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Narrativas escritas de professores em formação:

desvendando emoções e motivações para ensinar a


língua inglesa

ÁKILA J. ARRUDA ARCANJO


(PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS – Linguística Aplicada – UFV)
Agosto - 2018
ROTEIRO DE APRESENTAÇÃO:
✓ Introdução;

✓ O que nos contam os estudiosos: narrativas,


emoções e motivações de professores de
inglês;

✓ Objetivos do estudo;

✓ Desvendando as narrativas:
- metodologia, resultados parciais e próximos
passos;

✓ Considerações finais.
USO DE NARRATIVAS EM PESQUISAS
Anos 90 – pesquisas sobre NARRATIVAS:
formação inicial e continuada de
professores: • Como abordagem: prática emancipadora de formação
Destaque para o professor e sua de professores – espaço para a construção de
prática; autoconhecimento e de conhecimento sobre sua
prática – professores agenciadores de suas próprias
NARRATIVAS: transformações (TELLES, 2002);
- crescem no Brasil e no • Como instrumento:
mundo: - possibilitam a compreensão e ressignificação das
=> instrumento e abordagem práticas pedagógicas adotadas (DUTRA E MELLO, 2004);
para análise de diferentes - oportunizam o crescimento pessoal e o
aspectos que perpassam o desenvolvimento profissional (reflexão e atribuição de
processo de ensino e de significado àquilo que foi dito, ao que não foi dito e ao
que não foi vivido. (NIAS, 1996).
aprendizagem de línguas.
(BARCELOS, 2006).
EMOÇÕES E MOTIVAÇÃO:
✓ Investigação das emoções e motivação dos futuros professores de inglês:
- colabora na promoção de um ensino de línguas de qualidade. (HARGREAVES, 2000; ZEMBYLAS, 2005; ARAGÃO, 2011;
CANDIDO RIBEIRO, 2012; BIER, 2014; WATT e RICHARDSON, 2015; HAN e YIN, 2016; HARGREAVES, 1998; DÖRNYEI e USHIODA, 2011)

✓O estudo da motivação dos professores no contexto de cursos de formação


inicial:
- crucial para que tais cursos possam corroborar mais efetivamente para a formação de
professores de língua inglesa mais motivados para ensinar. (KANEKO-MARQUES e KAWACHI, 2010)

✓O estudo das emoções:


- colabora com a formação de bons professores e de boas práticas de ensino. (HARGREAVES, 2008)
OBJETIVOS:
• Este estudo, em andamento, objetivou:

 investigar as emoções e a motivação para ensinar inglês


de estudantes em fase inicial e final de um curso de Letras;

 verificar a possível relação entre suas emoções e


motivação;

 e o modo como o curso de Letras tem (ou não) afetado


esses aspectos ao longo da formação que estão recebendo.
METODOLOGIA:
• Pesquisa Qualitativa:
- “O pesquisador constrói uma fotografia complexa e holística, analisa palavras, recorre a pontos
de vistas detalhados dos informantes e conduz a pesquisa em um ambiente natural.”
(CRESWELL, 2007, p. 15)

• Participantes:
- Alunos em fase final – matriculados, inicialmente, na disciplina de Estágio de Inglês I;
- Total de narrativas: 17
- Analisadas: 6
METODOLOGIA: ESCOLHA DOS PARTICIPANTES
PARTICIPANTE: DESEJO DE SER PROFESSOR AO INGRESSAR:

LUA EM DÚVIDA

MAYCON EM DÚVIDA

CECÍLIA NÃO DESEJAVA

HADASSA NÃO DESEJAVA

JOHN DESEJAVA

ARYA DESEJAVA
METODOLOGIA: A NARRATIVA ESCRITA
• As narrativas escritas:
=> Solicitadas na primeira aula da disciplina de Estágio I; utilizadas como uma das
atividades avaliativas da disciplina.

=> Temáticas centrais do roteiro da narrativa:


- as experiências de aprendizagem de língua inglesa;
- o processo de escolha do curso de Letras;
- e as experiências vivenciadas ao longo da formação.

=> Narrativas analisadas: 6


A ANÁLISE DOS DADOS:
- Seguiu os padrões da pesquisa qualitativa (HOLLIDAY, 2002, PATTON, 2002).
 Leitura geral e holística dos dados: Identificar unidades significativas referentes às
emoções e motivações dos participantes, e o modo como o curso de Letras têm
influenciado ou não nesses aspectos;
 Formação de categorias semelhantes: Agrupar as unidades significativas; Revisar várias
vezes para veracidade e confiabilidade (PATTON, 2002);
 Comparação/Relação dos dados para implicações sobre as emoções, motivações e
formação no curso de Letras, dos participantes.
AS NARRATIVAS:
DESVENDANDO-AS...
MOTIVAÇÕES INICIAS:
PARTICIPANTE: MOTIVAÇÃO:
➢ Paixão pela língua inglesa e por
Maycon Tinha paixão pela língua inglesa; gostava de ler e
escrever. línguas (4);
Arya Gostava de ler e escrever; tinha interesse por
línguas; influência familiar (mãe professora); ➢ Gosto por ler e escrever
influência da professora da escola.
Cecília Gosto pela disciplina de Português (Literatura) – (disciplina escolar – Português)
somado ao interesse por cinema.
(4);
John Gosto pela língua inglesa.
Lua Gosto por línguas; influência familiar (vários ➢ Influência de professores e
familiares professores).
Hadassa Gosto pela disciplina de Português. familiares (2).
EMOÇÕES INICIAS:
PARTICIPANTE: EMOÇÕES:
Maycon _________

Arya Receio, medo, ansiedade.


➢ Receio;
➢ Medo;
Cecília Desdém pela profissão.
➢ Ansiedade;
John _________
➢ Vergonha;
Lua _________
➢ Desdém pela profissão.
Hadassa Vergonha.
O processo da motivação – curso de Letras
MOTIVAÇÕES INICIAIS:

Paixão pela língua inglesa e por MOTIVAÇÕES ATUAIS:


línguas ➢ DESEJO DE COMPARTILHAR
CONHECIMENTO
Gostar de ler e escrever/ Gostar da
➢ DESEJO DE SER EXEMPLO E DE FAZER A
língua portuguesa DIFERENÇA

Influência familiar e de professores


O processo da motivação – curso de Letras
MOTIVAÇÕES ATUAIS:
➢ DESEJO DE COMPARTILHAR CONHECIMENTO:

“O meu desejo de repassar conhecimento não vai me deixar quieta até que eu abrace e siga o
caminho da docência.” (Arya)

“O capital cultural da língua se tornou quem eu sou e eu espero que eu seja capaz de
compartilhá-lo com meus futuros alunos”. (Cecília)

“Eu sinto a mesma satisfação quando aprendo algo novo e quando consigo ensinar algo novo
para alguém. Descobri-me como professora.” (Hadassa)
O processo da motivação – curso de Letras
MOTIVAÇÕES ATUAIS:

➢ DESEJO DE SER EXEMPLO E DE FAZER A DIFERENÇA:

“Quero ser um exemplo para outras pessoas, professores e alunos. (...) Quero realmente
passar por isso e fazer a diferença (...).” (Lua)
O processo da motivação – curso de Letras
PARTICIPANTE: DESEJO DE SER PROFESSOR
AO INGRESSAR: Aumento e surgimento da motivação:
• MAYCON:
LUA EM DÚVIDA

MAYCON EM DÚVIDA “I feel that I am in the right course now.”


CECÍLIA NÃO DESEJAVA
• HADASSA:
HADASSA NÃO DESEJAVA

JOHN DESEJAVA “Eu não pretendia ser professora, mas


hoje eu me vejo como professora (...)”
ARYA DESEJAVA
O processo da emoção – curso de Letras
EMOÇÃO INICIAL: EMOÇÃO ATUAL:
Receio, medo, ansiedade ➢ Tranquilidade:
(Arya) “ Hoje, estando no sétimo período, posso dizer que me sinto tranquila nas aulas
(...) totalmente diferente da ansiedade que eu sentia nos primeiros anos”

Desdém ➢ Amor:
(Cecília) “O início do curso foi marcado pela surpresa de descobrir que era uma
licenciatura (...). O choque foi grande, mas decidi continuar e abrir meus
horizontes em relação a me tornar professora. Desde então meu relacionamento
com o curso tendeu a ir do ódio para o amor.”

Vergonha ➢ Conforto – confiança/segurança – gosto/prazer


(Hadassa) “Sinto-me confortável nas aulas relacionadas ao inglês (....) Senti-me muito
confortável lecionando o inglês, eu sabia todo o conteúdo e isso me fez sentir
confiante. (....) eu gosto de dar aulas.”
Emoção, motivação e o curso de Letras – como se conectam?
➢ Curso de Letras - através das disciplinas e das oportunidades de prática que oferece,
tem influenciado positivamente as emoções e a motivação dos participantes para
ensinar a língua inglesa.
Até o ano passado, nunca havia tido a oportunidade de entrar
No meu primeiro período, a ideia de ser professora não em uma sala de aula, agora sinto que é algo que gosto de fazer,
era muito agradável para mim e eu me focava em tirar o mas não tenho certeza se de fato é a minha vocação. O curso me
máximo possível de outras áreas do curso a fim utilizar tais ajudou muito a me descobrir e a me desafiar. Para quem não
matérias quando eu mudasse de universidade. Este plano conseguia falar em público, agora consigo entrar em uma sala
nunca se realizou porque comecei, no meu segundo de aula e, naturalmente, dar uma aula de duas horas de
período, a ter uma experiência com a sala de aula em um
Português para Estrangeiros, o que me ajudou não só a construir
projeto voluntário com o ensino de português. (...). Fazer
um identidade quanto uma futura profissional, mas também
parte deste voluntariado me fez perceber o peso político
como indivíduo. (...) Hoje, estando no sétimo período, posso
de ser professora e como a linguagem é responsável pela
tentativa de estabelecer uma equidade social no contexto dizer que me sinto tranquila nas aulas de Inglês, e gosto de estar
do aluno. Esse meu sentimento foi alimentado pelas em contato com a Língua, totalmente diferente da ansiedade
matérias relacionadas com a pedagogia (as famosas EDUs) que eu sentia nos primeiros anos, além de achar que tanto as
e as aulas de metodologia do ensino da língua inglesa. matérias quanto os professores tem muito a acrescentar na
(Cecília) minha bagagem universitária e de vida. (Arya)
Caminhos a percorrer...
✓ Finalizar a análise inicial dos dados
(outros instrumentos);

✓ Realizar uma segunda análise para


verificação, revisão e possível
reagrupamento das categorias;

✓ Realizar a comparação entre os dois


contextos (alunos em fase inicial x
alunos em fase final);

✓ Aprofundar e ampliar a leitura dos


pressupostos teóricos;

✓ Finalizar a escrita da dissertação.


akila.trabalhos@gmail.com
REFERÊNCIAS:
ARAGÃO, R. C. Emoção no ensino/aprendizagem de línguas. In.: MASTRELLA-de-ANDRADE,
M. R. (Org.). Afetividade e emoções no ensino/aprendizagem de línguas: múltiplos olhares.
Coleção: Novas Perspectivas em Linguística Aplicada. Vol. 18. Campinas, SP: Pontes Editores,
2011. p. 163-189.

BARCELOS, Ana Maria Ferreira. Narrativas, crenças e experiências de aprender inglês.


Linguagem & Ensino, v.9, n.2, p.145-175, jul./dez. 2006.

BIER, A. (2014), “The Motivation of Second/Foreign Language Teachers: A Review of the


Literature”. in EDUCAZIONE LINGUISTICA LANGUAGE EDUCATION, vol. 3, 2014, pp. 505-521
(ISSN 2280-6792) (Articolo su rivista) Link DOI Link al documento: 10278/3644343

CANDIDO RIBEIRO, D. Estados Afetivos de Professoras de Língua Inglesa Em Formação


Inicial. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos). Faculdade de Letras. Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa, 2012.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto


Alegre: Artmed, 2007.

DÖRNYEI, Z. and USHIODA, E. Teaching and researching motivation. 2nd ed. Harlow,
England: Pearson Education Limited, 2011. xiii, 326 p.

DUTRA, D. P. e MELLO, H. A prática reflexiva na formação inicial e continuada de professores


de língua inglesa. In: ABRAHÃO, Maria Heloísa Vieira (Org.) Prática de ensino de língua
estrangeira: experiências e reflexões. Campinas, SP: Pontes Editores, Arte Língua. 2004, p.
29 – 50.

HOLLIDAY, A. Doing and writing qualitative research. London: SAGE Publications, 2002. 211p.
REFERÊNCIAS:

HAN, J.; YIN, H. Teacher motivation: Definition, research development and implications for
teachers. Cogent Education Journal. v. 3, Iss. 1, 2016. Retrieved from:
http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/2331186X.2016.1217819?needAccess=true.
Acesso em: Julho de 2016.

HARGREAVES, A. The emotional practice of teaching. Teaching and teacher education. v. 14,
n. 8, p. 835-854, 1998.

HARGREAVES, A. Mixed emotions: teachers' perceptions of their interactions with students.


Teaching and teacher education. v. 16, p. 811-826, 2000.

KANEKO-MARQUES, S. M.; KAWACHI, C. J. Variantes motivacionais de professores de língua


inglesa em um curso de formação inicial. Linguagem & Ensino, Pelotas, v. 13, n. 2, p. 467-
494, julho/dezembro 2010.

PATTON, M. Q. Qualitative research & evaluation methods. 3rd ed. Thousand Oaks: SAGE
Publications, 2002. 130p.

TELLES, J.A. A trajetória narrativa. In: GIMENEZ, T. (Org.). Trajetórias na Formação do


Professor de Línguas. Londrina: Editora da Universidade Estadual de Londrina, 2002a.

NIAS, J. (1996) Thinking about feeling: The emotions in teaching. Cambridge Journal of
Education, 26, 293–306.

WATT, H. M. G. & RICHARDSON, P. W. (2015). Teacher motivation. International encyclopedia


of the social and behavioral sciences, 2nd ed (pp. 64-71). San Francisco: Elsevier.
doi:10.1016/B978-0-08-097086-8.26082-0

ZEMBYLAS, M. Discursive practice, genealogies, and emotional rules: a poststructuralist view


on emotion and identity in teaching. Teaching and teacher education. v. 21, p. 935-948,
2005.

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