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Aspectos intersubjetivos nos adoecimentos neuróticos

Marion Minerbo

Como sabemos, a psicanálise nasceu com o estudo das neuroses. Com o


abandono da teoria da sedução, o lugar reservado ao objeto no adoecimento neurótico
foi substituído pela sexualidade infantil. Depois disso Freud passou a explicar o
funcionamento psíquico normal e patológico principalmente a partir de suas fontes
corporais endógenas: pulsão e defesas.

As duas gerações seguintes – Ferenczi, Klein, Fairbairn, Balint, Winnicott, Bion,


Kohut – incluíram decisivamente o objeto enquanto outro sujeito na constituição do
aparelho psíquico normal e patológico. Nas palavras de Balint, era a passagem da one-
body psychology para a two-body psychology. A teoria das relações de objeto se
desenvolveu com grande vigor na psicanálise anglófona1, e nos grupos psicanalíticos
que sofreram sua influência, como é o caso da SBPSP. A intersubjetividade se firmou na
cena teórico-clínica, enquanto o intrapsíquico perdia espaço provisoriamente.

Coube a Green o trabalho de articular o melhor da psicanálise anglófona, que


privilegia o intersubjetivo, mas tende a deixar em segundo plano o trabalho psíquico
exigido pela pulsão, com o melhor da psicanálise francófona, que privilegia o
intrapsíquico, mas tende a deixar em segundo plano o trabalho psíquico realizado – mas,
como veremos, também imposto – pelo objeto. Ele propôs o sistema pulsão-objeto
como novo paradigma2.

Nos últimos 60 ou 70 anos havia uma urgência perfeitamente justificada em


aprofundar a compreensão do sofrimento não neurótico. Com isso, o estudo do
sofrimento neurótico perdeu espaço. Hoje em dia, falar da neurose soa antiquado, fora
de moda. Mas isto é um problema, já que, como sabemos desde Bion, núcleos
neuróticos e não neuróticos estão presentes e atuantes em todos os pacientes. O
argumento de que a neurose despareceu dos consultórios não corresponde à minha
experiência, e mais parece uma racionalização. Acredito que o estudo da neurose perdeu
espaço por dois outros motivos.
1 Na década de 50 havia uma exceção na França: Bouvet leu esses autores e escreveu um livro sobre a
relação de objeto; a informação é relevante porque Green foi analisado por ele.

2 Em seu livro de 2002, “Idées directrices pour une psychanalyse contemporaine”, Green dá uma visão
de conjunto de suas ideias.
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O primeiro é que a escuta da sexualidade e das questões psíquicas mais tardias


foi sendo preterida, ou mesmo perdida, em favor da escuta do primitivo.

O segundo motivo é que a teoria sobre a neurose está, de fato, desatualizada. Ela
continua a ser pensada quase que exclusivamente em termos intrapsíquicos: pulsão,
conflito, angústia, recalque, etc. Mesmo quando a teoria relaciona a neurose ao fracasso
na travessia edipiana, não há um espaço claro para se pensar de que maneira a
subjetividade do objeto poderia favorecer, ou prejudicar, essa travessia. Nem como o
inconsciente do objeto poderia participar na produção dos pontos de fixação, aos quais o
sujeito regride em função do bloqueio edipiano.

Para o psicanalista que se acostumou a trabalhar com a intersubjetividade, é


evidente que, se o objeto do desejo edípico é um outro-sujeito, ele irá interagir com as
demandas pulsionais da criança a partir de suas próprias fantasias de desejo
inconscientes.

Para reinserir a teoria geral das neuroses na psicanálise contemporânea, ela


precisa ser repensada levando em conta o par pulsão-objeto. Afinal: o que a neurose
deve à sexualidade infantil, e o que ela deve à sexualidade do objeto? 3 Quais são as
características do campo intersubjetivo que produzem o adoecimento neurótico? E como
isso repercute no trabalho analítico? Nos 25 minutos que me restam vou apresentar as
linhas gerais das ideias que desenvolvi em um texto ainda inédito.

Para começar, vou retomar a questão do recalque.

Como sabemos, o recalque elimina da consciência representações do desejo


intoleráveis que produzem conflito e angústia. Mas por que são intoleráveis? Para
Freud, ou o desejo é excessivo e ameaça a autoconservação, e/ou a censura é excessiva
e ameaça com a castração. Considerando o par pulsão-objeto, proponho uma hipótese
complementar sobre por que certas representações do desejo são intoleráveis e precisam
ser recalcadas.

Quando a criança descobre que não é a fonte de sua própria satisfação, passa a
exigir que o objeto lhe proporcione a gratificação absoluta. Em resposta a tais demandas
desmesuradas, o adulto precisa dar respostas adequadas, isto é, que contribuem para

3 Laplanche (1987) foi o primeiro a falar de como os significantes enigmáticos ligados à sexualidade
inconsciente dos pais entram tanto na constituição normal do psiquismo quanto na psicopatologia.
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apaziguar a excitação infantil. Essa é a condição para que a criança consiga encontrar
saídas simbólicas para aquilo que desejaria realizar em ato. Esses aspectos da
sexualidade infantil podem então ser integrados, e fazer parte de forma harmoniosa da
vida erótica do adulto.

Mas algumas dessas exigências pulsionais irão mobilizar aspectos inconscientes


da sexualidade parental. Não vamos nos esquecer que o adulto, que é um outro-sujeito,
tem aspectos de sua própria sexualidade que não foram suficientemente elaborados e
integrados na relação com a geração anterior. Por isso, ele pode responder às demandas
pulsionais da criança atuando seus próprios elementos recalcados. Ele irá repudiar
aspectos da sexualidade infantil que o angustiam, e requisitar outros que o gratificam.

Ora, isso não apenas gratifica a criança, como a excita ainda mais. A fome da
criança se junta com a vontade de comer do adulto, e vice-versa. Instala-se uma situação
de gratificação recíproca e complementar que tende ao paroxismo. Qualquer que seja a
natureza da gratificação, e qualquer que seja o genitor, o desejo da criança fica
capturado na sexualidade do adulto. Esta é, a meu ver, a dinâmica intersubjetiva que
chamamos de incesto.

O problema é que, ao contrário do adulto, a criança não tem meios para


descarregar toda a excitação que vai sendo gerada nesse campo intersubjetivo.
Tampouco tem autonomia para sair dele. Por isso ela se vê ameaçada de desorganização
somatopsíquica, entre a loucura e a morte. É uma experiência traumática 4. Compreende-
se, então, por que o incesto é tão desejado como temido.

Na releitura que estou propondo, a angústia que leva ao recalque tem a ver com
o caráter desorganizador do excesso de excitação gerado em uma situação intersubjetiva
incestuosa. Sendo assim, o recalque incide sobre representações do desejo que não são
só da criança, como pensava Freud. Nem só do adulto, como propõe Laplanche com a
noção de significantes enigmáticos. O recalque incide sobre o amálgama formado por
representações do desejo que se originam no campo intersubjetivo constituído por

4 Roussillon (1999) diferencia trauma primário e secundário. O primeiro leva ao funcionamento psicótico
porque impede a simbolização primária, isto é, a transformação dos traços mnésicos da experiência, em
representações-coisa. O segundo produz o sofrimento neurótico porque prejudica a simbolização
secundária, que é a transformação de representações-coisa em representações de palavra. Mas é
importante sublinhar que a situação subjetiva ligada ao traumatismo secundário foi vivida, foi
representada e secundariamente recalcada.
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elementos da sexualidade inconsciente da criança e dos pais. Essas são, a meu ver, as
representações intoleráveis de que falava Freud.

O recalque das representações da experiência traumática vivida no campo


intersubjetivo incestuoso fixa uma forma de gratificação particular, a que chamamos
desejo. São os pontos de fixação: formas do desejo em que a pulsão tem uma fonte, um
objeto e um objetivo fixos, nos quais podemos, e devemos reconhecer as marcas
deixadas pela sexualidade do adulto. Infelizmente, essas formas fixas de gratificação
são fonte de conflito, pois podem levar à reprodução da situação traumática.

Um exemplo nos ajudará a compreender como o par pulsão-objeto participa da


constituição do ponto de fixação oral.

Uma analisanda é louca por doces, especialmente bolos. A excitação erótica é


tamanha que adoraria poder comer um bolo inteiro, em vez de apenas uma fatia. É o que
chamaríamos de gulosa. Ao mesmo tempo, ela tem horror de pessoas que simplesmente
comem tudo o que querem e se tornam obesos mórbidos. Por outro lado, acha estranho
quem faz dietas radicais sem lactose, sem glúten, sem isso e sem aquilo. Para ela, essas
pessoas fizeram uma espécie de voto de castidade. Gostaria de ser como uma amiga,
que não é nem gorda, nem magra, come com prazer, mas se cuida.

Para a escuta analítica, esse material se refere a conflitos e atuações que


decorrem da impossibilidade de integrar o erotismo oral. Mas, por que ela não consegue
integrar o erotismo oral? A resposta clássica é: porque é excessivo. Mas por que é
excessivo? A resposta clássica diz que a voracidade é constitucional. O problema dessas
duas respostas é que não incluem a sexualidade do objeto na constituição do ponto de
fixação.

À medida que o trabalho prossegue, descobrimos que a analisanda não gosta só


de comer bolos. Adora fazer bolos. Suas melhores recordações de infância são tardes em
que ela e a mãe faziam bolo juntas no aconchego da cozinha. Aliás, a tia e a avó também
adoram fazer bolo. Deu de presente de Natal uma batedeira nova para cada uma.
Quando estiver de licença-maternidade vai ter bastante tempo para fazer bolo.

Comento que isso parece a “Seita do Bolo”. O bebê já está convidado. Lembro
que ela comentou que a mãe tem medo da vida fora de casa, talvez se sinta protegida no
aconchego da cozinha.
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Ela acrescenta que a vida da mãe se restringe ao trabalho e à casa. Não tem
prazer em sair, em estar com amigos, a relação com o parceiro é pobre. Em
compensação, ser mãe e preparar os aniversários dos filhos são, e sempre foram, os
grandes prazeres da vida dela. Começavam a enrolar os brigadeiros com um mês de
antecedência. Era uma delícia.

A elaboração da situação incestuosa se dá simultaneamente no plano


intrapsíquico e intersubjetivo.

Durante o processo de recordar como ela e a mãe preparavam bolos e


brigadeiros, a analisanda vai se dando conta de como a fome de uma se juntou com a
vontade de comer da outra. É o trabalho intrapsíquico.

A outra parte da elaboração da situação incestuosa se dá no campo intersubjetivo


formado pela transferência e contratransferência. Ela leu textos meus sobre a incidência
do mundo virtual sobre a subjetividade contemporânea. Sabe que me interesso pelo
tema. Ela também. Fala de facebook, blogueiros, youtubers. Critica posições
conservadoras de certos analistas, supondo que eu concorde com ela.

Essas conversas são uma forma de repetição, de agir sobre mim, de me convidar
a “fazer bolo” com ela, excluindo os “analistas conservadores”. Era importante
acompanhá-la discretamente, comentar algo aqui e ali, mas deixando claro que eu não
pretendia criticar meus colegas. A fome dela não encontra minha vontade de comer. Um
dia, volta de viagem muito feliz porque conseguiu se manter na dieta comendo
morangos deliciosos. Escuto isso como a descoberta do prazer possível fora da Seita do
Bolo.

Esse fragmento nos ajuda a entender como a sexualidade da criança é tomada


nas malhas da sexualidade parental. A mãe deseja que a filha deseje fazer bolos com ela.
A filha deseja fazer bolos com a mãe. É uma representação da cena incestuosa. Seus
efeitos, no que diz respeito ao adoecimento neurótico, podem ser sintetizados como se
segue:

Em vez de ajudar a criança a apaziguar sua excitação oral, para que possa ser
integrada, esta mãe excita ainda mais a criança, na medida em que atua questões ligadas
à sua própria sexualidade. Esta, por sua vez, não consegue integrar o erotismo oral para
que se torne uma possibilidade harmoniosa como o da amiga, e precisará recalcá-lo. O
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bolo se transforma na representação do prazer absoluto. Diante de tal idealização, a


renúncia se torna realmente muito penosa. Quando ela puder integrar esses elementos, o
bolo será apenas um bolo, e ela poderá se contentar em comer uma ou duas fatias.

Vimos até aqui como o ponto de fixação oral traz as marcas do campo
intersubjetivo incestuoso no qual se originou. O mesmo vale para o erotismo anal e
fálico. Gostaria agora de abordar a travessia do édipo considerando o par pulsão-objeto.
De que maneira a resposta parental às tentativas da criança de “fazer par” com um dos
genitores, excluindo o outro, favorecem ou dificultam a travessia do Édipo?

Primeiro vamos ver como certas respostas favorecem a travessia do Édipo.

Como sabemos, os limites às tentativas da criança de “fazer par” com um dos


genitores, excluindo o outro, precisam ser colocados com tato e sensibilidade, mas de
forma firme e clara. Isso acontece quando os pais elaboraram razoavelmente o próprio
Édipo: 1) a proibição do incesto e a diferença entre as gerações foram suficientemente
integradas; 2) a matriz para relações genuinamente triangulares está bem constituída.

Nessas condições, o casal consegue sobreviver enquanto casal durante as


provações a que será submetido pela criança que atravessa a crise edipiana. Eles
respondem às tentativas de sedução de forma adequada, quer dizer, com uma modulação
suficiente de gratificações e de frustrações, de inclusão e de exclusão da criança. Um
exemplo:

Fui jantar na casa de uns amigos. A filha de 5 anos do anfitrião estava acordada.
Lá pelas tantas ela aparece na sala com batom vermelho na boca. Todos acharam uma
gracinha. Em seguida aparece com os olhos pintados. Todos acharam uma gracinha. Na
sequência, ela vem com a bochecha toda pintada de vermelho, mas aí já era um exagero,
uma caricatura. Gentilmente, o pai lhe disse que agora ela já tinha mostrado como era
bonita, e que estava na hora de ir para cama, pois o jantar era para os adultos.

Percebe-se como a resposta dos adultos amplifica a excitação da criança, e como


o pai consegue, não apenas acalmá-la, mas também fazer valer a diferença entre as
gerações. Se convidasse a menina a se sentar com ele à mesa, ou se, apavorado,
repudiasse as tentativas de sedução da filha, estaria atuando suas próprias questões
edipianas mal integradas.
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O que acontece quando o adulto atua com a criança suas questões edipianas
recalcadas?

O desejo infantil de “fazer par” encontra do lado do adulto, se não uma


“reciprocidade” explícita, pelo menos interdições ambíguas e enigmáticas. Nesse
contexto, a fome de um se junta à vontade de comer do outro. Como vimos, esse campo
intersubjetivo tem características incestuosas. A excitação da criança não tem
possibilidade de descarga e vai ao paroxismo.

O recalque se torna necessário para evitar a desorganização somatopsíquica. Em


vez de encontrar uma saída simbolizante para a crise edipiana – constituição das
identificações, do superego, e da capacidade de sublimação – a sexualidade infantil fica
fixada nesse ponto. Há um bloqueio edipiano, que produz o adoecimento neurótico.

Mas, quais são as representações que serão recalcadas na travessia do Édipo?

Se na organização oral da pulsão, o recalque incidia sobre as representações do


campo intersubjetivo formado pelo erotismo oral da criança e da mãe, aqui, na travessia
do Édipo, estão em jogo os elementos ligados ao erotismo genital de ambos. O recalque
incidirá sobre as representações ligadas à genitalidade, fixando o desejo como desejo de
“fazer par” com um equivalente edipiano: professor, chefe, analista, ou qualquer outra
relação marcada pela assimetria entre as posições.

Isso não seria um problema se a realização do desejo, que se originou no campo


intersubjetivo marcado pela dinâmica incestuosa, não ameaçasse o sujeito de
desorganização somatopsíquica. A cada vez que que a pulsão é ativada, reativam-se
também as representações traumáticas ligadas ao campo em que o desejo se originou. É
por isso que a realização do desejo é sempre conflituosa. O superego intervém para
proteger o ego interditando sua realização. Um novo recalque leva às inibições sexuais
típicas do neurótico.

Repetindo: como o desejo se origina a partir do recalque das representações do


campo intersubjetivo incestuoso, cria-se um impasse. Ou o objeto é um equivalente
edipiano desejado, mas interditado pelo superego, que está lá para proteger o ego. Ou
não é um equivalente edipiano, e não será desejado.

João deseja ardentemente uma mulher muito bonita. Mas nem ousa se aproximar
dela pois, segundo ele, é muita areia para seu caminhãozinho. Simplesmente não é uma
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mulher para o seu bico. Embora ela não ocupe “objetivamente” uma posição
assimétrica, ele a vê como inatingível, isto é, como um equivalente edipiano.

A inibição sexual tem sua razão de ser: em sua fantasia, a relação genital com ela
produziria uma espécie de orgasmo cósmico. O termo descreve a experiência de prazer
excessivo, perigoso e desorganizador, indicando que se trata da realização do desejo
com o equivalente edipiano. O termo “muita areia” nos dá notícias desse excesso, e o
termo “caminhãozinho” não deixa dúvidas quanto à posição infantil que ele ocupa
frente a ela. Por isso o superego tem razão em afirmar que ela “não é para o bico dele”:
de fato, para o neurótico, a mulher que ele deseja sempre representa a mãe, e por isso é
para o bico do pai.

No plano intrapsíquico, o analista precisará ajudar João a reconhecer como a


fome dele se juntou com a vontade de comer de seu objeto. No plano intersubjetivo, ele
não atuará sua própria vontade de comer, rompendo o ciclo da excitação excessiva que
era mantido pela gratificação incestuosa. O desejo sexual apaziguado pode ser integrado
de forma harmoniosa. O recalque deixa de ser necessário, a mulher bonita deixa de ser
vivida como um equivalente edipiano e se torna uma mulher possível. O orgasmo passa
a ser apenas um orgasmo. A vantagem dessa desidealização é que ele não ameaça o
sujeito de dissolução definitiva, nem gera um montante de angústia que convoque a
intervenção radical do superego.

Para finalizar, retomo as questões iniciais. O que a neurose deve à sexualidade


infantil, e o que ela deve à sexualidade do objeto? Como a intersubjetividade intervém
no adoecimento neurótico?

 A criança que descobriu a separação sujeito-objeto dirige suas demandas


pulsionais ao objeto, o que mobiliza sua sexualidade inconsciente e pode
levá-lo a responder com atuações.
 Essas atuações são sedutoras e excitam ainda mais a criança, que vai
fazer demandas ainda mais sedutoras ao adulto.
 Cria-se um campo intersubjetivo incestuoso, que leva a excitação da
criança ao paroxismo, ameaçando a integridade somatopsíquica. A
angústia terá de ser apaziguada mediante o recalque primário.
 Este fixa uma forma para o desejo que será sempre fonte de conflitos,
pois se origina tanto das representações do campo intersubjetivo
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incestuoso, quanto da angústia ligada ao excesso de excitação produzido


nesse campo.
 A cada vez que que a pulsão é ativada, reativam-se as representações
traumáticas e a angústia aflora. O superego intervém interditando a
realização do desejo para proteger o ego. O recalque secundário alivia a
angústia, mas produz as inibições e sintomas que caracterizam o
sofrimento neurótico.

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