho?
 Que pontos considero fundamentais, a partir dos objetivos estabelecidos, da
temática, dos possíveis leitores?
 Como poderei expor e articular tais pontos, de forma a construir um texto
inteligível e instigante?

Escrevendo o texto:
 Escreva tudo que lhe venha à mente sobre o tema.
 Liste as palavras, termos, idéias que gostaria que estivessem contidas no ensaio
 Se possível, vá estabelecendo o roteiro, ou o desenvolvimento do ensaio
 Vá relendo e sempre acrescentando pontos que ficaram de fora
 Refaça quantas vezes forem necessárias, reorganizando, agrupando os tópicos
que devam ser tratados conjuntamente, de acordo com os critérios que
estabelecer como mais pertinentes: cronologia, relações teóricas, conexões de
qualquer ordem
 À medida que for reestruturando, vá priorizando os assuntos, hipóteses,
alternativas de trabalho, dados, sugestões, fatos, citações, datas, figuras,
tabelas, referências, enfim, tudo o que possa contribuir para o desdobramento do
texto em escrita.
 Em seguida, comece a escrever o contexto da problemática escolhida e o que
constitui o problema de que vai tratar.
 Informe ao leitor da importância do problema, a quem atinge, o que causa, suas
conseqüências, como o estão identificando, que apanágios e ideologias têm sido
utilizados para encobri-lo, entre outros aspectos.
 Diga ao leitor a maneira como irá abordá-lo e o porquê da escolha dessa
abordagem.

Sugestão de roteiro:
 Identifique claramente suas idéias
 Escreva apenas uma idéia em cada frase. Use frases curtas, diretas e objetivas
 Estabeleça com clareza o ponto (idéia mestra ou diretriz) que vai defender
 Evite colocar sentimentos e quaisquer outros elementos que tornem o texto muito
pessoal
 Faça um encadeamento lógico de seu raciocínio
 Faça com que seu texto convirja para os pontos que mencionou
 Conclua o que estabeleceu com argumentos, dados e informações que usou
 Se achar estritamente necessário, ornamente algumas frases, ou use apostos,
mas mantenha o conteúdo com coerência, clareza e objetividade
 Tenha sempre em mente que o estilo é todo seu, mas a lógica é universal
 Ao longo do texto, mantenha uniformidade nos tempos dos verbos, nos
tamanhos das frases, na forma de abordar e colocar as idéias e
 Em nenhum texto científico use gírias sob qualquer pretexto. Você, naturalmente,
poderá citá-las, mas não deverá fazer uso delas.
 Naturalmente, de acordo com o tom escolhido ou seu estilo, você poderá tornar o
texto irônico, difícil, panfletário, cheio de analogias, de palalelismos, de ênfases
no não-convencional e assim por diante. Essa troca de ordem do que é ortodoxo
pode dar mais vida ao seu texto do que você efetivamente pode perceber.
 Para cada parágrafo, desenvolva uma seqüência de idéias correlacionadas e
logicamente estruturada. Procure ordenar (ascendente ou descendentemente) as
idéias mais importantes. Junte todas as idéias necessárias e menos importantes
que estejam soltas. Coloque sempre na primeira frase do parágrafo a idéia
mestra da qual as outras são seqüências. Procure dar consistência ao texto
observando a seqüência de pensamentos, a cronologia, o nível de abstração e a
dificuldade de se trabalhar com termos e/ou expressões novas para o leitor que
não conhece o assunto. Evite pesar muito o texto

Delineando a problemática e o problema:


Segundo Carmo-Neto(1996), a problemática é o contexto em que o problema será
estudado, o ambiente em que se desenvolve ou se desencadeia e problema é o
foco descrito pelo teor da problemática, o cerne da questão a ser estudada. Ou seja,
o problema é o objeto e a problemática o suporte ou amparo de objeto.
A problemática coloca o problema formulado dentro de seu devido contexto. Numa
mesma problemática, poderão ser levantados ou abordados diversos problemas,
mas é importante que seja identificado aquele ou aqueles que será (ou serão)
enfocado(s) no ensaio em elaboração.
Após a descrição ou a caracterização da problemática, que geralmente constitui a
própria introdução do texto, deve-se delimitar o foco central da discussão, o objeto
do estudo, o problema a ser resolvido ou simplesmente discutido.
Justificando a escolha
A justificativa, segundo Carmo-Neto(op. cit.), expressa a razão da existência do
ensaio, para que ele foi escrito. É a justificativa do autor – “porque gosta do tema,
porque o professor pediu que ele fizesse o trabalho, porque é um ensaio sem
propósito determinado, porque é apenas para aprender a fazer monografia, e assim
por diante”. A justificativa da relevância do ensaio representa quanto o autor percebe
de implicações de seu trabalho entre os demais existentes.

Como todo e qualquer texto dissertativo, o ensaio constatará de:


Introdução - que poderá englobar a caracterização da problemática, a justificativa e
a delimitação do problema ou foco básico.
Desenvolvimento - quando ocorre a discussão em torno do problema, utilizando-se
para isso o suporte teórico, articulando as discussões dos autores lidos com os seus
próprios “achados” e
Conclusão - ou considerações finais, enfim, as reflexões mais importantes que a
discussão suscitou no(a) autor(a) do texto, podendo envolver algumas proposições.

CARMO - NETO, Dionísio. Metodologia Científica para principiantes. 3a ed.


Salvador: American World University Press, 1996.

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