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Corrupção em Angola

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Visão geral do Índice de Percepção da Corrupção de 2010. A maior percepção


de corrupção é de cor vermelha e a menor, de azul escuro.
A Corrupção em Angola é um fenómeno pervasivo que impede e perturba
o crescimento económico e programas de liberalização patrocinados pelo
governo no país.

Anos 1970 e 1980


A imprensa soviética, apesar da estreita relação entre Angola e a União
Soviética, acusou o MPLA de corrupção, clientelismo e nepotismo, acusando o
governo de acumular ilicitamente de 1 bilhão de Dólares. A revista
russo Ogonyok escreve que "a corrupção tem florescido em uma escala que é
sem precedentes, mesmo em África ... o partido no poder em Angola ... ser pró-
comunista, por natureza, estava pronto a sacrificar tudo e todos."[4]

Anos 1990
Em Abril de 1999 Gustavo Costa, jornalista do Expresso, escreveu um artigo
intitulado A corrupção faz vítimas, acusando José Leitão, o principal
conselheiro presidencial, de desviar receitas do governo. A polícia angolana
prendeu Costa e acusou-o de difamação e injúria. O Tribunal
Supremo angolano considerou-o culpado, condenando-o a oito meses de
prisão, suspensa por dois anos, e multou em US $ 2.000.[5] Rafael Marques de
Morais, jornalista e activista dos direitos humanos, escreveu O Batom da
Ditadura, um artigo criticando corrupção no governo angolano e
presidente José Eduardo dos Santos, em 3 de julho.[6][7]
A Divisão de Investigação Criminal Nacional (DNIC) questionou-o em 13 de
outubro por várias horas antes de liberá-lo. Mais tarde naquele dia Morais deu
uma entrevista à Rádio Ecclesia e repetiu a sua crítica ao governo dos Santos.
Vinte membros armados da Polícia de Intervenção Rápida prenderam-no então
juntamente com Aguiar dos Santos, editor do jornal Ágora, e José Antonio
Freitas, repórter do Agora, sob a acusação de difamação, em 16 de outubro de
1999. Marques disse que dos Santos era responsável pela "destruição do país
... para a promoção de peculato, incompetência e corrupção como valores
políticos e sociais."[6][7]
Em maio de 1999, o Banco Mundial ameaçou cortar a ajuda a Angola se o
governo não tomasse medidas sérias para combater a corrupção, começando
por uma auditoria das indústrias de petróleo e diamantes, fontes principais de
renda de Angola.[8]

Anos 2000
Sob o governo de José Eduardo dos Santos, mantiveram-se elevados níveis de
corrupção, com os meios de comunicação social e as instituições financeiras
controlados por elementos próximos do presidente. Hoje em dia Angola
encontra-se na lista dos países mais corruptos do mundo e com o menor índice
de desenvolvimento humano, isto num país com um dos maiores crescimentos
económicos do mundo.[9][10]
Devido aos efeitos da crise financeira internacional e à baixa temporária do
preço do petróleo, Angola viu-se forçada, em 2008, a pedir a ajuda do FMI e de
submeter-se às exigências impostas por esta instituição. Estas incluem
medidas severas contra a corrupção e a falta de transparência orçamental.
Estas exigências foram em parte cumpridas, p.ex. com respeito às relações
entre o Estado e a Sonangol. No entanto, a situação global em relação à
corrupção não melhorou, como demonstra a posição de Angola nos índices
anuais da Transparency International: enquanto Angola figurava, em 2006, na
posição 147 (sendo 1 a melhor), o que já é extremamente problemático, o país
desceu desde então passo a passo, chegando em 2010 à posição 168 em 178
países, fazendo portanto parte dos dez países mais corruptos do mundo.[11]

Maior fraude financeira em Angola


O Banco Nacional de Angola foi vitima de um fraude de 160 milhões de
Dolares, quando foi descoberto que a conta do tesouro angolano no Banco
Espírito Santo de Londres, que saíram várias transferências de dinheiro para
contas bancarias controladas pelos suspeitos. Quando a conta do BNA atingiu
valores mínimos, foi o própria BES de Londres que alertou as autoridades de
Angola para as saídas sucessivas de dinheiro.
O processo de investigação ao desvio de fundos do Banco Nacional de Angola
(BNA) decorre há mais de um ano em Portugal e em Angola. No âmbito da
investigação deste processo já foram detidos 25 pessoas em Angola, sendo
alguns funcionários do Ministério das Finanças e do BNA. [12] Entre tempo já
foram recuperado avultas quantias em dinheiro.[13]
Segundo a Human Rights Watch e o governo Angolano, grandes desvios de
dinheiro para fora de Angola foi efectuado por ex-Governador do BNA.
Aguinaldo Jaime, tentou efectuar uma série de transações suspeitas de 50
milhões de doláres com vários bancos estrangeiros, nomeadamente bancos
europeus e americanos. Foram os próprios bancos em questão que recusaram
o dinheiro e pararam a operação.

Ver também
 Angolagate
 Economia de Angola
 Relatório Fowler
 Rafael Marques de Morais

Referências
1. ↑ Gates, Henry Louis; Anthony Appiah (1999) Page Africana: The Encyclopedia of the African
and African American Experience. pp. 624
2. ↑ Correio de Manhã: Angola procura milhões desviados Arquivado em 10 de agosto de 2011,
no Wayback Machine. 5 de junho 2011
3. ↑ Deutsche Welle: Filho de Presidente angolano suspeito de lavagem de dinheiro 24 de março
2011
4. ↑ Light, Margot (1993). Troubled Friendships: Moscow's Third World Ventures. pp. 77.
5. ↑ James, W. Martin (2004). Historical Dictionary of Angola. pp. 41.
Ir para:a b
6. ↑ «Marques gets six months for defaming president». Committee to Protect Journalists.
Consultado em 21 de janeiro de 2008
Ir para:a b
7. ↑ «Views of the Human Rights Committee under the Optional Protocol to the International
Covenant on Civil and Political Rights, Eighty-third session, Communication No. 1128/2002».
Open Society Institute via United Nations Human Rights Committee. Consultado em 21 de
janeiro de 2008
8. ↑ Vines, Alex (1999). Angola Unravels: The Rise and Fall of the Lusaka Peace Process. [S.l.]:
Human Rights Watch. 93 páginas
9. ↑ «DN Online: Angola pode romper com o FMI devido a estudo sobre corrupção». dn.sapo.pt.
Consultado em 5 de setembro de 2008
10. ↑ «Angola é o segundo país mais corrupto do Mundo, 10.03.2007». www.angonoticias.com.
Consultado em 5 de setembro de 2008
11. ↑ «; ver mapa acima). Enquanto neste índice a melhor classificação é de 10, a classificação de
Angola está desde há anos a baixo de 2.». Consultado em 23 de julho de 2011. Arquivado
do original em 20 de outubro de 2010
12. ↑ Caso BNA: prosseguem as detenções pelo país O País Online, recuperado 12 de Fevereiro
2010
13. ↑ Investigação de fraude já recuperou quantias avultadas Diário de Noticias Online, recuperado 2
de Junho 2011

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