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Dicas para Concursos
Dicas para Concursos
Guilherme Raicoski
Comentário iniciais
Guilherme Raicoski
Dezembro de 2013
Impressões gerais sobre estratégias de planejamento de estudos
Parece algo óbvio, mas não é. No meu primeiro ano e meio de preparação, não
seria exagero afirmar que não olhei nenhuma vez o edital e que evitei o guia de estudos
com as melhores respostas da 2a e 3a fase até passar no TPS pela primeira vez. Isso é
algo comum para muitos candidatos, e acredito que seja derivado da grande dependência
que temos dos cursinhos, sobretudo no início da preparação, e da compreensível
preocupação com o TPS em detrimento das demais fases. O grandes nortes de estudo
acabam sendo dois: os cadernos com anotações das aulas e as dicas bibliográficas mais
disseminadas. Ao invés de atentarmos ao que é efetivamente cobrado, sinto que
acabamos viciando a nossa preparação com o retorno frequente a um punhado de obras
e a anotações de aula.
Para mim, foi vantajoso orientar meus estudos a partir do que consta no edital,
estudando cada ponto e partindo para o próximo depois de esgotar o anterior. Cabe,
claro, a exceção para algumas matérias:
- o edital de Português certamente não basta para orientar os estudos, embora não
possa ser ignorado. Nesse caso, o ideal é seguir o manual (ou manuais) de sua
preferência. Durante toda a preparação, usei exclusivamente o manual de Celso Cunha e
Lindsey Cintra1, buscando eventualmente complementações na Internet.
- deve-se considerar que os pontos do edital em PI, Geografia e Economia devem
ser complementados pela questões mais atuais do contexto internacional e brasileiro.
- o edital de Direito dá uma falsa aparência de equilíbrio entre Direito Interno e
Direito Internacional Público, mas é claro pela dinâmica histórica do concurso que direito
interno, apesar de ter alguma relevância no TPS, tem peso muito inferior a DIP na 3a
Estudar por temas, para mim, sempre foi mais produtivo do que estudar por obras ,
por quatro razões.
Em primeiro lugar, é muito raro que uma obra específica inclua todas as variáveis e
visões possíveis a respeito de um determinado tema. E, claro, não são raras as obras
muito ruins e/ou imprecisas.
Em segundo lugar, as diferentes extensões e complexidades das obras fazem com
que a ênfase nas matérias seja desequilibrada. É bastante comum, sobretudo no início da
preparação, que o estudo se concentre em obras consagradas, fato que acaba gerando
uma ênfase excessiva em temas de História do Brasil e questões históricas de Política
Internacional em detrimento dos demais conteúdos, sobretudo línguas. De saída, passa-
se, talvez, duas semanas em um fichamento completo feito a mão do História da Política
Exterior do Brasil, de Amado Cervo e Clodoalbo Bueno, seguida de mais duas semanas
de fichamento da História do Brasil de Boris Fausto, e mais um bom tempo lendo “Os
Donos do Poder” do Raymundo Faoro do início ao fim. Essa é a descrição dos meus
primeiros momentos de preparação: mais de um mês de História do Brasil, e sequer um
minuto para as demais matérias. Isso certamente prejudica o equilíbrio na preparação e o
desempenho nas provas. Ao deixar de estudar uma disciplina por semanas ou uma
matéria por meses, nos desacostumamos com a linguagem específica dessa disciplina e
esquecemos tópicos que já deveriam estar consolidados. Assim, não acredito que o
método de estudo mais eficaz envolva a leitura/fichamento de uma lista de bibliografias
em sequência linear, mas sim subordine as leituras aos temas e matérias em foco em
determinado momento do programa de estudos.
Em terceiro lugar, não sei quanto a vocês, mas eu acho muito cansativo ler obras
densas sem parar, retomando-as dia a dia. Pensem, por exemplo, em Formação
Econômica do Brasil, de Celso Furtado. É uma obra cansativa, com linguagem densa, e
que, na minha opinião, só deve ser lida após se dominar conceitos básicos de micro e de
macroeconomia. O desempenho do estudo do final da obra, para mim, fatalmente era
muito inferior que no início. E, note-se, a segunda metade de Formação Econômica do
Brasil é muito mais relevante que a primeira para o CACD. Lembro também, por exemplo,
de detalhes das primeiras páginas de Era das Revoluções do Eric Hobsbawn, como a
altura de soldados da Pomerânia, mas não de detalhes da Era Napoleônica descritos na
mesma obra. Para mim, rodízio de obras e de temas renova o interesse e adia o cansaço.
Por fim, o estudo por temas permite um ataque multidimensional ao tema. Ao invés
de estudar, por exemplo, ininterruptamente a chamada “bíblia vermelha” 2 e me dedicar en
passant às 10 páginas que a obra dedica à política externa de Eurico Gaspar Dutra,
achava mais produtivo estudar a PEB de Dutra em uma rodada de estudos específica, em
que passaria pela “bíblia”, pela obra Sessenta Anos de Política Externa, por artigos
retirados do site Scielo, por textos clássicos na coleção História Geral da Civilização
Brasileira, melhores respostas dos Guias de Estudos para perguntas que trataram do
tema etc. Pode-se comparar informações entre uma obra e outra com a memória de
leitura fresca, e se produzir um fichamento consolidado que condense todo esse conjunto
2 História da Política Exterior do Brasil,
de Amado Cervo e Clodoaldo Bueno.
de informações, saturando o estudo de um tema em curto tempo ao invés de dispersá-lo
ao longo da preparação.
Sei que esse é um conselho difícil de seguir para quem não conseguiu passar pelo
TPS. Contudo, como as demais fases se dão em curto espaço de tempo, é muito difícil
desenvolver as habilidades de escrita e de organização de conteúdo apenas após a
aprovação na 1a fase. Mais do que “vomitar” conteúdo nas provas discursivas, parece ser
mais relevante saber organizar esse conteúdo em um texto objetivo, coerente e
organizado, com uma tese clara e argumentos específicos. Mais à frente, apresentarei
como exemplo a minha resposta à questão 1 da prova de História do Brasil deste ano, em
que, acredito, consegui fazer tal organização com algum êxito.
Assim, creio que seja importante dividir o estudo a partir do que será necessário
para a aprovação no CACD. Na minha sistematização, seriam elas:
Acredito ter sido relevante para a melhora no meu desempenho revisitar essas
habilidades sistematicamente em um determinado período de tempo, conforme,
novamente, está exposto na minha grade de estudos. Esse estudo integral, creio, pode
ser eficiente inclusive para aqueles que ainda não passaram no TPS, porque a escrita de
questões é instrumento importante para instrumentalizar de maneira ativa conteúdos
adormecidos em nossa mente, com os quais, não raro, tivemos contato tão somente por
meio de uma atividade de leitura passiva.
Não creio, contudo, que a produção de textos de 3a fase deva fazer parte da rotina
daqueles que estão iniciando a preparação para o CACD, pois simplesmente não há
conteúdo disponível para trabalhar a forma de expressar esse conteúdo. Nesse caso de
início de preparação, acho que não há muita vantagem em fazer exercícios discursivos de
3a fase antes de se completar uma “volta” completa por todos os conteúdos do edital.
Como já adiantei no ponto “2”, acho muito cansativo ler uma obra específica ou
estudar apenas uma matérias durantes horas, dias e semanas a fio. O rodízio de
disciplinas me pareceu importante para manter o interesse em meio à miríade de
conteúdos e evitar a atrofia de conhecimentos de outras matérias.
Grade de planejamento de estudos
- Dividi o meu tempo de estudos em três grandes “blocos”: (i) leituras e fichamentos; (ii)
exercícios TPS; (iii) exercícios discursivos. Ao concluir cada bloquinho desses em cada
matéria, marcava o quadrado correspondente com um “X”;
- Um exemplo para ficar mais claro: em uma segunda-feira, começaria por leituras e
fichamentos de textos associados ao tema da vez no edital (por exemplo, 1.1 A
configuração territorial da América Portuguesa. 1.2 O Tratado de Madri e Alexandre de
Gusmão) durante 5 horas cronometradas. Após isso, partia direto para um exercício
discursivo, digamos, a questão 3 da prova de 2007. Sempre dava preferência a fazer uma
questão que tratasse de tema distinto ao que trabalhei na leitura e fichamento. Após fazer
a prova, comparava com a questão selecionada do Guia de Estudos e via quais foram
minhas falhas e onde o desempenho foi bom. Terminado esse ciclo, estudaria 2 horas de
História Mundial e faria 1 hora de exercícios TPS d História Mundial. Depois, 5 horas de
PI, 1 hora de exercício discursivo, e assim por diante. A minha expectativa era sempre
completar um grande ciclo em um período de 10 a 14 dias, após o qual eu voltaria à
primeira matéria: História do Brasil.
- Notem que eu não fazia exercícios TPS de História do Brasil, PI ou Geografia. A razão é
a escassez de oferta de exercícios desse tipo na Internet. Há muito poucas questões de
História do Brasil em outros concursos, as questões de PI versam pesadamente sobre
atualidades, o que fazia das questões antigas pouco relevantes para a minha preparação,
e as questões de Geografia estilo TPS são horrorosas, ano a ano, e são mais uma fonte
de desinformação que de estudo. Então, após leituras de HB, PI ou Geografia, partia
direto para o exercício discursivo. Por isso as linhas tracejadas nos bloquinhos
correspondentes a exercícios TPS dessas matérias na grade de estudos.
Matérias
Aulas Armstrong X X
Vivian Muller X X
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Conteúdo: Bibliografia e seleção bibliográfica
- Manual do Candidato FUNAG de História do Brasil: o mais recente manual foi elaborado
pelo João Daniel, e é, de longe, na minha opinião, o melhor manual do candidato lançado
na história do concurso, e o único que realmente serve ao seu propósito: ser um texto-
base de referência para o CACD. A obra tem o equilíbrio necessário entre cinco
perspectivas cobradas no concurso (Política Externa, Política, Economia, Sociedade e
Cultura), com a ênfase necessária na Política Externa (grosso modo, 3/4 do conteúdo
cobrado no CACD), riqueza de detalhes, estilo elegante e agradável de ler. Tive a
oportunidade de ler quase toda a obra, mesmo ela tendo sido lançada durante o CACD
2013, e lamentei não ter tido em mãos uma ferramenta tão boa no início da preparação.
Se estivesse no início da preparação, ou recomeçando os estudos com vistas a 2014,
usaria esse manual como texto-base, usando-o como a primeira referência no estudo de
determinado tema antes de partir para outras leituras. Está disponível para download
gratuito no site da FUNAG.
- História da Política Exterior do Brasil (Amado Cervo e Clodoalbo Bueno): embora não
mais seja mais fonte direta de questões, como o foi até 5 anos atrás, permanece como
obra de cabeceira para os candidatos ao CACD. Consultei-a com frequência, diversas
vezes, e acredito que deve estar presente nos estudos temáticos até governo Figueiredo
(inclusive). A partir de Sarney, a obra não me agrada.
- História do Brasil, de Boris Fausto: foi a primeira obra que li para o concurso. Li uma vez,
nunca mais voltei a ela, e sinto que não fez diferença. É um excelente texto geral, mas
devido à ênfase do concurso em política externa, acredito que o Manual Funag do João
Daniel e demais textos acima são mais relevantes.
- Textos de Gerson Moura: os textos de Gerson Moura, em diversas obras, são sempre
fonte privilegiada para uma visão lúcida sobre a política externa brasileira.
- Mais: pode-se buscar obras clássicas de História do Brasil na Internet e nas referências
bibliográficas dos dois manuais do candidato FUNAG. Na medida do que se julgar
necessário, há nesses meios referências de obras importantes para cada tema, que
podem ajudá-los a consolidar a homogeneização e buscar a diferenciação. Certamente eu
poderia ficar lembrando de todos os fragmentos de texto de HB que li, mas acredito que
não é esse o propósito, afinal, não existe um só caminho para o Itamaraty. Acho que
coloquei as obras gerais que foram mais importantes para mim, e a seleção bibliográfica
específica de vocês pode seguir essa estratégia internet-referências bibliográficas-
referência ao edital.
Política internacional
História Mundial
Parece-me importante modular o estudo das matérias de acordo com o seu peso
relativo no concurso. Em suas diferentes fases, o concurso soma um total de 865 pontos
em jogo. Destes, apenas 10, cerca de 1% do total de pontos do concurso, trata
diretamente de História Mundial. De resto, História Mundial aparece como elemento
acessório em algumas questões de outras matérias.
Mesmo que a matéria tenha peso relativamente grande no TPS, após os primeiros
meses de preparação, sempre estudei História Mundial de modo muito coadjuvante,
esquecendo-a por meses e empreendendo uma revisão para o TPS a partir do momento
que saísse o edital.
No cronograma de estudos que incluí neste relato, História Mundial conta com um
peso relativamente grande, mas isso porque ele envolve um período imediatamente pré-
TPS. Entre agosto/2012 e maio/2013, não li uma linha de História Mundial. Naturalmente,
não digo que é esse o caminho que vocês devam seguir, afinal, como reiterei aqui alguma
vezes, este relato não é uma fórmula incontornável para passar no concurso. Mas, enfim,
foi essa minha abordagem de História Mundial, bastante marginal em relação às outras
matérias.
Em termos de aulas, não destaco nenhum professor em particular. O centro dos
meus estudos baseou-se em leituras.
Em História Mundial, diferentemente das demais matérias, jamais fichei nada,
justamente para economizar tempo diante do peso relativo pequeno da matéria e da sua
ultraconcentração em termos mais genéricos no TPS.
- As Eras de Eric Hobsbawn: são históricas favoritas do concurso, mas não minhas. Li Era
das Revoluções integralmente e algumas partes de A Era do Capital e de Era dos
Extremos. São textos brilhantes, riquíssimos em informações. Muitas informações.
Informações demais. Talvez o recurso ao livro seja interessante para aprofundar alguns
temas mais ásperos do edital, mas, ao menos para mim, ler os Eras me parece algo
extremamento demorado e com elevados custos de oportunidade, considerando o peso
de HM no concurso.
Geografia
- Obras de Milton Santos: o importante para a prova de geografia, creio, não seja ler e
fichar as obras em sua inteireza, mas seus principais argumentos. Minha tática com Milton
Santos foi semelhante à que considero mais adequada para as “obras temáticas” de
História do Brasil: ler algumas páginas, folhear os textos, tentar captar a linguagem e os
argumentos usados. É importante conhecer e saber usar o jargão miltonsantês, baseado
em dualidades como “espaços fluidos e viscosos, luminosos e opacos”, além de “Região
Concentrada”, “meio natural, meio técnico, meio técnico-científico-informacional” e suas
subdivisões, definição de “espaço”, “rugosidades” etc. Li integralmente a obra “Brasil,
Território e Sociedade no início do século XXI”, alguns pedaços de “Por uma outra
globalização”, e foi isso. O recurso a anotações de aula e a guias de estudo foi mais
relevante para aprender os conceitos.
- Obras de Bertha Becker: jamais li nenhuma, mas a citei com desenvoltura em várias
provas. Não se pode exagerar a relevância dos estudos de Amazônia de Bertha Becker
para a prova, vez que a perspectiva dela é paradigma para a política de desenvolvimento
e de conservação do espaço amazônico desenvolvida e implementada pelo Poder Público
brasileiro.
- Demais obras: parece relevante conhecer ao menos a existência e sobre o que falam
certas obras centrais da geografia, com o fim de citá-las. Dou alguns exemplos:
- Antropogeografia e Geografia Política: Friedrich Ratzel
- O Espaço Urbano e Geografia Conceitos e Temas: Roberto Lobato Corrêa
- Leis da migração: Ernst Ravestein
- A teoria das fases de transição demográfica, de Warren Thompson
- Os conceitos de Geopolítica, tema cada vez mais central no concurso: buscar os
estudos de Alfred Mahan, Halford Mackinder, Friedrich Ratzel.
Economia
Microeconomia
Estudei quase que exclusivamente pelo livro do Mankiw. Em alguns pontos,
sobretudo Teoria do Consumidor, em que costumava patinar um pouco, recorri ao Pindick
e a buscas na Internet (estas, sobretudo, para esclarecer pontos específicos como efeito-
preço, efeito-renda e efeito-substituição, além de definições mais sofisticadas sobre Bens
de Giffen, por exemplo).
Atualmente, Microeconomia tem peso bastante reduzido no concurso. É bastante
representativo no contexto do TPS, mas pouquíssimo na Terceira Fase. Naturalmente,
isso pode mudar, e é fato que o bom desempenho em Microeconomia tem peso marginal
relvante no TPS, pois grande parte dos candidatos vai bastante mal. Não é algo a ser
ignorado, certamente, mas o estudo de Micro foi coadjuvante na minha rotina.
Macroeconomia
Baseei meus estudos basicamente nas seguintes fontes:
- Dados e documentos dos sites do IPEA, MDIC, e Banco Central: por meio da internet, é
possível ter acesso a documentos consolidados, a notas de imprensa e a estudos de
conjuntura demonstrando como andam as diversas variáveis macroeconômicas do Brasil
e suas relações, como câmbio, juros, déficit público, política fiscal, política monetária,
dados de comércio exterior, balanço de pagamentos etc. Vale muito a pena circular pelos
sites dessas três instituições, de modo a trazer para a prática brasileira os conceitos
fundamentais de Macroeconomia.
Economia internacional
- Anotações do curso de FEB do professor Daniel Sousa, do Curso Clio: foram a base
fundamental dos meus estudos. Eu considerava esse caderno como um
“megafichamento”. Quando estudava os temas de FEB, começava estudando por essas
anotações e depois as complementava com estudos em outras fontes, achadas
fundamentalmente na internet.
- Formação econômica do Brasil, de Celso Furtado: cai quase todo ano. É importante
conhecer essa obra intimamente a partir de sua parte IV.
- Artigos encontrados no google: quando queria aprofundar um tema específico,
simplismente jogava o tema no google e buscava algum artigo, dissertação de mestrado
ou algo do tipo. Digamos, funding loan, tema explicado de maneira superficial com
frequência. Escrevo no google, sem aspas, “funding loan pdf”, e aparece um belíssimo
artigo do Marcelo de Paiva Abreu (autor do Ordem e Progresso, que jamais li) sobre os
funding loans brasileiros: http://ppe.ipea.gov.br/index.php/ppe/article/view/142/77
Direito
Uma das principais fontes de estudo foram os cadernos de aula dos professores
Ricardo Victalino e Guilherme Bystronski. Extremamente organizados e detalhados, são
um excelente ponto de partida para o estudo tema a tema. Para Direito Interno, não usei
nada além das anotações das aulas do Victalino. Para DIP, além das aulas do Guilherme,
recomendo ainda:
- Textos de tratados e de legislação: sempre acho que fontes primárias são melhores que
artigos sobre essas mesmas fontes primárias. Então, eu lia e anotava os principais pontos
dos tratados mais cobrados, como Convenções de Viena sobre Imunidades, Convenção
sobre Direito dos Tratados, Tratado de Roma, Estatuto do Estrangeiro, CF/88 etc.
- Artigos recentes dos membros da banca: é importante ver quais são os temas de
preferência dos membros da banca. Antenor Madruga, um dos membros da banca, é uma
das maiores autoridades do país em cooperação jurídica internacional, com uma série de
artigos publicados e encontrados facilmente na internet. Não deveria ser surpresa o peso
desse tema na 3a fase deste ano.
Português
Línguas
A maneira mais eficiente de estudar línguas durante minha preparação foi fazer
exercícios estilo TPS (para inglês) e 3a/4a fase com frequência, seja orientado por
professores, seja individualmente.
Para exercícios TPS, não apenas de línguas, mas das demais matérias, a principal
fonte foi o site Questões de Concursos (que, aliás, foi também minha fonte privilegiada de
exercícios para as demais matérias em que fazia exercícios estilo TPS). Eu não gostava
de fazer as questões diretamente no site, mas de fazer o download de provas de
inglês/história mundial/português de diversos concursos e resolvê-las integralmente antes
de verificar gabaritos.
Para exercícios 3a fase, fazia questões de provas anteriores sozinho (comparando
depois com as melhores respostas), ou orientado por professores. Para inglês, gostava do
curso de exercícios de redação estilo 3a fase do Curso Clio, mas acredito que consegui
desmistificar a prova de maneira mais clara com as aulas do professor Rodrigo
Armstrong. Digo isso, sobretudo, por perceber a relevância de estratégias específicas de
resolução de prova e que, devido à natureza da prova e do tempo, o ideal é não
complexificar em excesso os argumentos, palavras e estrutura, com uso obsessivo de
palavras extravagantes decoradas na véspera. O importante é fluidez, objetividade,
coerência e qualidade da linguagem. Em francês, fui orientado online pelo excelente
professor Samir Hattabi. Em espanhol, disciplina da qual parti do zero, comecei com aulas
particulares em Curitiba com a professora Patricia Rodrigues, e segui com exercícios
online com a Nelly Gamboa para consolidar a redação.
Em relação a estudos, nunca funcionaram para mim estratégias de fazer leituras de
notícias diariamente, elaborar grandes listas de vocabulário e coisas do gênero. Meu
estudo de leituras era, basicamente, ler provas anteriores dos guias de estudo, revisar
exercícios que fiz sozinho ou com orientação de professores e consultar dicionários
quando necessário. Buscava, contudo, ler textos de outras matérias em inglês com
frequência, e, durante minhas rotinas de estudo, meu descanso era basicamente deitar na
cama e assistir CNN. Quando ouvia uma palavra interessante, buscava no dicionário, e
esperava, de repente, usá-la em algum exercício eventualmente. O que eu fazia e achava
particularmente útil era fazer uma lista de “correções e erros” das atividades com cada
professor. Escrevia o que tinha errado em determinado exercício de determinado idioma,
colocava a forma correta, a explicação para a incorreção e escrevia algumas frases
treinando a forma correta da palavra/expressão que errei.
Segunda Fase
A Segunda Fase sempre foi a fase que mais me assustou no concurso. Era um
temor que, acredito, foi alimentado pelo início da minha preparação para segunda fase em
cursinhos. Ter recebido zeros, descontos imensos de gramática, listagens de palavras
supostamente proibidas, foi algo que atentou contra a minha confiança e que,
sinceramente, não ajudou meu texto a evoluir.
Depois de fazer a Segunda Fase em 2012, percebi que o rigor na correção da
forma era muito menos idiossincrática do que me fora passado. Os descontos e a
exigência da banca me pareceu ser muito mais em termos de qualidade de conteúdo.
Então, havia duas barreiras a superar: em primeiro lugar, o conteúdo; em segundo lugar, a
excessiva cautela com a forma.
O curso com a professora Vivian Muller me ajudou a superar as duas deficiências -
embora não a insegurança, a herança maldita do início da minha preparação. Embora eu
saiba que muita gente tem desempenhos fantásticos sem preparação específica de fôlego
para a segunda fase, a melhor estratégia para superar minha insegurança com o
desempenho da segunda fase foi melhorar meu conteúdo. A Vivian repassou uma
profusão de bibliografias específicas, que busquei ler e fichar com grau de
prioridade/tempo de dedicação semelhante ao que dedicava a História do Brasil e Política
Internacional. Passei a acreditar que, ok, “só a gramática salva”, mas que só o conteúdo
aprova. Meu estudo envolveu, embora não somente, principalmente as seguintes obras:
Busquei ler as obras indicadas pela Vivian e buscar outras, sendo estas
instrumentais para o meu processo de diferenciação, para que meu texto fosse, tanto
quanto possível, diferente em termos de conteúdo dos demais. Todo mundo cita Sérgio
Buarque, mas trabalhar Bauman, Weber ou Ilmar Rohloff é algo mais raro, e, acreditava,
poderia ser premiado pela banca conhecer e manejar o argumento desses autores.
Nos aspectos de forma, que trabalharei a seguir, as explicações da Vivian me
serviram em basicamente todas as demais provas, aprofundando a impressão que eu já
tinha de que a forma é tão ou mais vital que o conteúdo no CACD.
Forma: estratégias de resolução de prova
- Não apenas jogar os conteúdos na questão, mas organizá-los em uma tese que será
explicitada no início da questão;
Para exemplificar mais ou menos como eu aplicava essas ideias acima em uma
questão, coloco como exemplo minha questão 1 na prova de História do Brasil deste ano.
Acho um bom exemplo porque acho que todos esses aspectos, acredito, estão presentes
na questão, e porque consegui nota máxima nela. Abaixo, consta o scanner da questão e,
a seguir, o modo como apliquei os pontos acima.
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https://www.security.cespe.unb.br/IRBR_13_DIPLOMACIA/Disc...
2 de 61 28/11/13 11:33
https://www.security.cespe.unb.br/IRBR_13_DIPLOMACIA/Disc...
3 de 61 28/11/13 11:33
Em relação aos pontos que eu buscava seguir ao fazer uma questão desse tipo,
seguem os comentários:
- Não apenas jogar os conteúdos na questão, mas organizá-los em uma tese que será
explicitada no início da questão e Usar os argumentos de autoridade e as citações não
como argumentos em si, mas como suporte para os seus próprios argumentos.
Achei importante não apenas falar quais foram os aspectos das relações entre BR
e Inglaterra no período (tratados desiguais, negociação da independência, transmigração
da corte). Esses exemplos, para mim, deveriam servir a uma tese. O argumento que
busquei usar é que o que orientou as relações entre BR e ING foi uma subordinação
deliberada do interesse nacional por parte dos Bragança com o fim de manter a dinastia,
e que isso ensejou um paradoxo: sacrificou-se o interesse nacional para manter a Coroa,
mas as contradições geradas pela aceitação das relações com a ING em termos
pesadamente assimétricos foi a base para, justamente, desestabilizar a dinastia e levar as
elites nacionais a retirarem o apoio a D. Pedro I. Os argumentos e os exemplo que
apresento nos parágrafos sempre dialogavam com essa tese inicial, não estando soltos,
mas servindo de suporte a essa tese.