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Eita, que avanço em relação à matéria anterior!

Agora sim, temos um artigo


digno do TIB. Mesmo que discorde de alguns pontos, é um claro sinal de
rompimento do cerco midiático que contaminou a matéria anterior, na verdade,
em partes. A diferença entre as duas matérias é gritante: se na anterior se
traçou a retrospectiva da chegada de Chavez ao governo pelo NYT e Estadão,
agora denunciam com precisão cirúrgica os mesmos veículos e sua construção
da noção de “ajuda humanitária”. As duas reportagens, acho, ficam até difícil
de serem reconciliadas. A primeira concorreria a uma republicação no
Antagonista, esta se afirma como jornalismo de qualidade.
Ainda assim, continuo achando que ngm do TIB foi na Venezuela, ou sequer
mandou um email, deu um telefonema para algm que esteja lá. Em especial,
nunca estiveram lá em momentos de eleições, e olha que foram muitas, muitas
mesmos, um show de democracia!
Demissão de gerentes anti-chavistas da PDVSA é eufemismo para demissão de
dirigentes corruptos ligados à antiga oligarquia venezuelana que perdeu
espaço na renda do petróleo e que poderia ser enquadrada em qualquer
definição de crimes de lesa-pátria. O muito do conhecimento liquidado deve se
referir às mais refinadas técnicas de sabotagem, lockout, espionagem,
operação de offshores, mercados paralelos… Enfim, mto conhecimento
atentatório à soberania nacional, que é o que significa a PDVSA.
Agora, de volta ao cerco midiático…
As eleições venezuelanas não foram livres e justas (The Guardian)
Maduro prende oponentes políticos (Reuters)
Seu governo é acusado de usar tortura contra inimigos políticos (Al Jazeera)
Ele até expulsou jornalista mexicano-americano (NYT)
Corrupção no alto escalão do governo é inegável (The Guardian)
De início, salta aos olhos a falta de prestígio que o TIB confere aos veículos
latinoamericanos, e nem é uma opção ideológica, não tem ngm da esquerda ou
da direita de nossa região. Entendo que pode parecer suspeito se ater a portais
como Telesur, Patria Latina, Prensa latina, Nodal pq imediatamente se pode
identificar estas agências alinhadas ao chavismo. Mas a Reuters, o The
guardian e o NYT tbm não sofreriam das mesmas suspeições? Aliás, se o
interesse da reportagem é agora por em relevo a intervenção americana,
denunciando democratas e republicanos, não fica esquizoide esta seleção?
A classificação de Maduro como Ditador parece, de acordo com a reportagem,
ocorrer no vácuo. Não sei a intimidade do TIB com a noção de Luta de Classes,
e nem acho que seja o único constructo que possa ser mobilizado para situar o
chavismo, mas algum é necessário. A menos que se postule narrativas do tipo
messiânicas de volta de um eleito pós-humano que no dia seguinte conduziria
todo o povo à exaltação, nenhuma mudança no mundo capitalista, e em
especial na América latina, vai ser produzida sem erros e contradições. O TIB
apontou os Ditadores do terceiro mundo, mas os mesmos critérios: tortura,
fraudes, censura, corrupção poderiam ser igualmente atribuídos a qualquer
“democracia” do primeiro-mundo. Só q não tem ngm chamando Trump,
Macron, May, Trudeau, Merkel de ditadores, mas tortura, fraude, corrupção e
censura não deixam de estar presentes, aliás, em escala bem maior doq
poderia sonhar a pequena Venezuela. Se são estes os critérios, qual a validade
de uma categoria descritiva que descreve a todos? A diferença não estaria
naquela máxima: não confunda a violência do opressor com a resposta do
oprimido? Os erros do chavismo não devem ser escamoteados, a corrupção no
governo, o amadorismo na condução econômica, os desvios cupulistas, mas
isto não pode vir no vácuo. De todos os erros do chavismo, só censura me
parece absurdo aqui, afinal, continua em poder da direita os grandes meios de
comunicação e a liberdade de expressão (e não a de matar, que deve ser
punida, por óbvio, me refiro a guarimbas) da direita se vê pelas contantes
manifestações da oposição. A dificuldade da oposição em se expressar nas
ruas não vem da truculência do Maduro, vem do fato dos grandes líderes da
Voluntad Popular estarem presos, o que dificulta pagar seus “protestantes”
(lembram do dinheiro no carro da mulher do capriles que esqueci o nome?)
Ainda tá faltando uma boa reportagem do TIB sobre os erros do chavismo, eles
existem, mas não estão aqui!
Por fim, seguindo a marcha de reportagens, falta agora uma sobre a direita
venezuelana. Acho que fechariam muitos links que tão faltando ao TIB.

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